DEPOIS DE UMA ÉPOCA DE SONHO EM 1980/81 EIS O PESADELO DE 1981/82.
NOTA INICIAL: É um lugar comum dizer que por um lado é bom e
por outro mau. Parece e é uma contradição, mas quando se escreve acerca de
memórias do Benfica… acontece! A temporada de 1981/82 por um lado é má e por
outro é boa no mau sentido. Neste caso porque pouco há para escrever. Demora 25
por cento do tempo ocupado com 1980/81. Mas é muito má pois obriga a revisitar
pesadelos e derrotas “a mais” e um tipo vê-se aflito para conseguir elogiar
alguma coisa!
Chalana
pouco sobressaiu no naufrágio colectivo
O que é normal num clube como o Benfica em que o individual
só é valorizado se estiver em sintonia com o colectivo. Em 55 jogos realizados pelo «Glorioso», Chalana participou em 39 (dois golos) com 35 a titular (22 completos) e quatro como suplente utilizado, depois de dois períodos a curar mazelas. Continuava a ser um baluarte de classe e imprevisibilidade.
Uma das
raras alegrias
Os meses de Verão foram complicados para os adeptos do «Glorioso».
O Sporting CP estava a reforçar-se muito e bem. Principalmente com a aquisição
de dois futebolistas que não eram incógnitas, mas sim certezas: um guarda-redes
húngaro e Oliveira, que era um dos dez melhores futebolistas portugueses. O Benfica adquiriu Filipovic (do Club Bruge
KV), Paulo Campos (do Portimonense SC) e Folha (do Boavista FC) parecendo
pouco, embora Folha fosse apontado como a “maior esperança para o futuro de
Portugal” tanto que obrigou a uma “guerra” Benfica/FC Porto e já lá não estava
mas… estava a caminho de regressar, a dupla Pinto da Costa/Pedroto. E Álvaro, vindo da equipa da Associação Académica de Coimbra, que fez parte de um plantel "histórico" enquanto juvenil do Clube "Cracks" de Lamego, campeão nacional de juvenis, jogando como defesa-esquerdo, frente ao Vitória FC Setúbal, em Tomar, no final da temporada de 1977/78. O Benfica
começou mal a pré-época – muito irregular – o que seria uma má constante
durante toda a temporada. Imprevisível, principalmente no terreno dos
adversários. Chalana naufragou nesta incapacidade em ser regular. De positivo
ler e ver as fotografias nos jornais com Humberto Coelho a erguer o troféu
conquistado, em Toronto, frente ao Leeds AFC. Foi a primeira e penúltima
conquista! Ainda se conquistou - com muita dificuldade - a Taça de Honra de Lisboa - em 10 de Outubro de 1981.
Campeonato
de mal a pior
Começou-se muito mal com uma primeira volta abaixo do que tem
de fazer um plantel que quer ser campeão nacional. O Sporting CP mais regular
até conseguiu empatar na «Saudosa Catedral» a um golo. E terminou a primeira
volta com duas vitórias – quatro pontos – de vantagem. O "problema" do Benfica eram os jogos no terreno do adversário, com derrotas no Porto (Antas e Bessa), Amora e Vila do Conde. O empate é o tal no «Dérbi de Lisboa». O líder era "esquisito". Apenas um empate no "Dérbi" e outro em Vila do Conde, mas três no seu estádio: CF «Os Belenenses», Boavista FC e Vitória SC Guimarães. Eu que desvalorizara a contratação de Oliveira, pois considerava Alves muito superior ao ex-baboso do FC Porto (embora fosse bom futebolista) no tempo do Bicampeonato dos Anos 70 ouvia dos meus companheiros de bancada lamentos. E eles estavam "doutorados em bola", pois com 70/80 anos até tinham visto jogar Vítor Silva! Falta ao Benfica um "armador" de jogo e a equipa é muitas vezes apanhada em contra-pé, principalmente nos pelados! Comecei a ficar "à rasca"!
O treinador tentava tudo, por tudo e de tudo
Se já é difícil simplificar o futebol num desenho quando uma temporada do Benfica é "normal" agora imagine-se esta. Com o Benfica vulnerável, Lajos Baroti chegou - com alguma insistência até ao jogo com o Boavista FC (15.ª jornada) - a colocar Humberto Coelho a "libero" atrás de três defesas" para depois se juntar a Sheu no meio-campo quando o Benfica avançava no campo. Numa tentativa de ilustrar o que foi o Benfica nesta temporada o melhor é dividir as titularidades em primeira e segunda volta.TITULARES NAS 15 JORNADAS DA PRIMEIRA VOLTA NO CAMPEONATO NACIONAL
Os 1-4 também foram a mais...
Durante a primeira volta, dois objectivos foram logo postos de fora. Depois da derrota em Vila do Conde (7.ª jornada), empate (sem golos) na primeira mão dos oitavos-de-final, para a Taça dos Clubes Campeões Europeus, frente ao FC Bayern Munique, o tal empate (a um golo) com o Sporting CP e uma derrota, por 1-4, em Munique. Pronto a desculpa foi o azar no sorteio ainda numa fase precoce da competição (segunda eliminatória)! Na primeira edição oficial da Supertaça, já organizada pela FPF, com o nome de "Cândido Oliveira» foi-se do Paraíso ao Inferno. Na primeira mão (1 de Dezembro de 1982, no 28.º aniversário da «Saudosa Catedral») a vitória por 2-0 tranquilizava, mas a derrota por 1-4 (9 de Dezembro) fez renascer as sombras. Foi-se! Na Taça de Portugal, os quartos-de-final, a disputar no terreno do FC Porto, em 13 de Março, trouxe suores frios recordando a Supertaça. O «Glorioso» foi eliminar, com prolongamento, por 1-0 (golo de Néné) o FC Porto. O Benfica em 1981/82 era assim. Inesperado. Capaz do melhor e do pior. Até ser afastado desta competição pelo SC Braga, na meia-final, em Braga. SC Braga que depois foi goleado (4-0) pelo Sporting CP na final disputada no Estádio Nacional.
Aquela
fatídica noite de Alvalade (23.ª jornada)![]() |
A equipa titular da final da Taça de Honra de Lisboa. No jogo entrou Paulo Campos. Este foi titular no encontro das meias-finais em que Gabriel foi suplente utilizado. Como jogou Paulo Campos alguém deste onze da final não jogou. Foi Filipovic que apenas jogou na final |
Em 28 de Março de 1982, o «Glorioso» jogava num jogo toda a temporada. Tinha que recuperar cinco pontos de diferença para o Sporting CP, ou seja, era obrigatório vencer o «Dérbi de Lisboa» no estádio do adversário. O jogo em que uma das maiores glórias do Benfica - BENTO - fez o impensável. Deixar-se expulsar permitindo, ainda, ao adversário "dar a volta" ao resultado, depois de estar a perder por 1-0. É que além do Benfica ficar reduzido a dez futebolistas, Jordão tinha uma grande penalidade para colocar o Sporting CP pela primeira vez em vantagem no marcador... E como melhor ponta-de-lança do futebol português no pós-Eusébio... marcou. Acabou a temporada do Benfica. Bento que para mim, entre os 108 guarda-redes que já defenderam a gloriosa baliza, de Pedro Guedes a Zlobin é o melhor de todos, embora Preud'homme seja caso à parte, tinha que ter capacidade de encaixe por muito despeitado que se sentisse pois ainda tinha presente a cabeça aberta (e os pontos que levou para a coser) num jogo no pelado do FC Famalicão. O Benfica dependia dele para vencer e ele deixou-se levar pela matreirice de Manuel Fernandes.
Nada a fazer
E assim se fechou uma temporada que prometia e pouco rendeu. Baroti deu início em 1980/81 a um ciclo triunfador com esta época a destoar. Em 1982/83 e 1983/84, a Águia voltaria a voar com a grandeza que é apanágio dos predestinados. E Chalana seria tenor nas sessões de Ópera que se iriam viver.
![]() |
Uma preciosidade do fotógrafo Roland Oliveira. O Quarteto Não Era de Cordas, mas de Ouro: Fernando Caiado (adjunto), Toni (adjunto), Lajos Baroti e Monge da Silva (preparador físico) |
Quando o
Sporting CP é para aqui chamado… algo está mal!
Foi campeão e fez "dobradinha" com mérito aproveitando a fraqueza (irregularidade) do «Glorioso». Tinha um melhor ataque - Manuel Fernandes e Jordão - bem servidos por Oliveira. O meio-campo do Benfica mostrou mais habilidade, rapidez e classe mas pouca força. Faltava um médio ou dois como Toni e Vítor Martins. Stromberg seria a chave, mas isso fica para amanhã. A defesa do Benfica até foi melhor - 22 golos sofridos - para 26 do campeão nacional. O ataque é que esteve aquém - 60 golos - para 66 do Sporting CP. E o ataque do «Glorioso» nem foi muito perdulário, foi mais ser pouco solicitado pelo meio-campo. A diferença entre poder ser campeão e ser esteve nos jogos no terreno do adversário. O Benfica na «Saudosa Catedral» apenas teve um empate, o tal frente ao Sporting CP. Depois registou 14 vitórias, ou seja, conseguiu 29 pontos, dos 44 no total. No terreno dos adversários obteve os restantes 15! O Sporting CP conseguiu... 21 "fora" e 25 "em casa", para fazer os 46 no total, mas foi campeão na penúltima jornada, perdendo na última (0-2 no estádio do FC Porto). O Benfica no terreno dos adversários conseguiu ter tantas derrotas (seis) como vitórias, mais três empates. O SCP só perdeu três vezes em campo alheio, tantas vezes quanto os empates. Já no seu estádio somou cinco empates (e o Benfica com um). Nos seus campos, os golos marcados e sofridos mostram as forças e fraquezas de cada plantel: 37/6 (SLB) para 45/16 (SCP). No campo dos adversários: 23/16 (SLB) e 21/10 (SCP). Se o Benfica tem sido regular, principalmente, nos pelados...
Ui! Em
1982/83, o tempo mudou e o Benfica voltou…
Alberto
Miguéns
NOTA FINAL: Para os Benfiquistas sadomasoquistas o tal jogo em que o «Glorioso» podia ficar a três pontos, com vantagem no confronto directo, acabando a sete! Com 14 pontos por disputar (nas sete jornadas finais)
Não venham com conversas que o Bento não devia ter reagido daquela maneira! Deixou ficar os pés para provocar de propósito aquela reacção.
ResponderEliminarManuel Fernandes foi, é e será sempre um manhoso.
Assim como o Lourenço se não marcasse 4 golos ao Benfica seria mais um perdido: https://tribunaexpresso.pt/entrevistas-tribuna/2019-05-03-Schmeichel-O-Manuel-Fernandes-foi-inutil-no-Sporting.-Ninguem-gostava-dele
Alguém sabe se aquela bola entrou mesmo?
ResponderEliminarO primeiro penálti foi um anedota, mas os lagartos da RTP que comentavam o jogo viram tudo peremptoriamente.