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16 junho 2020

Uma Àguia À Benfica

16 junho 2020 2 Comentários
HISTÓRIA DA ESCOLA PRIMÁRIA QUE ME LEMBRO MUITAS VEZES QUANDO ESTOU NUMA DE BENFICAR.



A minha professora não era para brincadeiras. Ainda por cima era esposa do director da Escola Pública onde andei quatro anos enquanto outros marmanjos aburguesados iam para os coleginhos católicos dos sportinguistas. Na minha classe ou classes (da 1.ª à 4.ª) éramos uns 20 Benfiquistas em 30! Na minha quarta classe (1970/71) até dava para haver dois ou três Benficas. O meu era do Artur Jorge. Mas havia os do José Torres e os do Néné. Eusébio era... Eusébio. E havia porrada por causa de uns dizerem que o Néné era melhor que o Artur Jorge e assim sucessivamente! O que me fazia "alguma confusão" era haver colegas Benfiquistas que não eram filhos de Benfiquistas mas de Belenensistas!

Adorava em particular uma lição
A da página 7, logo a do Néné, pois a minha era a nove (Portugal Não é um País Pequeno). Quando a professora pedia para ler eu escolhia sempre a mesma (a sorte é que ela a cada mês esquecia-se da que já tinha lido anteriormente e que era sempre a mesma). Nem era bem ler que de tanto a ler na escola e em casa já a sabia de cor. Durante anos recitava-a. Até há bem uns 20 anos ainda a sabia do início ao final. Agora só sei as partes da águia a crescer para a coruja. O resto foi-se com o tempo...



A sorte não dura sempre! E para sempre!
Um dia, já a terminar o ano escolar, aí por final de Maio de 1971, com o título recuperado ao Sporting CP... abusei. Troquei coruja por Sporting e águia por Benfica. Ela no início ficou incrédula, mas depois deixou chegar ao final a leitura, mas foi categórica. O menino trocou águia por Benfica umas seis vezes e coruja por Sporting umas cinco vezes e ainda sportinguinhas uma vez! «Senhora Professora! Só quis dar nome aos animais pois tenho um gato chamado "Bandarra"». Eu pedi para ler não foi para inventar. Venha cá. Trás, trás, trás... Seis réguadas numa mão, cinco na outra e uma nas nalgas (pelos vistos, em honra das corujinhas). Mas foram bem dadas... Serviu-me de lição!



Desde Agosto de 2001 - depois de uma má experiência nos arredores Norte de Lisboa (Manoel Barbosa, das Casas do Benfica, teve idêntica nos E.U.A.) - que eu muito me tenho lembrado desta história! A coruja sportinguista e a Águia Benfiquista que, ao contrário da "verdadeira, a que conheci primeiro" teima em não espatifar as corujinhas! Uma história que nunca esqueci desde esse ano escolar de 1970/71. E que me recordo muitas vezes desde esses dias de início dos Anos 70 a propósito do Benfica poder dar o golpe de misericórdia nos adversários directos e ficar a "pavonear-se" em vez de ser Águia!


"Desenho" feito por mim, na escola, (sem data) mas certamente depois do Natal de 1970. Porquê? Clicar para jornal «Diário de Lisboa» 

Ai, ai, Benfica!


Alberto Miguéns



NOTA: Há umas semanas fui à minha aldeia de Montalvão e trouxe uns materiais engraçados, principalmente os meus livros escolares onde tenho textos (redacções) e desenhos acerca do Benfica, entre 1967/68 (poucos) e Anos 80 (muitos, até uma espécie de Manifesto Eleitoral ingénuo para 1983 anti-Fernando Martins... escrito em máquina de escrever com teclado AZERT).
2 comentários
  1. Recebi do ilustre pintor e performer Manoel -Barbosa o seguinte:

    Pegando na sua estória do post, lembrou-se de mim (como poderia ter-se recordado de outros ex-dirigentes do SLBenfica), grato.
    Sem dúvida, a História do Sport Lisboa e Benfica está replecta de ninhos com penas muito suaves, macias (políticas, judiciais, empresariais e outras) para quem precise de estar no Clube com outros objectivos que não servir somente a Instituição !
    De facto fui comido, traído num episódio maquiavélico (há dias ao ouvir o actual presidente falar em Maquiavel sorri, lembrei-me imediatamente dele), em Maio de 2002. Nos E.U.América, enquanto Director das Filiais, Delegações e Casas do Sport Lisboa e Benfica. Quero frisar que não por alguém das Filiais, Delegações, e Casas nem...por ninguém dos então Órgãos Sociais.
    Eu não estava em nenhum ninho por mim construído (fui nomeado Director graças ao Presidente Manuel Vilarinho que sempre teve para comigo total e permanente confiança, entre Novembro de 2000 e Maio de 2002) mas sim a desempenhar gratuitamente um cargo que me honrará eternamente, uma das enormes alegrias que tive, terei -- estar a trabalhar para o SLBenfica, com a particularidade de fazê-lo num mandato recuperador do devastador descalabro desportivo, económico, financeiro e social herdado da Direcção anterior. Não foi nada fácil, em muitos momentos dificílimo para todos.
    O cargo que desempenhei era, é, será muito cobiçado, por vários motivos, entre os quais por quem --à custa do prestígio que o SLBenfica proporciona a quem dele abusa, vulgo oportunistas-- precise de protagonismo social ou na área dos negócios. Apercebi-me disso de quando em quando, e creio que em Setembro de 2001, tive essa certeza. Apesar do puzzle que me surgia ocasionalmente extra-Órgãos Sociais, a minha ingenuidade e desconhecimento pormenorizado dos cinzentões bastidores que pululavam --e pululam-- no Clube, nunca quis prever, dar importância, a quem estava a fazer o seu ninho para ocupar o meu cargo. No SLBenfica, quem não se acomoda num ninho ao lado do/s chefe/s (ou de quem lhe paga bom ordenado), será traído, ostracizado, provavelmente expulso.
    Mais tarde apercebi-me que a cama que me fizeram foi armada repentinamente. Por tal renunciei ao cargo a 17 de Maio de 2002, com inconsolável desgosto.
    Também por ter entendido o Clube por dentro e muito mais !, por estar atento (em silêncio) à vida do SLBenfica, por entretanto e ingenuamente ter apoiado duas candidaturas (afinal) oportunistas, terei imenso cuidado se apoiar publicamente um candidato oposicionista a quem tomou conta do Clube.

    Especial abraço,
    Manoel Barbosa

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    Respostas
    1. Em 17 meses que teve a subida Honra de representar o GLORIOSO, o ilustre consócio deve ter algumas boas histórias para contar...especialmente quando viajou aos Estados Unidos!


      «« Mais tarde apercebi-me que a cama que me fizeram foi armada repentinamente. Por tal renunciei ao cargo a 17 de Maio de 2002, com inconsolável desgosto.»»

      É o usual. Conheço um Benfiquista de gema, a quem a cama foi armada duas ou três vezes...

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