SEMANADA: ÚLTIMOS 7 ARTIGOS

21 outubro 2019

Sequeira Andrade no Quarto Anel

21 outubro 2019 4 Comentários
FALECEU UM AMIGO QUE TINHA AFINIDADES ELECTIVAS COM QUEM ESCREVE NESTE BLOGUE.

João Sequeira Andrade nas suas "sete quintas" entre Benfiquistas e praticantes de Atletismo. Guilherme Espírito Santo foi muito mais do que isso. Da esquerda para a direita: Pascoal de Almeida, Rui Mingas, Guilherme Espírito Santo e João Sequeira Andrade

Era Benfiquista e gostava de escrever. Nascido em 19 de Maio de 1928 na cidade de Lisboa, faleceu, ontem, 20 de Outubro de 2019. Tinha 91 anos de idade, 74 anos de associado (número 426) e foi futebolista júnior (defesa-direito) em 1945/46 no «Glorioso». 


Como sabia que ele gostava desta melodia do Benfiquista e recordista nacional do salto em altura (batendo, em 1960, o recorde de Guilherme Espírito Santo) que já havia batido, em 1938, o recorde de Pascoal de Almeida obtido de 1915. Entre 1915 e 1938, distam 23 anos e entre 1938 e 1960 distam 22 anos (clicar para o melhor portal de Atletismo em Portugal).  



 Conheci Sequeira Andrade no jornal «O Benfica» para o qual foi nomeado Director em 9 de Outubro de 1992 (clicar para este blogue quando foi feita uma resenha da história do nosso Semanário):




Até sempre, João Sequeira Andrade...

Alberto Miguéns 


NOTA: Como amava escrever, João Sequeira Andrade enviava por correio electrónico «Cartas ao Pancrácio» em que abordava temas de todos os tempos. A última recebi-a em 17 de Outubro datada de dia 9. Ei-la:



JOÃO SEQUEIRA ANDRADE

Rua de Dona Filipa de Vilhena, .....

1000-136  LISBOA 

                                                                                                       9 de Outubro de 2019 

Telef.. 217 ........

            93......... 





Esta carta é, seguramente, a minha última carta e não chegou a ser concluída devido ao meu internamento.  Estou quase a chegar à meta da vida. Agradeço a todos os que tiveram a paciência de me ler. 

               
                                                      CARTA 250.ª

            TANCOS E A JUSTIÇA - Foi amplamente divulgada a notícia de que o director do DCIAP - iniciais do Departamento Central de Investigação e Acção Penal - decidiu isentar o Presidente da República e o Primeiro-Ministro de testemunharem ou ser inquiridos na bandalheira do caso de Tancos, isso a fim de preservar a respeitabilidade dos seus cargos.
       A «domesticação» dos órgãos da informação e da maioria dos comentadores comprovou-se mais uma vez, pois nenhum, ninguém saltou a criticar o abono de tão rara prerrogativa.
            No já histórico caso de Tancos, eu não acuso nem «desacuso». Só que relativamente a uma ocorrência de tal magnitude e com tais reflexos, custa-me a compreender a sentença do DCIAP, relativamente tão altos responsáveis do Estado - por sinal escritos, falados e falantes sobre tão momentoso caso. A audição de tais personalidades até poderia servir para esclarecer a rectidão da sua atitude.
            Se esta lusa decisão chega ao conhecimento do presidente dos Estados Unidos, é provável que um DCIAP lá do sítio, tendo em conta o argumento da dignidade do cargo presidencial, liberte Donald Trump de ser tido ou achado nas trapalhadas que lhe apoquentam a vida...

            A GRANDE GUERRA - Na minha última carta - a tal que numerei erradamente - dei conta do terrível balanço da feroz guerra promovida por Hitler de 1939 a 1944.
           Agora, vou fazer o mesmo em relação à chamada Grande Guerra, que enlutou o mundo de 1914 a 1918 - uma guerra na qual por insensatez da nossa governação também Portugal participou desastradamente.
           - Mobilizados 70 milhões de soldados
           - Na batalha de Verdun, lutaram dois milhões e metade morreu
           - A Alemanha, principal responsável pelo conflito, perdeu dois milhões de homens
           - Na ofensiva de Sommitz a Inglaterra perdeu 480.000 homens, 60.000 dos quais
             no 1º dia
           - A França perdeu 20% dos seus homens em idade militar, um em cada dois com 
             idades entre os 16 e os 36 anos
          - Ao todo, a guerra provocou 10 milhões de mortos e 20 milhões de feridos
          - 400 dos nossos soldados foram trucidados em La Lys, e mais tarde celebrados no
             monumento ao Soldado Desconhecido, que enfeita a lisboeta Avenida da
             Liberdade, no centro de Lisboa.

           OLIMPISMO - Em vésperas de mais um ano olímpico, registo factos e intérpretes da construção dos Jogos Olímpicos e do olimpismo, cuja fundação se deve à teimosa persistência do Barão de Coubertin, então com 29 anos de idade.
           Citius, altius fortius - Divisa criada em 1890 pelo padre Didon, dominicano francês amigo do Barão de Coubertin.
          Hino olímpico - Poema de Kostas Palama, musicado por Spiros Samara
          Tocha olímpica - Ideada por Carl Diem, secretário-geral do Comité organizador dos Jogos Olímpicos que se realizaram em Berlim no ano 1936. Lemeke foi o projectista da tocha, fabricada pela famosa metalúrgica Krupp. A tocha pesava 1,150 kg e era alimentada à base de magnésio. Nos 3075 quilómetros percorridos de Maratona a Berlim, onde chegou a 21 de Julho de 1936, a estafeta atravessou sete países (Grécia, Bulgária, Jugoslávia, Hungria, Áustria, Checoslováquia e Alemanha). O primeiro dos 3000 portadores da tocha foi o grego Constantin Cudillis, e ao alemão Schilgen coube a honra da apoteótica chegada ao Estádio.
          Primeiro presidente do Comité Olímpico: o grego Demetrius Vikelas, em 1894.


Expressões curiosas usadas correntemente


        ...subiu para cima
        ...desceu para baixo
        ...entrou para dentro
        ...saiu para fora
        ...pequenos detalhes
        ...pêsames à viúva do falecido
        ...aviso prévio
        ...doença má
        ...todos sem excepção
        ...férias em cidades do mundo
         ...acabamento final
         ...a festa acabou de terminar
         ...surpresas inesperadas
         ...ofertas gratuitas
         ...o foco, focado...
Fizeram longo curso:
        ...na certeza, porém...
         ...portanto,
         ...pois, pois,
Actualmente em uso (e abuso):
         então é assim...
         agora...
         ...como eu costumo dizer...
         o ferido está estável
         ...obviamente
No futebol:
        ...troca por troca
        ...entradas negligentes (de violência)
        ...o esforço interior
        ...a verticalidade
4 comentários
  1. Alberto: muito obrigado pela evocação de meu pai, que muito me emociona. Abraço

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  2. A cultura, os valores, a honestidade, associação que é apanágio frequente dos Benfiquistas. Não conheci o Sr. Sequeira de Andrade e se alguma vez li o seu nome foi certamente numa descuidada leitura enquadrada em algum artigo da época em que contribuiu mais para o SLB. Tudo o que o Alberto nos diz indica um Benfiquista insigne com longa e frutuosa contribuição para o Glorioso. Junto-me ao Alberto no agradecimento pela contribuição do Sr. Sequeira de Andrade para o nosso Clube e para o nosso País.

    Condolências à família e aos amigos mais perto que muito sentirão a sua falta.

    Que descanse em Paz.

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  3. Mais um Benfiquista de GEMA que vai para o 4º. anel.
    Sentidas condolências!

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  4. Aproveito este espaço de tertúlia benfiquista do Alberto Miguéns para deixar uma palavra de profundo pesar pelo falecimento do João Sequeira Andrade, de que só tive conhecimento na tarde da passada terça-feira através de um Amigo comum, o Eng.º Calçado de Carvalho, também ele antigo dirigente do clube.
    Conheci o Sequeira Andrade há cerca de 50 anos nas tertúlias da Jardim do Regedor e nas velhas oficinas do Diário de Notícias, onde, durante anos, se produziu o jornal do clube, sob a batuta do jornalista Vasco Santos. E, desde então, não mais deixámos de nos avistar e confraternizar, dentro ou fora da Luz, sempre muito focados nas vivências e vicissitudes do nosso clube de sempre.
    Se há meia dúzia de pessoas conhecedoras da história do clube, o João Sequeira Andrade era uma delas. A esse conhecimento, que estendia à história do desporto em Portugal (com particular realce para a atletismo), acrescentava a afabilidade no trato e a disponibilidade e atenção com que a todos distinguia.
    As cartas que escreveu regularmente até ao final da vida, e que partilhava com um grupo de amigos (onde teve a gentileza de me incluir), constituem um espólio da maior relevância para um mais aprofundado conhecimento da história dos clubes e do desporto no nosso país.
    Associo-me, neste momento de pesar, à sua Família, a quem envio as mais sentidas condolências.
    Até sempre, João!

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