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19 março 2021

Notícia Triste

19 março 2021 7 Comentários

SOUBE ONTEM DE MANHÃ.


Um dos últimos prazeres que tive com ele. Dar-lhe um galhardete autografado pelos campeões nacionais (2015/16) em Maio de 2016

Deparei-me com uma notícia que "só podia" estar errada. Sabia que ele tinha nascido em Março, mas nunca consegui decorar o dia. Procurava saber para lhe endereçar os parabéns quando "tropecei" na tal notícia. Mas sabia que tinha de estar errada pois no Verão de 2020 tinha-me informado junto do filho Carlos como estava o "nosso Hugo" com 93 anos. O filho disse-me que estava como "alguém que vai vivendo como nonagenário".

 

Hugo Empis não podia ter falecido em 2010

O filho informou-me que faleceu, em 14 de Outubro de 2020. Infelizmente faleceu, que eu saiba, o último filho de todos os filhos dos 24 fundadores do «Glorioso». Para mim mais do que isso, pois foi ele - quase num "acaso" - embora provocado, na sua residência, no Estoril, que me explicou os cores e o significado delas nos primeiros emblemas do Clube pois o pai Raul Empis tinha-lhe dito/explicado. «No meu tempo» as cores tinham significado, agora nesses cromos e recortes de revistas/jornais que colecionas isso está muito alterado». O filho de Raúl Empis morreu!

 


Acerca do modo como o encontrei e reencontrei já escrevi neste blogue

Em 23 de Dezembro de 2015 (clicar) e do pai, nosso fundador, Raul Júlio Empis, também, logo no dia seguinte (clicar). Em doze filhos (todos com nomes próprios com quatro letras) foi o nono a nascer e o último a falecer.

 

Os doze filhos do "nosso" Raul José Empis. Todos com nomes próprios de quatro letras. Se a lógica (das alturas) estiver correcta. Da esquerda para a direita: João (n. 1930), Egas (n. 1928), Elsa (n. 1925), Raul (n. 1917), Rita (n. 1916), José (n. 1915), Dora (n. 1918),  Vera (n. 1920), Nuno (n. 1926), Olga (n. 1921) e o Hugo (n. 1927). Na frente, Rosa (n. 1936) NOTA: Fotografia não legendada retirada da página 445 do citado livro «Doze com Quatro e outras histórias de uma família singular»


Uma história incrível, desde bébé (criado fora da Quinta do Bonjardim, em Belas) onde foram criados os outros onze irmãos

Mas por um acaso, feliz para nós Benfiquistas, criado por um tio (irmão do pai) - Carlos Henriques Empis - que não tendo possibilidade de ter filhos no casamento com D. Maria de los Angels Isabel Richard como que o "adoptou" aquando de uma viagem de Raul Empis e sua esposa, à Alemanha, para tratar de um problema de saúde do "nosso" Raul Empis.


Os seis filhos (com respectivos cônjuges e primeiros filhos) netos de Ernest Laurent Empis, pai do "nosso" Raul José Empis, o segundo filho a nascer. E avô do nosso Hugo Empis. Se a ordem for a cronológica, dos mais novos para os mais velhos temos, da esquerda para a direita: Maria Empis, Alberto Frederico Empis, Ernesto Augusto Empis, Carlos Henriques Empis, Raul José Empis (1887-1960) e Júlia das Graças Empis. O "nosso" Empis com a sua lindíssima esposa D. Luísa Burnay de Sousa Coutinho (1891-1974) com o decano dos seus doze filhos, José Luís Ernesto (1915-1989) ao colo. Colo de mãe, mãos de Deus


Hugo Empis é Benfiquista (ao contrário dos seus onze irmãos)

Pois o seu tio Carlos - que acabou por criá-lo - era Benfiquista. Depois casou, em 3 de Junho de 1956, com D. Helena de Jesus Maria de Mendonça Gorjão Henriques (Abrigada/Alenquer; 11 de Junho de 1933/4 de Setembro de 2005; Lisboa), irmã de D. Ana Isabel Mafalda de Mendonça Gorjão Henriques (Abrigada/Alenquer; 18 de Abril de 1930/24 de Maio de 2011; Lisboa), esposa de Jorge Brito (Queluz; 7 de Junho de 1927/2 de Agosto de 2006; Lisboa), após casamento em 7 de Junho de 1959, Benfiquista e presidente da Direcção e muito mais... Hugo Empis era 104 dias mais velho que Jorge Artur Rego de Brito (cunhados por casarem com duas irmãs Mendonça Gorjão Henriques) cujo pai Artur de Brito era um benemérito do clube como nos fez chegar Mário de Oliveira e Rebelo da Silva na sua maravilhosa obra acerca dos primeiros 50 anos do Clube.

 

História do Sport Lisboa e Benfica 1904/1954; II volume; pág. 319, publicação em fascículos mensais; Mário de Oliveira e Rebelo da Silva; Janeiro de 1954 (primeiro fascículo; Lisboa, edição dos autores

Entre a Quinta do Bonjardim (Belas)

Se a esplendorosa Quinta (clicar) era a residência dos pais e irmãos mais uma legião de criados e empregados agrícolas Hugo Empis residia e frequentava a escola em Lisboa, nas "Avenidas Novas".




E eis a avenida 5 de Outubro

Vivia com o seu tio Carlos e a sua esposa no n.º 12 da avenida 5 de Outubro. Nas férias ia para o Bonjardim rever família e funcionários da grande quinta de Belas. Uma "vida ao contrário". O seu tio Carlos era adepto do Benfica e muitas vezes foi com ele que acompanhava o «Glorioso» nos jogos por Lisboa, em particular nas Amoreiras. O seu pai Raul Empis que fundara o Clube tinha acompanhado os futebolistas que "desertaram" para o Sporting CP, sendo devido ao seu prestígio social e político figura importante no clube do topo do Campo Grande. A curiosidade estava nos regressos à Quinta do Bonjardim onde um sportinguista, o seu pai Raul Empis, "conhecia melhor que ninguém" como tinha sido fundado o "clube das flanelas vermelhas". Para ele, Hugo Empis, era como entrar em extase. O seu pai sportinguista conhecia ao mais ínfimo pormenor tudo o que "dizia respeito ao nascimento e ao gatinhar" do seu Benfica. Regressava à escola com duas mãos cheias de novos saberes e outro tanto em cada bolso da bata branca! Como um acaso, ou dois, do destino permitiram conhecer o que se iria perder. Depois em adulto acamaradava com o cunhado Jorge Brito nas idas aos jogos do Benfica, até para fora de Lisboa, mas essencialmente na «Saudosa Catedral» inaugurada em 1 de Dezembro de 1954. O "azar" de não viver com a família no Bonjardim mas com um Benfiquista permitiu ser Benfiquista e interessar-se pelo início do «Glorioso» pois era filho de um dos fundadores. Tinha ali uma "fonte" privilegiada. Uma história incrível!



A descrição dos emblemas (1904/1912)

Sua evolução, cores e simbolismo ficará para outra ocasião sendo, também pretexto, para voltar a escrever acerca de Hugo Empis e Raul Empis.


Obrigado Por Tudo, Hugo Empis.

 

Alberto Miguéns

7 comentários
  1. Lendo o que escreve o Miguéns, ficamos mais gordos de mística!!!

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  2. É uma notícia muito triste. Esperando que venham a ler este artigo do Alberto, deixo aqui as mais sinceras condolências à família.

    Obrigado por tudo, Hugo Empis. Descanse em paz.


    Hugo Empis passou a ser conhecido por alguns Benfiquistas depois do Alberto nos falar do seu pai, Raul Júlio Empis, e da sua família. Para lá do seu estatuto de fundador, Raul Júlio Empis defendeu a nossa camisola em alguns dos primeiros jogos de futebol da História do nosso Clube, privilégio que nem todos os fundadores tiveram.

    O Alberto deu-nos igualmente a conhecer a extraordinária a história da origem do Benfiquismo de Hugo Empis, a forma apaixonada como acompanhou o Clube ao longo de décadas e o valioso conhecimento que recolheu das memórias do seu pai.

    O Alberto é hoje detentor de um conhecimento raro e precioso sobre a origem e evolução dos nosso emblemas. Aguardo com ansiedade que o Alberto nos conte por esse conhecimento, compreendendo o acerto da sua decisão de esperar pela ocasião mais oportuna.

    Em 1904, os nossos fundadores foram criteriosos na escolha das cores e dos elementos do emblema. Todos esses elementos tiveram uma razão. Em 1908, aquando da junção entre o Sport Lisboa e o Grupo Sport Benfica, os dirigentes da altura forma criteriosos nas mudanças que introduziram no novo emblema. A partir daí, as modificações foram apenas modernizações estéticas. Assim, quando olhamos para o nosso actual emblema e para os que o antecederam podemos perceber essa evolução e, e como os principais elementos e cores foram mantidos. Mantidos porque têm um sentido e uma tradição Gloriosa no Clube. São parte fundamental da identidade do nosso Clube e da paixão que lhes dedicam os seus sócios e adeptos. E essas virtudes não são alienáveis a uma qualquer estratégia comercial.

    Espero que todos os Benfiquistas estejam atentos a alguma eventual proposta de alteração do emblema que possa vir a acontecer no futuro. Atentos, com conhecimento de causa e com sentido crítico.

    Honrai agora os Ases que nos honraram o passado.


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    1. Não coloquei uma nota que devia mas o tempo a trabalhar incluindo ter ido tirar a fotografia ao prédio na avenida 5 de Outubro contribuiu para o esquecimento.

      Foi Victor João Carocha que permitiu esclarecer dúvidas que tinha acerca do nome da esposa de Carlos Henriques Empis bem como a data de casamento de Hugo Empis, para mim fundamental para perceber se tinha sido antes ou depois do presidente Jorge Brito. Foi Jorge Brito a "chegar" à família pois casou-se em 1959 já Hugo Empis estava casado desde 1956. É claro que podia ter questionado o inexcedível filho de Hugo Empis mas evitei estar a incomodá-lo com assunto tão delicado.

      Obrigado, mais uma vez, VJC.

      Abraço Gloriosíssimo

      Alberto Miguéns

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    2. A comunhão Benfiquista, pelo Benfica e só pelo Benfica é um sentimento sublime.
      Um abraço Gloriosíssimo, Alberto.

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  3. Caro Alberto, estamos sempre aprender consigo. Mas então, um dos nossos 24 fundadores tornou-se depois sportinguista, assim como, aparentemente, 11 dos seus 12 filhos? Que coisa estranha. É sobejamente conhecida a história da deserção de vários jogadores do Benfica para o Sporting mas não fazia ideia que um dos nossos fundadores não só os tinha acompanhado como depois se tinha tornado sportinguista.

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    1. Caro Benfiquista

      Foram mais que os tais 8 que desertaram no Verão de 1907. Esses são "mais famosos" por serem futebolistas da 1.ª categoria. Mas também foram jogadores das outras categorias, como Januário Barreto, José Rosa Rodrigues, Raul Empis e Francisco Santos (estava em Roma a jogar num clube da cidade (SS Lazio) mas quando regressou a Portugal rumou ao SCP).

      Dos 24 fundadores saíram 4:
      Cândido Rosa Rodrigues (1.ª cat.)
      António Rosa Rodrigues (1.ª cat)
      José Rosa Rodrigues (2.ª cat e primeiro presidente do Clube)
      Raul Júlio Empis (2.ª cat.)

      Abraço Glorioso

      Alberto Miguéns

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