Álvaro Cunhal: Fotobiografia; página 109; Edições Avante!; Julho de 2013; Lisboa
NOTA: A Intersindical foi fundada em 1 de Outubro de 1970, por representantes de quatro sindicatos de Lisboa (metalúrgicos, lanifícios, bancários e caixeiros). Este Plenário de bancários no Pavilhão da Luz, é apontado como decisivo para a formação da Intersindical, seis meses depois. Desconhecia este facto histórico, mas não foi surpresa encontrar esta fotografia e respectiva legenda quando li o livro "Álvaro Cunhal: Fotobiografia" – das edições Avante!
Aquele que é considerado o principal sindicato (o dos bancários) dos quatro que fundaram a Intersindical, com dificuldade em que lhe cedessem um espaço para organizar o seu congresso, apenas encontrou no Benfica, e em Borges Coutinho, a compreensão para realizar a reunião no pavilhão do "Glorioso" (imagem acima). Estava-se mesmo a ver o Clube do Regime a ceder instalações para actividades anti-regime.
Carta que é considerada a origem da Intersindical |
A fotografia que inicia este texto não deixa margem para dúvidas. E que foi um dos quatro sindicatos que seis meses depois fundou a Intersindical também não (clicar).
Alberto Miguéns
NOTA: Tal como prometido ontem de manhã (adicionado ao texto de ontem ao final da tarde) por oposição aos Goebbels do FCP: «Uma mentira repetida mil vezes transforma-se em verdade»
Em 1928, o presidente da Direcção do FC Porto era o inefável fascista Abílio Urgel Horta (clicar). Nascido em 17 de Junho de 1896, em Felgar, uma freguesia em Torre de Moncorvo, cedo rumou para a cidade do Porto, onde se formou em Medicina. Aos 31 anos, sendo presidente do FCP e tendo feito amizades, com alguns dos militares que implantaram (28 de Maio de 1926) em Portugal, a Ditadura Nacional que estaria na origem, em 1933, do Estado Novo, consegue com uma “cunha de tamanho fascista” que o Presidente da República Óscar Carmona, Manuel Rodrigues Júnior (Ministro das Finanças) e José Alfredo Mendes de Magalhães (Ministro da Instrução Pública) assinem o Decreto-Lei que fez do FC Porto o pioneiro (e único clube durante 32 anos e seis meses) detentor do estatuto de Utilidade Pública. Este médico fascizóide regressaria à presidência da Direcção portista, entre 1951 e 1953, para “sacar do Poder Autoritário e Repressivo Português” o Estádio das Antas, inaugurado pomposamente em 28 de Maio de 1952, o Dia das Comemorações Fascistas, integrando a inauguração do estádio nas celebrações dos 26 anos da implantação do Regime. O médido fascizóide foi deputado da União Nacional, em diversas legislaturas, mostrando-se particularmente activo, na VI (1953-1957), VII (1957-1961) e VIII (1961-1965). Infelizmente, já não viu a Implantação da Democracia. Como ele, certamente, se indignaria com o poder actual do FC Porto, com este a conotar o Benfica com o Regime que sempre defendeu, e com o qual o seu clube (FC Porto) tanto beneficiou. Ingratidão “pintodacostista”.
O fascista Ângelo César Machado (clicar) nasceu em 4 de Março de 1900 numa pequena freguesia do distrito Viseu, concelho de Resende, denominada... Andrade. Andrade à nascença, Andrade e fascista toda uma vida. Ângelo César cruzou-se com Salazar (nascido no Vimieiro... Viseu, em 1889) na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde Salazar foi seu professor. Estabeleceu-se entre eles uma grande amizade – formou-se em 1924 – com ambos a integrarem o Centro Católico. O fascista Ângelo César esteve na fundação da Milícia Lusitana em 1927, que depois integrou a “Liga Nacional 28 de Maio”, génese da Legião Portuguesa (os delatores do Regime, popularmente designados por “Bufaria”). Ângelo César foi destacado deputado na Assembleia Nacional, fazendo a apologia de Salazar não só como militante do partido único União Nacional, mas com artigos panegíricos a Salazar e ao Fascismo publicados num dos jornais patrocinados pelo Estado Novo, o “Diário da Manhã” órgão de imprensa em que os tipógrados por vezes se “esqueciam” de colocar o “til” porque entendiam classificar melhor as notícias como “Diário da Manha”. Advogado estabelecido na cidade do Porto, enquanto deputado da fascista União Nacional - em três legislaturas {I (1935-1938), II (1938-1942) e III (1942-1945)} - foi presidente da Direcção do FC Porto, entre 1938 e 1939. Morreu em 12 de Julho de 1972, vilipendiado pelos democratas portuenses, a dois anos da Revolução dos Cravos. Que pena não ter assistido, à democracia e ao portismo que conota o Benfica com o Regime de que foi um dos mais influentes sustentáculos no Norte. Ângelo César foi um dos principais responsáveis pela organização da "Bufa Portuense" sendo, em 1937, adjunto político da primeira Junta Central da Legião Portuguesa no Norte de Portugal. Quantos democratas não teria ele "enviado" para Custóias e Peniche!? Apesar dessa vergonhosa promiscuidade - deputado fascista da União Nacional e presidente fascizóide do FC Porto, em simultâneo - o inefável medíocre nosso contemporâneo Bernardino Barros tenta branquear a sua acção fazendo-o passar por um oposicionista ao salazarismo. Têm cá uma lata, estes portistas.
O Dr. Cesário Bonito nasceu em Peso da Régua, a 1 de Agosto de 1909. Formou-se em medicina sendo discípulo de Ângelo César Machado (uma década mais velho). No FCP ocupou vários cargos directivos fazendo parte do grupo, com Urgel Horta, Ângelo César e Júlio Ribeiro Campos, entre outros, que foi dirigindo o clube portista durante os anos 40 até à década de 60, com Cesário Bonito a assumir por três vezes a presidência da Direcção: 1945/48, 1955/57 e 1965/67. Amigo de Urgel Horta que pertenceu à “Bufa portuense”, a Junta Central da Legião Portuguesa no Norte de Portugal. Divulgador da União Nacional e do espírito do Estado Novo na cidade do Porto foi uma figura temida por democratas e oposicionistas. Felizmente, aos 65 anos, quando viu a liberdade ser restaurada, refugiou-se no anonimato, só “surgindo ressuscitado” pelo poder portista na sua morte. Faleceu no Porto, aos 78 anos, em 4 de Setembro de 1987.
O Dr. Cesário Bonito nasceu em Peso da Régua, a 1 de Agosto de 1909. Formou-se em medicina sendo discípulo de Ângelo César Machado (uma década mais velho). No FCP ocupou vários cargos directivos fazendo parte do grupo, com Urgel Horta, Ângelo César e Júlio Ribeiro Campos, entre outros, que foi dirigindo o clube portista durante os anos 40 até à década de 60, com Cesário Bonito a assumir por três vezes a presidência da Direcção: 1945/48, 1955/57 e 1965/67. Amigo de Urgel Horta que pertenceu à “Bufa portuense”, a Junta Central da Legião Portuguesa no Norte de Portugal. Divulgador da União Nacional e do espírito do Estado Novo na cidade do Porto foi uma figura temida por democratas e oposicionistas. Felizmente, aos 65 anos, quando viu a liberdade ser restaurada, refugiou-se no anonimato, só “surgindo ressuscitado” pelo poder portista na sua morte. Faleceu no Porto, aos 78 anos, em 4 de Setembro de 1987.
Extraordinário artigo. Estoiro nos Salazarentos de língua e pensamento.
ResponderEliminarÉ odioso que se misture o futebol com político mas é verdadeiramente nojento o revisionismo, a aldrabice.
Estão desesperados. Dói-lhes tanto.
Muito bom Alberto. Muito bom mesmo. Obrigado por repor a verdade.
Obrigado, Alberto, por desmascarares essa intentona que pretende reescrever a história. Nasci no 1o ano de Liberdade, e sempre me ensinaram o SLB como um bastião da Democracia na noite negra do fascismo. Se não te der muito trabalho, podes fazer o mesmo para os nossos vizinhos da quinta das conchas, discipulos de Góis Mota e da Legião Portuguesa e aclamadores de ditadores poucos dias antes da queda. Forte abraço rumo ao tetra e seis
ResponderEliminarCom o Miguéns a servir-me de farol, nunca me perco !!!
ResponderEliminarMuito obrigado. Continue, por favor.
ResponderEliminarCaro amigo Alberto
ResponderEliminarRecumento que leia o artigo de Pedro Adão e Silva no expresso, onde ele não se esquecei de o elogiar.
Cumprimentos e saudações Gloriosas
Fernando Coutinho