E "PERDI", OU SEJA, VOTEI NA LISTA QUE FOI DERROTADA.
As habituais filas para votar Benfica. Esta em 29 de Maio de 1981 |
Tem sido a minha "sina" embora nunca tenha feito a "estatísticas das derrotas/vitórias" (votar nas listas derrotadas ou vencedoras) para não ficar "traumatizado". Mas tenho a ideia que devo ter perdido o "dobro/triplo" em relação às votações em listas vencedoras. Embora só me tenham enganado a primeira vez com "voto electrónico". Depois tenho votado nulo - contra o Sistema - por isso já são muitas as eleições que "não venço, nem perco"! É a vida...
A primeira campanha eleitoral da «Era Moderna» com publicidade e folhetos |
Em 29 de Maio de 1981 votei na lista da "situação"
Ou seja, a que propunha eleger o presidente da Direcção em exercício que se recandidatava: JFQ - José Ferreira Queimado. Mas foi a lista da "Oposição" (no Benfica denominava-se "alternativa") a vencer estas eleições realizadas há, precisamente, quatro décadas.
Troca de saudações e agradecimentos entre um presidente derrotado (José Ferreira Queimado) e um candidato a presidente vencedor (Fernando Martins) |
José Ferreira Queimado tinha a minha confiança e desconfiava de Fernando Martins
Embora considerasse que qualquer um dignificaria as funções. Ferreira Queimado por já ter experiência, até em dois períodos diferenciados (1966 - último mandato anual na Gloriosa História - e 1977 com reeleição em 1979 - antes e depois da presidência de Borges Coutinho (1969, 1971, 1973 e 1975) - enquanto Fernando Martins era um eterno derrotado (26 por cento, em 1969, frente a Borges Coutinho; e 48 por cento, em 1977, frente a Ferreira Queimado) mas com provas como Benfiquista sobejamente conhecidas dos associados mais atentos e eu apesar de muito jovem considerava que estava atento ao dia-a-dia do Clube.
Considerava o mandato 1979/1981 positivo
E era o primeiro como associado do Clube, desde 19 de Janeiro de 1979, embora aprovado "oficialmente" como estava regulamentado na reunião da Direcção, em 23 de Janeiro de 1979. Nas eleições realizadas nesse ano - 10 de Maio de 1979 - não podia votar pois não tinha um ano de filiação, apenas cerca de quatro meses. Depois de um período difícil enfrentando a parelha José Maria Pedroto/Pinto da Costa, a Direcção liderada por José Ferreira Queimado soubera responder À Benfica - com classe, firmeza, transparência e lealdade - conquistando a liderança do campeonato nacional após sete vitórias consecutivas nas jornadas iniciais. O Benfica isolou-se logo na 3.ª jornada e foi líder até final (30 jornadas) conquistando o título na penúltima jornada, na «Saudosa Catedral», em 24 de Maio, ou seja, a cinco dias do acto eleitoral. Além disso estava apurado, desde 10 de Maio, para jogar a final da Taça de Portugal, frente ao FC Porto (6 de Junho). Nas competições da UEFA (Taça dos Clubes Vencedores das Taças) apesar do "banho de bola" nos alemães orientais do FC Carl Zeiss Jena o «Glorioso» foi eliminado por este clube nas meias-finais da competição, incapaz de recuperar do 0-2 na RDA (República Democrática da Alemanha) pois o 1-0 foi insuficiente. No início da temporada o treinador Baroti tinha-se estreado a conquistar a Supertaça, frente ao Sporting CP, que ia na segunda edição - organizada pelos dois clubes pois eram permitidas mais que as duas substituições regulamentadas pela FIFA/UEFA/FPF/AFL.
E tudo a «Polícia de Choque» mudou! (em minha opinião)
Na «Festa do Título» na tal penúltima jornada eis que se viu o que jamais se pensara ver depois do 25 de Abril de 1974. A PSP a bater no Povo. Dentro do estádio do Benfica, relvado e até nos dois primeiros anéis da majestosa Catedral. Impensável. Relato no jornal vespertino «Diário de Lisboa» (clicar) (clicar) Foi a primeira "grande intervenção" do «Corpo de Intervenção» depois da «Revolução dos Cravos». Tudo atónito nas bancadas e no País. A candidatura de Fernando Martins soube explorar esta intervenção - até se dizia nos meios da extrema-esquerda - que fora ela a "mover cordelinhos" para transformar a euforia da Festa em indignação pela porrada. O desfecho eleitoral alterou-se nos cinco dias seguintes numa espécie de "ping-pong" entre a Lista A (perdedora) e a Lista B (vencedora). Cobertura no jornal vespertino «Diário de Lisboa» (clicar).
A 40 anos de distância
O sentimento é dúbio. Por um lado fiquei sempre com a ideia que se Ferreira Queimado tem sido reeleito o Benfica seria Bicampeão, em vez do Sporting CP conseguir a proeza de uma "dobradinha" em 1981/82. O treinador Lajos Baroti renovou - Fernando Martins não se atreveu a não renovar com um treinador que conseguira a "dobradinha", em 1980/81 - mas tinha poucas condições pois Fernando Martins passara a "campanha eleitoral" a desprezar o seu trabalho para atingir Ferreira Queimado. Por outro lado, só Fernando Martins se lembraria - tendo Eriksson a idade dos futebolistas mais velhos do plantel - de apostar neste treinador:
Sven-Goran Eriksson e a campanha «Macieira». A publicidade como novidade no futebol que depois teria publicidade no «Manto Sagrado»: SHELL |
Pior foi em 1983 (eleições seguintes)
Sven-Göran Eriksson foi uma aposta pessoal de risco que vingou. Mas à custa disso esfrangalhou não só a "sua" Direcção (13 dirigentes demitiram-se) como muitas das suas atitudes de prepotência indignaram os Benfiquistas. Até a Mesa da Assembleia Geral implodiu em plena assembleia geral...devido ao inenarrável presidente Araújo e Sá! Realmente não temos sido bem servidos - são mais PMD que da PMAG - aqui neste cargo nos últimos 40 anos, salvo honrosas excepções. Mas "não vou bater outra vez no ceguinho", ou em português moderno, no "invisual" (ver texto publicado, em 25 de Março de 2021, neste blogue quando se assinalaram os 38 anos da Eleição de 1983).
Eis o resumo
Das primeiras de...muitas Eleições que "perdi" até 2009!
Acorda, Benfica (enquanto é tempo!)
Alberto
Miguéns
Na carga policial, deve ter havido mão marota que mexia bem os cordelinhos políticos...
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