AVISO: Não tinha programado um texto para hoje, mas as notícias que surgiram durante o dia, fizeram repensar o assunto. O facto de ter elaborado o texto depois de mais um dia de trabalho obrigam a que, ainda, não esteja completo. Mas penso que já tem dignidade benfiquista suficiente para poder ser editado à meia-noite! Está terminado (01:12 horas da manhã)
Os autores deste blogue
propõem aos petardeiros e riscadores de monumentos nacionais utilizarem este
espaço para as suas "actividades" em vez de prejudicarem o
"Glorioso".
Aos petardeiros
Em vez de obrigarem o Clube
a desviar verbas necessárias para o fomento desportivo do Benfica para pagar
multas, podendo mesmo prejudicar os futebolistas, espectadores que queiram ver
e adeptos com bilhetes pré-pagos algum jogo "à porta fechada", utilizem
o EDB para "lançar petardos"!
Aos riscadores
Em vez de prejudicarem a
imagem do "Glorioso" e vandalizarem obras de arte expostas na via
pública, utilizem o EDB para "riscarem à vontade"!
"Ainda para mais" vandalizar um monumento,
"Obra de benfiquistas"!
O monumento de homenagem ao
Marquês de Pombal foi pensado, idealizado, desenhado e moldado por três
artistas ligados ao início do "Glorioso". Dois deles directamente e
outro por laços familiares.
O trio de magníficos foi
constituído por dois arquitectos e um escultor. Os arquitectos foram Adães
Bermudes e António Couto. O escultor Francisco Santos. O primeiro era o irmão
mais velho de Félix Bermudes. O segundo e o terceiro foram futebolistas do Sport
Lisboa.
Vamos deixar a apreciação
biográfica e Benfiquista para o final do texto. Antes o que se impõe, o valor
artístico.
O grande escultor que criou
as figuras foi Francisco Santos. A ele deve-se a imponência e graciosidade do
conjunto monumental que embeleza Lisboa e marca o centro rodoviário de
Portugal. Um monumento que alterou o nome desse espaço nobre da cidade de Largo
da Rotunda para Praça do Marquês de Pombal.
O experiente Adães Bermudes
e o criativo António do Couto, arquitectos consagrados no início do século XX,
foram responsáveis, respectivamente, pelo enquadramento do monumento na base e
a exposição das figuras na coluna escultória.
A ideia para fazer um monumento de homenagem a Sebastião José de Carvalho e Melo, Conde de Oeiras e Marquês de Pombal surgiu em 1882, na passagem do centenário do falecimento - 8 de Maio de 1782 - dessa grande figura da história de Portugal. O "magnificente marquês" apenas estava representado, na cidade que eternamente lhe estará grata, no medalhão frontal na estátua dedicada a D. José, obra magnífica do escultor Machado de Castro, inaugurada em 6 de Junho de 1775, dia do 61.º aniversário do monarca, no Terreiro do Paço ou Praça do Comércio (nome do largo, depois da reconstrução de Lisboa, 20 anos após o terramoto de 1 de Novembro de 1755).
Com ideia em 1882 só 29
anos depois, em 18 de Março de 1911, foi aberto concurso público do projecto
para a realização de um monumento a edificar em Lisboa dedicado ao Marquês de
Pombal. Foram 14. Finalmente em 13 de Abril de 1914 o júri escolheu a proposta
do trio não sem muita polémica como é hábito em Portugal.
Também como é tradicional
houve duas "primeiras pedras": em 15 de Agosto de 1917, com a I
República esbanjadora de dinheiros públicos incapaz de reunir verbas para
edificar o monumento e em 13 de Maio de 1926, a escassas duas semanas da revolta militar que impôs a Ditadura Nacional, mas que depois teve capacidade, política e financeira, para assumir, definir projectos e dar-lhes "andamento".
Seguiu-se o tempo de
trabalho incessante, árduo e metódico, com a Oficina de Francisco Santos a laborar
em pleno. Francisco Santos faleceu em 1930 com os seus discípulos José Simões de
Almeida (sobrinho) e Leopoldo Neves de Almeida a terminarem a obra.
Em 12 de Dezembro de 1933 a
estátua foi, finalmente, colocada sobre o fuste, para ser inaugurada em 13 de
Maio de 1934, cinco dias depois do 152.º aniversário do falecimento do Marquês
de Pombal.
O MONUMENTO
O projecto denominava-se
"Gloria Progressus... delenda reactio" que era o único que
apresentava a estátua do homenageado no alto do coluna do monumento, de cerca
de 40 metros, optando os outros concorrentes por decorar a parte superior nos
seus projectos com alegorias, colocando a principal figura ao nível do olhar.
No cimo da coluna está personificado
o "Marquês", acompanhado com um leão, que representa a
"Nação". A Nação é representada por um leão como símbolo do poder absolutista, tal como há dois leões a ladear a escadaria no Palácio das Cortes, em S. Bento (depois Assembleia Nacional e actual Assembleia da Republica). A monarquia inglesa ainda é representada por leões (são três) tal como a águia representava o progressismo - Liberdade, Igualdade e Fraternidade - de Napoleão.
O esquiço frontal (sul) do
monumento tem representadas as alegorias do "Terramoto" (à
esquerda) e do "Maremoto" (à direita) que
destruíram a cidade em 1755. Por cima encontra-se a estátua da "Cidade
de Lisboa" (jovem e desnuda) representando a Capital reconstruída
pelo marquês, levantando o "véu das ruínas" que a cobriam.
Do pedestal da estátua sai uma nau que tem a cabeça de "Mercúrio",
significando a nacionalização do comércio marítimo, com a
criação da Companhia do Comércio da Ásia Portuguesa.
No esquiço norte
encontra-se a estátua de "Minerva", lembrando a actividade
do marquês relativamente às reformas do ensino e revitalização da Universidade
de Coimbra.
Na face lateral soalheira
(ocidental) encontra-se um grupo decorativo alegórico que representa o
desenvolvimento agrícola, glorificando o trabalho rural.
Na face lateral sombrio
(oriental) encontra-se um grupo decorativo alegórico que representa o
desenvolvimento industrial, glorificando o trabalho manufactureiro e o cultivo
da vinha no Alto Douro.
BIOGRAFIAS BENFIQUISTAS
O grupo de criadores do
Monumento do Marquês de Pombal tem fortes ligações ao "Glorioso".
Adães Bermudes
Arnaldo Redondo Adães
Bermudes era dez anos mais velho que o irmão Félix Bermudes (1874 - 1960) um dos
Grandes Benfiquistas no clube centenário fundado em 28 de Fevereiro de 1904. Adães
Bermudes era o arquitecto mais conceituado em Portugal no final do século XIX. Foi-lhe
atribuído o prémio Valmor, em 1908. Tinha 50 anos quando o projecto do "Marquês"
triunfou. Nasceu em 1 de Outubro de 1864 e faleceu, aos 83 anos, em 18 de
Fevereiro de 1948.
António Couto é o segundo a contar da direita, de pé |
António Couto
Aluno da Casa Pia de Lisboa,
onde se iniciou no futebol no século XIX, foi dos primeiros aderentes ao Grupo
Sport Lisboa pouco depois da fundação em Belém. Fez parte dos primeiras equipas
do "Glorioso" em 1904/05 e 1906/07, até partir uma perna. O seu prestígio
e experiência fez dele o primeiro capitão do Sport Lisboa no jogo de estreia.
Actuava a médio, ao centro ou à esquerda. Arquitecto conceituado, com edifícios
em várias localidades de Portugal, foi prémio Valmor na primeira década do
século XX, em 1907. Tinha 40 anos quando o projecto do "Marquês" triunfou.
Nasceu em 8 de Março de 1874 e faleceu, aos 72 anos, em 4 de Julho de 1946.
Francisco Santos
Aluno da Casa Pia de Lisboa,
onde se iniciou no futebol no século XIX, foi dos primeiros aderentes ao Grupo
Sport Lisboa pouco depois da fundação em Belém. Fez parte da 2.ª categoria, em
1906/07, como extremo-esquerdo, com Félix Bermudes (capitão) a extremo-direito
e Cosme Damião como médio-centro. Tinha 36 anos quando o projecto do "Marquês"
triunfou. Nasceu em 22 de Outubro de 1878 e faleceu, aos 51 anos, em 2 de Maio de 1930. Passam, amanhã, 83 anos.
Levar para um estádio petardos do tamanho de um cigarro
nada tem de herói, heroína ou coragem.
Riscar monumentos públicos pela "calada da
noite" nada tem de herói, heroína ou coragem.
Alberto Miguéns
Carrega Miguéns! Sempre em defesa do Benfica.
ResponderEliminarComo sempre, uma lição de história e de benfiquismo. Abraço.
ResponderEliminar...13 de Maio de 1926, já em plena Ditadura Nacional... que começou com o golpe de 28 de Maio de 1926!
ResponderEliminarToda a razão. A pressa é inimiga do rigor.
EliminarAlberto Miguéns
Totalmente de acordo !!!!!!!!!
ResponderEliminarCaro Alberto, mais um excelente artigo.
ResponderEliminarGostaria de lhe fazer um pedido. Há dias tive uma discussão com um amigo verde-e-branco, na qual eu afirmava que O Glorioso tinha mais títulos totais que o sporting, contabilizando as seguintes modalidades Futebol, Futsal, Andebol, Basquetebol, Hóquei, Atletismo e Voleibol. Isto contabilizando as categorias séniores e masculinas apenas. Comecei a fazer as contas e o Benfica em termos globais tinha mais títulos. Só perdia para o sporting em 3 modalidades: Andebol, Atletismo e Voleibol. Todavia a contabilidade dos títulos de Atletismo, quer do Benfica, quer do sporting é muito complicada de se fazer, pois há muita informação desactualizada e pouco precisa. Assim, Alberto, com o seu rigor que nos habituou, e porque a temporada está a chegar ao fim, propunha-lhe que fizesse um artigo com a contabilidade oficial dos títulos do Benfica nestas modalidades e se possível um comparativo com o sporting. Já não há paciência para a idiotice do estarem quase a panhar o Barcelona, quando tenho a certeza que temos mais títulos que eles.
Um grande abraço Alberto,
E Pluribus Unum
Que a águia real voe bem alto na quinta-feira
Caro Leitor
ResponderEliminarVamos esperar pelo final da temporada. Neste momento em campeonatos nacionais (depois há que definir o que se considera títulos)nessas sete modalidades o SLB tem mais dois CN's. Utilizando as modalidades ordenadas por si, temos:
SLB com 116 = 32 + 6 + 7 + 23 + 22 + 23 + 3;
SCP com 114 = 18 + 10 + 17 + 8 + 7 + 49 + 5.
Quinta-feira não vai ser fácil, mas é possível porque somos melhores. Se conseguirmos mostrar em campo vencemos, pelo menos, por 2-0 ou 3-1. Mas perder por 0-1 é sempre muito mau!
Gloriosas Saudações Benfiquistas
Alberto Miguéns
Caro Alberto Mingués...
EliminarDesde quando os Campeonatos Nacionais de Pista podem/devem contar mais que os Campeonatos Nacionais de Corta-Mato por exemplo?
Rui Jacinto
Caro Rui Jacinto
EliminarDesde que foram organizados (1939) por que são mais completos, por isso mais importantes. Os CN c-m contam, entre 1911 e 1938 - porque não existia nenhum outro.
Gloriosas Saudações Benfiquistas
Alberto Miguéns
Caro Alberto Mingués...
EliminarPeço desculpa mas esse não pode ser o motivo...
O atletismo é uma modalidade peculiar e dentro dos campeonatos nacionais do mesmo tipo todos tem a mesma importância...
A vertente de Pista é Olímpica e mais importante, mas isso não signifique que se deva passar uma borracha sobre as conquistas no Corta-Mato...
O que é que tem a ver os lançamentos, os saltos e a velocidade com meio-fundo e fundo???
Isso que está a dizer é o mesmo que dizer que futsal e futebol de praia não contam porque o futebol é mais importante...
São sempre títulos dos clubes...
E no caso do atletismo, no corta-mato não deixam de ter enorme projecção mediática...
Basta recordar os tempos de Carlos Lopes e companhia...
Recordar também que a equipa de juniores do Benfica é bicampeã europeia de corta-mato...
E esta proeza em nada é inferior se a equipa fosse bicampeã europeia de pista...
Pois os parâmetros da competição nada estão relacionados...
E dizer que os campeonatos a partir de 38 deixam de funcionar por passa a existir a pista tb não faz sentido...
Devemos defender sempre o nosso glorioso clube, mas devemos ter rigor nas análises...
E pensar que nesse capítulo estamos em 2º e não em 1! Assim temos uma motivação extra para ultrapassar o eterno rival da 2ª circular Sporting!
Com a falência da Conforlimpa, o escândalo do doping do Maratona Clube de Portugal, agora foi apanhado José Rocha, temos tudo para dominar esta vertente a nível nacional e com algum trabalho almejar uma boa classificação na Taça dos Clubes Campeões Europeus de Corta-Mato...
Os melhores cumprimentos
Rui Jacinto
Eu não disse que "deixam de funcionar". Os campeonatos existem todos. Até o campeonato nacional de marcha, da maratona, de saltos, etc. Perguntou quando se passou a considerar o de pista mais importante. A partir de 1939. Mas os outros existem. Quando se quer escolher o campeão nacional de atletismo, entre 1911 e 1938 indica-se o de corta-mato (único existente). Depois de 1939 o de pista. Para se compararem modalidades cada modalidade só pode ter um campeão nacional por época.Mas é para se compararem modalidades. Por que os campeonatos existem. O SCP até considera como títulos o campeão nacional dos 100 m, 200 m, etc. O atletismo tem, por época, mais de cem campeões nacionais, entre pista, pista coberta, corta-mato, etc.
EliminarPara comparar estabelecem-se critérios. Desde que se assinalem quais são esses critérios, cada um tira as ilações que quiser.
Estamos a falar em comparar, não em eliminar títulos. O melhor é procurar saber na FPA todos os clubes e atletas campeões nacionais desde 1903.
Saudações
Alberto Miguéns
Muitos parabéns por este trabalho relativo Ao monumento ao Marquês.
ResponderEliminarCaro Alberto Miguéns, gostaria de saber quando é que o Benfica passou a comemorar as suas conquistas do Futebol no Marquês em detrimento dos Restauradores.
ResponderEliminarSaudações Benfiquistas
AG
Caro AG
EliminarNão tendo 100 por cento de certeza, tenho ideia que a 1.ª vez foi em 2004/05 devido ao facto do SCP ter comemorado no MP os triunfos de 2000 e 2002.
Os Benfiquistas (e os sportinguistas) não comemoravam num sítio pré-determinado, se bem que os Benfiquistas se reunissem junto à Secretaria nos Restauradores. Os Benfiquistas comemoravam no seu bairro. Eu lembro-me de comemorar os 13 títulos, entre 1971 e 1994 no bairro da Graça que transbordava de gente na rua. Era assim em todo o País.
O FCP é que, sendo poucos para dar a ideia de muitos, fazia convergir os simpatizantes para os Aliados, anunciando que passava lá com o autocarro dos jogadores, a fim de fazer propaganda do clube na RTP e depois nas televisões.
Gloriosas Saudações Benfiquistas
Alberto Miguéns
Excelente como sempre!!
ResponderEliminarJoãoS
Grande artigo, descobri hoje este blog e já me arrependo de não ter conhecido antes!
ResponderEliminarUma curiosidade, que lago é aquela junto do Marquês ?
Continue com o bom trabalho, abraço!
Caro Fábio Machado
EliminarObrigado
Era um "lago recreativo" para passear de barco. A concessão passou para o Campo Grande (ainda lá está!) permitindo fazer o actual jardim do Parque Eduardo VII. Ainda há vestigios desse lago no Parque Eduardo VII, junto à Estufa Fria.
Gloriosas Saudações Benfiquistas
AM