Ora se há duas personalidades ligadas ao Futebol,
contemporâneas no início do século XX – Cosme Damião (2 de Novembro de 1885) e
José Alvalade (10 de Outubro de 1885) completamente distintas são estes dois.
Cosme Damião sempre detestou o individual sobrepondo-se ao colectivo
Como é óbvio eu nunca falei com Cosme Damião. Mas falei com
pessoas que não só conheceram Cosme Damião como falaram com ele e ouviram
algumas das suas palestras. Mas já li não só o livro dele – e li mesmo (ver
depois NOTA FINAL) – como muitas entrevistas incluindo as polémicas com Artur
José Pereira (1914), Alberto Rio (1919), Cândido Oliveira (1920), Ribeiro dos
Reis (1926), intimação para despejo do Benfica das instalações da Secretaria na
rua da Rosa (1926), demitir-se de associado (1926, regressando depois) e com o Clube (1936) enquanto presidente de outro clube, o Casa Pia AC. Este está documentado neste blogue, em 4 de Fevereiro de 2016 (clicar). Os outros hão-de estar um dia destes! Polémicas públicas e publicadas nos jornais desse tempo! Mas foi ele, com as virtudes e defeitos de qualquer ser humano, que fez do Benfica o maior clube português, o Pai do Benfiquismo, como diversas vezes já se assinalou neste blogue. É só ver as etiquetas ou tópicos na lateral direita.
Esta vertigem surgiu aquando do livro que a “pseudo-biografia” de Júlio Cosme
Damião
Já existiam os Galardões Cosme Damião que substituíram os prémios anuais "Benfiquista do Ano" (nome À Benfica) por categorias, criados pelo jornal "O Benfica", em 1987 (clicar). Foi o esdrúxulo Serrado que entre uma série de mentiras e opiniões criou duas ideias: Primeira: que Júlio Cosme Damião devia ser o José de Alvalade do Benfica. Segunda: que ao escrever um livro acerca de Cosme Damião franqueava as portas do Clube para ser seu funcionário. O Museu passou a ser designado Cosme Damião. Se Cosme Damião soubesse de tal, tinham muito que o ouvir e ver fazer! E se fosse a assembleia geral - e não foi - a decidir...votaria contra! Tenho poucas dúvidas acerca disso. E haverá mais iniciativas "Cosme Damião" À Sporting CP. É que «pelos vistos» Ricardo Serrado fez escola. Pudera com tanto alagartado! Mas é mentira. O livro foi-lhe proposto para se credibilizar entre os Benfiquistas, como se estes o lessem!
Cosme Damião - O homem que sonhou o Benfica; página 128; Serrado, Ricardo; Zebra Publicações; Outubro de 2010; Lisboa |
No Benfica nunca nada teve qualquer nome de alguém
E esta "tradição" tem muito de Cosme Damião. Várias vezes foi indicado para dar nomes a estádios: Amoreiras e Campo Grande. Sempre recusou afirmando que o Estádio não era dele, era do Sport Lisboa e Benfica. Até o denominado Pavilhão Borges Coutinho é uma mentira inventada na comunicação social portuguesa pois não passou de uma proposta, em 1982, quando foi inaugurado - 28 de Fevereiro - que não foi aprovada. Por motivos óbvios, pois o Benfica no início dos anos 80 ainda tinha dirigentes que conheciam a História e Cultura do Clube. Como os jornalistas em Portugal preferem emprenhar pelos ouvidos - dá menos trabalho que "estudar" e averiguar os assuntos - andaram sempre a divulgar essa mentira (o que mais me espantava era alguns/muitos/demais, associados receberem anualmente os Relatórios e papaguearem essa mentira) como se pode constatar num dos Relatórios (em 1994) do Clube. Foi SEMPRE Pavilhão n.º 2 ou Pavilhão Polivalente. SEMPRE;
(clicar em cima da imagem para melhorar a visibilidade)
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É provável que nos próximos tempos surjam mais iniciativas «Aproveitar-se de Cosme Damião»
A estátua não sendo original…aceita-se (embora nem devesse existir)
É uma espécie de Fernando Pessoa transportado de uma mesa de
café (da Brasileira do Chiado) para um banco de Jardim junto ao estádio da Luz.
Algo que também se vê muito – artistas e figuras de prestígio à escala 1:1 - em
algumas cidades da Escandinávia e na Suíça. Mas não se podendo/conseguindo
alguém com génio para ser original sempre é melhor que mamarrachos como este,
que parecem aqueles cartazes de propaganda – política e comercial - que poluem
visualmente as cidades. E que até tendo uma base alargada parecem alvos
preferencial para os canídeos se servirem.
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Alberto Miguéns
NOTA1: É que parece que quanto mais se fala dele menos sabem
quem realmente foi e que importância teve. Talvez porque as gerações mais
velhas – que iam para o Estádio com horas de antecedência para reservar lugar e
entre outros assuntos, os mais velhos falavam do passado aos mais novos - vão
ficando “fora de combate”. Agora é mais as gerações que falam de «courates e
bifanas» e cervejolas. Cosme Damião é apenas um nome que fica bem pronunciar no
Benfica. Tal como José Alvalade no Sporting CP. Aposto que 99 por cento dos que
se dizem Benfiquistas (e se dizem é porque são) nunca leu nada acerca de Cosme
Damião. Dizem o básico. Foi fundador! Mas isso também outros 23 foram. E Cosme
Damião de início nem sequer teve actividade de destaque enquanto dirigente ou
futebolista até 1908. Alguns - até dirigentes - dizem que foi presidente, algo que nunca foi! Faz-me lembrar uma história que penso que já contei neste
blogue.
Uma vez num desses jogos de uma final do Benfica, talvez em
Aveiro, um Benfiquista veio ter comigo e disse-me que conhecia bem a História
do Benfica! Disse-lhe que isso era bom perguntando-lhe o que mais o fascinava.
Respondeu: Ainda não li! Não percebi e retorqui: Não leu o quê? Respondeu:
Tenho a História do Clube editada nos 50 anos mas ainda não a comecei a ler!
São mil e tal páginas! Respondi: Então o caro Benfiquista não conhece a História do
Clube. Conhece o livro onde está escrita a História dos primeiros 50 anos do
Clube! Diz ele: Pois é…por agora. Mas um dia destes posso começar a ler porque
a tenho! Acabei: Ora sempre é um felizardo. Eu conheço quem a queira ler e não a tenha!
E lá seguimos os dois o caminho…rumo ao estádio onde jogava o Benfica!
NOTA2: Um dia destes vou falar acerca do Jazigo de Cosme
Damião (incógnito como ele sempre gostou) no Cemitério dos Prazeres (que raio de nome para um cemitério) e das
duas placas que lá estão! E que reforçam (e de que maneira arrasadora) o que
escrevi hoje!
Cosme Damião não foi nem nunca deve ser tratado como Santo de altar.
ResponderEliminarFoi um dos 24 homens que fundaram o nosso Clube. Foi um dirigente e associado empenhado, criativo, conquistador e tenaz, a quem o Benfica muito deve. Devemos-lhe a justiça de o lembrar com admiração e com verdade. Uma verdade onde não cabe o enxovalho que foi o seu rebaptismo muitas décadas depois. Não há nem nunca houve nenhum Júlio Cosme Damião.
Gostaria de deixar expresso o meu desagrado pelo mamarracho que tem o rosto de Cosme Damião. Feio e sem qualquer inspiração. Não é Arte nem homenagem. Apenas mau gosto.
Caro Victor Carocha
EliminarOlhem quem comenta. O Benfiquista que descobriu o registo de baptismo com a prova que Cosme Damião nunca foi Júlio. Eu bem podia ainda hoje, neste blogue - escrever de tempos a tempos - a minha indignação por terem inventado - e aceite - um nome sem nunca terem mostrado provas disso, mas nunca passaria disso. Pregar no deserto. E de certeza que já o teria feito. Várias vezes. Felizmente chegou fazer um texto, em 2 de Novembro de 2014, que permitiu a este leitor encontrar o documento seminal, inequívoco.
http://em-defesa-do-benfica.blogspot.com/2014/11/cosme-damiao-sem-julio.html
O SLB estará eternamente agradecido a Victor Carocha que (des)enxovalhou o que outros tentaram e conseguiram fazer: enlamear cem anos depois Cosme Damião apelidando-o com um nome que nunca existiu. Embora só o tenham conseguido temporariamente porque houve um Victor Carocha! Essa é que é essa!
TRIsaudações Gloriosíssimas
Alberto Miguéns
Os jogos do ténis de mesa não são disputados numa sala Oliveira Ramos? Pelo menos é o que costumo ver anunciado.
ResponderEliminarIsso é recente. Menos de 10 anos quando começou a degradação da Cultura Centenária do Clube. é para copiar outros clubes, como o SCP e o FCP.
Eliminar«Como os jornalistas em Portugal preferem emprenhar pelos ouvidos - dá menos trabalho que "estudar" e averiguar os assuntos - andaram sempre a divulgar essa mentira(...)» Nem só em Portugal, nem só sobre o Benfica.
ResponderEliminarAbraço.
Com o mal dos outros posso eu bem. O que me interessa é o Benfica. O resto é paisagem. Nem falo/escrevo acerca deles a não ser que haja algo deles que interfira com o Benfica. Era o que mais me havia de faltar estar a dar-lhes importância. Como dizia o presidente Bogalho. O Benfica é o maior clube português. Se ganha menos a culpa é nossa que não sabemos tomar as melhores decisões.
ResponderEliminarTRIsaudações Gloriosas
Alberto Miguéns
Não estava a falar dos outros, mas mais de outros assuntos. Devia ter sido mais claro.
EliminarRB
Caro Alberto.
ResponderEliminarMuitos parabéns por mais uma publicação bastante assertiva.
Eu como estudioso da História de Lisboa deparo-me não raras vezes com momentos em que a história da cidade se mistura com a história do Sport Lisboa e Benfica. Aliás não podemos dissociar a criação do clube (e de outros clubes mais ou menos contemporâneos) do grande movimento associativo que se fez sentir nos últimos anos da monarquia até aos primeiros anos do regime republicano, numa altura em que a sociedade portuguesa fervilhava não só politicamente mas também social e culturalmente (e desportivamente convém não esquecer).
Esse fascínio, ou mesmo obsessão por Cosme Damião da parte de alguns benfiquistas de hoje tem que ver com a mentalidade paternalista que há muito existe em Portugal, a qual, de forma quase irracional, insiste em venerar as figuras dos pais-fundadores ou, caso eles não existam, a inventá-los.
É algo que podemos reputar como fazendo parte do ADN português. Por isso surgem personagens mais ou menos mitificados como José Alvalade no SCP, António Nicolau d' Almeida o qual, como o caro Alberto já aqui referiu várias vezes, fundou um FCP que nada tem a ver com o actual FCP, fundado a 2 de Agosto de 1906 por José Monteiro da Costa numa operação de "damnatio memoriae" que envergonha qualquer associativista.
O caso do Sport Lisboa e Benfica a situação reveste-se de um particular interesse uma vez que o clube parece ter sido fundado e consolidado ao longo das primeiras décadas do séc. XX como um colectivo. Cosme Damião, como disse e bem uma vez mais, foi uma figura fundamental para essa consolidação através dos mais variados cargos que ocupou na estrutura do clube entre 1908 e 1926, contudo ele não foi aquilo a que se poderá chamar de pai-fundador. A haver tal figura no SLB teria que ser o seu primeiro presidente Manuel Goularde, sendo este, infelizmente, uma figura quase desconhecida para a maior parte dos benfiquistas de hoje.
O que os benfiquistas de hoje têm que perceber é que o projecto Sport Lisboa e Benfica nasceu como um colectivo e que ao quererem destacar a figura de Cosme Damião correm o risco de serem tremendamente injustos para com outras figuras igualmente importantes como Félix Bermudes, um grande benfiquista e também um grande dramaturgo que foi, entre outras coisas, o compositor do hino do clube "Avante p'lo Benfica" em 1929, o próprio Manuel Goularde: o primeiro presidente ou ainda Daniel de Brito o primeiro tesoureiro. Ainda compreendo que alguns benfiquistas queiram olvidar o papel dos irmãos Rosa Rodrigues (conhecidos como "irmãos catataus") uma vez que dois deles, António e Cândido passaram-se para o Sporting em 1907, embora esse acto não coloque em causa o papel fundamental que tinham desempenhado 3 anos antes na fundação do Sport Lisboa.
Cumprimentos e peço desculpa pelo testamento,
Ricardo Grosso
A figura do "sócio fundador" mais do que paternalismo é para justificar alguma(s) figura(s) "salvadoras" na história recente. Quiçá o "neto do Alberto" tenha de andar a fazer um blog onde se demonstra que o Benfica não foi fundado em 2002...
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