QUE O BENFICA É O CLUBE COM MAIS ÉPOCAS ININTERRUPTAS DE COMPETIÇÃO EM QUASE TODAS AS MODALIDADES É UM FACTO HISTÓRICO.
Além disso, e também por isso (praticar ininterruptamente as modalidades), domina grande parte dos títulos nos principais desportos. E se não domina na actualidade, em alguns, até aos anos 70 esmagava em praticamente todos, excepto nos desportos “mais” individuais, como Atletismo (dificuldades com pistas próprias), Ginástica (não tinha ginásios com condições para tal) ou Natação (pois não tinha piscina). Além do Andebol (de Onze e de Sete) mas isso deve-se a uma circunstância histórica de ter interrompido a prática, nos anos 40, precisamente quando tiveram início os campeonatos nacionais, ainda no tempo do Andebol de Onze jogado em campos de futebol pelados. A variante de Sete só começou em meados dos anos 50. Ficou irremediavelmente para trás. No Voleibol foi quando deixou transferir a Federação de Lisboa para o Porto!
AVISO INICIAL: O texto de hoje era para ser pequeno e ficou exageradamente grande. Deixo o aviso para não irem ao engano. Leiam primeiro “as gordas”
Singularidades de um País
Portugal é um país de Futebol. Praticamente os jovens só se
interessam pelo futebol. É por perceberem que têm “tijolos nos pés” ou nas
“mãos” (nem para guarda-redes) que praticam outros desportos. Ou por tradição
familiar. As selecções nacionais (extra-futebol) são fracas, mesmo assim ainda
não são as piores da Europa porque têm muitos atletas naturalizados. À custa dos clubes que os contrataram e mantiveram várias épocas a jogar em Portugal. A excepção
é o Hóquei em Patins (mas isso deve-se ao facto de ser um desporto desconhecido
na Europa e no Mundo). A organização de campeonatos com estas designações não
passam de encenações para quatro países - actualmente três - serem campeões. O Hóquei em Patins, como excepção, e o
Atletismo (mas em qualquer país desde que haja prospecção) haverá sempre alguém
que conseguirá marcas em disciplinas não técnicas (corridas planas) de valor
universal. O Benfica sendo de Portugal tem de viver estas idiossincrasias (uma
palavra ainda mais difícil de entender que paradigma ou ADN que poucos sabem o
que é e todos nós temos e muito!) Mais difícil que este só cheesecake, the big picture, date, final four, six or eight, target e outras inglesadas. Até porque são palavras difíceis de encontrar e traduzir na
Língua Portuguesa. Maldito Acordo Ortográfico!
Hóquei em Patins invisível no Mundo
A modalidade onde o Benfica pode ter, tal como os clubes
portugueses, mais sucesso internacional (europeu) é um desporto inexistente em
termos universais. Sem visibilidade a não ser em Portugal, Espanha, Argentina e
Itália. O resto do mundo é amador. Às vezes nem isso. Há selecções nacionais que dão a entender que nem patinar sabem e de regras muito menos. Mesmo na Argentina está restrito à região de San Juan, com 21 títulos em 23 edições do campeonato argentino (clicar). Em Itália
praticamente é semi-profissional. O clube mais titulado (Hockey Novara com 32
triunfos) faliu e deixou de existir, como muitos outros do período de ouro do
hóquei em patins italiano. Aliás os quatro clubes com mais títulos em Itália
estão extintos. No total conquistaram 62 títulos, ou seja, 67 por cento, dos
campeonatos italianos disputados desde 1922! Já não existem! Em 93 campeonatos
foram sempre os clubes do Norte – quase todos da bacia hidrográfica do rio Pó -
a conquistar títulos. Todos excepto um em 1979/80. Em rigor 92 dos 93 já disputados (clicar). Em Espanha existe Hóquei em Patins na Catalunha
e depois um clube na Galiza que é uma espécie de clube nacional dessa região, o
Liceu HC Corunha. Em 52 campeonatos de Espanha, apenas seis clubes se sagraram
campeões: cinco emblemas catalães venceram 45 títulos e o clube da Galiza os
outros sete! (clicar) Se a Catalunha se tornar independente deixará de existir
selecção de Espanha. A não ser constituída por jogadores da Galiza, mas nunca
será uma selecção forte. Em Portugal conhecemos a realidade. Lisboa/Linha de Cascais,
Porto/Minho e depois “ilhas” em Sintra, Turquel, no Pico (Açores) e agora, também, em
Almeirim. Ou seja o Hóquei em Patins nem em Espanha (maior parte do território)
e Itália (a não ser no Norte e no sul: Apúlia/Calábria) tem visibilidade. No resto dos
países vive das comunidades de portugueses (Europa) ou de catalães (América
Latina). Na Suíça, nos anos 80, em Montreux, que eu pensava ser uma cidade de
Hóquei em Patins foi-me dito (vale o que vale) que o Hóquei Sobre o Gelo era
mais popular. Em patins era para quem não tinha força para o “outro”, gostava
de patinar e para não ser monótono andar a patinar às voltas num pavilhão
jogavam hóquei em patins. Na Europa, o Hóquei em Campo tem mais visibilidade
que em Patins. Portugal é excepção. Mesmo em Espanha é um desporto mais
nacional que o Hóquei em Patins. Isto faz com que as conquistas europeias em
Hóquei em Patins não tenham projecção além de Portugal, Catalunha e Galiza. Mesmo
em Itália o destaque é reduzido face a outras modalidades, como por exemplo, o
Voleibol. A realidade é esta. Ser campeão europeu no Hóquei em Patins está
longe de causar impacte na Europa e no Mundo, mesmo entre quem se interessa pelo
desporto. É com esta realidade que o Benfica tem de viver. Já me estiquei
demais no Hóquei em Patins. A ideia era dar um “cheirinho” e aproveitar quando
fizer o balanço de cada modalidade para desenvolver mais, tentando variar e acrescentar um pouco mais em relação ao que fiz há um ano. Nas
seguintes vou fazer o que estava decidido.
Em Espanha dizer que há hóquei em patins espanhol é um eufemismo. Há hóquei em patins na Catalunha e depois um clube na Galiza. Os outros dois clubes são excepções. Um ficou em 11.º lugar e outro em 12.º em 16 emblemas no último campeonato (clicar) |
Em Itália há Hóquei em Patins no Sul - ASDP Matera e AFP Giovinazzo - mas apenas este clube da Apúlia venceu e apenas uma vez - 1979/80 - um título do primeiro escalão. Em 93 edições! Fazem número se bem que por vezes consigam surpreender com boas classificações (clicar). |
Basquetebol sem expressão europeia
Bola no cesto exige investimentos avultados em Portugal que
depois são escassos quando em comparação com o que se investe na Europa como se
tem visto (sentido). Com o regresso do FC Porto acabou o paraíso. Eu escrevi
neste blogue muitas vezes que era aproveitar para amealhar enquanto era tempo…
Futsal assim sim, talvez não
Outra modalidade com investimento elevado, mas tendo em conta
o modelo actual com uma única competição europeia tem vantagens e desvantagens.
Neste caso é-se mesmo obrigado a passar de oito para o oitenta. Ser segundo é
não ter acesso a nada de nível internacional. Ser campeão português significa –
pelo investimento que existe – ter elevadas possibilidades de chegar às
meias-finais e até, num dia de sorte, ir à final e vencê-la, pois o modelo da
UEFA continua a ser o de só aceitar um clube (o campeão) por País. Enquanto
assim for…
Primeira conclusão
As modalidades mais acarinhadas pelos
Benfiquistas – desde sempre o Hóquei em Patins e o Basquetebol – e mais
recentemente o Futsal têm estas especificidades (para não repetir
idiossincrasias). E é saber viver com elas e fazer os investimentos adequados.
Andebol, Bilhar e Voleibol caçam na Europa
Depois temos modalidades onde não se pode dizer que
historicamente o Benfica seja o clube mais dominador, mas…são modalidades que
permitem, na actualidade, conquistar troféus europeus. A Taça Desafio (a conhecida Challenge no Andebol e Voleibol) porque estão vedadas a clubes das potências europeias nestes
desportos ou os principais clubes que se apuram para as competições de nível superior. No Bilhar (Taça da Europa) é mesmo possível ser campeão europeu,
pois tal como no Futsal só existe uma competição. E teoricamente ainda é mais
fácil vencer. O FC Porto anda a “bater à porta” há vários anos, ficando em
segundo lugar ou terceiro. Nas últimas nove épocas três vezes medalha de prata - a última em 2015/16 - e três vezes medalha de bronze (como eles gostam de se intitular). É uma questão de tempo! E quer as "challenges” quer a “europa”
têm mais visibilidade internacional que o Hóquei em Patins. Essa é que é essa!
E digo isto com tristeza pois a seguir ao Futebol a minha modalidade preferida
é o Hóquei em Patins. Aliás o Futebol nem conta para comparar modalidades. É
como o Eusébio para comparar futebolistas ou Béla Guttmann para comparar
treinadores. Nem deviam de entrar “nas contas”.
Segunda conclusão
As modalidades menos acarinhadas pelos
Benfiquistas são aquelas que podem conquistar títulos europeus que dão
visibilidade internacional, como instituição de desporto ecléctico, ao Clube. O
Hóquei em Patins não dá e o Futsal é complicado pois só o campeão nacional tem
acesso. Repito. É saber viver com elas e fazer os investimentos adequados. Mas
são “equações” difíceis de resolver. É preciso ponderar tudo muito bem. Ter
estratégia para o Clube. Que visibilidade ecléctica se pretende e procura!
Atletismo universal
Esta modalidade, a terceira em existência (depois do Ciclismo,
ainda que no mesmo ano de 1906) e a segunda com mais temporadas consecutivas
(111.ª em 2016) beneficia do Projecto Olímpico. O plantel masculino tem dominado
em Portugal faltando muito pouco para conseguir um título de Campeão Europeu em
Pista (ar livre).
Râguebi, Pólo Aquático e Ténis de Mesa
Modalidades “parente pobre”. Pouco exigentes financeiramente
(há quem diga que o râguebi até pode dar lucro com o fomento entre a miudagem filhos de gente com ma$$a) o Benfica pode fazer mais com praticamente o mesmo. O Pólo
Aquático é prejudicado pelo facto, inacreditável, da piscina de um clube
desportivo ter nos extremos 1,50 metros e não poder ser utilizada para competições
nacionais. Como é que cabe na cabeça de alguém, tendo um tanque de aprendizagem
ao lado, ter profundidades destas. Quem vai para a piscina já tem de saber
nadar! Só se é para poupar na quantidade de água e desinfectante! Ainda é o cloro?
Natação e Ginástica
Era bom que também houvesse fomento como no Atletismo. Pelo menos
na Natação. Na Ginástica dificilmente poderemos ver em acção o “Glorioso” em
termos desportivos pois não há instalações para isso. Só construindo um ginásio
de estilo pavilhão. Nunca se passará da manutenção. Mesmo assim com muita dedicação fazendo saraus e GimnÁguias bem agradáveis.
Modalidades “oiràrtnoc ao”
Ao contrário. É o que aquele gatafunho quer dizer. É aquilo a
que eu chamo a esta nova vaga de patrocinar o clube em atletas. Parece ser
moda, até no Ciclismo. O Sporting CP e o FC Porto pagam a duas equipas de
ciclismo para lhes fazerem publicidade. Espero que o Benfica não faça o mesmo.
Uma “coisa” é ter uma equipa e conseguir patrocinadores. Outra é pagar para
vestirem o “Manto Sagrado”. Se é para ser assim, ainda bem que estou a ficar
velho!
A Troika bem nos “ajudou” ainda que por efeitos secundários
Pelo que me parece o “Glorioso” beneficiou, nos últimos anos,
de ter mantido o investimento – mesmo gastando algumas vezes com pouco critério
e sem sabermos (os associados) o orçamento para cada modalidade – enquanto os restantes clubes, de menores dimensões - foram obrigados a desinvestir muito por culpa da “troika” que obrigou as
autarquias a deixarem de “queimar” dinheiro (dívida) em clubes que viviam
disso. Há muito que tinham deixado de ser clubes financiados pelos associados e patrocinadores
para viverem de gordos orçamentos municipais. Ao que parece esses tempos estão
de volta! Como é que o Benfica vai voltar a viver com isso? Há uns anos vivia
mal. Era eterno segundo. Esta temporada parece ter sido um regresso ao passado.
Esperemos que seja excepção, mas os tempos que vêm por aí não parecem fáceis. A
ver vamos!
Vamos Benfica!
Alberto Miguéns
E so para lembrar que o CACO (Clube Atletico de Campo de Ourique) ja foi campeao nacional de Hoquei em Patins.E so para a braza a minha sardinha visto que eu sou de Campo de Ourique ☺
ResponderEliminarCaro,
EliminarE com muita classe. Em 1953/54. Infelizmente o "Glorioso" foi segundo. Mas ficar no início dos anos 50 atrás do CACO era uma honra, porque o Clube Atlético de Campo de Ourique tinha muita classe! E glória! Não entregava com facilidade os pontos ou as eliminatórias em disputa!
Num velhinho rinque de cimento. Outros tempos!
Saudações TRIgloriosíssimas
Alberto Miguéns