COMO O PROMETIDO É DEVIDO.
Aqui estou a cumprir o prometido, na NOTA FINAL, em 14 de Julho de
2017 (clicar) aquando do assinalar, neste blogue, do falecimento de Pedras.
Pedras
estreou-se com o "Manto Sagrado" em Oslo
Na digressão pela Escandinávia, de início de temporada, em
1962/63, envergando a camisola rubra da Águia há precisamente 55 anos, na
capital da Noruega, frente a um "Misto dos Clubes de Oslo" (FK Skeid,
SOFK Lyn, Valerengens IF e Frigg SK). Foi o quarto jogo da digressão e entrou
aos 63 minutos para substituir o capitão José Águas. Marcou o último golo aos 69 minutos. Seis depois de entrar em campo.
Integrou o
grupo dos cinco reforços para obter a terceira conquista consecutiva da
"Orelhuda"
Com a chegada do treinador Fernando Riera, o "Glorioso"
procurou precaver-se de lesões, castigos e doenças assegurando reforçar o
plantel - num tempo em que não havia substituições - para ter garantia que nada
falharia. Do Leixões SC chegaram dois defesas: Raúl e Jacinto. Para Matosinhos
seguiu dinheiro...e não foi pouco No Vitória SC foram contratados Augusto Silva
(centrocampista polivalente) e Pedras (avançado) seguindo para Guimarães, os
futebolistas António Mendes, Manuel Pinto, Teodoro, Peres, Fonseca (estes em definitivo) e por uma
época o guarda-redes Zeca Santos e Testas além do indispensável dinheiro
(falou-se em 570 contos só para transferir Pedras e 370 para o futebolista). E
o guarda-redes Rita (primo de Cavém) vindo do SC Covilhã para lá seguindo: o
guarda-redes Ramalho, Nartanga, Maçarico e Alfredo Espírito Santo, entre outros.
Era assim o Benfica. Contratava no final de cada temporada o melhor que havia
em Portugal (e só portugueses) devido à tradição de 1904 em apenas jogarem, com
o "Manto Sagrado" futebolistas nascidos em território português.
José Maria
de Freitas Pereira (Pedras)
Nasceu em Guimarães, a 29 de Outubro de
1941. Estreou-se no "Glorioso" com
20 anos e dez meses. A vida desportiva não seria fácil mas por vezes surgem
oportunidades que são bem aproveitadas. Pedras não teve essa sorte, ou seja,
não houve infelicidade daqueles que lhe poderiam ceder o lugar como titular no
"onze vermelho". Foi sempre mais um futebolista da categoria
"Reserva" do que da "Honra".
Primeira
temporada (1962/63)
Foi uma temporada em que jogou pouco e marcou muito. Oito golos em
oito jogos, com cinco a titular (e completos a 90 minutos) e mais os três
iniciais em que foi suplente utilizado em 65 minutos (27 + 31 + 7). Um total de
515 minutos. O Benfica fez 56 jogos com um total de 2 040 minutos. No jogo de estreia marcou o 4-0
(resultado final) aos 69 minutos, ou seja, seis minutos depois de ter entrado.
Jogou nos dois encontros seguintes, ambos com derrota por 2-3, entrado sempre
para o lugar de José Águas. Percebia-se o que pretendia a treinador. Perceber
se Pedras (quase 21 anos) dava mais garantias que José Águas (quase 32 anos).
Depois da digressão José Águas perderia a titularidade mas para José Torres (24
anos). Pedras foi jogar na Reserva. Fez pontualmente cinco jogos na equipa de
Honra (pois - como dizia Cosme Damião - principais são todas as do Benfica!) Pedras
ainda foi "testado" a interior-esquerdo em três jogos para
competições oficiais: Nas meias-finais da Taça de Honra de Lisboa, frente ao
Sporting CP, no estádio do CF "Os Belenenses" (Restelo) marcou o último golo, aos 63 minutos (dos
4-0) com José Torres (dois golos) a avançado-centro. E depois disputou as duas
mãos dos dezasseis-avos-de-final na Taça de Portugal, frente ao Luso FC: no
Barreiro (campo de Santa Bárbara, do GD CUF) fez o 3-0 (32 minutos) e o 6-0 aos
85 minutos (dos 7-0) jogando a interior-esquerdo e José Águas (um golo) a avançado-centro;
e na "Saudosa Catedral", com José Torres (sete! golos) a
avançado-centro, fez o 4-0 (36 minutos), 7-0 (59 minutos) e 10-0 (79 minutos)
actuando como interior-esquerdo. Resultado final: 12-0. Resultado agregado:
19-0! Depois de 17 jogos afastada da equipa de Honra regressou para dois
encontros consecutivos no início de 1963: estreia na 13.ª jornada do campeonato
nacional, na "Saudosa Catedral", frente ao Lusitano GC Évora, na
vitória por 2-1, com o interior-esquerdo Pedras a fazer o 1-0, aos dois
minutos. José Torres como avançado-centro fez o 2-1 aos 34 minutos; e na
jornada seguinte, dupla "em casa" frente ao CF "Os Belenenses",
com vitória por 1-0 (José Torres (AC) aos 69 minutos) Pedras manteve-se como
interior-esquerdo. No final da época de estreia os jogos foram poucos, mas
caíram triunfos: Campeão Nacional (com dois dos 26 jogos disputados e um golo
dos 81 marcados. Faltou a Taça de Portugal, e principalmente, a Taça dos Clubes
Campeões Europeus, perdida para o AC Milan (D 1-2) no estádio de
Wembey/Londres.
Pedras marca um golo ao Lusitano GC Évora na "Saudosa Catedral". Fotografia digitalizada da página 15 da colecção "Ídolos do Desporto"; 4.ª série; N.º 5; 5 de Fevereiro de 1966 |
Segunda
temporada (1963/64)
Ainda foi menos utilizado. Apenas sete jogos (cinco completos para
competições oficiais com três golos) e dois encontros como suplente utilizado
(sem golos): 63 minutos = 18 + 45 em jogos de final de temporada. Em 1963/64 o
"Glorioso" disputou 54 jogos num total de 4 890 minutos. Pedras
começou por ser protagonista logo no início da temporada quando o Benfica
adquiriu o reforço Iaúca ao CF "Os Belenenses" com Pedras a não ceder
em ser "trocado" afirmando: «Prefiro
jogar toda a vida na Reserva do Benfica do que mudar para a equipa principal de
qualquer outro clube». Nova temporada, novo treinador (Lajos Czeizler) para conseguir a
"Terceira". Estreou-se na categoria de Honra, nesta temporada, ao
25.º jogo, na 10.ª jornada, na "Saudosa Catedral", frente ao Lusitano
GC Évora, fazendo o resultado final (V 2-0), aos 76 minutos. Pedras a
interior-direito e Iaúca a avançado-centro. Fez parte do onze titular, como
extremo-esquerdo, que inaugurou o estádio do Mar (Leixões SC) jogando os 90
minutos. Esteve depois em dois jogos consecutivos: última jornada (26.ª) do campeonato
nacional na "saudosa Catedral" frente ao Varzim SC, actuando a
interior-esquerdo, numa vitória por 8-0, com Pedras a marcar o 7-0 aos 57
minutos; e no empate a um golo, no estádio Vidal Pinheiro, frente ao SC
Salgueiros, jogando a interior-esquerdo, na primeira mão dos oitavos-de-final
para a Taça de Portugal. O quinto jogo na "Honra" foi já em final de
temporada, na segunda mão dos quartos-de-final da Taça de Portugal:
interior-direito com José Torres a avançado-centro, marcando o 2-1 (dos 3-1
final) aos 34 minutos na "Saudosa Catedral", frente ao...Lusitano GC.
Uma "repetição". Depois substituiu, devido a lesão, aos 72 minutos o
avançado-centro José Torres, nas meias-finais do Torneio de Florença, frente ao
FC Zenit de Leninegrado (actual Sampetersburgo). Coube a Pedras substituir, ao
intervalo, o homenageado José Augusto (que actuou a avançado-centro) na festa
de homenagem no Barreiro, frente ao FC Barreirense (D 1-2). A encerrar a
temporada o "Glorioso" arrasou o FC Porto (V 6-2) na final da Taça de
Portugal. Pedras sagrou-se Bicampeão Nacional com "dobradinha". Dois
jogos em cada competição, dos 26 e 11, respectivamente, com dois e um golo, dos
103 e 56 do "Glorioso".Pedras frente ao SCU Torreense na "Saudosa Catedral". Fotografia digitalizada da página 21 da colecção "Ídolos do Desporto"; 4.ª série; N.º 5; 5 de Fevereiro de 1966 |
Terceira
temporada (1964/65)
Nova época, novo treinador para conquistar a "Terceira
Orelhuda": Elek Schwartz. Dezasseis jogos (quinze completos a 90 minutos)
e um a entrar na segunda parte com cinco golos marcados. Pedras honrou o
"Manto Sagrado" em 1 395 minutos (16 jogos) dos 58 realizados pelo
Benfica num total de 5 310 minutos jogados pelo Clube.
Quarta
temporada (1965/66)
Finalmente o regresso do "Mago" Béla Guttmann. Estava em
vista somar a terceira ao Bicampeonato Europeu de 1960/61 e 1961/62. Resultado:
uma das piores temporadas de sempre do Benfica! Naquela que seria a última
temporada de Pedras com o "Manto Sagrado" mais quinze jogos: 13
completos - um a 120 minutos e doze a 90 minutos - com mais dois incompletos,
em ambos entrando ao intervalo. Marcou oito golos em cinco jogos: três
encontros com um golo, um com dois e um com três. O "Glorioso"
disputou 45 jogos com um total de 4 080 minutos. Pedras esteve em 15 jogos num
total de 1 290 minutos.
Pedras frente ao SC Braga. Fotografia digitalizada da página 29 da colecção "Ídolos do Desporto"; 4.ª série; N.º 5; 5 de Fevereiro de 1966 |
Glorioso
Adeus
No final desta temporada rumou ao Vitória FC Setúbal, juntamente
com Guerreiro, Arcanjo (mais ma$$a, diz-se 1500 contos para o clube e outro
tanto para o futebolista) para possibilitar a transferência de Jaime Graça para
o Benfica. Era o Glorioso Adeus de um futebolista que era a esperança para
render José Águas ou jogar a interior, mas nunca teve oportunidade. Na Gloriosa
História é um dos melhores futebolistas da categoria Reserva em 114 temporadas!
Digitalização da página 18 da colecção "Ídolos do Desporto"; 4.ª série; N.º 5; 5 de Fevereiro de 1966 |
Depois
andou por vários emblemas
Não vou repetir o que foi escrito em 14 de Julho de 2017 (clicar).
No "Quarto Anel" vai ter muitas "peladas" e
"meinhos" para divertir-se com todas aquelas Glórias!
Até sempre, Pedras!
Alberto Miguéns
Em quase todas as outras décadas da História do SLB, Pedras teria sido um jogador essencial e que apresentaria outros números. Coube-lhe a sorte e o azar de jogar no tempo de Eusébio, Torres, Santana, Coluna, José Augusto, Iaúca, Serafim. E mesmo assim Benfiquista que se preze deve saber quem foi Pedras. Um talento e um homem que merecia ter tido mais tempo de Águia ao peito. Se naquele tempo fossem permitidas três substituições...
ResponderEliminarAté sempre, Imortal Pedras!
Sr.Alberto,esse jogo de homenagem a JOSÉ AUGUSTO foi em que dia?Foi a equipa de honra que o disputou ou foi a reserva?
ResponderEliminarOBRIGADO!!!SAUDAÇÕES GLORIOSAS!!!!
Caro Benfiquista Amaral
EliminarHonra em 1 de Julho de 1964.
Gloriosíssimas Saudações
Alberto Miguéns