No texto publicado em 8 de Setembro deste ano Rivalidade em Lisboa/Portugal: Ciclismo (clicar) escreveu-se o seguinte:
Um leitor deste blogue comentou:
É esta a justificação que se ajusta melhor
Para explicar a popularidade do Benfica em locais remotos de Portugal onde não seria esperado um clube de Lisboa, nos Anos 20, já ter de forma tão expressiva e intensa.
Quem era do Benfica em jovem - principalmente futebolistas - e depois ia trabalhar para longe de Lisboa
Levava já a essência do "Ser Benfiquista". Daí até organizar um clube local impregnado dos valores e simbologia do Clube ia um pequeno passo. Muitos Sport Lisboa e ...(localidade) foram criados após o Sport Lisboa e Portalegre, em 18 de Julho de 1911. Até 1927 foram criadas 43 Filiais com 39 no território europeu. Só assinalando as existentes nas capitais de Distrito: Portalegre (1911), Setúbal (1913), Braga (1914), Santarém (1915), Faro (1916), Castelo Branco (1924), Viseu (1924) e Coimbra (1925). Depois Évora (1928), Bragança (1928), Beja (1931), Guarda (1935) e a primeira Casa do Benfica, no Porto (em 1 de Janeiro de 1950). Apenas Viana do Castelo, Vila Real, Aveiro e Leiria não tiveram Filiais, além da cidade do Porto (há um Sport Lisboa e Porto mas sem ligação oficial).
Nada que Cosme Damião não percebesse precocemente
Como demonstra na entrevista publicada em duas páginas (4 e 5) "Os Sports Illustrados" no nº 72, em 28 de Outubro de 1911. Era este o caminho. Um dos caminhos do Benfiquismo. Um pequeno excerto, na página 4, dessa notável entrevista referente a este assunto: expansão dentro e fora de Lisboa.
Quando se pensava assim em 1911
Não é difícil entender que em 1927, aquando da realização da I Volta a Portugal, entre 26 de Abril e 15 de Maio, em muitas localidades já se soubesse o que era o Sport Lisboa e Benfica. Apesar de nunca o terem visto.
Quando se escreveu «Precoce»
É porque não passa de ilusão. De precoce nada tinha. Apenas parece. Lendo Cosme Damião, em 1911, está tudo bem explicado.
O Benfica na vanguarda das iniciativas de engrandecimento clubístico
Alberto
Miguéns
NOTA: Quando nos Anos 80 andei pelo País - aproveitando deslocações profissionais - à procura da implantação regional do Benfiquismo recordo uma história, em Coimbra, que envolve Filiais, Ciclismo e o...Sporting CP. Questionei na Associação de Futebol de Coimbra quem seria o conimbricense mais idoso que soubesse do futebol na cidade. Indicaram-me a morada de um ancião com cerca de 75 anos e lá fui. Contou uma história deliciosa. Iniciou-se no futebol através do entusiasmo de José Domingos Fernandes (jogou no SLB entre 1910/11 e 1914/15) quando este fundou na cidade o SL e Coimbra em 1925. Entretanto numa das Clássicas Porto - Lisboa assistiu a um acontecimento que o fez mudar para simpatizante do Sporting CP. Na rua do Sofia (nome da artéria na cidade que correspondia à Estrada Nacional n.º 1 ao atravessar a margem norte da cidade) um cão atravessa-se na via derrubando o ciclista em fuga - Filipe Melo do SCP. Este que vinha com uma velocidade impressionante mesmo tendo já percorrido mais de 100 quilómetros desde a saída no Porto, sofre uma queda, vai buscar as duas garrafas de água que se soltaram, lava os joelhos a sangrar, esfrega-os, monta-se na bicicleta e pedala a grande velocidade. Ele corre até à ponte sobre o rio Mondego e só já o avista para lá da colina de Santa Clara a desaparecer no horizonte. Fica tão impressionado que passa a ser simpatizante do Sporting CP devido ao que acabara de assistir. Nos Anos 10 a 40, mesmo até aos Anos 50, os ciclistas impressionavam pela velocidade - fazendo de simples bicicletas praticamente iguais às de muitos portugueses - autênticas máquinas de rolar como se fossem motorizadas. E depois tinham uma resistência e coragem para lá do imaginável.
Obrigado ao Alberto por desenvolver um pouco o texto de hoje sobre o meu comentário.
ResponderEliminarEspantosa a visão de Cosme, publicada em 1911 mas certamente maturada algum tempo antes. Pensada no meio de dificuldades do Clube que passavam entre outras pela saída forçada da Quinta da Feiteira e por persistir em andar de casa às costas durante décadas. Mas Cosme e os que o acompanhavam pensavam mais e mais alto. E se hoje essa visão até parece óbvia, quantos em 1911 a tiveram? Sobre essa visão o Clube pôs mãos à obra, fundando a sede no Rossio em 1912 e as delegações em Benfica e em Belém em 1913. E o muito mais que se seguiu.
Como o Alberto nos mostra, a filial de Portalegre foi a vanguarda. Honra e Glória a Leopoldo Mocho, o homem-chave nessa filial, homem tantas vezes esquecido e que foi um defesa de enorme valia. Foi com o Alberto que aprendi isso quando em tempos li um belo artigo aqui neste fórum.