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27 junho 2014

Oitocentos Anos!? Tantos!

27 junho 2014 3 Comentários
27 DE JUNHO DE 1214 - 2014

Sendo Em Defesa do Benfica um blogue, por isso alicerçado em palavras e ideias, escrito e pensado em português, terá que se associar, com prazer e disponibilidade, a esta data simbólica que assinala o nascimento da Língua Portuguesa, ou mais concretamente, a data do primeiro texto escrito em português emancipado do galaico-portucalense estando este já alforriado do latim.

Testamento de D. Afonso II, o terceiro Rei de Portugal, que é tido pelos especialistas como o mais antigo documento régio, conhecido, escrito em português – e, portanto, o mais antigo texto escrito já na nossa língua ao mais alto nível de um Estado, precisamente o Estado que lhe deu o nome (Portugal) e, mais tarde, o estatuto (Transcrição/ Tradução em Nota Final)
Tentar preservar a Língua Portuguesa
Em Defesa do Benfica tem tentado evitar os estrangeirismos, que por negligência ou xenofilia, têm substituído palavras, conceitos ou ideias portuguesas que querem dizer exactamente o mesmo, com casos caricatos como: "final four" (final a quatro), "champions" (Campeões), "remontada" (reviravolta), "play-off" (bota-fora), "rugby de sevens" (râguebi de sete) ou situações mais caricatas para nomes de localidades estrangeiras, quando grande parte das cidades mundiais foram "baptizadas" pelos cartógrafos portugueses do século XIII e XIV: Genéve/ Genebra, Bilbao/ Bilbau ou Córdoba/ Córdova.

Acordo Ortográfico de 1990
Em Defesa do Benfica nada tem contra o "Acordo ortográfico de 1990" se bem que nunca o vá utilizar enquanto os criadores deste blogue (António Melo e Alberto Miguéns) escreverem. Eu, Alberto Miguéns, tenho demasiada intimidade e cumplicidade com as palavras que intensamente aprendi na escola durante os anos 60 e que depois fui refinando ao longo da minha vida para agora, abruptamente, mudar. Tenho-me servido das palavras e ideias no português que fui aprendendo. Mudar essas palavras era traí-las. Elas que tanto me têm dado e que eu tanto tenho utilizado, sem que elas nada me peçam "em troca" a não ser escrevê-las bem! Quando cometo um erro ortográfico sinto-me mal porque estou a traí-las, mesmo involuntariamente,  e elas nunca me traíram. Pelo contrário, sempre me ajudaram. Substituí-las pela nova grafia seria também traí-las, ainda que premeditadamente. Nunca o farei. Nasci a aprender "este" português, cresci a grafá-lo assim. Assim morrerei.

Reforma Ortográfica de 1911
Não vou tão longe quanto Fernando Pessoa foi. Falo como português e utilizador da Língua Portuguesa, entenda-se. Para ele a Reforma Ortográfica sua contemporânea, a de 1911, era desnecessária e não urgente porque descaracterizava a Língua Portuguesa. Por isso indignou-se recusando a escrever na nova grafia até ao final dos seus dias, em 30 de Novembro de 1935. E lamentou-se que tivessem descaracterizado a Língua Portuguesa, querendo que continuasse  com base etimológica - com raiz no grego e no latim - e não baseada na fonética (reprodução do som das palavras). Mas foi decidido, depois da Implantação da República em 5 de Outubro de 1910, que a reforma da ortografia era um dos pilares para combater a praga do analfabetismo que atingia 70 por cento da população portuguesa. E uma das causas era a dificuldade em aprender um idioma cuja ortografia estava completamente desfasada da realidade, como por exemplo a palavra fósforo escrita phosphoro!

Em minha opinião - se a ortografia portuguesa deixou de ter base etimológica em detrimento da base fonética - deve ir adaptando-se a essa mesma fonética, pois não faz sentido a fonética evoluir e a grafia estar cristalizada no tempo. Por exemplo faz sempre confusão porque se escreve "Hoje e agora" e não "Hoje i agora" visto o "e" (lido i) há muito que deixou de fazer sentido pois a sua raiz é etimológica (et do latim). Ao "cair" o "t" por ser uma consoante muda e o som "ê" passar a "i" deixa de fazer sentido o "e" em vez do "i" fonético. Por isso até sou favorável a que se vá muito mais longe do que o actual Acordo. Se a base é fonética que se ligue a grafia ao som pois já não há ligação - a não ser remota - etimológica das palavras portuguesas às que lhes deram origem no grego e latim.





Fernando Pessoa escreveu assim Mar Português e nunca autorizaria que a ortografia fosse alterada por terceiros, até "segundos". Morto fazem o que querem daquilo que ele deixou...
Se a Língua Portuguesa continuasse com ortografia/ ortographia etimológica seria "Em Defeza do Bemfica"

Bilingue até morrer
A minha resistência à mudança deve-se muito mais a um conceito de princípios do que a uma resiliência formal. Aliás em documentos oficiais escrevo segundo as normas do Acordo Ortográfico de 1990. Por que sou obrigado. Aqui sinto-me livre! Neste blogue escreverei sempre como me ensinaram e fui aprendendo durante a minha vida. Terei de ser "bilingue" até morrer!? Que o seja!

A Pátria deste blogue será sempre a Língua Portuguesa

Alberto Miguéns
António Melo

NOTA FINAL (transcrição/ tradução):
Em nome de Deus. Eu, rei D. Afonso, pela graça de Deus, rei de Portugal estando são e salvo, temendo o dia da minha morte, para a salvação da minha alma e para proveito de minha mulher D. Orraca e de meus filhos e de meus vassalos e de todo o meu reino, fiz meu testamento para que depois de minha morte, minha mulher e meus filhos e meu reino e meus vassalos e todas aquelas coisas que Deus me deu para governar estejam em paz e em tranquilidade. Primeiramente mando que o um filho, infante D. Sancho, que tenho da Rainha D. Orraca assuma o meu reino inteiramente e em paz. E se este morrer sem deixar descendentes, o filho mais velho que houver da rainha D. Orraca tenha o meu reino inteiramente e em paz. E se não tivermos filho homem, a filha mais velha que tivermos, assuma o reino. E se no tempo da minha morte, meu filho ou minha filha que deve reinar não tiver idade, esteja o reino em poder da rainha, sua mãe. E meu reino siga em poder da rainha e de meus vassalos até quando cheguem à idade. E se eu morrer, rogo ao Papa, como padre e senhor e beijo a terra ante seus pés para que ele receba sob sua guarda e sob sua protecção a rainha e meus filhos e meu reino. E se eu e a rainha morrermos, rogo e peço que meus filhos e o reino sigam sob sua protecção Ano de 1214





3 comentários
  1. O Latim nunca muda, porque está morto. Felizmente o português está bem vivo, logo em constante mutação e crescimento.

    Saudações benfiquistas!

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