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25 setembro 2017

Estreia do "Chacha"

25 setembro 2017 1 Comentários
COMPLETAM-SE HOJE 107 ANOS DA SUA ESTREIA COM O "MANTO SAGRADO". A SUPREMA GLÓRIA DE ÁLVARO GASPAR.


O franzino, mas irrequieto, Álvaro Gaspar há muito que debutara no Grupo Infantil, 4.ª, 3.ª e 2.ª categoria até que chegou o dia - 25 de Setembro de 1910 - em que Cosme Damião o escolheu para fazer parte do Glorioso Onze que "abriu" a temporada de 1910/11 - a primeira a ser organizada pela Associação Futebol de Lisboa, fundada em 23 de Setembro de 1910.  


O "Chacha"
Neste blogue já se evocou várias vezes - 21 directamente e muito mais em referências concretas - até com mais acuidade Álvaro Gaspar aquando do Centenário da sua morte, em 3 de Setembro de 2015. O primeiro texto acerca dele, data de 25 de Fevereiro de 2014 (clicar em Um Golo à Álvaro Gaspar) e os textos acerca do funesto centenário podem ser considerados três: 4 de Setembro de 2014 (clicar em O Funeral de Álvaro Gaspar), 5 de Setembro de 2014 (clicar em O Legado de Álvaro Gaspar) e 3 de Setembro de 2015 (clicar em Morria o Chacha Nascia o Benfiquismo). Não vamos repetir. Quem quiser tem os textos entretanto publicados para poder ler.



O Dérbi
O texto da estreia na primeira categoria - em 23 de Setembro de 1910 - foi publicado neste blogue em 29 de Abril de 2014 (clicar em A Titularidade de Álvaro Gaspar). Acrescentamos hoje o enquadramento esse jogo não na sua história pessoal, mas na Gloriosa História.

      OS PRIMEIROS 10 DÉRBIES DE LISBOA
Jogo
N.º
Época
Comp
Sit
V
E
D
01

1907/08
LFA
N

1-2
02
LFA
F

1-2
03
Par
F

1-1

04
1908/09
LPF
C
2-0


05
LPF
F
2-1


06
1909/10
LPF
C
2-0


07
LPF
F
4-0


08
1910/11
Par
F


4-5
09
AFL
F
5-1

10
Par *
N

1-1
s/n
AFL
C
FC

NOTAS: LFA - Liga de Football Association que se considera organizou os dois primeiros campeonatos de Lisboa; LPF - Liga Portugueza de Futebol que se considera organizou o 3.º e 4.º campeonatos regionais; AFL - A Associação de Futebol de Lisboa passou a organizar o 5.º e restantes campeonatos regionais, depois de 1946/47 denominados distritais. Par * - Aquela que seria a jornada da segunda volta foi interrompida por invasão de campo. A Direcção da AFL decidiu repetir ao jogo em 18 de Junho de 1911 mas o Sporting CP não compareceu. O Internacional (CIF) sagrou-se campeão regional (22 pontos) com o "Glorioso" em segundo (20 pontos) e o Sporting CP em terceiro (14 pontos)

OS ONZE MARCADORES DOS PRIMEIROS 17 GOLOS AO SPORTING CP
Futebolista
Totais
(17)
Casa
(4)
Fora
(12)
Neutro
(1)
Artur José Pereira
5
1
4

Eduardo Corga
2

1
1
António Meireles
2

2

Cosme Damião
1
1


David José Fonseca
1
1


Leopoldo Mocho
1

1

Henrique Costa
1
1


Álvaro Corga
1

1

Luís Vieira
1

1

Álvaro Gaspar
1

1

Alberto Rio
1

1



A 2.ª categoria do Benfica em 1910/11. De cima para baixo. Da esquerda para a direita. Raul Nascimento, Francisco Pereira, Álvaro Vivaldo, Jorge Rosa Rodrigues, Romualdo Bogalho e Carlos Costa; Virgílio Valente, João Martins Reis, Álvaro Gaspar, Rogério Peres e Alberto Rio. História do Sport Lisboa e Benfica (1904/1954); I Volume; página 155; Mário de Oliveira e Rebelo da Silva; Lisboa; edição dos autores; obra em 24 fascículos; 1954 a 1956
Na primeira categoria do SLB, no início da temporada de 1910/11, a vermelho os cinco dos futebolistas da 2.ª categoria em 1909/10. No Sporting CP com * o escultor Francisco Santos que jogou no «Glorioso» em 1905/06 e 1906/07 (2.ª categoria) e um jogo na primeira, em 1906/07 

A escolha para o início de 1910/11
Cosme Damião aproveitou o jogo particular para perceber se podia rejuvenescer o plantel face ao Sporting CP que sendo um clube emergente ainda era inferior ao Internacional, como a época provaria. O SLB era campeão regional (1909/10) em título. O CIF seria o campeão em 2010/11. O jogo não correu bem (derrota) mas o "Glorioso" estaria depois treze dérbis invicto, com nove vitórias (quatro consecutivas) e quatro empates, marcando 33 golos para nove golos sofridos: seis sem sofrer golos, cinco a sofrer um golo e dois a permitir ao SCP marcar dois golos, num resultado a dobrar de 3-2 e 2-2.




A morte prematura do futebolista
Quando muito se esperava da Glória Álvaro Gaspar com a sua «finta em drible» que para os adversários era uma chachada mas resultava quase sempre para gáudio dos Benfiquistas. A doença imparável derrotou-o em pouco tempo, no auge do seu poder físico e portento técnico.


Sem condições para jogar foram organizados dois encontros para angariar dinheiro destinado a possibilitar melhores condições para que tivesse uma morte com menos sofrimento

A continuação do Dérbi
Depois de Álvaro Gaspar que jogaria - contabilizando apenas encontros entre as primeiras categorias - oito «Dérbies de Lisboa» marcando três golos, entre os 53 jogos e os 36 golos com que honrou, em 4770 minutos, o "Manto Sagrado" muito jogo se fez. Tantos que não houve época, desde 1906/1907, com menos de dois. E em 1936/1937 foram mesmo dez encontros: dois para o campeonato da I Liga (depois equiparado a campeonato nacional), dois para a Taça de Portugal (então como o nome de Campeonato de Portugal), dois para o campeonato regional de Lisboa, três para torneios (um deles oficial organizado pela AFL) e um jogo particular, com cinco vitórias, três derrotas e um empate, com vinte golos marcados e 18 golos marcados. Nestes "Dérbies de Lisboa" há sempre curiosidades. Foi ao 4.º jogo desta dezena que se estreou o treinador Lipo Hertzcka - substituindo Vítor Gonçalves - na...derrota, por 0-5, para o campeonato regional de Lisboa.

      OS ÚLTIMOS 13 DÉRBIES DE LISBOA
Jogo
N.º
Época
Comp
Sit
V
E
D
414

2013/14
THL
N *

1-2
415
CNI
F
1-1

416
TP
C
4-3


417
CNI
C
2-0

418
2014/15
THL
N **

0-1
419
CNI
C
1-1

420
CNI
F
1-1

421
2015/16
ST
N

0-1
422
CNI
C

0-3
423
TP
F

1-2
424
CNI
F
1-0


425
2016/17
CNI
C
2-1


426
CNI
F

1-1
NOTAS: THL - Taça de Honra de Lisboa organizada pela AFL (Associação de Futebol de Lisboa); CNI - Campeonato da I Liga/Nacional da I Divisão organizado pela FPF (Federação Portuguesa de Futebol) e depois pela LPFP (Liga Portuguesa de Futebol Profissional); TP - Campeonato de Portugal/Taça de Portugal organizada pela FPF; ST - Supertaça Portuguesa/Supertaça "Cândido de Oliveira" organizadas as duas iniciais pelos clubes que as disputaram e a partir da terceira (1981/82) pela FPF dando-lhe o nome do «Mestre» Cândido de Oliveira; N * - Estádio António Coimbra da Mota (do GD Estoril Praia); N ** - Estádio do Restelo (do CF "Os Belenenses")

OS 18 MELHORES MARCADORES DOS 712 GOLOS AO SPORTING CP
Futebolista
Totais
(712)
Casa
(322)
Fora
(259)
Neutro
(131)
 Eusébio
35
17
7
11
 Valadas
26
11
11
4
 Néné
22
10
8
4
 Guilherme Espírito Santo
21
11
5
5
 Arsénio
20
9
2
9
 José Águas
20
8
8
4
 Vítor Silva
19
7
6
6
 Julinho
17
8
6
3
 Rogério Carvalho
17
7
5
5
 José Torres
17
7
1
9
 Artur José Pereira
13
3
10
-
 Cardozo
13
7
6
-
 Rogério Sousa
12
6
5
1
 Joaquim Teixeira
11
8
3
-
 Jesus Crespo
10
6
3
1
 Mário Carvalho
10
4
6
-
 Francisco Rodrigues
10
3
7
-
 José Augusto
10
4
3
3


Este blogue com a autorização do proprietário do ossário
Vai conseguindo revalorizar o conhecimento desta Glória do Benfica. Foi a Glória que estreou o Quarto Anel, o primeiro associado do "Glorioso" que deixou de o ser involuntariamente (por morte) e, provavelmente, o segundo Benfiquista a reservar um cantinho no Quarto Anel.




Até Sempre, «Chacha»

Alberto Miguéns
1 comentários
  1. Falar de Álvaro Gaspar é sempre especial. O Chacha foi um virtuoso da bola, foi a alegria do povo, foi um pequeno campeão, foi um fintador frenético que desde o tempo das Salésias foi admirado por companheiros e adversários, dentro e fora de Portugal.

    Trágicamente, parece que com ele se cumpriu aquele ditado que Deus leva primeiro os melhores. A morte ceifou-o na juventude, na plena glória, depois da progressão vertiginosa de um doença que nesse tempo matou tantos outros homens e mulheres, a maioria anónimos, mas também figuras notáveis das Artes e do desporto. Terrível.

    O Alberto adiciona mais um capítulo de uma carinhosa homenagem, mais um gesto que o coloca na linha de António Ribeiro dos Reis. O Alberto foi descobrir e recuperar um túmulo que estava anónimo, perdido para o Benfiquismo. Foi recuperar uma frase de Ribeiro dos Reis que é em sí é uma das mais belas evocações do Chacha. Uma evocação sincera porque Ribeiro dos Reis viu o Chacha jogar ao lado de Cosme Damião e restantes companheiros. Na sua meninice o Chacha ajudou-o a ser feliz, a ser Benfiquista.

    Um obrigado e um bem-hája ao Alberto por este enorme gesto de Benfiquista e de reconhecimento a um frágil jovem que tanto fez pelo Benfiquismo.

    107 anos da estreia do Chacha. Que viva o Chacha, para sempre jovem, para sempre uma das imagens mais nobres e valorosas do Benfiquismo!

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