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15 agosto 2019

Eusébio, Salazar e Benfica

15 agosto 2019 1 Comentários
NEM SALAZAR SE IMISCUIRIA NUMA MODALIDADE QUE DESPREZAVA, NEM OS DIRIGENTES DO BENFICA DEIXARIAM.


O melhor documento para muitas das invenções que foram criadas em torno de Eusébio (mesmo ainda tempo de Moçambique), à medida que o tempo de futebolista se foi afastando com o seu envelhecimento, é o seu livro publicado em Outubro de 1966.

Legislação pré-25 de Abril de 1974
O poder político conseguiu criar legislação laboral para permitir que os clubes portugueses não despendessem verbas elevadas com o Futebol - mantendo os bilhetes baixos sendo os salários dos trabalhadores/espectadores baixos - mantendo os futebolistas nos plantéis sempre que o desejassem. Quando o contrato de um futebolista estava a terminar o clube enviava uma "carta registada" para a morada do jogador indicando que optava por renovar o contrato ou que não optava ficando o futebolista livre para negociar com outro emblema. Daí ser conhecida por "Lei da Opção". Aliás foi a legislação que impediu inflacionar os custos do Futebol que permitiu aos clubes portugueses serem eclécticos como não há paralelo noutros países, a não ser onde a economia era centralizada, como nos países do Bloco Soviético.

Como é evidente os clubes
Procuravam negociar os contratos com os futebolistas mais valiosos não forçando um ano mantendo os mesmos valores, mas por mais de uma temporada valorizando os rendimentos a auferir pelos jogadores. O ideal foi ter sempre os futebolistas motivados a sentirem que o seu valor era devidamente recompensado. Havia duas excepções na chamada "Lei da Opção". O futebolista podia recusar prolongar o contrato mas ficaria obrigado a não jogar futebol (em competições de âmbito oficial, organizadas pela FPF ou associações regionais) durante a temporada seguinte. Depois ficaria com a "carta na mão"! Um futebolista, geralmente os pais (por ele ser menor) podiam conseguir que um jogador fosse para a Associação Académica de Coimbra, ao abrigo da "Lei do Estudante", uma forma de continuar os estudos académicos - mesmo ainda liceais - suportados pela Universidade de Coimbra. 


A Direcção presidida por António Fezas Vital
Chegou a receber uma proposta da Juventus FC para Eusébio jogar em Itália. Informado o tesoureiro (Francisco Campas) foi levada a uma reunião da Direcção, um "estudo" que mostrava não ser vantajosa. O Benfica recebia contando com a presença de Eusébio, por cada jogo no estrangeiro, entre 30 e 35 mil dólares (americanos) ao nível do Real Madrid CF e do Botafogo FR (Brasil). Só o Santos FC com Pelé recebia mais, à volta de 50 mil dólares. Ora fazendo as contas com uma dúzia de jogos por época o Benfica recebia um valor que cobria o que a Juventus FC pretendia pagar ao Benfica e como dizia o inesquecível Francisco Campas ainda conseguia o mais importante, ou pelo menos, estar mais apetrechado para o fazer: conquistar títulos, como o campeonato nacional e a Taça dos Clubes Campeões Europeus.

Eusébio foi ficando com boas renovações de contratos até que em 1965
Ficou acertado que sairia após a fase final do Mundial de 1966. Antes era problemático. Um futebolista sair de um país para outro significava praticamente ficar afastado das convocatórias para as selecções devido à dificuldade em estabelecer ligações aéreas entre países. Nos anos 60 viajar de avião era difícil. O Benfica só alugou, pela primeira vez um avião, em 10 de Fevereiro de 1969, para ir jogar a Amesterdão, com o AFC Ajax (já desenvolvido neste blogue em 4 de Setembro de 2016). Como se percebe lendo o que Eusébio escreveu, após o Mundial de 1966, ele estava (mesmo) convencido que jogaria, a partir de 1966/67, em Itália.



Quando o Benfica e Eusébio tinham tudo "acertado" com o FC Inter
Depois do descalabro da selecção italiana eliminada na "fase de grupos" pela URSS e Coreia do Norte a FIGC - Federação Italiana de Futebol (Giuoco Calcio) - decide para a temporada de 1966/67 interditar novas contratações de estrangeiros para o futebol italiano. Eusébio viu "fechar-se" a possibilidade de rumar a Itália. Só em 1980/81 foi levantada a interdição com um futebolista estrangeiro por clube e a partir de 1982/83 com dois por clube. Depois a "Lei Bosman" tudo levou...



O azar da Itália, foi a sorte do Benfica

Alberto Miguéns

1 comentários
  1. É isso mesmo. Eusébio só não foi para Itália pela campanha desastrosa que Italia fez no Mundial de 66 que levou à proibição de contratação de mais estrangeiros.

    Segundo o que li na época, Eusébio assinaria o contrato e, quando ele terminasse regressaria ao Benfica e assinaria em branco!

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