Onde estão bem descritos os procedimentos do "Glorioso". Não faz sentido o seu incumprimento. Se há que fazer alterações que seja convocada uma Assembleia Geral como é procedimento quando são alterados/refeitos os Estatutos. O Benfica tem Estatutos desde 1912 (antes havia normas manuscritas) e Regulamento Geral desde 1941. O Regulamento Geral não é mais que definir com pormenor (na prática) os artigos dos Estatutos que são mais teóricos.
Sou inflexível na questão de dois símbolos: nome/sigla e emblema pois são o rosto do Clube. Podem ser redesenhados, mas não podem ser descaracterizados, nem perder o significado que tinham originalmente. É trair os fundadores e pioneiros. Por mais de uma vez já se insurgi, neste blogue, contra o actual emblema que não está de acordo com o Regulamento Geral. O último foi aprovado em assembleia geral com início em 19 de Fevereiro de 1968. Hoje não vou voltar ao assunto. Reservo o texto de hoje para o outro dos três símbolos: o equipamento.
Cores vermelho/branco para o escudo do emblema e para os equipamentos, com o vermelho na camisola e branco nos calções. As meias eram pretas como as de todos os clubes que existiam, o que não é de estranhar pois fossem de que cor fossem no final dos jogos estavam pretas, tal a lama e pó de terra batida que eram o piso dos campos no final do século XIX e início do século XX.
O vermelho/branco foram alvo de estudo aprofundado e longa maturação. Segundo os fundadores foram três os motivos, um mais simbólico e dois mais práticos, dois mais "internos" e um mais exterior:
1. São cores que simbolizam a alegria, garrido e vivacidade;
2. Permitem fixar com mais facilidade na retina dos futebolistas, no campo em pleno jogo, onde está um colega;
3. Tornam-se atractivos para os espectadores - até transeuntes - se nos lembrarmos que o "Glorioso" jogava em terrenos públicos, nas Terras do Desembargador, às Salésias, onde se cruzavam pessoas em passeios dominicais. Mesmo ao longe quem não repararia em «Onze Gloriosos» num vermelho em movimento!
Entre 1904/05 e 1942/43 foram episódicos os jogos (três: 1924, 1929 e 1931) em que o Benfica teve que improvisar um "equipamento alternativo". Mas com a promoção do SC Salgueiros ao campeonato nacional, em 1943/44, o "Glorioso" foi obrigado a adquirir um equipamento alternativo que duraria décadas: camisola branca com vivos encarnados nas mangas e gola encarnada com "atilhos"; calções brancos; e meias pretas. Este equipamento foi estreado em 6 de Fevereiro de 1944, na 11.ª jornada, na recepção ao SC Salgueiros. Os calções (brancos) e as meias (pretas) eram comuns ao "Equipamento" e à alternativa ao "Equipamento".
Depois, finalmente, as meias vermelhas, em 14 de Janeiro de 1945. Mais uma vez frente ao SC Salgueiros, em 1944/45, na 8.ª jornada (V 11-3) na recepção ao popular clube portuense, no Campo Grande.
Este equipamento ou melhor, este modelo (ainda utilizado em final dos Anos 50):
A grande mudança que tornaria o equipamento "definitivo" foi em 20 de Janeiro de 1946, na 7.ª jornada do campeonato nacional, no recinto do Sporting CP, frente a este clube, quando o Benfica trocou as meias pretas (que vinham de 1904) pelas meias vermelhas (utilizadas com o equipamento branco desde 14 de Janeiro de 1945). Eis uma foto desse jogo e do jogo anterior (13 de Janeiro de 1946) em que o Benfica utilizou calção vermelho com a camisola branca utilizando meias vermelhas. A variante (calção vermelho em vez de branco) no "alternativo".
Ao contrário do nome/sigla e emblema aceito que o Benfica possa ter três equipamentos, sendo dois alternativos ao EQUIPAMENTO (camisola vermelha, calção branco e meias vermelhas). Mas deveriam ser os associados a decidir. Tal como é necessário rever os Estatutos também há que rever o Regulamento Geral.
E a utilização dos "NÃO EQUIPAMENTOS" devia estar regulamentada. Para jogos em competições oficiais o equipamento devia sempre o vermelho/branco/vermelhas ou branco/branco ou vermelho/brancas ou vermelhas.
O "terceiro" (que muda de temporada para temporada) devia estar reservado para jogos particulares, principalmente para os da pré-época. Aliás o período onde são novidade (por isso mais vendáveis) e não me afectam a retina como nos jogos "a doer". Excepto se o jogo for o Dérbi ou um Clássico ou uma final de troféu/torneio. Neste caso é como se fosse uma competição oficial. Para evitar situações destas:
Mesmo assim há cores que deviam ser banidas: cinzento, castanho e tons em esverdeado e azulado. Nem é necessário justificar.
Se o cinzento (da camisola às meias) já é mau então as meias brancas com camisola cinzenta e calção cinzento escuro são horríveis. Arrepiam.
Veja-se a diferença (Renato sanches não entra nestas "contas") entre um jogo com o CS Marítimo em 2015/16 e o de 2017/18:
Em termos de normas estatutárias houve sempre a preocupação de explicar o significado global do emblema omitindo o equipamento. Em 1941 foi incluído o equipamento (ainda antes da necessidade de ter um "alternativo" para usar com outros clubes que equipassem com camisola vermelha).
Depois seguem-se os "Estatutos mais modernos" que remetiam para o Regulamento Geral (aprovado, em 1968, com as especificações e pormenores)
Até que chegaram os Estatutos actuais que deram uma "machadada" em muita da tradição e coerência que vinha do passado, mesmo recente.
Termino com uma fase de Justino Pinheiro Machado (dirigente do Benfica, Águia de Ouro em 12 de Outubro de 1976 e presidente da FPF, entre 1963 e 1966): «Se os outros clubes não levassem muito dinheiro nós até devíamos pagar-lhes para jogarmos sempre de encarnado!»
Alberto Miguéns
NOTA (ÀS 12:47 como comentário aos comentários): Não está em causa as mudanças. O que está em questão é não serem os associados a assumi-las. Os sócios até têm poder para alterar o nome do Clube, tal como qualquer dos símbolos. Por maioria podem fazê-lo. O que não é correcto é alguém decidir fazer alterações que estão relacionadas com os pilares fundamentais do Benfica e do Benfiquismo à revelia dos seus associados. Eu (e qualquer um de nós) até podemos ter opiniões contrárias à maioria dos associados. Estes - a maioria - é que têm poder para mudar o que os associados no passado decidiram, muitas vezes, modicando o que outros anteriormente haviam decidido. Chama-se evolução na continuidade. Modernização.
NOTA (FORA DO TEXTO): Não temos que receber lições do Sporting CP que consegue ter três equipamentos. Se eles podem ter três equipamentos em cada temporada, nós temos de poder "muito mais".
Estou completamente de acordo consigo quanto á inflexibilidade sobre o nome/sigla e sobre o emblema.
ResponderEliminarTambém eu lamento que não se possa finalmente fazer cumprir os estatutos cuja leitura torna claras as suas ilegalidades. Não é uma questão de ser preciosista com detalhes estéticos mas antes ser rigoroso com detalhes que têm um significado preciso e que foram definidos pelos nossos fundadores. Devemos-lhes esse rigor.
Em relação aos equipamentos para mim seria simples. O SLB deveria ter quatro equipamentos:
1 - principal com camisola e meias vermelhas e calção branco
2 - alternativo 1 com camisola, meias e calção branco
3 - alternativo 2 com camisola branca, meias e calção vermelhos
4 - alternativo 3 com camisola, meias e calção pretos
Este último alternativo poderá não ter tradição antiga no Clube mas em anos recentes sempre que o tivemos achei que resultou muito bem. É o máximo de concessão estética que aguento ver.
De resto, façam golas redondas, em bico, com golas grandes ou pequenas, etc. Façam uma vivos/listas mas evitem repetir desastres. Não consigo esquecer alguns particularmente horrorosos, indignos de ser usados pelo nosso Clube, independentemente de algum gosto mais ou menos diplomado do(s) criativo(s) que esteve (estiveram) na sua concepção. Lembro-me de um cor de rosa, de um azul (o vergonhoso "azul à Benfica" de Vale e Azevedo) e infelizmente o actual que parece cor de betão armado.
Aliás este último é particularmente desastroso pois tem o bónus de apresentar um emblema com requintes de ilegalidade dado ser monocromático ou bicromático ou lá como o queiram catalogar. E sim, até do ponto de vista de contraste visual é desastroso, conforme o Alberto apontou. É feio, é ilegal, é indigno de ser usado por atletas do Sport Lisboa e Benfica.
Por isso é que tenho dito que andamos a jogar de gabardine....contra os regulamentos.
ResponderEliminarViva o Benfica!
Pessoalmente, gosto do equipamento. Os problemas do Benfica são outros e bem mais profundos.
ResponderEliminarPara além do teu mau gosto, a que tens todo o direito (gostos, não se discutem), concordas então, que no Glorioso, NÃO se cumpram os Estatutos e o Regulamento??!!
EliminarViva o Benfica!
Concordo parcialmente. Os tempos mudam e há que haver novas estratégias, novas abordagens sem constrangimentos. Penso que a comunicação visual é bastante importante, os estatutos são importantes mas não podem ser estanques, têm de ser adaptados aos tempos que correm e não ficar presos a tempos passados. A evolução é positiva. Concordo que o equipamento principal e secundário devem ser os de sempre mas acho que tem de haver espaço para modernizar dentro de uma certa contenção e elegância. Não me choca nada ver emblemas de clubes em versões monocromáticas. Não me chocaria ver o símbolo do nosso clube redesenhado, mantendo toda a simbologia e formas gráficas, principalmente o desenho da águia que é fraco. Alguém consegue dizer que a águia está bem desenhada? Estou certo que não. Nas imagens mostradas neste artigo vê-mos que o nosso emblema não foi sempre o mesmo, houve alguma evolução. Gostava que evoluísse novamente (mais uma vez a águia precisa de mudar para não parecer um frango com asas de milhafre). Actualmente o que mais me choca no nosso equipamento é a obrigatoriedade de usar o tipo de letra nos números imposto pela liga ou federação ou por quem quer que seja. O tipo de letra é fraquíssimo, muito mal desenhado, com espaços entre letras completamente errados. A tipografia é, no ramo do design de comunicação, um elemento importantíssimo e a escolha deste não deve ser entregue a amadores como me parece ser o caso. Penso que mais nenhuma liga obriga as equipas a usarem um tipo de letra "oficial". Se olharmos para outras ligas percebemos que os tipos de letra usados pelas equipas são estudados para de uma forma responsável e de acordo com o layout de cada equipamento, por norma decididos pelas marcas que tem gabinetes de design bastante mais competentes que qualquer federação. Está obrigatoriedade portuguesa irrita-me profundamente.
ResponderEliminarO equipamento é dum mau gosto tremendo. Concordo com o artigo todo.
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