DEPOIS DE JONET E ALBINO A PALAVRA A ROGÉRIO CARVALHO.
NOTA: Quem leu
o texto de ontem/anteontem pode “saltar” até Rogério Carvalho
dixit, pois esta parte inicial é a repetição de ontem para quem chegou
hoje ao blogue e desconhece o enquadramento feito ontem. Obrigado.
O modo como se
treinou no Benfica ao longo do tempo (desde 1904) sempre me interessou. Por isso nunca perdia a oportunidade quando tinha
tempo, estando na presença de uma Gloriosa Glória (e esta mostrava disposição
para isso) questionar acerca do modo como “entre os rapazes do seu tempo”
preparavam o jogo seguinte…geralmente ao domingo ou nalgum dia feriado.
Domingo
Andando a
arrumar uns papéis dei com vários apontamentos de conversas com Rogério Jonet,
Albino, Rogério Carvalho e Artur Santos, abarcando um período de 60 anos do
Glorioso Futebol, entre a primeira década do século XX e o final da década de
50! Entre Cosme Damião e Otto Glória.
Do Foot-Ball ao
Futebol
Entre 1904 e
2015 quase tudo mudou no futebol menos essência do jogo. Tal como entre 26 de
Outubro de 1863 (criação do Futebol, em Londres) e 7 de Setembro de 2015.
Colocar mais vezes a bola dentro da baliza (goal ou objectivo,
inglês/português) que o adversário. Tudo mudou, na globalidade para melhor:
piso dos campos, bancadas para os espectadores, equipamentos, chuteiras e
bolas, iluminação, alimentação dos futebolistas, tácticas, falatório (fio de
jogo, ideia de jogo, desenho táctico, etecetra e tal, mais que tudo o futebolês
levado ao exagero, principalmente às segundas-feiras) e principalmente, os
treinos para vencer. São estes o motivo do texto de hoje.
Querer saber mais
Se tudo mudou
os treinos então mudaram e voltaram a mudar várias vezes. Em Portugal tiveram
quatro mudanças radicais ajustando-se ao modo como os futebolistas podiam
jogar: de amador para semi-amador (os clubes davam uma quantia em dinheiro para
o futebolista se “estabelecer”), depois para semi-profissional (o clube
conseguia um emprego permitindo ao futebolista aumentar o ordenado somado ao
pago pelo clube) e finalmente para profissional.
Como eram os
treinos no início do Clube (ou quase)
Porque a
informação que consegui é para meados dos anos 10 quando o treinador do Benfica
era o incontornável Cosme Damião.
Rogério Jonet
dixit
No tempo de
Cosme Damião (anos 10 e 20) não havia treinos obrigatórios mas os futebolistas
eram aconselhados «sempre que pudessem a passarem pelo campo, ao final da tarde
(entre a Primavera e o Outono. De Inverno em dias solarengos desde que não
fosse já escuro...) para fazerem umas corridas, darem uns pontapés na bola e
fazerem uns chutos à baliza». Não havia treinos obrigatórios é uma forma
de dizer. Havia em domingos sem jogos calendarizados. Não havendo jogo de
determinada categoria, os treinos realizar-se-iam nos horários em que o campo
estivesse livre de jogos das outras categorias. Por exemplo, se a 2.ª e a
3.ª categoria jogassem nesse domingo frente a adversários de outros clubes
Cosme Damião marcava um treino entre futebolistas da 1.ª e da 4.ª categoria. Os
futebolistas do Benfica eram aconselhados a fazerem 30/45 minutos de ginástica,
durante todo o ano, depois e antes de se deitarem, respectivamente, de manhã e
à noite. Quando havia jogos ao domingo era proibido qualquer exercício ao
sábado (o campo estava mesmo fechado para jogos com bola) e os jogadores
aconselhados a terem precaução com entorses e pancadas nas pernas. No Benfica
dizia-se que se alguém queria singrar no futebol devia «ir o maior número de vezes ao campo
durante a semana, deixando conversas, discussões e os maus hábitos nas tascas e
tabernas».
Quem foi Rogério
Jonet?
Um
guarda-redes das categorias inferiores (nunca se estreou na 1.ª categoria).
Jogou entre 1913 e 1921 convivendo de perto com Cosme Damião, como futebolista
ou associado. Para mais informações podem sempre ler um texto neste blogue
publicado em 4 de Março de 1914 (clicar)
António
Ribeiro dos Reis
Foi um
dos principais "revoltosos bem sucedidos" nas eleições de 6 de Agosto
de 1926 que levaram ao afastamento de Cosme Damião. Para ele o Benfica estava a
"ficar para trás no futebol" pelo facto de Cosme Damião não querer
contratar futebolistas tendo de pagar ao clube de origem do jogador e dar
"luvas" ao jogador contratado. O Benfica é um clube glorioso, os
jogadores é que devem procurar o Benfica para jogar!
Albino dixit
No tempo de
Ribeiro dos Reis (anos 20 e 30) havia dois treinos de manhã (das oito às dez
horas) duas vezes por semana (terças e quintas-feiras) no estádio das Amoreiras
(1925-1940) e - em vésperas de jogos "em casa" ou
Lisboa/Estoril/Setúbal - uma sessão facultativa de teoria e regras de futebol
e/ou conselhos tácticos para o jogo do dia seguinte, sábado ao final da tarde,
na Secretarias do clube que foram mudando mas eram sempre na Baixa. Nas
quintas-feiras era um “treino de conjunto” em que saía, no final, a
convocatória (apesar de não haver substituições, escalavam-se sempre 15 para jogos
na zona de Lisboa e 14 para jogos com viagens longas de comboio). Para jogos em
Lisboa cada um tinha de assegurar o seu transporte de modo a chegar duas
horas/hora-e-meia antes do início do jogo, geralmente às 15 horas de domingo.
Nos jogos longe de Lisboa (Coimbra, Porto e Braga) saíamos depois de almoço de
sábado, no comboio rápido para o Porto para pernoitar no hotel Batalha (jogos
no Norte). Se o jogo fosse em Braga, saíamos desse hotel depois de um almoço
breve mais cedo que o habitual, em táxis do Porto (cerca de oito alugados pelo
Clube) para Braga. Em Coimbra o "Glorioso" instalava-se no hotel
Astória, a dez minutos do campo do Arnado e a vinte/trinta (a subir) do campo
de Santa Cruz. Para o Algarve saíamos do Barreiro, de comboio logo na manhã de
sábado para o hotel Eva em Faro. E daí ao início da tarde de domingo de comboio
para Olhão ou Vila Real de Santo António.
Quem foi Albino?
Um
centrocampista dos melhores de sempre em Portugal. Aliás foi quando tirei as
notas acerca do treino de hoje que ele me contou um história deliciosa que em
tempos publiquei neste blogue:
Rogério de Carvalho dixit
No tempo dele (1942/43 a 1953/54) entre Janos Biri e antes da
chegada de Otto Glória havia três treinos por semana, no estádio do Campo
Grande, entre as oito e as dez horas e meia/onze horas da manhã. Com um plano
quase imutável:
Terças-feiras: exercícios físicos, corrida a várias velocidades e
distâncias, aplicações físico-técnicas em pares e destreza com bola envolvendo
todo o plantel;
Quintas-feiras: treino de conjunto (peladinha) entre o "onze
habitual" (que dava a indicação dos convocados para domingo) e a reserva
(que procurava jogar com as características do próximo adversário de domingo);
Sextas-feiras: exercícios sem bola, muitas vezes apenas ginástica.
Era vulgar ao fim de uma hora de treino alguns jogadores dizerem que tinham de
ir mais cedo para o emprego que o patrão avisara de véspera... Muitos patrões
ou responsáveis pelo emprego dos futebolistas até referiam o porquê de
dispensar empregados para fazerem ginástica num campo de futebol se eram
futebolistas. Que fizessem ginástica em casa…
Rogério não se recorda de estágios, mas recorda-se de um “retiro”.
Foi na semana que mediou entre a final e a finalíssima para a Taça Latina 1950.
Ted Smith convenceu os dirigentes do Benfica a alugarem um hotel em Sintra para
aproveitar a frescura dessa vila nos arredores de Lisboa para treinarem nos jardins
(espaços verdes) do hotel num clima mais ameno pois a fase final da Taça Latina
entrara pelas canículas de Verão. E lá foram até Sintra. O bom e o bonito foi
que entretanto chegou ao hotel um grupo de… jovens nórdicas. Nunca mais os
dirigentes (que receberam reforços de Lisboa) conseguiram descansar até rumarem
ao Estádio Nacional para conquistar a bela Taça!
Quem foi Rogério Carvalho…
Um avançado
esquerdo (interior ou extremo) que é um dos melhores de sempre em Portugal. Talvez
o melhor interior de sempre em Portugal. Actualmente é o decano dos
futebolistas do “Glorioso” (estreia em 4 de Outubro de 1942) e dos internacionais de Portugal
(estreia em 21 de Maio de 1945). Até deixo uma nota. Ele “não quer nada” com os actuais dirigentes
do Clube”. Geralmente encontro-me com ele três vezes por ano, uma no início de
Abril, a segunda “sagrada” em 18 de Junho (Dia da Taça Latina) e por último em
finais de Setembro. Depois dos primeiros chuviscos frios, o nosso Rogério
refugia-se, quase hiberna, em casa até ao raiar da Primavera. Tem um desígnio: Vai
completar 93 anos em 7 de Dezembro de 2015 e quer chegar (pelo menos… aos 100
anos/ 2022). Por isso, está para breve o meu último encontro (pessoal) com ele
em 2015. Depois, em 2016, só lá para Abril! Se alguém tiver perguntas a fazer ao nosso Pipi é deixá-las na caixa
de correio que eu procurarei levá-las ao seu conhecimento em breve.
Para perceber
Rogério como jogador ver o texto publicado em 7 de Dezembro de 2012 (clicar)
UM(S)
DIA(S) DESTE(S) HAVERÁ MAIS…
ESPERO EM
BREVE FALAR COM AS SEGUINTES GLÓRIAS
Já o
devia ter feito. Mas sabe-se como é. Estão aqui mais próximos, são mais novos,
fica para depois. Mas o tempo é inexorável. Nunca para. E a um ano segue-se
outro. E ficamos todos mais velhos um ano. E mais uns anos a seguir…
Artur
Santos dixit
Com Otto
Glória...
José
Augusto dixit
Com Béla
Guttmann e seguintes até Jimmy Hagan....
Toni dixit
Com Jimmy
Hagan e seguintes
Pietra
dixit
Com Jorge
Jesus
Em breve,
neste blogue, perto de si!
Alberto
Miguéns
PLANO PARA AS EDIÇÕES DURANTE SETEMBRO
(provisório como é evidente)
De 10 a 23 de Setembro de 2015 (Sempre pela meia-noite)
Quinta-feira (de 9 para 10): Uma modalidade por semana: Râguebi;
Sexta-feira (de 10 para 11): O Benfica e o CF "Os
Belenenses";
Sábado (de 11 para 12): E depois da Quarta?;
Domingo (de 12 para 13): Cuidado com eles;
Segunda-feira (de 13 para 14): Desde que Luisão chegou…;
Terça-feira (de 14 para 15): O Benfica e o FC Astana;
Quarta-feira (de 15 para 16): Que estreia na Liga dos Campeões 2015/16?;
Quarta-feira (de 15 para 16): Que estreia na Liga dos Campeões 2015/16?;
Quinta-feira (de 16 para 17): Uma modalidade por semana: Pólo
Aquático;
Sexta-feira (de 17 para 18): E o "Glorioso" na 4.ª
jornada?;
Sábado (de 18 para 19): O Benfica e o CF "Os
Belenenses";
Domingo (de 19 para 20): O “Clássico de Portugal”;
Segunda-feira (de 20 para 21): E depois de Contumil?;
Terça-feira (de 21 para 22): Mentiras Oficiais Made in SLB;
Quarta-feira (de 22 para 23): Benfica tão brilhante que se vê no escuro
Quarta-feira (de 22 para 23): Benfica tão brilhante que se vê no escuro
Iam-na arranjando bonita com esses ares frescos de Sintra. Depois foi marcação em cima aos jogadores "latinos" ;) Enfim sacrifícios em nome da Taça...
ResponderEliminarNesse e noutros tempos as histórias delirantes que devem existir e que nunca deixarão um circulo restrito até se perderem. Aposto que alguns Gloriosos jogadores ganhariam outro colorido...
Depois falando-se em treinos chatos e com ginástica para complementar. A partir de 1954 com a vinda de Otto Glória é que foram elas. Estou curioso quanto ao que disse o Senhor Artur Santos. Há imagens filmadas de Glória de apito na mão a ritmar um treino com ar de Sargento. Daqueles durões.
Por favor gostaria que em vez de perguntas, deixasse da minha parte um enorme obrigado ao Rogério! Que o considero a maior figura viva do Benfica e que atinja os almejados 100 anos! Pelo menos...
ResponderEliminarCaros,
EliminarAcabei de combinar o encontro, pelo telefone, com ele. Domingo à tarde. O próximo domingo evidente! 13 de Setembro. Um dia bom, mas são tantos com ele. Jogou 4 jogos e marcou 5 golos nesse dia!
AM
AM
Caro Dr Alberto,
ResponderEliminarPelas caracteristicas que descreve do Rogério "Pipi", encontro na decada de 70/80 um Futebolista com muitas semelhanças com essa Gloria, falo do Nené. Jogou na ala, no meio, e mesmo na esquerda, e sempre com muito golo e sobretudo com inteligencia. Nené tal como Rogério "Pipi" jogavam ambos de forma elegante e inteligente, "Nené não sujava os calções". Nené tal como Rogério, ambos nas suas vidas sociais sempre souberam ser discretos. Não haverá algumas afinidades entre ambos?
A talhe de foice, entre as Glórias do Sport Lisboa e Benfica a que se propõe conversar, não surge essa figura quase incontornavel do Benfica que foi Nené, pese embora ter sido contemporaneo do "Toni do Benfica"!
Observo a chegada de Otto Glória na temporada 1954&55, e com ele chegou o profissionalismo ou semi-profissionalismo ao Futebol Português, indicia essa contratação que o Benfica se antecipava, e preparava para participar nas Taças Europeias? Afinal a Taça dos Campeões Europeus começou a ser disputada em 55/56 tendo como 1º representante o Sporting, mas tinha sido o Benfica o Campeão Nacional em 54/55 e justamente com Gloria, pergunto-lhe, porque foi o Sporting o representante de Portugal em 55/56, quando o Campeão Nacional na temporada anterior tinha sido o Benfica de Glória?
Nos 81 Campeonatos Nacionais disputados, o Benfica teve como Treinadores tendencialmente estrangeiros (cerca de 80% desses 81 Campeonatos, tiveram Treinadores Estrangeiros no Benfica), tenho uma duvida, o 1º Treinador Português Campeão pelo Benfica foi o Capitão Mario Wilson em 1975/76? (Eu sei, Wilson, Toni 2 X, Jesus 3 X foram Campeões no Benfica, mas antes deste trio não encontro nos primórdios dos Campeonatos disputados, outro Treinador português Campeão no Benfica? É essa a minha pergunta).
Curiosamente, há afinidades entre Wilson e Vitória, Se Wilson quando chegou ao Benfica em 1975/76 tinha treinado 4 temporadas consecutivas o V Guimaraes, 40 anos depois, Rui Vitória, após ter liderado o VSC durante 4 temporadas consecutivas, tal como Wilson, chega ao Benfica, e em ambos os casos em temporadas com terminação 6!
O meu muito obrigado por mais este extraordinário post!
Caro Paulo Teixeira,
ResponderEliminar1. Vou tentar falar com Futebolistas que depois foram treinadores no Benfica: José Augusto (1969/40) e Toni (várias vezes) para fazerem o contra-ponto. Nené nunca pertenceu, sequer, a uma equipa técnica. Pietra pertenceu/pertence!;
2. A primeira TCCE não foi organizada pela UEFA. Entrava que "dava mais". Não foi bem, mas quase. Até entrou um clube que nem disputava campeonatos nacionais, o Rot-Weiss Essen e houve clubes que entraram classificados em 2..º, 3.º e até 4.º lugar nos respectivos campeonatos;
3. O primeiro treinador campeão nacional pelo Benfica, em 1935/36, foi português: Vítor Gonçalves. E em 1967/68 Fernando Cabrita foi campeão. Mário Wilson foi o terceiro.
Goriosas Saudações Benfiquistas
Alberto Miguéns
Caro Alberto,
EliminarA primeira TCCE foi organizada, como sabe, pelo L'Équipe, mas teve o aval da UEFA e da FIFA (que não se julgava competente para organizar competições de clubes, mas apenas selecções), que até andaram a tentar convencer a FA a deixar participar o Chelsea FC. Claro que os métodos de selecção dos clubes são muito controversos e até prejudicaram o nosso clube, mas o Rot-Weiss Essen não participava em nenhuma liga porque ela não existia na Alemanha Ocidental, no entanto eram campeões alemães na competição que existia entre os campeões regionais.
Tenho que pensar em perguntas para colocar a esse herói benfiquista que é o Rogério "Pipi", entusiasmo-me de pensar nessa hipótese.
Gloriosas Saudações Benfiquistas
Caro Paulo Jorge,
ResponderEliminar1. Quando escrevi Rot-Weiss Essen o que me interessava escrever era 1.FC Saarbrucken que não era campeão de nada, a não ser jogar numa região fustigada pela II Guerra Mundial, o Sarre,
2. Nos anos 80 considero que gastei os meus dez dias mais mal gastos da minha vida. Nem antes, nem depois voltei a ter uns dez dias tão inúteis. Eu e um amigo meu que teve a palermice (mausenso) de não negar ficar junto a mim nas instalações do L ' Équipe a vasculhar de 1 de Janeiro de 1954 a 31 de Dezembro de 1957 o que se escreveu a propósito e não propósito da UEFA, Taça dos Campeões e demais tretas dos franceses que não demoveram os ingleses;
3. Depois daquilo que li não acredito que a UEFA permite alguma vez que haja uma história factual contada com o que se escreveu nesse jornal;
4. A UEFA foi fundada em 15 de Junho de 1954 para organizar um campeonato de selecções que a FIFA não queria pois podia "esvaziar de interesse" os Mundiais. Nesse tempo os Mundiais era a Europa + Argentina, Brasil e Uruguai. A FIFA (e a UEFA) temiam que competições internacionais de clubes, devido ao clubismo se sobrepusesse ao nacionalismo que como sabemos é a base do confronto entre países, com destaque para o Futebol e os Jogos Olímpicos;
5. A UEFA foi fundada por 25 (algumas fontes dizem que foram 24) Federações. Em 1955/56 a UEFA era composta por 29. Nessa tal primeira edição participaram 16 clubes de...15 federações devido ao tal clube do Sarre tanto poder ser francês (politicamente) como alemão (culturalmente);
6. Quem de 29 tira 15 ficam representantes de 52 por cento das federações que constituíam a UEFA:
6.1. 13 Federações sem clubes na edição de 1955/56:
Albânia;
Bulgária;
Checoslováquia;
Finlândia;
Grécia;
Inglaterra;
Irlanda (EIRE);
Irlanda do Norte;
Islândia;
Luxemburgo;
Noruega;
País de Gales;
Roménia
URSS.
6.2. 07 Federações (das 15 participantes) com campeões nacionais:
Alemanha;
Bélgica;
Dinamarca;
Espanha;
França;
Itália;
Suécia
6.3. 01 Federação com o 2.º classificado:
Hungria
6.4 03 Federações com o 3.º classificado:
Áustria;
Holanda;
Portugal
6.5. 01 Federação com o 4.º classificado:
Polónia
6.6. 02 Federações com o 5.º classificado:
Escócia;
Jugoslávia
6.7. 01 Federação com o 6.º classificado:
Suíça
7. Já não tem muito tempo para fazer as perguntas. Eu não garanto respostas (depende do Rogério) mas pelo que conheço dele vai responder com todo o gosto.
Gloriosas Saudações Benfiquistas
Alberto Miguéns
Caro Alberto,
ResponderEliminarObrigado pela sua disponibilidade.
Apesar de não ter liga o Saarbrucken pertencia a uma federação diferente da francesa ou alemã, a equipa do Sarre participou porque na altura tinha uma equipa nacional própria - que até participou nas eliminatórias para o Mundial e teve participação Olímpica.
Creio que a ideia do L'Équipe foi criar um primeiro campeonato europeu, experimental, com 16 equipas, assim se justifica que tenham convidado a equipa polaca quando o Chelsea/FA recusou. Eu aceito isto, até existem mais competições para definir campeões europeus onde não participam equipas de todas as federações (por exemplo: floorball, hóquei em patins, voleibol, basquetebol), custa-me é a aceitar a selecção tão aleatória de clubes para se decidir um campeão europeu.
Tenho lido que a justificação para a participação do Sporting CP em detrimento do SL Benfica era porque os primeiros tinham mais prestígio internacional. Parece-me pouco credível que tal seja verdade quando o único troféu internacional conquistado por clubes portugueses foi o SL Benfica que o conquistou - sendo este bastante relevante. Mesmo em termos de conquistas nacionais, a diferença era de 1 campeonato nacional, com mais Taças conquistadas pelo SL Benfica.
Gloriosas Saudações Benfiquistas
Caro Paulo Jorge,
EliminarPode ser que um dia alguém se interesse "A sério" pelo assunto.
A ideia com que fiquei é a seguinte.
O L' Equipe queria responder aos media ingleses que declararam penso ser Wolverhampton campeão europeu só porque fez uma digressão bem sucedida pela Europa continental. Pelo que me recordo dessess vleituras passou-se o seguinte:
1. O jornal pediu às Federações que indicassem o seu representante (em 1955 sabia-se lá nalguns países quem era "oficialmente o campeão desse país")? Repare que até ao relatório da FPF de 38 qual era o clube campeão nacional em Portugal, entre 1934/35 e 1938/39.O que conquistava o Campeonato da I Liga ou o que conquistavavo Campeonato dev Portugal?;
2. As Federações indicaram um clube. Algumas indicaram clubes que não aceitaram e depois foram convidando até algum aceitar. O mdoelo em termos desportivos era aliciante, mas financeiramente era duvidoso: jogos a duas mãos, viagens, alojamentos e disputados geralmente à tarde (poucos tinham iluminação artificial) de um dia de semana no Inverno entre o Outono e a Primavera podendo conflituar com as consagradas e tradicionais competições nacionais. A FPF indicou desde logo o 3.º classificado (Sporting CP) do campeonato nacional da I Divisão;
3. O jornal analisava as propostas das Federações - penso que recusou algumas e pediu nova consulta - e depois de aceitar as propostas das Federações endereçava um convite do jornal L´Équipe aos clubes.
4. Ao contrário dos anos mais próximos de nós raramente havia um dia com dois ou três jogos para as competições europeias. As equipas/plantéis seguiam em avião de carreira, tendo antecipadamente de adquirir os bilhetes de viagem ida e volta. Um exemplo. sequência dos jogos das meias-finais da 8.ª edição (já ia no 8.º ano e veja-se:
10.04.1963: Roterdão......SC Feyenoord - SL BENFICA (E 0-0)
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24.04.1963:Milão......AC Milan - Dundee FC (V 5-1)
25
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27
28
29
30
31
01.05.1963: Dundeee.....Dundee FC -AC Milan (V 1-0)
02
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04
05
06
07
08.05.1963: Lisboa....SL BENFICA - SC Feyenoord (V 3-1)
09
10
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12
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14
15
16
17
18
19
20
21
22.05.1963: Londres....AC Milan - SL BENFICA (V 2-1,com 0-1 (19' Eusébio), 1-1/1-2 (Altafini,58' e 69')
Os tempos eram outros. Os jogos faziam-se quando havia oportunidade - aviões e alojamentos - que o permitissem. E as delegações eram muito reduzidas.
Gloriosas Saudações Benfiquistas
Alberto Miguéns
Pois, a história contada por alguns diz que o L'Equipe idealizou a prova, contando desde logo com o apoio de Santiago Bernabéu. Foi endereçado o convite às Federações Nacionais, uma vez que a Uefa terá declinado organizar ou sequer dar o aval à competição. As federações indigitaram os clubes que entenderam, sendo que uns aceitaram e outros recusaram e lá fizeram o sorteio na sede do jornal. Posteriormente (quando? Diz-se que ainda no decurso da primeira edição) a Uefa perante o êxito (?!) da competição terá mostrado interesse em pegar nela. Seja como for, parece que a primeira edição acabou por ser oficializada (terá sido à posteriori?)...
ResponderEliminarO primeiro jogo de sempre da competição acabou por ser disputado no Estádio Nacional do Jamor.
O Benfica só em 1957 entraria em prova, entrando em campo no Nervión para defrontar o Sevilha, que se mostrava algo apreensivo por, não muito tempo antes, o Benfica ter aplicado um correctivo de 4-0 ao (na altura) Barcelona CF. Acabámos por perder 3-1 e empatámos depois 0-0 em Lisboa. Nota para o Sevilha ter participado como vice-campeão espanhol em virtude do Campeão do país vizinho ter entrado em competição como campeão da Europa.
Na nossa segunda participação na prova, rumámos à Escócia para defrontar o Hearts. Ao chegarmos ao aeroporto, enquanto os nossos, nada habituados aquele frio britânico (embora as deslocações à Covilhã amiúde expusessem os nossos às baixas temperaturas) levantavam as golas dos sibretudos, os escoceses sorriam. Aqueles portugueses levariam que contar, pensavam eles... Afinal de contas só por uma vez uma equipa portuguesa tinha passado uma ronda da competição até aquela data. A verdade é que a caminhada daqueles rapazes de rubras camisolas só terminou na final com o levantar da Taça.
Arrepio-me só de pensar nisto. Nem consigo imaginar o que terá passado pela cabeça dos Benfiquistas.
Corrijam por favor qualquer incorreção.
Caro,
Eliminar1. O L´Equipe ao organizar a competição pensou que seria o Stade de Reims a vencê-la. O SR conquistara a Taça Latina em 1953 (disputada em Lisboa) vencendo o Valência CF (V 2-1) e na final o AC Milan (V 3-0). Claro que o L'Équipe organizou a final de 1955/56 em Paris para o SR ter mais probabilidades e quase conseguiu a Primeira de todas:
1-0 (SR) 06' Leblond;
2-0 (SR) 10' Templin
2-1 (RM) 14' Di Stefano
2-2 (RM) 30' Rial
3-2 (SR) 62' Hidalgo
3-3 (RM) 67' Marquitos
3-4 (RM) 79' Rial
Quase....
2. Os escoceses estavam confiantes. A única vez que a SN jogou em Glasgow (o Hearts é de Edimburgo) Portugal levou 3-0! Pensavam que o SLB também iria levar uma coça que fizesse da 2.ª mão um passeio para os escoceses.
Portugueses na TCCE
1955/56 SCP com FK Partizan C/F E 3-3/ D 2-5
1956/57 FCP com Athletic Club Bilbau C/F D 1-2/ D 2-3
1957/58 SLB com Sevilha FC F/C D 1-3/ E 0-0
1958/59 SCP com DOS Utrecht F/C V 4-3/ V 2-1; R. Standard Liége C/F D 2-3/ D 0-3
1959/60 FCP com Ruda Hvezda F/C D 1-2/ D 0-2
Boas perspectivas para 1960/61.....................
AM