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04 fevereiro 2016

O Fim de Uma Era (Parte II)

04 fevereiro 2016 6 Comentários
HÁ 98 ANOS ESTAVA-SE EM TEMPOS DE MUDANÇA.



Os “velhos” clubes que tinham feito a implantação do futebol em Lisboa estavam a terminar. O SC Império (sócio fundador n.º 1 da AFL) e o Lisboa FC (sócio n.º 7 da AFL) tiveram que se fundir em Império LC, mais tarde GD Palhavã. E mesmo assim tinha/teve os dias contados. O Internacional (CIF, sócio n.º 4 da AFL) que vinha do século XIX como evolução do Club Lisbonense estava em agonia. O Lisbon CC (ingleses da Cruz Quebrada), Foot-Ball Cruz Negra e Grupo (depois SC) Campo de Ourique (sócio fundador n.º 2 da AFL) já haviam sucumbido. Os invencíveis mestres do Cabo Submarino do Carcavellos Club voltaram a jogar entre eles na Quinta Nova, em Carcavelos, deixando as competições. O Sport União Belenense (sócio n.º 6 da AFL), o Ajudense FC e o Gilman SC Sacavém não passaram de tentativas, por isso condenadas ao efémero. O GS Cruz Quebrada (sócio n.º 14 da AFL) "tinha dias"! Restavam o Sport Lisboa de 1904 (e para sobreviver teve que se juntar ao Sport Benfica, em 1908), sócio fundador n.º 3 da AFL, em 23 de Setembro de 1910 e o Sporting CP de 1906 (sócio n.º 5 da AFL) que teve sempre condições “infraestruturais” muito superiores a qualquer outro clube em Lisboa. Outros emblemas surgiam. Muitos. O futebol lisbonense "fervilhava" mas também esmorecia rapidamente! Alguns ainda existem. Outros existem - e fazem existir os antigos pela memória - como sequência de fusões, entre clubes rivais de áreas contíguas/bairros na cidade. Por exemplo: Atlético CP (Carcavelinhos FC e União FL) e COL/ Oriental (Chelas FC, Marvilense FC e GD “Os Fósforos”). A transição entre o passado de amadorismo sustentado em oferecer organização clubística para quem quisesse jogar e o futuro a pagar para ter os melhores futebolistas estava a acontecer. 

Um campeonato Regional que fez a diferença
Em semana que antecede o jogo com o CF “Os Belenenses” este, em 1917/18, foi o último campeonato de Lisboa conquistado pelo “Glorioso” antes da fundação do Clube de Futebol “Os Belenenses” (23 de Setembro de 1919).

NOTA: Texto longo acerca da História do Clube (e ainda que “de raspão” do CF “Os Belenenses”). Quem não gosta é melhor nem perder tempo a começar a ler. Espere por amanhã. Ou ir a outros blogues Benfiquistas onde se “fala” mais do Sporting CP que do Benfica!

Há um futebol antes de 1920 e outro depois
Em termos de hegemonia o “Glorioso” era a referência do futebol português até ao início da década de 20, conquistando sempre mais do dobro dos restantes clubes em todas as quatro categorias (ver ontem - clicar). Esta hegemonia baseava-se em várias premissas, pois como tudo na vida, não há acasos, nem coincidências. Situações pontuais podem ocorrer, mas com consistência têm de existir justificações. Entre várias estas são as mais evidentes (reduzidas a uma dezena para simplificar):
1. Base em Belém onde os miúdos viam há anos – desde a proibição de jogos no Campo Pequeno - jogos de futebol nas Terras do Desembargador;
2. Recrutamento com preferência em Belém e casapianos (núcleos homogéneos e solidários) apenas de portugueses;
3. Orientação inicial de Manuel Gourlade que era muito exigente e metódico;
4. Espírito de agregação e inclusão (todos são bem-vindos se vieram por bem e para o bem comum);
5. Liderança carismática (e prolongada) de Cosme Damião;
6. Além de liderar Cosme Damião também jogava. E a médio-centro, a pedra angular, na táctica 2.3.5. Era um exemplo para todos: dos jogadores aos dirigentes;
7. Criação do Conselho Técnico (com os outros três capitães da 2.ª, 3.ª e 4.ª categoria);
8. Procura de jogos internacionais para os futebolistas perceberem que só havia um Futebol (17 Leis) mas várias cambiantes no modo de o jogar;
9. Digressões frequentes a Espanha para potenciar o ponto anterior;
10. “Método Cosme”: os futebolistas iniciavam-se na categoria mais baixa, mostrando aptidões futebolísticas e de Benfiquismo – dedicação, pontualidade, obediência e sentido de equipa, por exemplo) para progredir - conquistando títulos e responsabilizando-se por querer ao atingir a 1.ª categoria honrar o seu passado conquistador nas categorias inferiores e não envergonhar os ases que iam substituir. Com a veterania ou menos tempo para dedicar ao futebol Cosme Damião estimulava os futebolistas a continuarem a jogar nas categorias inferiores para incutirem os valores que tinham aprendido aos que se iniciavam, num ciclo (e dinâmica) imparável.

És o nosso Pai Benfiquista. Único e Glorioso! Acima de todos, apenas, abaixo do Benfica!



A fundação do CF “Os Belenenses” (23 de Setembro de 1919) afectou pouco o Benfica
O clube mais “afectado” até foi o Sporting CP pois como campeão regional em título (1918/19) viu sair vários futebolistas originários de Belém ou com ligações ao bairro, então popular (estamos em finais dos anos 10 e não na actualidade). O SCP perdeu o excelente guarda-redes Mário Duarte, o melhor futebolista português de sempre (até meados dos anos 20) o médio-centro Artur José Pereira e o extremo-esquerdo goleador, rápido e imprevisível, Alberto Rio. Do Benfica saiu um titular, o capitão Carlos Sobral e Manuel Veloso (embora a jogar na 2.ª categoria). Sairam ainda jogadores das categorias inferiores, mas do Sporting CP… também. Tal como de outros clubes da cidade. O objectivo de Artur José Pereira e Henrique Costa, principais mentores, era juntar os belenenses espalhados pelos clubes de Lisboa e ir aproveitando os jovens do bairro, fazendo do CF “Os Belenenses” o seu clube. Só que se é verdade que Belém tinha fama de “produzir” bons futebolistas, isso já era um mito. Foi verdade nas duas décadas iniciais do século XX (clicar para perceber o porquê) mas o tempo provou que o clube para conquistar títulos – o primeiro em 1925/26, após seis épocas a "ver navios" a bailar no rio Tejo - teve de recorrer a futebolistas para lá, muito para lá, dos limites do bairro de Belém. O Benfica com a fundação do adversário de sexta-feira perdeu associados nessa área e a ligação umbilical que tinha desde 1904. O tempo se encarregaria de repor a História. Na actualidade o clube preferido dos belenenses (habitantes do bairro) é o “Glorioso”. O CF “Os Belenenses” é mais do Restelo (e mesmo assim ignorado) do que de Belém. Um clube sem futuro (a não ser para os "pato bravos" conseguirem trafulhice com os quatro hectares de terrenos urbanizáveis à volta do estádio do Restelo) face à grandeza internacional do SL Benfica e do Sporting CP.

A do Casa Pia AC (3 de Julho de 1920) afectou mais
Tanto que o Casa Pia AC na época da estreia, em 1920/21, sagrou-se de imediato campeão de Lisboa com oito ex-futebolistas do SLB. Mas foram cerca de três dezenas os atletas/associados (entre futebolistas e outras modalidades) que deixaram o Benfica para fundar um clube ligado à Casa Pia de Lisboa. Esta sim, ao contrário de Belém, continuava a “fornecer” excelentes futebolistas ao “Glorioso” que reportava a 1904, aos tempos da Associação do Bem. Mas que se mantinha. Em 1920 significou um corte profundo. Para sempre. O Benfica depois de 1926 continuou a ter futebolistas casapianos mas tinha de pagar! Em 1920 apenas três casapianos resistiram ao “canto da sereia” do Restelo (local das instalações da Casa Pia e designação do primeiro campo do Casa Pia AC): Cosme Damião (dirigente) e dois futebolistas: António Ribeiro dos Reis e Vítor Gonçalves. O capitão do “Glorioso” Cândido Oliveira que liderou a cisão, ficou com a vida marcada para sempre! Nunca mais pôs os pés no Benfica, a não ser como adversário (futebolista, treinador) ou jornalista apesar da amizade com Cosme Damião e Ribeiro dos Reis, mas também com Vítor Gonçalves.

E a teimosia de Cosme Damião muito mais
A opção por não contratar, a outros clubes, futebolistas consagrados (ou potencialmente com futuro risonho) revelava-se desadequada nos anos 20 face à evolução do futebol português de amador para semi-amador. Cosme Damião continuava a entender que não era o Benfica que devia de andar atrás de futebolistas, estes é que deviam procurar o Benfica. E depois ainda teriam de mostrar qualidade e Benfiquismo para serem de confiança. Sim! Porque no Benfica só havia um objectivo alicerçado em duas virtudes. Conquistar com lealdade e merecimento. Por isso teriam de iniciar-se nas categorias inferiores, que para Cosme Damião eram todas iguais, apenas competiam em campeonatos diferentes por contarem com futebolistas com diferentes aptidões. O inédito 5.º lugar da 1.ª categoria no campeonato regional de Lisboa (entre oito clubes) na temporada de 1925/26, foi a “gota que fez transbordar o copo”. Temia-se que o Benfica, em breve, arriscasse a descida de divisão. E acontecer-lhe o que ocorrera com o Internacional. Por teimosia dos Pinto Basto. Passar para o futebol recreativo! Nas eleições de 5 de Agosto de 1926 elegeram-no presidente para o afastar da organização do Glorioso Futebol (entregue por tradição desde 1908 ao vice-presidente, neste caso seria António Ribeiro dos Reis) mas não aceitou. E foi ele que se afastou do Benfica.

Mesmo em 1936 ainda não estava convencido!
Cosme Damião não aceitou as críticas a propósito dos gastos excessivos (por mal cálculo do custo da construção e necessidade de contrair empréstimos) no estádio das Amoreiras, mas principalmente, não aceitou ser eleito presidente da Direcção (para ser afastado da organização – capitão-geral - do futebol) que ficaria entregue ao seu vice-presidente António Ribeiro dos Reis. Foi eleito presidente da Direcção do SLB, em 8 de Agosto de 1926, mas recusou não tomando posse. Regressou em 6 de Setembro de 1931 sendo eleito para a presidência da mesa da assembleia geral. Com mandatos anuais foi reeleito em 7 de Agosto de 1932, 20 de Agosto de 1933 e 4 de Setembro de 1934 numa gerência que terminou em 15 de Outubro de 1935, recebendo por votação dos associados, por unanimidade e aclamação, a “Águia de Ouro”, galardão supremo do Clube que ele ajudara a fundar com mais 23 indomáveis em 28 de Fevereiro de 1904. Um ano depois, em 1936, ainda pensava regressar ao Benfica mas com poderes de director, e não numa mesa da assembleia geral a presidir a uma reunião anual de aprovação do relatório da Direcção cessante e eleições para os Órgãos Sociais seguintes! Não teve sucesso. E contou as mágoas ao jornalista Benfiquista, que jogou Râguebi com o “Manto Sagrado”, Alberto Freitas.


O presidente da Direcção do “Glorioso”, desde 20 de Agosto de 1933 e ainda em funções após sucessivas reeleições anuais, o inteligente dr. Vasco Ribeiro
Respondeu-lhe «À Benfica», ou seja, “à método Cosme Damião, com verdade, sem papas na língua, nem telhados de vidro, arrumando a questão sem direito a questiúnculas! Numa excelente entrevista que o “EDdB” apenas destaca o excerto que interessa para este assunto:


Tudo mudou! Menos o “Glorioso”! Que se adaptou! Mesmo que queiram alterar os valores eternos do Clube, há Benfiquistas que não se deixam formatar, por isso não vão deixar!


Alberto Miguéns

NOTA FINAL: As eleições em 1936 (que Cosme Damião "falhou") foram em 4 de Novembro! Cosme Damião assina a primeira acta da Direcção do Casa Pia AC, em 3 de Agosto de 1936, numa gerência  de excelência com António Couto (vice-presidente para as instalações) e Cândido Oliveira (vogal para o futebol), entre outros. Um "Glorioso" gloriosíssimo e outros dois "Gloriosos" que caíram em tentações, em 1907 e 1920, respectivamente, quando não podiam (nem deviam).  



6 comentários
  1. Boa noite. Estou a fazer uma pesquisa acerca do Carcavelos Club, mas as informações são escassas. Nem na junta de freguesia de Carcavelos me deram informações concisas. Há algum tipo de informação que me possa dar, ou alguma sugestão de sítio onde procurar? Saudações benfiquistas

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    1. Caro,

      Nada. Um tenho informação mas é dispersa. Fui recolhendo desde os anos 80. Talvez no Colégio St. Julian´s eles tenham ficado com algum arquivo do Cabo Submarino. Ou consigam saber para onde foi. São as mesmas instalações. Não acredito que tenham deitado fora!

      Gloriosas Saudações

      Alberto Miguéns

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  2. Belíssima lição de História.
    Tenho uma dúvida que só o Alberto poderá responder.
    Uma lista propunha Bento Mântua como presidente. A outra propunha Cosme Damião (contra vontade do próprio)
    Pelo que sei Cosme foi eleito presidente, Ribeiro do Reis vice-presidente.
    Depois tinhamos eleitos um tesoureiro, um vice-secretário, doi vogais e 6 suplentes.
    Porque é que foi eleito para o cargo de Presidente o suplente Alfredo Ávila de Melo?
    Pelos estatutos era isso que estava previsto?

    Interessante que Ribeiro dos Reis nunca tenha assumido a presidência. Presumo que não tinha tempo por via do seu estatuto de militar.

    As dinâmicas e as consequências dessa tremenda Assembleia Geral - presumo - dariam um bom filme.

    Obrigado.

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    1. Caro VictorJ

      Desde já agradeço as palavras de simpatia. Com valor acrescentado pois sei que domina alguns assuntos muito melhor do que eu.

      Naquele tempo as eleições eram nominais, ou seja, os boletins de voto tinham os nomes completos dos candidatos. Podia-se riscar, por isso raramente para um órgão todos tinham o mesmo número de votos. As eleições eram totalmente democráticas. Por vezes as diferenças eram tão grandes (absurdas) que os candidatos por terem poucos votos não aceitavam. Foi por isso que Félix Bermudes não aceitou ser presidente (não tomou posse) em 1930. Teve 275 votos, mas por exemplo o vice-presidente Manuel da Conceição Afonso teve 409! Félix Bermudes viu nisso pouco apoio dos associados.

      Regressando a 1926. Na eleição de 5 de Agosto, Cosme Damião venceu Bento Mântua para presidente e António Ribeiro dos Reis venceu Cosme Damião para vice-presidente. Mas não foi só Cosme Damião que não aceitou. O secretário Eduardo David Martins Pereira que Cosme Damião tinha como "braço direito" (para as questões institucionais pois Cosme Damião ocupava-se mais da componente desportiva) também não aceitou. Alfredo Ávila de Melo e Vítor Gonçalves estavam na lista vencedora como suplentes.

      Houve necessidade de fazer uma eleição intercalar para ocupar os quatro cargos vagos (presidente, secretário e dois suplentes, pois dois destes candidataram-se a presidente e secretário). Realizou-se em 25 de Agosto de 1926 com os seguintes candidatos e cargos:

      Para presidente: Alfredo Ávila de Melo (583 votos);
      Para secretário: Vítor Gonçalves (573 votos);
      Como suplentes: Luís Salvador Marques (603 votos) e João Ferreira Branco (597 votos).

      na eleição de 5 de Agosto foram eleitos quatro dirigentes da Mesa da Assembleia Geral, três do Conselho Fiscal e dez (incluindo cinco suplentes) da Direcção. Como esta eram 14 eleitos, ficou composta (e bem composta) em 25 de Agosto.

      É bom recordar que logo em 5 de Agosto, entre, os dez directores eleitos (que aceitaram tomar posse) estavam três Gloriosíssimos: Joaquim Bogalho (vice-secretário), José Picoto (vogal) e Alfredo Luís Piedade (um dos suplentes).

      A História das Eleições no Benfica (procedimentos, modos de as realizar, locais, campanhas eleitorais, candidatos vencedores e não vencedores, cronologia, etc,) merecia um destaque à parte (por exemplo numa exposição temporária de seis meses a coincidir com as eleições deste ano) no Museu do Benfica! É um dos capítulos mais brilhantes da Gloriosa História.

      Sim. Ribeiro dos Reis era militar e não queria sujeitar o Clube a ficar numa situação de ter o principal cargo executivo numa situação de dependência perante o poder militar e corporativo do Estado Novo. Foi inteligente e protegeu os interesses do Benfica, colocando o clube acima dos seus. Se é que alguma vez pensou nisso. Mas mesmo que pensasse, tendo em conta a sua personalidade, não avançava.

      Saudações Gloriosas

      Alberto Miguéns

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  3. Muito obrigado Alberto. Eu sabia que só podia obter esses detalhes consigo.

    Para mim o Alberto é a autoridade máxima na História do Benfica. Não há suposições, não há invenções, não há trapalhices. Apenas rigor vindo dos documentos e muitas horas a queimar pestanas e a cruzar fontes. E disponibilidade para contar aos outros Benfiquistas.

    A sua ideia da História das Eleições no Benfica é excelente. Qualquer Benfiquista que se preze com mais de 20 anos lembra-se de pelo menos de uma eleição épica no Benfica. Os que têm um pouco mais do que isso lembram-se de algumas mais. Presumo que essa de 1926 terá sido a mais dramática. O Alberto caracterizou muito bem a encruzilhada que o Clube vivia. Não é todos os dias que se tem a dor de derrotar o Pai do Benfiquismo... E Cosme nunca terá aceite isso. Mas em uma coisa ele teria concordado: o Clube está acima de todos. Pena que ele não tenha vivido até 1950, 1954, 1961 e 1962. Esses 4 anos ter-lhe-iam abanado algumas convicções? Talvez. Principalmente porque teria verificado - acredito eu - que os seus sucessores tinham percebido os valores iniciais. E que tinham sabido adaptar o Clube a tempos recentes tornando-o cada vez maior e mais popular. Outros virão depois de nós para - espero eu - continuar a dizer isto.

    Saudações Benfiquistas
    VJC

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  4. Obrigado Alberto. Irei ao St. Julian's pela 3a vez indagar acerca do Carcavelos Club. Um grande bem haja e lá vamos nós, sem alarido, rumo ao 35.

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