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26 julho 2019

Grupo Sport de Benfica

26 julho 2019 3 Comentários
FOI FUNDADO HÁ 113 ANOS, EM 26 DE JULHO DE 1906.


Como é evidente ninguém acredita que os 15 fundadores fossem desmazelados (no sentido de não terem cultura, erudição ou Ideais) para fazer um emblema sem nexo, pois nem é a preto-e-branco.  O que está a preto são os contornos (silhuetas) dos cinco elementos, separando-os, que o constituem:

1. Sigla (G.S.B.)
2. Listão (ou faixa) oblíquo;
3. Bola oval;
4. Escudo;
5. Ciclo (roda de bicicleta)



Desmazelados? É que podemos até dizer antes pelo contrário
Pois muitos (provavelmente todos...) eram da elite burguesa, financeira e política de Benfica. Um deles, Luís Carlos de Faria Leal até "vai fazer questão" depois amplamente aceite pelo outros, de compor (sobrepor) os dois emblemas - Sport Clube de Benfica (designação depois do Regicídio, em 1 de Fevereiro de 1908 do Grupo Sport de Benfica) e Sport Lisboa - aquando da junção em 13 de Setembro de 1908.

Pode ser que um dia se consiga saber
Com exactidão a cores de um emblema que tem tanto de simples como de harmonioso. Saber bem tal como se sabem as cores e evolução, entre 1904 e 1908, do emblema do Grupo Sport Lisboa.

A sigla (G.S.B. depois S.C.B) pode ser a amarelo-dourado
Pois sabe-se que antes da junção a sigla (S.L.) do Sport Lisboa era vermelha passando o S.L.B. a amarelo-dourado. Funcionando a lógica seria amarelo-dourada a menos que o listão fosse amarelo-dourado e então o GSB/SCB até podia ser azul-marinho, cor de Portugal Monárquico. Mas o clube tinha tal posição na sociedade de Benfica que o "amarelo-de-ouro" parece "encaixar". Mas será sempre uma suposição até aparecer um documento colorido ou declarações de alguém.

Não ter equipa de futebol
Dificulta a interpretação. Há fotografias do G.S.B. em competição mas é em Velocipedismo (Ciclismo) a nível individual/isolado ou Pedestrianismo (Atletismo) na I Maratona Nacional. Nesta competição todos os clubes correm de branco (clicar para «Revista Tiro e Sport», n.º 365, de 31 de Outubro de 1907) ou ficar por aqui com a principal fotografia.

A equipa vencedora da I Maratona Nacional, em pose, equipada de outra forma: António Fernandes (2.º), Carlos Marques (vencedor) e Augusto Jorge (5.º)

O perigo da "riscas" (livra-te delas...)
Quando o G.S.B. tentou organizar equipas de futebol aparecem num treino umas camisolas às riscas, com a particularidade de, sendo fotografias a preto-e-branco, poderem ser interpretadas como riscas alternadas a branco e outra cor que pode ser qualquer uma desde que tenha tons claros, excepto o preto. Até porque nesse tempo não havendo segundo equipamento os clubes procuravam fazer camisolas que os distinguissem dos outros clubes já existentes. E o preto-e-branco há muito que tinha "dono" e estava "cativo": o Internacional ou C.I.F. (Clube Internacional de Futebol).


Chegaram duas informações contraditórias
Mas verosímeis o que "ainda torna tudo" mais difícil. Há poucas fotografias das tentativas de organizar equipa de futebol pelo GSB/SCB, mas há. E como atrás se escreveu, qualquer cor - excepto o preto - desde que com tons claros (verde, azul, vermelho ou castanho-claro) pode estar nas riscas escuras. As informações que chegaram foram dadas pelo inesquecível funcionário do «Glorioso» Joaquim Macarrão (5 de Maio de 1920 - 25 de Janeiro de 2008) que apesar de funcionário administrativo (pouco mais que a 4.ª classe) amava a Gloriosa História, na qual era Doutorado.



Luís Joaquim Gato
Que é sócio fundador n.º 10 do GSB e era  associado n.º 1 do SLB em 1979 quando entrei para sócio do «Glorioso» dizia que eram vermelhas.


Luís Joaquim Gato provavelmente - também foi associado e atleta no Internacional/CIF - como ciclista em representação do GSB
 O dirigente José Augusto de Brito (certamente depois de uma competição em ciclismo) tendo a seu lado outros dois dirigentes do GSB: Luís Carlos de Faria Leal (militar) e António dos Santos Sobral Júnior. Este era o sócio n.º 1 com Luís Carlos de Faria Leal como n.º 2 na inauguração da «Saudosa Catedral». Como se constata o GSB/SCB ao contrário do Sport Lisboa - sempre camisola vermelha, calção branco e meias pretas - não primava pelo rigor e coerência quanto ao equipamento 

José Augusto de Brito
Que é sócio fundador n.º 3 do GSB (e dirigente) era o pai da senhora com a qual Joaquim Macarrão viveu praticamente até falecer garantindo-lhe ser azul-marinho ou claro por serem todos (ou quase todos...) fervorosos monárquicos, por isso as cores de Portugal até 1911, quando foi escolhido o vermelho-e-verde.

Um emblema reduzido a contornos negros e elementos sempre brancos é que não se adequa. Nem é bem um emblema. É mais uma silhueta.

Alberto Miguéns

NOTA FINAL1: Já depois deste texto elaborado eis que o dedicado Victor João Carocha fez chegar um postal que não sendo a cores deixa "entender" melhor o emblema, pois trata-se de uma reprodução de um documento da União Velocipédica Portuguesa (actual Federação Portuguesa de Ciclismo) organismo onde o clube estava filiado. Ampliando é possível constatar que as letras não são a negro - nem simples, mas largas - e que a bola é o elemento mais escuro.




NOTA FINAL2: É que o emblema que há muito é divulgado foi retirado de recibos de quotas do clube. Ora as quotas ou folhetos não são um bom meio pois pretendem ser feitos ao menor custo possível. Sempre foi assim. Até agora se fazem emblemas do clube a uma cor, preto ou vermelho para embaratecer os custos, quanto mais em 1906 ou 1907!


Copiar símbolos (emblemas) mesmo de documentos oficiais é um risco demasiado elevado

NOTA FINAL3: É dificílimo para não dizer impossível saber, com os elementos que há disponíveis quais as cores do emblema do GSB/SCB. O certo é que o que é divulgado não corresponde a um emblema, mas aos contornos a preto para se poderem distinguir os cinco elementos que o constituem. Há sempre quem deseje saber como seria. Eu não sei. Pelos dados que existem, tendo em conta que a maior parte dos 15 fundadores "eram fervorosos patriotas monárquicos" da secção de Benfica, do Partido Regenerador-Liberal de João Franco, só se podem fazer conjecturas. Pode ser tudo ao contrário ou com cores completamente diferentes. Eu por dedução avanço com as seguintes, mas recuso fazer - também não o saberia fazer - um emblema colorido, pois seria uma pura invenção a 100 por cento:


Azul monárquico (bandeira nacional)Sigla (G.S.B.);
Amarelo-dourado: Listão oblíquo ou faixa na diagonal;
Castanho claro: Bola oval;
Branco monárquico (bandeira nacional): Escudo;
Prateado/cinzento claro com raios pretos: Ciclo (roda de bicicleta)

3 comentários
  1. É fascinante evocar o Grupo Sport Benfica pois trouxe-nos elementos de organização e registo que praticamente não dispúnhamos (ou então não sobreviveram) até então. O Alberto adianta dados novos de grande interesse.

    A temática do Emblema e das cores do GSB é muito importante não apenas por ser um mistério por decifrar como também porque certamente influenciou o Emblema definido após a junção. Foi tudo muito participativo de ambas as partes, com Félix Bermudes a ser homem-chave na definição do nome e da manutenção da identidade da componente do futebol, assegurando a continuidade do Sport Lisboa. Pelo que o Alberto nos conta, foi Luís Carlos Faria Leal o homem chave no novo Emblema e a justaposição dos dois Emblemas anteriores com certeza que foi acompanhada com uma harmonização das cores. O Emblema foi assim mudando acompanhando os tempos políticos, sociais e as estética. O Vermelho continuou a ser central mas felizmente o nosso Clube tem outras cores, cada qual, dentro do seu elemento, com um significado. É por isso que não pode haver lugar a aventureiros e arrivistas que queiram desvirtuar o que é belo e tem tradição.

    Vamos esperar que o mistério um dia possa ser desvendado. Quem sabe se descendentes de alguns dos homens que foram sócios activos desses tempos, não possam estar atentos e ter algo a acrescentar.

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  2. Obrigado por mais esta lição de história. Não basta saber quem somos, importa saber também quem fomos e de onde viemos!!!

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  3. Parabéns pelos artigos (palavra que me parece fazer mais justiça ao texto do que 'post'), este e o do emblema, sobre dois temas que muito me interessam.

    (Os textos mas também as fotos e os recortes da época - que são uma delícia à parte.)

    Do emblema, gosto em especial da versão do Stuart e até vejo nela um toque surpreendentemente moderno - que é a figuração do pneu. Mais volumoso e robusto do que os slick fininhos da típica bicicleta de estrada, próprio para as estradas péssimas do ciclismo da primeira metade do século 20, aquele pneu de 1928 é em tudo igual aos pneus mistos de gravel, a disciplina que agora mais cresce do mundo das bicicletas.

    Não tendo no momento o Benfica a modalidade, fica-me da criação de Stuart - além do desenho mais tridimensional, menos 2D, dos vários elementos - aquele toque involuntariamente futurista do pneu, que me alimenta também a fantasia de que as duas rodas, talvez em novas disciplinas, regressem um dia a casa.

    Um prazer renovado a cada visita, este blogue.

    Saudações benfiquistas,

    Nuno H Luz

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