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28 janeiro 2019

Há 113 Anos Já o «Glorioso» Era Notícia Ilustrada

28 janeiro 2019 5 Comentários
SÃO ESTES ENCONTROS EM PUBLICAÇÕES CENTENÁRIAS QUE DÃO BRILHO A TODA E QUALQUER PESQUISA.



Com uma equipa - só com portugueses - em 1905/06 já deliciava os poucos que acompanhavam os jogos de futebol em Portugal. Sempre à espera que, no próximo jogo, frente a equipas mesmo com os ingleses (inventores do Futebol) fossem derrotados. Assim foi há 113 anos, com direito a notícia de jornal ou revista.


Uma equipa com os onze heróis do 28 de Janeiro de 1906. Da esquerda para a direita. 1.º nível (atrás): David José da Fonseca, Emílio de Carvalho, Cândido Rosa Rodrigues, Marcial e Costa, Fortunato Levy e, atrás, Carlos França; 2.º nível: Manuel Móra; 3.º nível: Daniel Queirós dos Santos, Albano dos Santos, António do Couto e José da Cruz Viegas; 4.º nível (à frente): Manuel Gourlade; Primeiro a contar da esquerda (de pé) árbitro ou adepto: desconhecido. 

Em 28 de Janeiro de 1906
Um clube ainda sem completar dois anos de existência conseguia ter uma notícia amplamente ilustrada com a fotografia da equipa de Futebol e uma fase do jogo (clicar).



O primeiro jogo do «Glorioso» conhecido da temporada de 1905/06
É este. Precisamente a terminar o mês da Janeiro de 1906. Havia poucos jogos nestas temporadas iniciais do futebol organizado em Portugal pois eram poucos os futebolistas por isso eram poucos os clubes minimamente organizados.


Campo das Salésias, nas Terras do Desembargador
Eram um logradouro público, um terreiro onde quem chegava primeiro montava o "palco". Os grupos de futebol tinham de discutir muitas vezes o espaço com os oficiais dos vários quartéis - de cavalaria a infantaria - que se localizavam junto ao mesmo espaço. E que o utilizavam para manobras militares. O «Glorioso» com Sede em Belém (Farmácia Franco e depois um quarto alugado na calçada da Ajuda) utilizava, com frequência, este espaço para treinos e engalanava-o nos domingos de jogos frente a outros clubes.


Num espaço muito menos habitado do que é na actualidade
É possível ver ao longe, a Nordeste, a Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Ajuda e o hospital militar que ocupou as instalações do Convento da Boa Hora (que ainda existem como edifícios na actualidade). Na fotografia do encontro realizado em 28 de Janeiro de 1906, era a linha lateral do campo marcado nas Terras do Desembargador. Para mais informações da wikipédia (clicar).


No topo norte do campo
É possível observar ao longe a Igreja da Memória, para Noroeste, do campo de jogos. Se a fotografia anterior dá uma perspectiva da linha lateral esta ilustra a linha final. Para mais informações da wikipédia (clicar).


Eis o que dele escreveu (resumidamente)
Um dos Gloriosos que o jogaram com as "flanelas vermelhas" as primeiras camisolas compradas pelos futebolistas, em 18 de Fevereiro de 1905.




E foi assim que se averbou mais uma vitória
Com golos de Fortunato Levy e outro do casapiano Daniel Queirós dos Santos. O notável era o modo como se estava a desenvolver o Clube. Logo desde o "berço". Um misto de várias proveniências e idades. Sem fazer diferenciações étnicas, ideológicas ou sociais. O que interessava era se servia bem o Clube. Se era ou não importante para desenvolver o Clube. 

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E dando o habitual destaque a quem marca os golos
Estando implícito que só existem marcadores porque houve quem contribuísse para que eles fossem obtidos. E que esses golos mais do que serem marcados por dois futebolistas permitiram uma vitória porque esteve em campo uma equipa que fez com que eles tivessem mais significado do que apenas mais dois golos. Foram golos que deram expressão a uma vitória.

Fortunato Levy era um miúdo mestiço, cabo-verdiano com 17 anos, estudante em Lisboa, nascido na Cidade da Praia, em 22 de Abril de 1888, depois escolhido em assembleia geral realizada, em 22 de Novembro de 1906, como capitão da equipa de 1.ª categoria. 



Daniel Queirós dos Santos era já um consagrado escriturário, de "boas famílias", branco como o algodão ainda que com bigode, com 26 anos, nascido em 15 de Julho de 1879. Todos coexistiam no nosso Benfica. Para o fazer ainda maior.

Como não amar este Clube!

Alberto Miguéns

NOTA: Especial agradecimento ao dedicado leitor Victor João Carocha que descobriu esta preciosa notícia na Imprensa da época dando-me conhecimento, tal como ainda fez juntar mais umas quantas fotografias, que legendou, referentes à mesma efeméride retiradas de um arquivo que está mal... arquivado. As fotografias não são do campo de Sete Rios mas sim do campo das Salésias (Belém).




5 comentários
  1. O Alberto Miguéns tem algum parentesco com o Sr. João de Oliveira Miguéns, proprietário da Casa do Povo de Alcântara ?
    Um abraço glorioso,
    Pedro Freire

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    Respostas
    1. Caro Pedro Freire

      Que eu saiba... infelizmente, não!

      Saudações Gloriosíssimas

      Alberto Miguéns

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    2. O Miguéns é parente de (quase) todos Benfiquistas!!!

      Eliminar
  2. Em finais de 1903, foram dois jogos contra o CIF, Clube Internacional de Futebol, que levaram à ideia da formação do Clube. Entre festejos a camaradagem e a felicidade de vencer a equipa dos manos Pinto Basto, levou a uma ideia que mudou a vida de milhões de Portugueses. Nascia o Sport Lisboa.

    Camisolas vermelhas contra camisolas às riscas verticais pretas e brancas. Este era o verdadeiro dérbi de Lisboa da primeira década do nosso futebol. É certo que antes existiram o CF Lisbonense eo o Ginásio CP mas foi a partr do dérbi entre camisolas vermelhas e camisolas às riscas pretas e brancas que o povo de Lisboa se apaixonou.

    Como não reparar que ali, ao redor desse campo mítico apesar das condições precárias, ali estavam centenas de pessoas de todas as idades? Ali estiveram também jovens como Artur José Pereira, o seu mano Francisco, Álvaro Gaspar e tantos outros. A admirar os grandes jogadores. Ali estiveram Cosme e Gourlade, Bermudes e Reis Gonçalves, e com certeza mais alguns dos 24 fundadores, a admirar a beleza das camisolas de flanela vermelha, a vencerem como era seu destino.

    E a vertigem, o amor pelas camisolas vermelhas nunca mais abandonaria a maioria dos Lisboetas e mais tarde a maioria dos Portugueses.

    Isto é matéria dos deuses. Deuses do futebol. Os primeiros nomes do nosso futebol são lendários, merecem todo o destaque, cuidado e carinho.

    Fico feliz por o Alberto lhe dar o devido destaque, pelos seus nomes serem lembrados.
    Obrigado.

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  3. Sr.Alberto,na época 1905-1906 não temos jogos com o Cruz Negra e o CIF,a 4 e 11 de Março,respectivamnete???Esses jogos existiram de facto,ou são jogos da segunda equipa???
    OBRIGADO!!!
    SAUDAÇÕES GLORIOSAS!!
    VIVA O SPORT LISBOA E BENFICA!!!1

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