Realizou-se, em 8 de Maio de 1961, a 14.ª e última jornada do
29.º campeonato nacional de Basquetebol. O Benfica conquistava o título pela
quarta vez, depois de 1939/40 e 1945/46-1946/47 (Bicampeonato) mas mais do que isso deu início a uma série de cinco conquistas
consecutivas, entre 1960/61 e 1964/65. Aliás o «Glorioso» já era campeão desde
a 11.ª jornada (a faltarem três para o final) como pode ser lido no jornal «Diário de Lisboa» (clicar). Um período brilhante pautado
pela batuta do presidente Maurício Vieira de Brito (a dar as condições
financeiras) e pelo inesquecível treinador José Teotónio Lima.
Treinador
extraordinário. Um dos nomes mais gloriosos da nossa história ímpar
A
chegada do conceituado Teotónio Lima, em 20 de Agosto de 1956, revolucionou a
modalidade. Foi ele que reconstruiu a equipa com valores emergentes, melhorou a
qualidade técnica dos atletas e desenvolveu sistemas tácticos inovadores e
alternativos. Podemos dizer que introduziu em Portugal o basquetebol
científico. Actualizado com o melhor que se fazia pelo mundo, corrigia os
atletas mostrando-lhes fotografias onde apontava os erros e enaltecia as
virtudes. Entre as muitas jogadas estudadas, trabalhadas nos treinos e
explanadas nos jogos avulta, por exemplo, a “couve-flor”.
Nova
orgânica no eclectismo
O eclectismo nos anos 50 sofreu muito, em termos de
conquistas, com a construção e inauguração (1 de Dezembro de 1954). Nesse tempo
o «dinheiro não esticava» com o presidente Ferreira Bogalho adverso a contrair
empréstimos bancários que depois tivessem efeitos na competitividade do «Glorioso
Futebol». Aliás ele considerava que foi o erro - «esse cancro que nos corroeu durante décadas» - de Cosme Damião a fazer
empréstimos avultados para erguer o estádio nas Amoreiras (anos 20) que obrigou
o Benfica a perder futebolistas para o Sporting CP permitindo o hegemonia deste
clube, entre 1946/47 e 1953/54, com sete títulos (3 + 4) em oito temporadas.
Concluído o Estádio e profissionalizado o Futebol, havia condições para recomeçar
a conquistar títulos no Ciclismo (a segunda modalidade do clube) e restantes desportos.
A maior
potência nacional do Basquetebol regressou para ficar
Iniciou-se
em 1960/61 – 35.ª época do «Glorioso
Basquetebol» - uma nova era, premiando a persistência e a boa vontade dos Benfiquistas,
que mesmo face a adversidades no passado, nunca desistiram. Logo no primeiro
encontro da temporada, em 21 de Outubro de 1960, na 1.ª jornada do Regional,
estabeleceu-se o recorde de diferença de pontos, na V 104-17, com o GD Tabacos,
no Pavilhão dos Desportos. Pela primeira vez o Benfica obtinha uma diferença de
87 pontos, melhorando em seis, o anterior recorde de V 89-9 (81 pontos) que
datava de 1945, há 15 anos! Depois… conquistou-se “tudo”: Regional (Bicampeonato),
Nacional (primeiro de cinco títulos consecutivos), Taça de Portugal (V 79-45,
em Leiria, frente à equipa da Associação Académica de Coimbra) e ainda no final
da temporada, a Taça de Angola, após derrota, por 58-57, do Sporting CP, em 21
de Junho de 1960. Foi a melhor temporada, em 35 anos (1927/1961) da modalidade
no Clube!
Campeonato
Nacional 1960/61
As temporadas iniciavam-se com os pioneiros campeonatos
regionais que apuravam, desde 1932/33 para o campeonato nacional. O Regional
era constituído por oito clubes (14 jornadas) em que se apuravam os quatro
primeiros que se juntavam os dois primeiros do Porto, o campeão de Coimbra e o
campeão de Setúbal perfazendo oito emblemas para serem disputadas 14 jornadas.
A superioridade do «Glorioso» foi avassaladora.
RESULTADOS
DO BENFICA NO 29.º CAMPEONATO NACIONAL
Adversário
|
1.ª volta
|
2.ª volta
|
||||
Res
|
S
|
Jor
|
Res
|
S
|
Jor
|
|
Sporting CP
|
V 57-56
|
C
|
1
|
V 65-50
|
F
|
8
|
FC Porto
|
V 63-53
|
F
|
2
|
V 49-47
|
C
|
9
|
FC Barreirense
|
V 48-40
|
C
|
3
|
D 40-46
|
F
|
10
|
Sport Algés e Dafundo
|
V 61-33
|
F
|
4
|
V 72-36
|
C
|
11
|
SC Vasco da Gama (Porto)
|
V 82-47
|
C
|
5
|
V 35-29
|
F
|
12
|
Associação Académica Coimbra
|
V 50-33
|
C
|
6
|
D 38-45
|
F
|
13
|
CF "Os Belenenses"
|
V 64-43
|
F
|
7
|
D 44-45
|
C
|
14
|
NOTAS: Em
Lisboa eram utilizados conforme as necessidades os seguintes recintos: Pavilhão
dos Desportos (jogos entre os três grandes de Lisboa), Ginásio do IS Técnico e
Campo de São Bento (do C.N.N.); no Porto, o campo da Constituição (FC Porto) e
o de Vila Meã (SC Vasco da Gama); no Barreiro, o Ginásio do FC Barreirense; em Coimbra, o campo de Santa Cruz, atrás do campo de futebol
Um plantel
de classe para "dar e vender"
Centrado em cinco basquetebolistas de qualidade superior: Joaquim
Carlos Coelho, Júlio Campos, José Alberto, Fernando Furtado e João Pires (capitão) que
sendo excelentes podiam ser multifacetados durante os jogos entre bases e
pivôs, extremos e postes. Como suplentes: Carlos Galhoz, Vítor Pinto, Luís
Santos, Reis Pires e Jorge Silva.
PLANTEL
1960/61
Basquetebolistas
(10)
|
N.º
|
Posição
habitual
|
Tit
(14)
|
SU
(14)
|
Pontos
(768)
|
João Pires (capitão)
|
?
|
Extremo
|
14
|
-
|
87
|
José Alberto
|
?
|
Pivô
|
14
|
-
|
162
|
Joaquim Carlos
|
?
|
Base
|
14
|
-
|
118
|
Fernando Furtado
|
?
|
Extremo
|
13
|
1
|
153
|
Reis Pires
|
?
|
Poste
|
4
|
10
|
94
|
Luís Santos
|
?
|
Poste
|
-
|
13
|
52
|
Carlos Galhoz
|
?
|
Extremo
|
1
|
9
|
37
|
Júlio Campos
|
?
|
Base
|
8
|
-
|
42
|
Jorge Silva
|
?
|
Poste
|
-
|
7
|
10
|
Vítor Pinto
|
?
|
Base
|
2
|
4
|
13
|
NOTA: Ao contrário das estatísticas do
«Glorioso Futebol» as estatísticas do «glorioso Basquetebol» são apenas
retiradas de uma publicação sem verificação de simultaneidade de informação corroborada
por outras publicações
Para amanhã repor uma injustiça neste blogue
Evocar um dos mais significativos Benfiquistas dos «Primeiros Tempos». O escultor José Netto o autor do «Discóbolo» que continua a dar grandeza ao salão de entrada do Pavilhão dos Desportos (actual pavilhão Carlos Lopes que nunca lá correu ao contrário de António Livramento que foi o desportista que mais o abrilhantou).
Tão Glorioso,
o Benfica!
Alberto
Miguéns
Para que se saiba que o basquetebol do SL Benfica é Glorioso a vencer há muitas décadas não há como ler este belo texto com marca de autor.
ResponderEliminarE acredito que o texto de amanhã será mais um saboroso naco de Benfiquismo.
Obrigado.