Tomei, mesmo agora, conhecimento por um Benfiquista Mário Ferreira que trabalha em Tomar. E foi no clube da cidade do rio Nabão que o jovem formado no Benfica, em meados dos Anos 60, brilhou na fase áurea do União Futebol Comércio e Indústria de Tomar, o popular União de Tomar, no início da década de 70.
José Carlos da Silva Camolas tinha completado 71 anos em 30 de Abril. Nascido em 1948 fez a formação no Benfica, nas equipas que o Dedicado Fernando Cabrita e depois o Mestre Bicampeão Europeu Ângelo formou e "forneceu fornadas" de excelentes futebolistas ao futebol português.
Avançado rápido, de estrutura meã e com sentido de oportunidade notável só encontrou um senão quando atingiu a idade de sénior. Eusébio e Companhia tornavam quase impossível atingir a titularidade no tempo em não havia substituições e em que os campeonatos nacionais tinham 26 jornadas (agora 34) mas o Benfica conseguia marcar 90 golos ou próximo disso (até mais de 100) em muito menos jogos que na actualidade. Embora se comparem os valores como se as competições tivessem o mesmo número de jogos.
O primeiro a contar da direita! Inconfundível... |
Nascido em Palmela, foi futebolista precoce no Palmelense FC como «Principiante» em 1961/62. Depois fez o percurso de formação no «Glorioso» com duas temporadas nos Principiantes (agora Juvenis) em 1962/63 (Campeão Distrital) e 1963/64 (Campeão Nacional) e depois nos Juniores, em 1964/65 (Campeão Distrital após vitória na final, por 1-0, golo de Camolas, ao Sporting CP) e 1965/66 (Campeão Distrital após vitória na final, por 5-0, um dos golos por Camolas, ao Sporting CP). Representou Portugal, como futebolista do «Glorioso», em seis selecções: cinco de Juniores (marcou dois golos) e uma de "Promessas". Tinha pouco mais de 14 anos quando chegou ao Benfica saindo com 20 anos.
O «Miúdo da Bola" em 1962/63 |
Primeiro título conquistado no Benfica
Relatório e Contas da Direcção/Parecer do Conselho Fiscal; 1963; Sport Lisboa e Benfica; Página 107 e 109 (excertos) |
Camolas consagrado como um dos melhores futebolistas da formação, goleador implacável nessas equipas, ainda fez parte da Reserva do Benfica em 1966/67 e 1967/68, fazendo jogos na equipa de Honra, quer no Campeonato Nacional (sagrou-se Bicampeão Nacional) quer na Taça de Portugal.
1966/67
Estreou-se em 7 de Setembro de 1966 como avançado-direito (4.2.4) tendo Riera como treinador e Germano como capitão, nas meias-finais da Taça de Honra de Lisboa numa vitória, por 3-2, frente ao Atlético CP, jogo disputado no estádio do Restelo. Manteve-se na equipa que conquistou o troféu frente ao Sporting CP (V 2-0) com Cavém a erguer o troféu (clicar para notícia no Diário de Lisboa). Em 19 de Outubro substituiu, aos 79 minutos, José Augusto na «Festa de Homenagem a Ângelo» em que o Benfica derrotou, por 1-0, o FC Barcelona na «Saudosa Catedral». Jogou na "avançada-esquerda" ao lado de Iaúca (extremo), frente ao AD Ovarense (V 3-0, para a Taça de Portugal, na segunda mão dos 32-avos-de-final, na «saudosa Catedral») e na 20.ª jornada (em 26) do campeonato nacional, num encontro em que foi avançado-centro com Eusébio, disputado frente ao SC Braga, no estádio 28 de Maio (actual 1.º de Maio). Até final da temporada jogou com o «Manto Sagrado» em dois jogos internacionais realizados fora de Portugal: na digressão ao Chile frente a um Misto da Universidade Católica/Universidade do Chile (D 1-2), substituindo José Torres, em Santiago do Chile; e no jogo frente à Selecção Nacional do México (D 0-4) no estádio Azteca (onde se realizou a final do Mundial'70) substituindo José Augusto. Foi nesta digressão ao Chile que o futebolista Augusto Silva ficou inutilizado como futebolista, precisamente na manhã de sábado, véspera desse jogo (29 de Janeiro de 1967).
1967/68
Numa temporada com 55 jogos (e três treinadores: Riera, Cabrita e Otto Glória) vestiu o «Manto Sagrado» em quatro jogos: extremo-direito na vitória, por 1-0, em Braga, frente ao SC Braga, na 3.ª jornada do campeonato nacional; nas duas mãos dos 16-avos-de-final frente ao CD Montijo para a Taça de Portugal, como extremo-direito marcando em ambas dois golos (V 4-1 no Montijo e V 9-0 na «Saudosa Catedral»); entre estes jogos entrou, ao intervalo, para o lugar de Nélson, na «Festa de Homenagem a Costa Pereira», realizada na «Saudosa Catedral» frente ao Clube Atlético de Madrid, num empate a dois golos. A "despedida" foi no nosso/seu estádio da Luz, com o CD Montijo, em 15 de Outubro de 1967. Seguiram-se jogos na categoria Reserva nunca sendo opção com Fernando Cabrita (que substituiu Fernando Riera) e Otto Glória que substituiu Cabrita).
Em duas temporadas, 758 minutos em onze jogos com quatro golos: Bicampeão nacional com dois jogos, um por época; três jogos (e quatro golos) na Taça de Portugal; Vencedor da Taça de Honra de Lisboa (com dois jogos); quatro jogos internacionais, dois na «Saudosa Catedral» (FC Barcelona e Clube Atlético de Madrid) e dois na América do Sul e Norte, respectivamente em Santiago do Chile e Cidade do México.
No final de 1967/68, com 20 anos, rumou ao Varzim SC numa temporada (1968/69) em que o Benfica conseguiu o segundo TRIcampeonato em sete temporadas, desde 1962/63.
O «Miúdo da Bola» em 1963/64. E sempre... para sempre |
Em Defesa do Benfica endereça sentidas condolências à família e ao União de Tomar.
Obrigado, Camolas. Descansa Em Paz!
Alberto Miguéns
NOTA: Agradecimento ao dedicado leitor deste blogue, Victor João Carocha, pelo envio de fotografias e a Mário Pais pela troca de impressões que permitiu acrescentar mais informação, como por exemplo, que ele era natural de Palmela
Foi mais um dos bons avançados que tiveram azar em fazer parte das nossas fileiras nos anos 60. Com aquela gesta de avançados campeões europeus, Camolas não teve hipóteses.
ResponderEliminarNoticia muito triste. Que descanse em Paz.
Mais um belo texto, Vi-o jogar no U.Tomar, paz á sua alma.
ResponderEliminarSr-Alberto,na época 66/67 o BENFICA jogou em Braga na jornada 20 e perdeu 0-4???
ResponderEliminarOBRIGADO!!!SAUDAÇÕES GLORIOSAS!!!
Caro Benfiquista Amaral
EliminarFoi mesmo. Com quatro golos contra entre o minuto 15 e o minuto 60!
Gloriosíssimas Saudações
Alberto Miguéns