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31 dezembro 2018

O Benfica Nunca Está Construído

31 dezembro 2018 6 Comentários
OS CLUBES MAIS POPULARES ESTÃO CONDENADOS A CONQUISTAR MAIS TÍTULOS.



Porque a sua "força" não é conjuntural mas está alicerçada na dimensão associativa que permite potenciar todas as outras. Aos dirigentes eleitos ou responsáveis pelas SAD's, nos actuais modelos - para terem sucesso - cabe-lhes saber usar essa força colectiva imparável. Sempre que a souberem potenciar têm longos períodos ganhadores. Sempre que a percam sujeitam-se a que esse vazio seja aproveitado pelos outros clubes, que sabendo da sua menor dimensão, usam a agregação, vitimização e fazer do adversário inimigo como estratégia para criar um nicho de conquistas. É assim em todos os países, embora com cambiantes conforme a cultura intrínseca a cada Povo, em que há um clube com supremacia demográfica!

A importância relativa dos Tetras e Pentas
Não é para desvalorizar o campeonato perdido em 2017/18 mas custou perdê-lo mais pelo que deixa adivinhar no futuro a favor do FC Porto do que por ser inédito no clube e poder dar sequência imediata a um inédito Hexa em Portugal. Conquistar sequências de troféus não, é por si, um título, mas uma proeza tal como são as goleadas ente clubes rivais. Nunca o Sporting CP deu importância desmesurada aos seus quatro títulos consecutivos, entre 1950/51 e 1953/54, até porque até eram mal encaixados como se fossem obtidos pelos "Cinco Violinos" quando o solista deles, o extraordinário Peyroteo deixou de jogar no final da temporada de 1948/49. Só começaram a dar importância quando o FC Porto o fez em 1997/98. São os clubes mais pequenos que dão importância ao mais insignificante pois querem com proezas afirmar-se como se estas se transformassem em títulos. Qualquer proeza, seja pequena ou grande, é sobrevalorizada.

A importância absoluta de conquistar 40/50 por cento dos principais troféus em disputa
Mais importante, o que não quer dizer que Tetras e Pentas sejam insignificantes, é conquistar títulos - Campeonatos Nacionais e Taças de Portugal - evitando épocas "em branco". Foi sempre esse o desígnio do Benfica. Como clube mais popular, com dirigentes mais dedicados que contagiavam os atletas, tentar conquistar o máximo possível, tendo por mínimo metade do que seria possível obter. Deve continuar a ser este o referencial. Os títulos são como a beleza, magreza e riqueza. Nunca são de mais. O "Glorioso" continua a ter as mesmas condições que tinha desde que iniciou a primeira competição, em final de 1906. Vencer o máximo que for possível e nunca aceitar que se atingiu o fim do caminho. Há sempre mais caminho por fazer. Indefinidamente...   

Há sempre múltiplas divisões e adições (I)
Que podem estabelecer padrões ou ciclos. desta vez optou-se por períodos de vinte temporadas. O Benfica sempre esteve condenado a vencer (e vencerá sempre mais que os outros) o que não quer dizer que vença sempre por ser uma impossibilidade. Mas há cada vez mais condições para vencer mais pois por toda a Europa - excepto onde há clubes tomados por magnatas (Inglaterra e França) - a tendência é para os clubes com mais peso demográfico exercerem essa capacidade para conquistar internamente para depois poderem gerir o capital proveniente da Liga dos Campeões. O Benfica tem nesta temporada, em 2018/19, tudo fazer para impedir o FC Porto de se sagrar Bicampeão Nacional e conquistar a Taça de Portugal. Ao contrário do que se pensa - porque desde 1973/74 o domínio passou a ser Bipartido (FC Porto e SL Benfica, pois o Sporting CP conquistou quatro títulos em 45 possibilidades) - o Benfica continua a não descolar do FC Porto. Vai "aguentando" mas vai baixando a percentagem quando devia estar a aumentá-la. Por exemplo, no Campeonato Nacional era de 50 por cento em 1945/46, 44 por cento em 1965/66, 50 por cento em 1985/86, 43 por cento em 2005/06 e será de 42 por cento se o "Glorioso" não conquistar o título em 2018/19.

Há sempre múltiplas divisões e adições (II)
O que parece uma impossibilidade pode não ser. Balizando dois períodos, só para o campeonato nacional, no antes e depois de 1999/2000, ou seja 19 temporadas para trás e outras tantas para a frente, o Benfica deixando o FC Porto ser Bicampeão em 2018/19 permitirá ao FC Porto conquistar onze títulos, para seis do Benfica, um do Sporting CP e um do Boavista FC. Nas 19 que estão para trás (de 2000/01) o Benfica conquistou os "mesmos seis títulos", o FC Porto conquistou precisamente os «mesmos onze títulos» e o Sporting CP conquistou dois (1999/2000). Isto era algo imaginável. O Benfica não pode somar tantos inêxitos quando tem condições para fazer melhor. Não esteve dez temporadas consecutivas "em branco" mas quanto a títulos vai dar ao mesmo! É fundamental impedir, em 2018/19, o FC Porto de ser Bicampeão e recuperar o título de campeão nacional para o Benfica.   

CLASSIFICAÇÕES DO SL BENFICA (1906/07 a 2017/18)
Época
Cam.º
Reg. (1)
Taça Por.
(2)
Cam.º Nac. (3)
Competições Europeias
(4)
1906/07
2.º

1907/08
3.º
1908/09
2.º
1909/10
1
1910/11
2.º
1911/12
2
1912/13
3
1913/14
4
1914/15
2.º
1915/16
5
1916/17
6
1917/18
7
1918/19
2.º
1919/20
8
1920/21
4.º
1921/22
2.º
NP
1922/23
3.º
NP
1923/24
3.º
NP
1924/25
3.º
NP
1925/26
5.º
NP
I
8 em 20
40 %
0 em 5
0 %
1926/27
5.º
1/2
1927/28
2.º
1/2
1928/29
2.º
1/8
1929/30
2.º
1
1930/31
5.º
2
1931/32
3.º
1/2
1932/33
9
1/4
1933/34
6.º
1/2
1934/35
2.º
3
3.º
1935/36
2.º
1/2
1
1936/37
2.º
1/2
2
1937/38
2.º
FINAL
3
1938/39
3.º
FINAL
3.º
1939/40
10
4
4.º
1940/41
2.º
1/2
4.º
1941/42
2.º
1/4
4
1942/43
2.º
5
5
1943/44
2.º
6
2.º
1944/45
2.º
1/2
6
1945/46
4.º
1/4
2.º
II
10 em 40
25 %
6 em 25
24 %
6 em 12
50 %
1946/47
2.º
--------------
2.º
1947/48
1/2
2.º
1948/49
FI7L
2.º
TL
NP
1949/50
--------------
7
TL
1
1950/51
8
3.º
TL
NP
1951/52
9
2.º
TL
NP
1952/53
10
2.º
TL
NP
1953/54
1/8
3.º
---
--------------
1954/55
11
8
TL
NP
1955/56
1/8
2.º
TL
3.º
1956/57
12
9
TCE
1/16
TL
2.º
1957/58
FINAL
3.º
TCE
NP
1958/59
13
2.º
TCE
NP
1959/60
1/2
10
TCE
NP
1960/61
1/8
11
TCE
1
1961/62
14
3.º
TCE
2
1962/63
1/2
12
TCE
FINAL
1963/64
15
13
TCE
1/8
1964/65
FINAL
14
TCE
FINAL
1965/66
1/4
2.º
TCF
1/4
III
15 em 43
35 %
14 em 32
44 %
-----------
1966/67
1/4
15
TcF
1/8
1967/68
1/2
16
TCE
FINAL
1968/69
16
17
TCE
1/4
1969/70
17
2.º
TCE
1/8
1970/71
FINAL
18
TT
1/8
1971/72
18
19
TCE
1/2
1972/73
1/8
20
TCE
1/8
1973/74
FINAL
2.º
TCE
1/8
1974/75
FINAL
21
TT
1/4
1975/76
1/16
22
TCE
1/4
1976/77
1/8
23
TCE
1/16
1977/78
1/4
2.º
TCE
1/4
1978/79
1/16
2.º
TU
1/16
1979/80
19
3.º
TU
1/32
1980/81
20
24
TT
1/2
1981/82
1/2
2.º
TCE
1/8
1982/83
21
25
TU
FINAL
1983/84
1/8
26
TCE
1/4
1984/85
22
3.º
TCE
1/8
1985/86
23
2.º
TT
1/4
IV
23 em 63
36 %
26 em 52
50 %
-----------
1986/87
24
27
TT
1/8
1987/88
1/2
2.º
TCE
FINAL
1988/89
FINAL
28
TU
1/16
1989/90
1/16
2.º
TCE
FINAL
1990/91
1/4
29
TU
1/32
1991/92
1/2
2.º
LC
3.º G
1992/93
25
2.º
TU
1/4
1993/94
1/8
30
TT
1/2
1994/95
1/4
3.º
LC
1/4
1995/96
26
2.º
TU
1/8
1996/97
FINAL
3.º
TT
1/4
1997/98
1/2
2.º
TU
1/32
1998/99
1/16
3.º
LC
2.º G
1999/00
1/8
3.º
TU
1/16
2000/01
1/8
6.º
TU
1/64
2001/02
1/16
4.º
NP
2002/03
1/32
2.º
NP
2003/04
27
2.º
LC
PE
TU
1/16
2004/05
FINAL
31
LC
PE
TU
1/8
2005/06
1/4
3.º
LC
1/4
V
27 em 83
32 %
31 em 72
43 %
-----------
2006/07
1/8
3.º
LC
3.º
TU
1/4
2007/08
1/2
4.º
LC
3.º
TU
1/8
2008/09
1/8
3.º
LC
NP
TU
5.º/5
2009/10
1/16
32
LC
NP
LE
1/4
2010/11
1/2
2.º
LC
3.º
LE
1/2
2011/12
1/8
2.º
LC
1/4
2012/13
FINAL
2.º
LC
3.º
LE
FINAL
2013/14
28
33
LC
3.º
LE
FINAL
2014/15
1/8
34
LC
4.º
-
--
2015/16
1/16
35
LC
1/4
2016/17
29
36
LC
1/8
2017/18
1/8
2.º
LC
4.º
-
--
2018/19
? (1/4)
? (2.º)
LC
3.º
LE
? (1/16)
TOTAIS
10 em 41
24 %
29 em 95
31 %
36 em 84
43 %
-------------
NOTA: (1) A disputar-se desde 1906/07 a partir de 1921/22 apurava para o campeonato de Portugal. Entre 1934/35 e 1946/47 apurava para a I e II Ligas/I e II Divisões;
(2) Designada nas 17 edições iniciais – 1921/22 a 1937/38 - Campeonato de Portugal até 1925/26 apenas competiam os campeões regionais. Depois de 1926/27 foi alargada a outras classificações nos campeonatos regionais, variando o número em função da importância de cada Associação. Lisboa apurava sempre oito clubes independentemente do número de emblemas a disputar o campeonato regional de Lisboa da I Divisão;
(3) Designado nas quatro edições iniciais – 1934/35 a 1937/38 – campeonato da I Liga o apuramento era feito através dos campeonatos regionais: Lisboa (4 clubes), Porto (2 clubes), Coimbra (um clube) e Setúbal (um clube). Com esta competição o Campeonato de Portugal passou a disputar-se depois de terminados os Campeonatos da I e II Liga com 16 clubes (desde os oitavos-de-final): os oito da I Liga, os sete melhores da II Liga e um representante insular, vencedor da eliminatória entre o campeão dos Açores e da Madeira;
(4) A UEFA não considera a Taça das Cidades com Feiras uma competição oficial (embora a primeira edição da Taça UEFA em 1971/72 seja igual no formato à última edição da Taça das Cidades com Feiras, em 1970/71: 64 clubes na primeira eliminatória com os países a terem um número de representantes em função do coeficiente atribuído pelo histórico dos países (Federações) nas competições da UEFA), nem a edição de 1991/92 como Liga dos Campeões embora seja no mesmo formato da edição de 1992/93 (eliminatórias até aos oitavos-de-final para apurar oito clubes divididos por dois grupos cujo vencedor era o finalista da competição)

Das duas, uma

O FC Porto simplesmente não pode conquistar o título em 2018/19. E também já não o devia ter conquistado em 2017/18. Mas é que o tem feito, já neste século XXI, com uma facilidade impressionante. O Benfica para conquistar títulos de campeão nacional faz um esforço gigantesco. O FCP conquistando um arrisca sempre fazer três ou quatro consecutivos, como em 2005/06 a 2008/09 (quatro) e 2010/11 a 2012/13. Quem tem a responsabilidade de tomar as decisões certas para fazer o Benfica ganhar, com naturalidade, mais do que os outros clubes é que tem de saber. Tem ou não tem condições para engrandecer o Clube? Sabe ou não sabe como pode estar a enfraquecê-lo? E depois é decidir o que é mais de interesse geral e cuidar menos de interesses particulares.

Uma "coisa" eu sei, nós Benfiquistas sabemos, como sabiam os que nos antecederam
O Benfica será sempre o clube mais ganhador em Portugal. E terá períodos negros e outros cinzentos em que, por vários motivos e incidências, não conseguirá exercer a sua grandeza. Foi assim nos anos 20, entre meados da década de 40 e Anos 50 e da década de 90. Mas fases que se querem episódicas, passageiras... É incompreensível depois de ter o FC Porto «encostado às cordas» deixá-lo recuperar o fôlego. É um risco elevado para o que resta do segundo decénio do século XXI.

Acorda, Benfica

Alberto Miguéns

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