COMPLETAM-SE HOJE 107 ANOS DA SUA ESTREIA COM O
"MANTO SAGRADO". A SUPREMA GLÓRIA DE ÁLVARO GASPAR.
O franzino, mas irrequieto, Álvaro Gaspar há muito que debutara no
Grupo Infantil, 4.ª, 3.ª e 2.ª categoria até que chegou o dia - 25 de Setembro
de 1910 - em que Cosme Damião o escolheu para fazer parte do Glorioso Onze que
"abriu" a temporada de 1910/11 - a primeira a ser organizada pela
Associação Futebol de Lisboa, fundada em 23 de Setembro de 1910.
Neste blogue já se evocou várias vezes - 21 directamente e muito
mais em referências concretas - até com mais acuidade Álvaro Gaspar aquando do
Centenário da sua morte, em 3 de Setembro de 2015. O primeiro texto acerca dele,
data de 25 de Fevereiro de 2014 (clicar em Um Golo à
Álvaro Gaspar) e os textos acerca do funesto centenário podem ser considerados
três: 4 de Setembro de 2014 (clicar em O Funeral
de Álvaro Gaspar), 5 de Setembro de 2014 (clicar em O Legado de
Álvaro Gaspar) e 3 de Setembro de 2015 (clicar em Morria o
Chacha Nascia o Benfiquismo). Não vamos repetir. Quem quiser tem os textos
entretanto publicados para poder ler.
O Dérbi
O texto da estreia na primeira categoria - em 23 de Setembro de
1910 - foi publicado neste blogue em 29 de Abril de 2014 (clicar em A Titularidade de Álvaro Gaspar). Acrescentamos
hoje o enquadramento esse jogo não na sua história pessoal, mas na Gloriosa
História.
OS PRIMEIROS 10 DÉRBIES DE LISBOA
Jogo
N.º
|
Época
|
Comp
|
Sit
|
V
|
E
|
D
|
01
|
1907/08
|
LFA
|
N
|
1-2
|
||
02
|
LFA
|
F
|
1-2
|
|||
03
|
Par
|
F
|
1-1
|
|||
04
|
1908/09
|
LPF
|
C
|
2-0
|
||
05
|
LPF
|
F
|
2-1
|
|||
06
|
1909/10
|
LPF
|
C
|
2-0
|
||
07
|
LPF
|
F
|
4-0
|
|||
08
|
1910/11
|
Par
|
F
|
4-5
|
||
09
|
AFL
|
F
|
5-1
|
|||
10
|
Par *
|
N
|
1-1
|
|||
s/n
|
AFL
|
C
|
FC
|
NOTAS: LFA - Liga
de Football Association que se considera organizou os dois primeiros
campeonatos de Lisboa; LPF - Liga
Portugueza de Futebol que se considera organizou o 3.º e 4.º campeonatos
regionais; AFL - A Associação de Futebol
de Lisboa passou a organizar o 5.º e restantes campeonatos regionais,
depois de 1946/47 denominados distritais. Par * - Aquela que seria a jornada da
segunda volta foi interrompida por invasão de campo. A Direcção da AFL decidiu
repetir ao jogo em 18 de Junho de 1911 mas o Sporting CP não compareceu. O
Internacional (CIF) sagrou-se campeão regional (22 pontos) com o
"Glorioso" em segundo (20 pontos) e o Sporting CP em terceiro (14
pontos)
OS ONZE MARCADORES DOS PRIMEIROS 17 GOLOS AO SPORTING CP
Futebolista
|
Totais
(17)
|
Casa
(4)
|
Fora
(12)
|
Neutro
(1)
|
Artur José Pereira
|
5
|
1
|
4
|
|
Eduardo Corga
|
2
|
1
|
1
|
|
António Meireles
|
2
|
2
|
||
Cosme Damião
|
1
|
1
|
||
David José Fonseca
|
1
|
1
|
||
Leopoldo Mocho
|
1
|
1
|
||
Henrique Costa
|
1
|
1
|
||
Álvaro Corga
|
1
|
1
|
||
Luís Vieira
|
1
|
1
|
||
Álvaro Gaspar
|
1
|
1
|
||
Alberto Rio
|
1
|
1
|
A escolha para o início de 1910/11
Cosme Damião aproveitou o jogo particular para perceber se podia
rejuvenescer o plantel face ao Sporting CP que sendo um clube emergente ainda
era inferior ao Internacional, como a época provaria. O SLB era campeão
regional (1909/10) em título. O CIF seria o campeão em 2010/11. O jogo não
correu bem (derrota) mas o "Glorioso" estaria depois treze dérbis
invicto, com nove vitórias (quatro consecutivas) e quatro empates, marcando 33
golos para nove golos sofridos: seis sem sofrer golos, cinco a sofrer um golo e
dois a permitir ao SCP marcar dois golos, num resultado a dobrar de 3-2 e 2-2.
A morte prematura do futebolista
Quando muito se esperava da Glória Álvaro Gaspar com a sua «finta em drible» que para os adversários era uma chachada mas resultava quase sempre para gáudio dos Benfiquistas. A doença imparável derrotou-o em pouco tempo, no auge do seu poder físico e portento técnico.
Sem condições para jogar foram organizados dois encontros para angariar dinheiro destinado a possibilitar melhores condições para que tivesse uma morte com menos sofrimento |
A
continuação do Dérbi
Depois de Álvaro Gaspar que jogaria - contabilizando apenas
encontros entre as primeiras categorias - oito «Dérbies de Lisboa» marcando
três golos, entre os 53 jogos e os 36 golos com que honrou, em 4770 minutos, o "Manto
Sagrado" muito jogo se fez. Tantos que não houve época, desde 1906/1907, com
menos de dois. E em 1936/1937 foram mesmo dez encontros: dois para o campeonato
da I Liga (depois equiparado a campeonato nacional), dois para a Taça de
Portugal (então como o nome de Campeonato de Portugal), dois para o campeonato
regional de Lisboa, três para torneios (um deles oficial organizado pela AFL) e
um jogo particular, com cinco vitórias, três derrotas e um empate, com vinte
golos marcados e 18 golos marcados. Nestes "Dérbies de Lisboa" há
sempre curiosidades. Foi ao 4.º jogo desta dezena que se estreou o treinador
Lipo Hertzcka - substituindo Vítor Gonçalves - na...derrota, por 0-5, para o
campeonato regional de Lisboa.
OS ÚLTIMOS 13 DÉRBIES DE LISBOA
Jogo
N.º
|
Época
|
Comp
|
Sit
|
V
|
E
|
D
|
414
|
2013/14
|
THL
|
N *
|
1-2
|
||
415
|
CNI
|
F
|
1-1
|
|||
416
|
TP
|
C
|
4-3
|
|||
417
|
CNI
|
C
|
2-0
|
|||
418
|
2014/15
|
THL
|
N **
|
0-1
|
||
419
|
CNI
|
C
|
1-1
|
|||
420
|
CNI
|
F
|
1-1
|
|||
421
|
2015/16
|
ST
|
N
|
0-1
|
||
422
|
CNI
|
C
|
0-3
|
|||
423
|
TP
|
F
|
1-2
|
|||
424
|
CNI
|
F
|
1-0
|
|||
425
|
2016/17
|
CNI
|
C
|
2-1
|
||
426
|
CNI
|
F
|
1-1
|
NOTAS: THL - Taça
de Honra de Lisboa organizada pela AFL (Associação de Futebol de Lisboa);
CNI - Campeonato da I Liga/Nacional da I
Divisão organizado pela FPF (Federação Portuguesa de Futebol) e depois pela
LPFP (Liga Portuguesa de Futebol Profissional); TP - Campeonato de Portugal/Taça de Portugal organizada pela FPF; ST - Supertaça Portuguesa/Supertaça
"Cândido de Oliveira" organizadas as duas iniciais pelos clubes
que as disputaram e a partir da terceira (1981/82) pela FPF dando-lhe o nome do
«Mestre» Cândido de Oliveira; N * - Estádio
António Coimbra da Mota (do GD Estoril Praia); N ** - Estádio do Restelo (do CF "Os Belenenses")
OS 18 MELHORES MARCADORES DOS 712 GOLOS AO SPORTING CP
Futebolista
|
Totais
(712)
|
Casa
(322)
|
Fora
(259)
|
Neutro
(131)
|
Eusébio
|
35
|
17
|
7
|
11
|
Valadas
|
26
|
11
|
11
|
4
|
Néné
|
22
|
10
|
8
|
4
|
Guilherme Espírito Santo
|
21
|
11
|
5
|
5
|
Arsénio
|
20
|
9
|
2
|
9
|
José Águas
|
20
|
8
|
8
|
4
|
Vítor Silva
|
19
|
7
|
6
|
6
|
Julinho
|
17
|
8
|
6
|
3
|
Rogério Carvalho
|
17
|
7
|
5
|
5
|
José Torres
|
17
|
7
|
1
|
9
|
Artur José Pereira
|
13
|
3
|
10
|
-
|
Cardozo
|
13
|
7
|
6
|
-
|
Rogério Sousa
|
12
|
6
|
5
|
1
|
Joaquim Teixeira
|
11
|
8
|
3
|
-
|
Jesus Crespo
|
10
|
6
|
3
|
1
|
Mário Carvalho
|
10
|
4
|
6
|
-
|
Francisco Rodrigues
|
10
|
3
|
7
|
-
|
José Augusto
|
10
|
4
|
3
|
3
|
Este blogue
com a autorização do proprietário do ossário
Vai conseguindo revalorizar o conhecimento desta Glória do Benfica.
Foi a Glória que estreou o Quarto Anel, o primeiro associado do
"Glorioso" que deixou de o ser involuntariamente (por morte) e, provavelmente, o segundo Benfiquista
a reservar um cantinho no Quarto Anel.
Até Sempre, «Chacha»
Alberto Miguéns
Falar de Álvaro Gaspar é sempre especial. O Chacha foi um virtuoso da bola, foi a alegria do povo, foi um pequeno campeão, foi um fintador frenético que desde o tempo das Salésias foi admirado por companheiros e adversários, dentro e fora de Portugal.
ResponderEliminarTrágicamente, parece que com ele se cumpriu aquele ditado que Deus leva primeiro os melhores. A morte ceifou-o na juventude, na plena glória, depois da progressão vertiginosa de um doença que nesse tempo matou tantos outros homens e mulheres, a maioria anónimos, mas também figuras notáveis das Artes e do desporto. Terrível.
O Alberto adiciona mais um capítulo de uma carinhosa homenagem, mais um gesto que o coloca na linha de António Ribeiro dos Reis. O Alberto foi descobrir e recuperar um túmulo que estava anónimo, perdido para o Benfiquismo. Foi recuperar uma frase de Ribeiro dos Reis que é em sí é uma das mais belas evocações do Chacha. Uma evocação sincera porque Ribeiro dos Reis viu o Chacha jogar ao lado de Cosme Damião e restantes companheiros. Na sua meninice o Chacha ajudou-o a ser feliz, a ser Benfiquista.
Um obrigado e um bem-hája ao Alberto por este enorme gesto de Benfiquista e de reconhecimento a um frágil jovem que tanto fez pelo Benfiquismo.
107 anos da estreia do Chacha. Que viva o Chacha, para sempre jovem, para sempre uma das imagens mais nobres e valorosas do Benfiquismo!