ESTALINE HÁ MUITO QUE DISSE: «A MORTE DE MILHÕES DE PESSOAS É UM NÚMERO. A DE UMA PESSOA É UMA TRAGÉDIA!»
Antes de mais duas notas:
1. Falo bastante de futebol com e entre Benfiquistas. Entre
amigos e conhecidos (sendo geógrafo e professor) convivo/convivi sempre - pelo
país em trabalho como geógrafo ou numa qualquer escola onde há sempre, todos os
anos, muita gente nova, entre alunos e professores - com muitos simpatizantes
de outros clubes. Raramente (evito) discuto futebol com adeptos de outros
clubes: SCP, Belenenses, V. Guimarães, etc. Com os do FC Porto recuso dizendo
sempre que "Não discuto desporto/futebol com adeptos de clubes corruptos
como a Juventus, Marselha e Porto». Não envio (e por isso penso que também não
recebo) mensagens após vitórias ou derrotas quer do Benfica, quer do FCP ou SCP.
Estou pessoalmente afastado de quezílias e dichotes. Mas ouço, vejo e leio...
2. Ao recordar a final da Taça de Portugal em 1996 tenho de
lembrar dois Enormes Benfiquistas que já partiram (e que tinham idade para ser
meus pais ou mesmo avôs): Joaquim Macarrão e Roland Oliveira. Já vão saber
porquê...
O Capitão, o Presidente e o Fotógrafo (fotografado)
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O que aconteceu...
Com o Estádio Nacional completamente dividido ao meio (pela
bancada central) - a sul os Benfiquistas e a norte os sportinguistas - só me
apercebi (eu e quem estava por perto) que algo se passara na bancada da
cabeceira norte perto (ou no) intervalo do jogo. Pelo que percebi passou de
boca em boca para o vizinho do lado direito (por isso foi alguém à minha
esquerda que me disse) que havia um adepto do Sporting ferido, em estado grave,
porque "tinha rebentado um foguete junto dele". Até fiquei com a
ideia que tinha sido ele ou os amigos a provocar o acidente. Fui ver o jogo
com o Macarrão e lembro-me de comentarmos a estupidez de trazer para dentro das
bancadas engenhos explosivos. No final do jogo é que se percebeu a gravidade da
ocorrência quando foi anunciado pelo sistema de som que não haveria a habitual
entrega do troféu ao vencedor e explicado, timidamente, o motivo. Dirigimo-nos
para a saída pelo lado do Benfica (sul) e encontrámos o fotógrafo Roland Oliveira que
explicou o que se tinha passado. Só aí percebi a gravidade do que acontecera. E
que fora do lado do Benfica que foi lançado o "foguete" que seria
mortal para o infortunado Rui Mendes.
O que se disse acerca dessa tragédia (de memória)
Depois do jogo muito se escreveu e disse. E entre muito
comentário e reportagem a mostrar que foi um acidente grave alguns media (com
destaque) para a RTP (estação de televisão ainda com muito "peso",
principalmente em assuntos de desporto/ futebol, num tempo em que as duas
privadas - SIC e TVI - estavam a iniciar-se mais com conteúdos baseados na
informação e entretenimento) não souberam ou quiseram esclarecer o que se
passou, ficando sempre no ar a ideia que um adepto do Benfica (o Benfica)
assassinara um adepto do Sporting (o Sporting) como se houvesse premeditação e
pontaria em vez de estupidez e coincidência.
Houve reportagens em jornais bem feitas (penso que no semanário
Expresso) que mostravam que a tragédia até podia ser maior, no sentido cínico
mas que não deixa de ser real de poder ter sido um jogador a vítima ou mesmo
uma alta figura do Estado. É verdade que uma vida tem igual valor seja de quem
for, mas depois todos sabemos que não é bem assim... Até se dizia que se os "very
light" lançados (ao que me lembro roubados em instalações da Marinha de Guerra portuguesa/Fuzileiros) não fossem recentes e estivessem em bom estado não
conseguiriam fazer cerca de 150 metros em recta mas que cairiam no relvado ou
que poderiam ter um percurso errático lateralmente...
Infelizmente os jornais têm menos poder de influenciar que
as televisões e a demagogia acabou por fazer a história. A "verdade"
é que um Benfiquista quis assassinar um sportinguista. Mentira. Foi um
acidente. Uma estupidez. Uma idiotice. Podia ter morrido um Benfiquista.
Em dois clubes transversais na sociedade portuguesa há
sempre junto a sportinguistas, Benfiquistas e junto a Benfiquistas,
sportinguistas. Até familiares uns dos outros que vão ver "a bola"
juntos. É evidente que lançando um "foguete luminoso" para onde há
maior número de adeptos de determinado clube a probabilidade de atingir um dos
adeptos desse clube é maior. Mas apenas (e só) isso. Nada mais. Podia ter
morrido um Benfiquista que estivesse nesse sítio. E certamente estava por lá
próximo algum. A tragédia seria igual. Uma vida de um Benfiquista vale tanto
como a de qualquer outro adepto de um outro clube.
O que se vai fazendo
Esta triste ocorrência tem servido, desde 1996, para muita
demagogia, quer dada como exemplo da violência das claques do Benfica contra
outras, quer em programas das segundas-feiras, e terças, e quartas, e quintas,
e sextas, e sábados e domingos com sportinguistas e portistas a vexarem os
"representantes" do Benfica confrontando-os com este acidente como se
de premeditação se tratasse. Sempre para justificar os desacatos de claques dos
seus clubes. Pura demagogia nas televisões. Um acidente em 1996 serve
continuamente para camuflar acções, em 1997, 1998,..., 2007, 2008,...,2017,
2018,..., por vezes premeditadas e concertadas, de claques de outros clubes
contra o Benfica e os Benfiquistas. Do tipo. Vocês não têm moral para falar
porque é o único clube em que um adepto assassinou outro de um clube rival durante
um jogo. Demagogia terceiro-mundista que os moderadores (RTP, SIC, TVI e os
"milhares" de estações agora emergentes) nunca quiseram ou souberam
fazer pedagogia. Deixam correr a demagogia sendo coniventes com ela.
O último a "gritar" fica a
ganhar (I)
Nos últimos tempos - penso que os programas com painel são a
justificação para isso - a utilização desta morte por parte das claques - de
Benfica e Sporting - atingiu o limite do insuportável. Como que a quererem fazer
heróis e mártires onde eles nunca existiram. Nem quem lançou o engenho é herói
nem quem foi vitima é mártir. Nem quem lançou o engenho é mártir nem quem foi
vítima é herói. Foi uma estupidez e um acidente. Apenas e só! E já é muito! É
de mais! Esperemos que caso isolado! Que nunca mais!
O último a "gritar" fica a
ganhar (II)
Nos últimos anos a violência verbal (e de tarja) aumentou
exponencialmente. Nem me interessa saber - até porque não é possível - quem
começou. Começaram todos. Mas o "pico" foi o incêndio provocado das
bancadas da "Catedral". O facto das chamadas "entidades
competentes" não terem sabido ou querido punir exemplarmente o Sporting CP
(jogo ou jogos à porta fechada, por exemplo) permite todos os desvarios a que
vamos assistindo. Impunidade com impunidade se vai pagando. E depois surgem
tarjas de mau gosto que apenas "esperam" por respostas de igual
conteúdo (de baixo nível) no jogo seguinte. A etapa seguinte? Os jogos de
Futsal para a Taça de Portugal ou para o "Bota-Fora" final do
campeonato nacional. E vai sempre em escalada até uma desgraça que faça existir
um arrependimento colectivo. Desta vez em tarjetas está o Sporting CP a "vencer"!
Porquê? Jogou em casa e teve mais "meios" à disposição.
O que poderá acontecer
Esta escalada - se não for estancada - vai levar a pelo
menos uma consequência. Nunca mais haverá uma final entre SL Benfica e Sporting
CP no Estádio Nacional. Vão alegar razões de segurança e perigo de vingança
para fazer o que o FC Porto pretende há muito. Acabar com a final da Taça de Portugal
no emblemático estádio. Quando se abrir um precedente, não será a excepção. Vai
ser a regra. Há muitos (talvez seja melhor escrever... alguns) à espera desse dia.
Sejam criativos
Fazer piadas e remoques utilizando a morte - de Rui Mendes,
Gulit, Eusébio, etc - além de mau gosto é de "pobreza franciscana".
Há países - norte da Europa, por exemplo - onde simplesmente não há tarjas. Quem
quiser incentivar, criticar ou achincalhar que GRITE! Nos países do sul utilizam-se
as tarjas, cada vez mais para provocar os adversários, os que se quer ajudar a
perder, do que para incentivar os que se quer ajudar a vencer. As claques
portuguesas necessitam urgentemente de criativos. Certamente que os haverá em
cada claque. Utilizem-nos para passar mensagens - mesmo de provocação - em vez
de passar ideias sem nexo e que estigmatizam terceiros: os familiares e amigos
dos ofendidos.
Virgens ofendidas
Só que nos últimos jogos - como potenciador - destes
desvarios há clubes que são eles próprios que fabricam, expõem e utilizam
tarjas para enviar mensagens. Um absurdo que passa impune como se os clubes
pudessem brincar às tarjas como fazem as claques. E se nestas o Benfica não se
diferencia do SCP e FCP já enquanto instituição NUNCA houve uma tarja a
achincalhar adversários nem o adversário ser tratado como "Clube
Visitante". Tarjas feitas dentro dos recintos desportivos e não transportadas para dentro destes! Andei à procura de "tarjas
institucionais" e felizmente não encontrei do Benfica. Apenas do SCP e FCP. O que diz
tudo dos dirigentes destes clubes. E também dos dirigentes do Benfica.
Legislação
Se não há quem tenha capacidade para se dar ao respeito
criando normas de conduta universais do que podem conter as tarjas, legalizando
umas e ilegalizando outras, que façam cumprir os regulamentos, mesmo pífios, que
existem. E não tenham contemplações. Nem dois pesos e duas medidas. Enquanto
isto não acontecer vai continuar a ver-se uns tarjas acerca do mesmo e feitas pelos mesmos.
Mais do mesmo!
Tudo isto não passa de vitórias de Pirro.
Humilhar, ser humilhado, "vencer" para nada. Vitórias sem
significado!
Alberto Miguéns
NOTA: Apesar de questionado - de segunda a quarta-feira - por dois leitores porque não comentava "o que estava a dar", comuniquei-lhes que só o faria depois de resolvido o acesso do Benfica à final da Taça da Liga. O Benfica é futebol, desporto e associativismo. É isto o essencial. O resto é acessório!
ESTALINE HÁ MUITO QUE DISSE: «A MORTE DE MILHÕES DE PESSOAS É UM NÚMERO. A DE UMA PESSOA É UMA TRAGÉDIA!»
ResponderEliminarO que é isto?
Francamente...
Mais um post inspirador Alberto,
ResponderEliminarComo blogger afecto ao Benfica vou partir daqui para transmitir a minha opinião.
Saudações Gloriosas
PS: Tenho uma foto antiga do Benfica que necessita de legenda, irei enviá-la por email logo à tarde se tiver tempo.
Bom artigo!!!
ResponderEliminarAss: Parede
Mais uma vez os meus parabéns e o meu obrigado por aqui ficar, graças a si, depositado um documento que servirá sempre para quem quiser conviver com a verdade da história. Abraço.
ResponderEliminarGrande Alberto Miguéns, prezado colega! Mais um excelente post, onde o esclarecimento é nota dominante.
ResponderEliminarÉs (permite-me a proximidade) um adepto muito especial do nosso clube, um daqueles de que todos nos orgulhamos. Muito.
Abraço benfiquista.
Tambem estava nessa bancada no Jamor em 96 e acho que foi um acidente.
ResponderEliminaruma vez mais sublime. O tom sereno de pedagogia. A perspectiva do 'alto' de quem vive e 'é' uma história centenária...
ResponderEliminara leitura deste post leva-me a formular o desejo que um dia este blog, (conjuntamente com um outro - o religião nacional - que se encontra suspenso) seja editado em livro, e assim perpetue a maravilhosa tranmsissão de cultura benfiquista que o Alberto realiza.
Existirá em algum lugar deste mundo uma Biblioteca do Benfica?
Pedro Paiva
Caro Pedro Paiva
EliminarMuito obrigado
Agradeço tanta atenção. Nada há de melhor em sermos elogiados pelos nossos pares.
Mais uma vez estou agradecido por tão elogiosas palavras
Gloriosas Saudações Benfiquistas
Alberto Miguéns
Acidente ? Ridiculo defenderem um assassino.
ResponderEliminarDepois de ter tentado 2 vezes antes, 1 delas provocando um mini incendio numa arvore, à terceira ainda considera acidente ?