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17 outubro 2019

José Bastos 90

17 outubro 2019 2 Comentários
O DECANO DOS NÚMEROS UM DO “GLORIOSO” COMPLETA 90 ANOS.


Já houve muitos guarda-redes em Portugal, mas só há um que é campeão latino!


José Bastos nasceu na pequena aldeia de Alquerubim, a cerca de 15 quilómetros de Aveiro, em 17 de Outubro de 1929, há precisamente nove décadas. Ainda muito jovem rumou com os pais para Lisboa, iniciando-se no futebol num pequeno clube de bairro, o Desportivo do Castelo, jogando a interior, ou seja, na linha avançada. Apaixonado pelo Benfica, tornou-se associado em 9 de Agosto de 1943, ainda com 13 anos, passando a ver os jogos do “Glorioso” no nosso estádio do Campo Grande. Três anos depois inscreveu-se como futebolista do Clube na equipa B dos juniores, estreando-se (como guarda-redes) em 15 de Dezembro de 1946 quando o «Glorioso» empatou a um golo, no campo das Salésias, com o CF “Os Belenenses” para o campeonato regional. Subiu em 1947/48 à equipa A dos juniores e na temporada seguinte já actuava na 2.ª categoria. 


Campeão Latino
Iniciou a época de 1949/50 na categoria de Reserva mas iria terminá-la como campeão latino. Foi um guarda-redes que “subiu a pulso” o caminho do sucesso. Nada lhe foi oferecido, mas tudo conquistado com trabalho rigoroso e dedicação ao Benfica. Estreou-se na categoria de Honra no Estádio Nacional, em 15 de Janeiro de 1950, num jogo particular com a “endiabrada” equipa do clube argentino San Lorenzo de Almagro que dava “festival de futebol” na sua digressão europeia. Não foi titular, entrando aos 55 minutos e sofrendo apenas um golo! “Regressou” à Reserva, para só dois meses depois conquistar a titularidade fazendo os seis últimos jogos do Nacional, que tinha 26 jornadas, sagrando-se campeão! E em 18 de Junho de 1950 consagrou-se como campeão latino, quando o Benfica venceu, por 2-1, o FC Girondins (Bordéus), no Estádio Nacional, numa finalíssima com 146 minutos! Tinha então 20 anos, oito meses e um dia,  jogando há quatro temporadas no “Glorioso”.

A estreia num «Dérbi de Lisboa» campeonato nacional, no jogo da segunda volta (23.ª jornada) em 16 de Abril de 1950: 20 anos, cinco meses e 30 dias 

Seguro, valente e intrépido
José Bastos tinha excelentes condições físicas para o lugar – alto e forte, mas esguio, com mãos seguríssimas. Com boas qualidades inatas foi refinando a sua classe com a experiência durante os anos 50. Valente a sair da baliza para conjurar a ameaça ou expedito para anular o perigo. Foi titular em quatro épocas consecutivas entre 1950/51 e 1953/54. Na temporada de 1954/55 foi afectado por grave lesão que lhe retirou a titularidade, fazendo a época de 1955/56 na Reserva. Mas recuperaria a titularidade na principal equipa nas duas épocas seguintes, em 1956/57 e 1957/58.


Seis jornadas consecutivas sem sofrer golos
Na temporada de 1952/53 manteve-se imbatível durante seis jornadas do Nacional num total de 646 minutos estabelecendo uma nova marca de “jogos consecutivos sem sofrer golos” nesta competição. Duraria 19 temporadas, até ser melhorado (para oito jornadas) por José Henrique no Nacional de 1971/72! Mas o recorde pessoal absoluto de Bastos (e do Benfica) fixou-se “apenas” em cinco jogos (porque sofreu dois golos num jogo particular internacional, entre duas dessas jornadas do Nacional) num total de 482 minutos, mas suficiente para melhorar a marca de Paiva Simões (407 minutos) que datava de há 40 anos, em 1912/13.

Internacional “B”
Apesar de tantos títulos e prestações notáveis nas balizas do Benfica nunca foi chamado à principal selecção nacional. Mas representou Portugal pela selecção B. Ele que se revelou sempre um guarda-redes de inegáveis méritos em jogos internacionais, pois para além de campeão latino em 1950, fez também notáveis exibições nesta mesma competição nas edições de 1956 (Milão) e em 1957 (Madrid).


Estreia Europeia
Na temporada de 1957/58 foi o guarda-redes na estreia do Benfica na Taça dos Clubes Campeões Europeus, quando em 19 de Setembro de 1957 jogámos no Estádio Nervion, na capital andaluza, com a equipa do clube espanhol Sevilha FC.


Adeus (provisório)
No início da temporada de 1960/61 em 1 de Setembro de 1960 despediu-se do “Glorioso” num jogo integrado na sua festa de homenagem, organizada pelo Benfica, no Estádio da Luz, com o Real Bétis de Sevilha. Tinha 30 anos. Continuou a jogar futebol no Atlético CP. Depois de terminar a carreira seria presença assídua no Clube.


Sair a favor do Benfica
Até a sua saída para o Atlético CP permitiu prestar um serviço ao “Glorioso”, pois esteve envolvida na transferência do defesa Germano para o Benfica, embora já estivesse acertada antes da decisão final fez parte das excelentes relações que os dois emblemas tinham nos anos 50. José Bastos que apadrinhara (época após época) a geração que se sagraria campeã europeia em 1960/61 (a temporada em que deixou o Benfica) “contribuía” para a chegada de mais um futebolista que daria o enquadramento final para o domínio do futebol europeu na década de 60. Assim “à sua maneira” também foi campeão europeu. Ele que sempre pôs os interesses do “Glorioso” acima dos seus próprios interesses, até na hora da despedida! Haviam passado 14 temporadas consecutivas (num total de 378 jogos em várias categorias) como guarda-redes benfiquista das quais onze na categoria de Honra, com seis a titular!


Cifras de excelência
Jogou um total de 22 649 minutos na nossa baliza em 274 jogos, com 250 a titular e 232 completos, sofrendo apenas 312 golos, obtendo por isso uma média de pouco mais de um golo (1,14) por encontro, ou seja, sofreu um golo a cada 83 minutos.


Triunfos Gloriosos
Ajudou a equipa principal do Benfica a conquistar nove competições oficiais: a Taça Latina em 1950; três Nacionais da I Divisão em 1950, 1955 e 1957; e cinco Taças de Portugal (jogando todas as finais) em 1951, 1952, 1953, 1957 e 1959, ou seja, três consecutivas e uma “dobradinha” em 1957! Nos 274 jogos em que representou o Benfica permitiu ao Clube a obtenção de 180 (66 %) vitórias e 42 empates. Não sofreu golos em 104 (38 %) dos encontros, sofrendo um golo em 78 jogos, dois golos em 55 encontros, três golos em 26 jogos, quatro golos nove encontros e cinco golos em dois jogos.



… e continua no activo!
Na actualidade com 90 anos é presença assídua na “Nova Catedral” nos encontros da nossa equipa de futebol e noutras actividades do “Glorioso”. É com admiração e satisfação que ouvimos as múltiplas histórias que conta de uma vivência desportiva e associativa com mais de 75 anos.


Uma galeria com equipas fantásticas
Desde 1949/50 até 1956/57 com Taça Latina (1950), Um tri de Taças de Portugal (1951, 1952 e 1953) e duas "dobradinhas" (1954/55 e 1956/57).


A fotografia da meia-final (SS Lazio) com a mesma constituição da que disputou a finalíssima






Parabéns, Rei do Sono!

Alberto Miguéns

NOTA: O decano dos futebolistas do «Glorioso», Rogério Lantres de Carvalho (97 anos a completar em 7 de Dezembro de 2019) quando o via despreocupado encostado junto a um poste enquanto o Benfica atacava a baliza contrária e depois se mostrava ágil a defender a Gloriosa Baliza apelidou-o de «Rei do Sono». Calmo e confiante nas capacidades dos outros dez futebolistas para ele estar na baliza era um descanso…




2 comentários
  1. Um nome de enorme prestígio na História do futebol do SL Benfica. José Bastos tem um trajecto longo e notável no Clube Glorioso. Como atleta e como adepto. Tal como o Alberto detalha José Bastos teve uma atitude de excelência quer no desempenho competitivo quer no comportamento como atleta. Nem sempre foi titular mas quando o foi cumpriu com brilhantismo e está seguramente entre os melhores guarda-redes de sempre do nosso Clube.

    Benfiquista para a vida. Há aliás uma história que penso ser verdadeira de que José Bastos viajou de automóvel particular para Berna para assistir à final que nos levou à nossa primeira conquista da Taça dos Clubes Campeões Europeus. Mais um dos que acredita no lema do SLB: Todos por um!

    Muita saúde e carinho para o glorioso José Bastos!

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  2. Justíssima homenagem a um grande Benfiquista.
    Estive com ele no funeral do Saraiva (Campeão Europeu) e depois, passado pouco tempo, encontreio numa zona comercial em Portimão, com a sua esposa e batemos mais um papo Um casal perfeito.
    Percebi nessa conversa que a sua senhora é como diz o ditado; "atrás de um grande homem, há sempre uma grande mulher!!!

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