OPINIÃO
Nos anos 60 o Benfica tinha um
prestígio inigualável no mundo do futebol. Para além de conquistar inúmeros
títulos nacionais, entre campeonatos e Taças de Portugal, foi o clube europeu
com melhores resultados nas competições da UEFA, com destaque para a mais
carismática e importante de todas, a Taça dos Clubes Campeões Europeus. Apesar
de só ter conseguido conquistar dois troféus no início do decénio (1960/61 e
1961/62), as constantes vitórias permitiram no entanto estar presente em fases
adiantadas da competição, estando em mais duas finais no espaço de tempo de
cinco anos: 1962/63 e 1964/65. Quatro finais em cinco temporadas. É obra!
Tricampeonato Nacional
Em 1964/65 o Benfica sagrou-se Tricampeão Nacional, com seis
pontos de vantagem para o 2.º classificado. Coluna foi um dos três
"Gloriosos" com mais tempo de utilização: 2070 minutos para 23
jornadas e oito golos marcados. Apenas Costa Pereira e José Augusto fizeram
igual.
Mais uma final da Taça de Portugal sem
troféu
E não é que nova final da Taça de Portugal voltou a dar
derrota. O Benfica esteve na final mas não foi capaz de derrotar o adversário
impedindo mais uma "dobradinha". Coluna fez dez jogos (dois golos),
tantos quantos fizeram Raul e o incansável Cavém, mas estes totalizaram mais 30
minutos que os 870 de Coluna devido a uma arreliadora lesão aos 60 minutos
frente ao Atlético CP, num tempo em que não eram autorizadas substituições.
Mais uma final dos Campeões Europeus sem
troféu
O "Glorioso" atinge a final da Taça dos Clubes
Campeões Europeus, mas é obrigado pela UEFA, em parceria com o campeão europeu
FC Inter a jogá-la em casa do... FC Inter. Ridículo! Em Milão os caseiros não
foram além de um golo. E mais uma vez ficou uma Taça dos Campeões à nossa
espera. Coluna foi um dos seis totalistas com o "Mato Sagrado",
jogando em nove jogos, 810 minutos, marcando dois golaços.
E o Mundo a pedir por nós
Além das conquistas de títulos nacionais e presenças nas
finais da Taça dos Clubes Campeões Europeus, o "Glorioso" era
solicitado todas as temporadas, nalgumas mais do que uma vez, para fazer
digressões em países de todos os continentes. Coluna como capitão teve
oportunidade de representar o Clube em vários estádios, alguns míticos,
tornando-se uma referência do futebol mundial. Atingiu um patamar único, em
afabilidade e relacionamento com vários futebolistas, além de personalidades da
sociedade e política. No final de 1964/65, com Coluna a pouco mais de quinze
dias de fazer 30 anos (como o tempo passou, ele que chegou aos 19 anos a
Portugal) recebeu na Venezuela um dos troféus mais prestigiados dos anos 50 e
60, a Pequena Taça do Mundo para Clubes.
1964/65
Competições
|
Jogos
|
Golos
|
Adversários
|
Golos
|
TOTAIS
|
53
|
12
|
||
Campeonato Nacional
|
23
|
8
|
||
Taça de Portugal
|
10
|
2
|
||
Taça Clubes Campeões Europeus
|
9
|
2
|
||
Taça de Honra de
Lisboa
|
2
|
-
|
||
Torneio Ramón de Carranza
|
2
|
-
|
||
Pequena Taça do Mundo
|
3
|
-
|
||
Particulares internacionais
|
4
|
-
|
NOTA: A vermelho troféus (e/ou) títulos conquistados
Alberto Miguéns
NOTA: Em Defesa do Benfica declara luto pelo
falecimento de Coluna, com um fumo negro sobre o rosto do EDB. E em homenagem
ao Eterno Capitão o EDB evocará de hora a
hora durante as próximas 18 horas o percurso desportivo de um futebolista
inigualável.