ESTAVA A REVER - PARA FAZER A ESTATÍSTICA - O JOGO DO "GLORIOSO" FRENTE AO FC PAÇOS DE FERREIRA E AO VER UMA IMAGEM DO ENCONTRO LEMBREI-ME DE TRÊS HISTÓRIAS: A ORIGEM DO VERMELHO À BENFICA, UM PINTOR HOLANDÊS E UMA MÉDICA DO HOSPITAL DE SANTA MARIA
Nos anos 80 lembro-me de visitar em Haia, o Museu Municipal,
e ter encalhado num quadro de Van Gogh que ao longe parecia-me o Benfica a jogar
estando eu no topo do Terceiro Anel da Saudosa Catedral. Pois agora aconteceu o
contrário, ou quase, porque já não há «topo do Terceiro Anel da Saudosa
Catedral». Estava a ver a televisão e lembrei-me do quadro "Campo de
Papoilas".
Os pintores e os tons de vermelho
A cor
vermelha significa paixão, energia e excitação. É uma cor quente. Está
associada ao poder, à guerra, ao perigo e à violência. O vermelho é a cor do
elemento fogo, do sangue e do coração humano. Simboliza a chama que mantém vivo
o desejo, a excitação sexual e representa os sentimentos de amor e paixão. No
contexto religioso, o vermelho é a cor da carne, do pecado, do diabo, da
tentação; é a cor que provoca a paixão carnal e o desejo. Na política, a cor
vermelha está associada ao espírito revolucionário. É a cor do comunismo e da
ideologia política de esquerda. A cor vermelha estimula o sistema nervoso, a
circulação sanguínea, dá energia ao corpo e eleva a auto-estima. Um ambiente
pintado ou decorado de vermelho torna-se vibrante, com glamour,
requinte e estimula a sexualidade. Em locais apropriados, o vermelho estimula o apetite e deixa
o ambiente mais convidativo (retirado/ adaptado de
um portal da simbologia das cores)
O Benfica é lindo
Há uma diferença abissal (ou colossal que está a sair de
moda) entre as equipas que jogam de vermelho e as outras. Nota-se no campo, na
televisão e nas fotografias a cores. Vermelho é tudo. As cores, a sua disposição e combinação, no
futebol tem - teve - muita importância. Principalmente no meio envolvente, mas
também na simbologia. Deixemos a simbologia (que dava um tratado) e vamos ao
meio envolvente. Em países onde os campos de jogo sempre foram relvados,
ervados ou gramados há poucas equipas a jogar de verde. Percebe-se. Em países onde os
campos de futebol eram pelados há poucas equipas a equipar de amarelo.
Percebe-se. E não há equipas a equipar de castanho. Em lado algum! Percebe-se.
O vermelho é fantástico. Ver uma equipa a jogar de vermelho sobre um relvado
ainda é mais elegante que sobre um pelado. E quando é o "vermelho à
Benfica" com calções brancos e meias vermelhas é espectacular. Dos
espectáculos mais bonitos do Mundo. Extasiante. Isto para quem está de fora, a
ver. E entre os jogadores mantém-se a beleza. É muito mais interessante,
delicioso e fácil (de encontrar) endossar a bola a quem está de vermelho. Por
isso os clubes de vermelho têm tanto sucesso no Mundo do Futebol. Sucesso
desportivo e popularidade.
O vermelho para a camisola do equipamento e o
escudo do emblema
A escolha do vermelho é uma história fantástica
dentro da Gloriosa História. Nunca me canso de contá-la. Espero que quem a
conhece não se canse também de a ouvir ou ler. Vou dividi-la em três fases: imagem, ideia e ideal.
A escolha dos símbolos foi criteriosa. Há
notícias do processo de escolha das cores. Está bem documentado. Não podemos dizer o mesmo dos outros dois símbolos:
sigla/ nome e emblema. Há menos descrições. O que se sabe é que os fundadores tiveram cuidado
em pedir àqueles, que entre eles, estavam em melhores condições para
se encarregarem de tal desígnio. E fizeram-no com excelência para bem do Clube
e das gerações seguintes. Eternamente agradecidos. Escolher os melhores, porque
com mais conhecimentos e visão, é uma das características do Benfica.
Felizmente, em termos históricos, a maior parte das vezes têm sido escolhidos
os mais aptos, os melhores para servirem o Clube. O Benfica só tem - teve - a ganhar.
Pena é que nem sempre tenha sido assim. Até na actualidade. O Benfica só tem a
perder quando deixa benfiQuistos, benfiquenses, benfiqueiros ou mesmo
Benfiquistas com menos aptidão para determinado assunto, por ser específico e
para peritos, deixar autênticas aventesmas tratar de assuntos que merecem os
mais aptos.
Imagem - Foi José da Cruz Viegas que ficou
encarregado de conduzir o processo. Militar tinha acesso aos catálogos
britânicos de tecidos e cores para equipar o exército. O preocupação dele foi
escolher uma cor, tom e tecido que se fixassem melhor na retina dos
futebolistas durante o jogo. José da Cruz Viegas não é um dos 24 fundadores mas
é um dos pioneiros. Jogava no Belem Football Club (grupinho de bairro) e depois
foi um dos que estreou, em 1 de Janeiro de 1905, a equipa do Sport Lisboa.
Sempre como defesa à direita. Depois de fazer a escolha, esta foi apresentada aos restantes pioneiros do Clube e devidamente aprovada. À Benfica!;
Ideia - Um dos
fundadores Cândido Rosa Rodrigues, o "segundo dos Catataus" afirma
que houve a preocupação de escolher uma combinação de cores que chamasse à
atenção dos transeuntes transformando-os em espectadores, pois o Sport Lisboa
jogava em terrenos públicos junto a ruas e num bairro com muitos habitantes e
muitos frequentadores, como era o bairro de Belém;
Ideal - Tradicionalmente
o vermelho - no equipamento e escudo do emblema - foi definido como escolha por
transmitir: «Alegria,
colorido e vivacidade, como base de entusiasmo na luta em Desporto». Depois de
escolhida a cor vermelha para a camisola de flanela optou-se por calções
brancos, tal como os calções do Belem Football Club. Até é provável que alguns
tenham utilizado os mesmos. As camisolas eram compradas, feitas por um
alfaiate, em conjunto - para serem uniformes - ao contrário de muitas equipas de outros clubes que pelas fotografias percebe-se serem camisolas até com tons e cortes
diferentes. As do Sport Lisboa eram iguais, ou seja, do mesmo lote de tecido e
com o mesmo corte. Foram compradas 12 e pagas pelos futebolistas. Consta que
por 24, pois havia duas equipas - 1.ª e 2.ª categoria - e apenas foram
adquiridas 12. Sabe-se que nos dias em que havia dois jogos, tradicionalmente,
a 2.ª categoria jogava primeiro passando as camisolas aos da 1.ª categoria. Os
calções tinham de ser brancos mas cada um tinha os seus e por eles era
responsável. As meias eram pretas. Já eram assim no Belem Football Club. Eram
as "meias de futebolistas". Pretas acinzentadas por
"encobrirem" melhor a sujidade própria do pó dos pelados. O Benfica
só começou a usar meias vermelhas quando foi obrigado a adquirir um equipamento
alternativo branco - com atilhos e vivos vermelhos na gola e mangas - optando
por usar meias vermelhas em vez das tradicionais "pretas acinzentadas"
que vinham de 1904. Estávamos em 1943/44 a primeira temporada na I Divisão do
SC Salgueiros. Vermelhos como o Benfica!
Um dia destes fui a uma consulta de
rotina, para os cinquentenários, no Hospital de Santa Maria
E a médica reconheceu-me da Benfica TV e deste blogue. Antes
de eu o saber... disse-me o seguinte. «Nem preciso de examiná-lo. Está doente. Tem
a doença do meu marido. É do Benfica. E isso é uma doença.» Percebi que me
reconhecera e respondi-lhe:
Devia haver uma especialidade médica
chamada...
Benficologia. Para podermos falar do Benfica (agora chamo-lhe Benficar) com médicos
habilitados.
Não será doentio gostar-se cada vez mais
do Benfica!?
Alberto Miguéns
NOTA: Um "dia destes" hei-de falar dos outros dois símbolos: emblema e nome. No caso do emblema a sua definição e estrutura também foi entregue a um "especialista": Félix Bermudes. E depois, tal como foi feito com as cores - e era norma no "Glorioso" - aprovado pelos restantes.
NOTA: Um "dia destes" hei-de falar dos outros dois símbolos: emblema e nome. No caso do emblema a sua definição e estrutura também foi entregue a um "especialista": Félix Bermudes. E depois, tal como foi feito com as cores - e era norma no "Glorioso" - aprovado pelos restantes.
Plano para Agosto
(Previsão sempre à
meia-noite)
De 21 para 22: Todos os sonhos são possíveis;
De 22 para 23: Tanta e Tanta Glória Glorioso (o 47 mil);
De 23 para 24: O Glorioso na Segunda Jornada;
De 22 para 23: Tanta e Tanta Glória Glorioso (o 47 mil);
De 23 para 24: O Glorioso na Segunda Jornada;
De 24 para 25: Era uma vez um jogo com o Boavista FC;
De 25 para 26: Tanta e Tanta Glória Glorioso (o 50 mil);
De 26 para 27: Centenário da Gloriosa Natação (parte III);
De 27 para 28: Sorteios, Sorteamentos e Sortelhas;
De 28 para 29: Era uma vez um grupo da Liga dos Campeões;
De 29 para 30: Mil e Cem de Cem em Cem (parte II);
De 30 para 31: Que dérbi de Lisboa;
De 31 para 01: Era uma vez um jogo com o Sporting CP;
De 26 para 27: Centenário da Gloriosa Natação (parte III);
De 27 para 28: Sorteios, Sorteamentos e Sortelhas;
De 28 para 29: Era uma vez um grupo da Liga dos Campeões;
De 29 para 30: Mil e Cem de Cem em Cem (parte II);
De 30 para 31: Que dérbi de Lisboa;
De 31 para 01: Era uma vez um jogo com o Sporting CP;
De 01 para 02: Eu Benfiquista no Museu do FCP by BMG (parte
II);
De 02 para 03: Mil e Cem de Cem em Cem (parte III)
Muito bom. Eu também sou doentinho e com muito prazer nisso.
ResponderEliminarPenso também nas pessoas que sofrem de daltonismo. A wikipedia até tem um bom artigo sobre isso: http://pt.wikipedia.org/wiki/Daltonismo
Existem diversos tipos de daltonismo: monocromatas, dicromatas, tricomatas. Existem também casos de visão acromática que têm apenas uma visão a preto e branco. Em casos raríssimos, monocromata atípicos podem ver em diferentes tons do expectro da luz verde... Bem, dizem que são casos raríssimos mas ali para o Campo Grande devemos ter a maior incidência mundial desses casos. E apesar de não estarem descritos lá pra as antas os tons vão para o azul. Por esses lados e por muita fauna arbitral.
Um simulador muito interessante para diversos tipos de daltonismo:
http://www.color-blindness.com/coblis-color-blindness-simulator/
As diferenças para a visão dita "normal" são impressionantes.
O que é certo é que a biologia pode realmente impedir que a beleza do vermelho possa ser percebida em alguns seres humanos. Noutros casos não é a biologia mas antes a deformação de personalidade. Distinguem o vermelho mas odeia-no tanto que se calhar gostariam de não o ver. Temos pena.
Saudações Benfiquista
VJC
ps: tenho uma dúvida no Belém Football Club: parece José Rosa Rodrigues mas tenho visto também a identificação Galeano. JRR era o Catatau mais velho. Galeano? Era alcunha ou uma pessoa distinta?
Caro Victor João Carocha
EliminarObrigado pelas informações, de quem sabe mesmo do assunto, acerca do daltonismo. Mas eu utilizei o termo - penso que percebeu a minha ideia - de uma forma leviana para ridicularizar quem trocou um golo obtido por um afroamericano (à americana) atribuindo-o a um sueco. Não encontrei termo melhor para descrever quem troca tons de pele bem diferentes...
Quanto ao Galeano. Penso tratar-se do "Catatau mais velho"! Só há uma referência a Galeano numa legenda. Nenhum dos pioneiros indica qualquer nome relacionado com Galeano. Nas descrições que fazem dos primeiros tempos do Clube há referências a todos os outros dez. Menos a um tal Galeano. Dos restantes dez, nove jogaram no "Glorioso". Apenas Duarte José Duarte não jogou. Pelo menos é o único do qual eu não tenho registos. Na 1.ª ou na 2.ª categoria. Nada. Mas Daniel dos Santos Brito refere que ele é um dos que andava por Belém e pelo Clube em 1904. Provavelmente apenas treinou. Refere-o como Duarte telegrafista. É que Duarte José Duarte estava empregado no Cabo Submarino, em Carcavelos, na Companhia Inglesa que instalou os telefones em Portugal e ligou - telefonicamente falando - a Europa à América do Norte através do Faial. E onde jogavam os mestres do Carcavellos Club.
Gloriosas Saudações Benfiquistas
Alberto Miguéns
Excelente artigo.
ResponderEliminarAnseio pelo artigo sobre o emblema!