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17 setembro 2018

Ousar Desafiar o Destino

17 setembro 2018 3 Comentários
SER QUASE IMPOSSÍVEL NÃO QUER DIZER SER IMPOSSÍVEL.


Um clube como o Benfica nunca pode acreditar que é impossível conquistar a Liga dos Campeões. Deve perceber que é quase impossível na estrutura competitiva do futebol actual conseguir esse feito de dificuldade extrema mas nunca jogar na competição como jogam a maior parte dos clubes nos respectivos campeonatos nacionais para fazer número pois nunca serão Campeões Nacionais.

Não me vou pôr aqui a quantificar em percentagens pois estaria a inventar valores
Qualquer adepto com bom senso percebe que é uma tarefa hercúlea conquistar uma Liga dos Campeões. Desde que há fase de grupos - em 1991/92 e 1992/93 houve dois grupos (a quatro clubes cada um) com os vencedores a serem apurados para a final, respectivamente FC Barcelona (grupo do Benfica)/UC Sampdoria e Olympique Marselha/AC Milan (grupo do FC Porto) - a dificuldade foi aumentando com a multiplicação do número de grupos (até aos actuais oito) bem como do número de clubes presentes por país com as Ligas mais fortes a terem mais representantes.

Sete Países/13 Clubes/27 edições
Nas últimas 27 edições houve apenas 13 clubes vencedores de sete países: Espanha (12 troféus/dois clubes); Itália (cinco troféus/três clubes); Inglaterra (quatro troféus/três clubes); Alemanha (três troféus/dois clubes); França (um troféu/um clube); Holanda (um troféu/um clube); e Portugal (um troféu/um clube).  

ÚLTIMAS 27 EDIÇÕES ** (1991/92 a 2017/18)
N.º
Clube
Anos das finais
7
Real Madrid CF
1998, 2000, 2002, 2014, 2016, 2017, 2018
5
FC Barcelona
1992, 2006, 2009, 2011, 2015
3
AC Milan
1994, 2003, 2007
2
Manchester United FC
1999, 2008
2
FC Bayern Munique
2001, 2013
1
Olympique Marselha
1993 (1)
1
AFC Ajax
1995
1
Juventus FC
1996
1
BVB 09 (Dortmund)
1997
1
FC Porto
2004
1
Liverpul FC
2005
1
FC Inter
2010
1
Chelsea FC
2012
NOTA: ** Com fase de grupos inicial (o número de grupos foi variando); (1) O clube viciou um jogo na Liga francesa para estar em melhores condições para conquistar a Liga dos Campeões

Sete Países/13 Clubes/27 edições
Nas primeiras 27 edições houve apenas 13 clubes vencedores de sete países: Espanha (seis troféus/um clube); Inglaterra (seis troféus/quatro clubes); Itália (quatro troféus/dois clubes); Alemanha (quatro troféus/dois clubes); Holanda (quatro troféus/dois clubes); Portugal (dois troféus/um clube); e Escócia (um troféu/um clube).  

PRIMEIRAS 27 EDIÇÕES (1955/56 a 1982/83)
N.º
Clube
Anos das finais
6
Real Madrid CF
1956, 1957, 1958, 1959, 1960, 1966
3
AFC Ajax
1971, 1972, 1973
3
FC Bayern Munique
1974, 1975, 1976
2
SL BENFICA
1961, 1962
2
FC Inter
1964, 1965
2
AC Milan
1963, 1969
2
Liverpul FC
1977, 1978, 1981
2
Nottingham Forest FC
1979, 1980
1
Celtic FC
1967
1
SC Feyenoord
1970
1
Manchester United FC
1968
1
Aston Villa FC
1982
1
Hamburgo SV
1983

Comparadas as 27 edições iniciais com as últimas 27
No «tempo em que era mais fácil» o número de clubes foi exactamente o mesmo (13) e os Países são em igual número (7) e praticamente os mesmos - Escócia deixou de figurar "entrando" a França! Ou seja, a Liga dos Campeões é difícil de conquistar mas a Taça dos Clubes Campeões Europeus no seu início também era. Os clubes são quase os mesmos (sete mantêm-se...) e os países são os mesmos (apenas uma troca: Escócia/França).

Ao Benfica pode faltar isto ou aquilo. Acredito. Não deve é faltar ambição. E tem faltado
Porque o Benfica é um Clube de um País como constatou a UEFA num estudo que fez e publicou em 2012, com um elucidativo gráfico na página 41 que se reproduz neste blogue mas que pode ser visto no original (clicar). E deve fazer valer isso. O que não se pode é acomodar, menorizar ou "encolher os ombros" como fosse impossível. É por que isso tem acontecido que o Benfica não tem ido «mais longe». Contenta-se com pouco como se fosse fácil nos Anos 60 e agora Impossível. Tretas!


Diferenças
É mais difícil? É! Por tudo o que já foi dito.
1. O Benfica foi Campeão Europeu com nove jogos e Bicampeão Europeu com sete encontros. Em «épocas normais» são necessários 13 jogos (6 + 2 + 2 + 2 + 1) e para o Benfica ser Campeão Europeu, em 2018/19, só com 17 jogos (2 + 2 + 6 + 2 + 2 + 2 + 1).
2. Por pressão das melhores Ligas Nacionais estas obrigam a UEFA a aceitar mais representantes enquanto no início acedia a Campeão Nacional (excepto na primeira edição, em 1955/56, em que houve um pouco de tudo) e durante as dez edições iniciais em que também acedia o segundo classificado no respectivo campeonato nacional se o Campeão Europeu também fosse Campeão Nacional. Se a UEFA não aceitar - e mesmo aceitando «tudo» - as principais Ligas organizam um Campeonato Europeu de Clubes que é o que vai ocorrer num futuro próximo!

Semelhanças
Ainda é possível? É! Por tudo o que já foi dito.
1. Quem se colocar do «ponto de vista» do valor dos futebóis entre meados dos Anos 50 e meados da década de 60 o Benfica ser Campeão Europeu era tão utópico como agora. Para muitos uma impossibilidade!
2. Houve quem acreditasse e tornou possível o que se dizia (e pensava) ser impossível. Foram esses que acreditaram que fizeram o Benfica Campeão Europeu frente aos dois maiores colossos do Futebol Europeu/Mundial. E olhem que estes não mudaram entre 1961 e 1962 e 2018/19: FC Barcelona (V 3-2, em Berna) e Real Madrid CF (V 5-3, em Amesterdão). Por muito difícil que seja, um clube como o Benfica tem sempre uma possibilidade de ser Campeão Europeu por muito pequena que seja essa probabilidade. Tem é de fazer por isso e não esbanjar a grandeza do Clube em negócios mal-parados não percebendo a incrível potencialidade do Clube. E aqui estão incluídos os Benfiquistas. Se os responsáveis pelo Benfica minimizarem os erros e maximizarem o potencial de um clube que a nível nacional é o mais popular da UEFA o sonho fica mais perto. O que tem acontecido é o Benfica preocupar-se demasiado com o FC Porto (e "ridiculamente" até com o Sporting CP). E faz-me confusão! Se fosse há 20/30/40 anos percebia. Pinto da Costa não tinha 81 anos como vai ter em 28 de Dezembro de 2018. Agora...a caminhar pela segunda década do século XXI o Benfica andar a dar "balões de oxigénio" ao portismo?! Inconcebível. O Benfica tem de concentrar-se no que vai ser importante na terceira década do século XXI: Não descolar dos seus pares europeus. O resto é falta de visão. Mas para isso há muitos oftalmologistas! Claro que num clube com menores recursos tudo tem de ser gerido de modo a não desperdiçar ou desperdiçar menos. Também é assim com cada um de nós. Com os Seres Humanos. Quem não é rico não pode desperdiçar o que os que têm mais esbanjam. E como todos nós sabemos, se as diferenças forem aceitáveis - como são do Benfica para os maiores orçamentos - por vezes quem tem menos, por saber ser mais criterioso a gastar, até consegue fazer mais. É difícil? É! É impossível? Não é! Se souber ser...BENFICA (e ter visão/cultura Benfiquista)!   

Para quem pensa que «aquilo» foram só facilidades
Quando a Taça dos Clubes Campeões Europeus teve início "ninguém dava um tostão" pelos clubes portugueses. A aferição era feita através das selecções nacionais de cada país e o histórico de Portugal era calamitoso em derrotas por goleada com grande parte dos países, com destaque para duas ainda recentes: 0-10 no Estádio Nacional, em 25 de Maio de 1947, frente a Inglaterra; e 1-9, em Viena, com a Áustria, no apuramento para o Mundial de 1954 (fase final na Suíça) em 27 Setembro de 1953. Já se escreveu neste blogue acerca deste assunto, em 6 de Novembro de 2017: A Vitória Que Espantou a Europa, para assinalar os 57 anos de uma vitória impossível (clicar). Depois com as sucessivas edições da Taça dos Clubes Campeões Europeus percebeu-se que mesmo frente a clubes limitados (depois de eliminarem o campeão português não iam "longe" na competição) os campeões em Portugal eram de fraco nível frente aos melhores emblemas europeus.

Edição
1/16
1/8 *
1/4
1/2
Final
55/56

----------------------------
Sporting CP
KF Partizan (JUG)
C/F     E 3-3 / D 2-5
Real Madrid CF (ESP)
KF Partizan
C/F     V 4-0 / D 0-3
Real Madrid CF
AC Milan (ITÁ)
C/F     V 4-2 / D 1-2
Real Madrid CF
Stade Reims (FRA)
Paris     V 4-3
56/57
FC Porto
Athletic Club (ESP)
C/F     D 1-2/ D 2-3
Athletic Club
Honvéd SE (HUN)
C/F   V 3-2 / E 3-3
Athletic Club
Man. Utd FC (ING)
C/F   V 5-3 / D 0-3
Manchester Utd FC
Real Madrid CF (ESP)
C/F   V 3-1 / E 2-2
Real Madrid CF
ACF Fiorentina (ITÁ)
Madrid     V 2-0
57/58
Sevilha FC (ESP)
SL BENFICA
F/C     D 1-3/ E 0-0
Sevilha FC
AGF Aarhus (DIN)
C/F    V 4-0/ D 0-2
Real Madrid CF (ESP)
Sevilha FC
C/F     V 8-0 / E 2-2
Real Madrid CF
Vasas SC (HUN)
C/F     V 4-0 / D 0-2
Real Madrid CF
AC Milan (ITÁ)
Bruxelas    V 3-2
58/59
DOS Amesterdão (HOL)
Sporting CP
F/C     V 4-3/ V 2-1
Sporting CP
Standard Liége (BÉL)
C/F     D 2-3 / D 0-3
R. Standard Liége
Stade Reims (FRA)
C/F     V 2-0 / D 0-3
BSC Young Boys (SUÍ)
Stade Reims
C/F     V 1-0/ D 0-3
Real Madrid CF
Stade Reims
Estugarda    V 2-0

59/60
FK Inter Bratis. (CHE)
FC Porto

F/C    D 1-2/  D 0-2
Rangers FC (ESC)
FK Inter Bratislava

C/F   V 4-3/  E 1-1
Sparta Roterdão (HOL)
Rangers FC
C/F     D 2-3 / V 1-0
Londres (3.º jogo) D 3-2
Eintracht Fran. (RFA)
Rangers FC

C/F      V 6-1 /  v 6-3
Real Madrid CF
Eintracht Francoforte

Glasgow   V 7-3
 NOTA: * O Sporting CP foi 3.º classificado no campeonato português em 1954/55 e o KF Partizan foi 5.º classificado no campeonato jugoslavo dessa mesma temporada

Quando o Benfica iniciou a edição 1960/61
Em Portugal (e no Mundo) ninguém acreditava que fosse possível sequer ultrapassar a primeira eliminatória da Taça dos Clubes Campeões Europeus (TCCE) face ao campeão escocês (Heart Midlothian FC) pois os clubes da Escócia tinham resultados sem comparação, em termos de capacidade, face aos conseguidos pelos clubes portugueses. Em 1959/60, temporada anterior, o Rangers FC chegou aos quartos-de-final. Em 1958/59, o Heart Midlothian FC foi eliminado pelo Royal Standard Liége que venceria duas vezes o Sporting CP na eliminatória seguinte. Em 1957/58, o Rangers FC caíra perante o finalista AC Milan. Em 1956/57, o Rangers FC foi eliminado, só ao 3.º jogo, pelo OGC Nice que seria afastado pelo Campeão Europeu, Real Madrid CF. Em 1955/56, o Hibernian FC só foi afastado nas meias-finais pelo poderoso Stade Reims que deu uma réplica notável, na primeira final da TCCE, ao Real Madrid CF. Os clubes escoceses eram incomparavelmente melhores que os portugueses. Pois o Benfica eliminou o campeão da Escócia, depois os invencíveis húngaros, a seguir os dinamarqueses e finalmente os inatingíveis austríacos (ainda com alguns futebolistas dos 9-1) para conquistar a Primeira frente ao FC Barcelona desejoso de reduzir para 1-5 os troféus face ao Real Madrid CF. Ah! A Primeira foi com sorte. Em 1961/62, foram mais uma série de "adversários impossíveis": o campeão austríaco (outra vez), o campeão alemão (Portugal nunca tinha vencido a Alemanha) e o campeão inglês (com o 0-10 ainda a "pairar"). Depois foi a única final da TCCE que opôs os únicos dois campeões europeus existentes. Uma curiosidade impossível de repetir. E o Benfica fez o impossível. Outra vez. Venceu o Pentacampeão Europeu. Para o Benfica, no Futebol, nunca haverá impossíveis. Só na cabeça de alguns que não percebem o potencial do "Glorioso" (na simbiose Clube e simpatizantes). É preciso acreditar e criar condições para aproveitar os momentos maus que todos os clubes têm. Os colossos europeus também já tiveram "Gondomares" em suas casas! E "Aris salonicenses"! E "Celtas" de goleada. Todos já passaram por isso! E vão continuar a ter. E vão continuar a passar. Quando menos se espera...

Acredita (e faz o que deve ser feito para facilitar) Benfica!

Alberto Miguéns



3 comentários
  1. Muito bem. O sonho Europeu até pode ser sonhado acordado. Já lá estivemos em 9 finais!!!
    ACREDITA BENFICA!!!

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  2. Sinceramente, o que gostaria é que o Benfica em abril de 2019 estivesse ainda nas competições europeias.

    A Liga dos Campeões é de facto muito importante, mas há que ser realista. Neste momento, a nossa equipa tem qualidade para chegar aos oitavos-de-final. Quanto muito, uns quartos-de-final. Mas, meias e até final, falta muito. Precisamos de manter durante mais tempo os melhores talentos. Acho pouco provável que consigamos esta temporada.

    Prefiro que se ganhe os jogos possíveis na Liga dos Campeões, porque o dinheiro e prestígio do nosso clube assim o exige, mas que compitamos depois na Liga Europa, na 2ª fase da temporada, porque quero que o Benfica realmente chegue a finais e não fique pelos oitavos ou quartos da Champions.

    Temos de por os olhos em equipas como o Atlético de Madrid e o Sevilla, que também passaram por enorme calvário na década de 90 e 2000, mas que depois souberam usar muito bem a boleia da taça UEFA/Liga Europa para voltarem à elite do futebol europeu e mundial.

    Entre, uns oitavos da Champions e uma final da Liga Europa, prefiro a segunda, apesar de saber que poderei perder dinheiro.

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  3. Este é um bom mote para uma candidatura a presidente do nosso clube.

    Que venha esse "Felix Bermudes", esse "Bogalho, que se juntem a um "Gutman" ou a um "Eriksonn", comandantes de Eusebios, Aguas, Simoes e Colunas.

    Eu acredito, mas as alternativas que já se perfilaram todos juntos não têm estofo para essa empreitada.

    Eu aguardo por uma figura com carisma e capacidade de liderança que junte a arte ao engenho e mude o paradigma actual. As bases estão lançadas.

    Se um fraco rei faz fraca a forte gente também existem os que se vão da lei da morte libertando por obras valerosas.

    Viva o Benfica!

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