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13 fevereiro 2015

1996 Foi Um Acidente

13 fevereiro 2015 9 Comentários
ESTALINE HÁ MUITO QUE DISSE: «A MORTE DE MILHÕES DE PESSOAS É UM NÚMERO. A DE UMA PESSOA É UMA TRAGÉDIA!»


Antes de mais duas notas:

1. Falo bastante de futebol com e entre Benfiquistas. Entre amigos e conhecidos (sendo geógrafo e professor) convivo/convivi sempre - pelo país em trabalho como geógrafo ou numa qualquer escola onde há sempre, todos os anos, muita gente nova, entre alunos e professores - com muitos simpatizantes de outros clubes. Raramente (evito) discuto futebol com adeptos de outros clubes: SCP, Belenenses, V. Guimarães, etc. Com os do FC Porto recuso dizendo sempre que "Não discuto desporto/futebol com adeptos de clubes corruptos como a Juventus, Marselha e Porto». Não envio (e por isso penso que também não recebo) mensagens após vitórias ou derrotas quer do Benfica, quer do FCP ou SCP. Estou pessoalmente afastado de quezílias e dichotes. Mas ouço, vejo e leio...

2. Ao recordar a final da Taça de Portugal em 1996 tenho de lembrar dois Enormes Benfiquistas que já partiram (e que tinham idade para ser meus pais ou mesmo avôs): Joaquim Macarrão e Roland Oliveira. Já vão saber porquê...

O Capitão, o Presidente e o Fotógrafo (fotografado)

O que aconteceu...
Com o Estádio Nacional completamente dividido ao meio (pela bancada central) - a sul os Benfiquistas e a norte os sportinguistas - só me apercebi (eu e quem estava por perto) que algo se passara na bancada da cabeceira norte perto (ou no) intervalo do jogo. Pelo que percebi passou de boca em boca para o vizinho do lado direito (por isso foi alguém à minha esquerda que me disse) que havia um adepto do Sporting ferido, em estado grave, porque "tinha rebentado um foguete junto dele". Até fiquei com a ideia que tinha sido ele ou os amigos a provocar o acidente. Fui ver o jogo com o Macarrão e lembro-me de comentarmos a estupidez de trazer para dentro das bancadas engenhos explosivos. No final do jogo é que se percebeu a gravidade da ocorrência quando foi anunciado pelo sistema de som que não haveria a habitual entrega do troféu ao vencedor e explicado, timidamente, o motivo. Dirigimo-nos para a saída pelo lado do Benfica (sul) e encontrámos o fotógrafo Roland Oliveira que explicou o que se tinha passado. Só aí percebi a gravidade do que acontecera. E que fora do lado do Benfica que foi lançado o "foguete" que seria mortal para o infortunado Rui Mendes.


O que se disse acerca dessa tragédia (de memória)
Depois do jogo muito se escreveu e disse. E entre muito comentário e reportagem a mostrar que foi um acidente grave alguns media (com destaque) para a RTP (estação de televisão ainda com muito "peso", principalmente em assuntos de desporto/ futebol, num tempo em que as duas privadas - SIC e TVI - estavam a iniciar-se mais com conteúdos baseados na informação e entretenimento) não souberam ou quiseram esclarecer o que se passou, ficando sempre no ar a ideia que um adepto do Benfica (o Benfica) assassinara um adepto do Sporting (o Sporting) como se houvesse premeditação e pontaria em vez de estupidez e coincidência.
Houve reportagens em jornais bem feitas (penso que no semanário Expresso) que mostravam que a tragédia até podia ser maior, no sentido cínico mas que não deixa de ser real de poder ter sido um jogador a vítima ou mesmo uma alta figura do Estado. É verdade que uma vida tem igual valor seja de quem for, mas depois todos sabemos que não é bem assim... Até se dizia que se os "very light" lançados (ao que me lembro roubados em instalações da Marinha de Guerra portuguesa/Fuzileiros) não fossem recentes e estivessem em bom estado não conseguiriam fazer cerca de 150 metros em recta mas que cairiam no relvado ou que poderiam ter um percurso errático lateralmente...
Infelizmente os jornais têm menos poder de influenciar que as televisões e a demagogia acabou por fazer a história. A "verdade" é que um Benfiquista quis assassinar um sportinguista. Mentira. Foi um acidente. Uma estupidez. Uma idiotice. Podia ter morrido um Benfiquista.

Em dois clubes transversais na sociedade portuguesa há sempre junto a sportinguistas, Benfiquistas e junto a Benfiquistas, sportinguistas. Até familiares uns dos outros que vão ver "a bola" juntos. É evidente que lançando um "foguete luminoso" para onde há maior número de adeptos de determinado clube a probabilidade de atingir um dos adeptos desse clube é maior. Mas apenas (e só) isso. Nada mais. Podia ter morrido um Benfiquista que estivesse nesse sítio. E certamente estava por lá próximo algum. A tragédia seria igual. Uma vida de um Benfiquista vale tanto como a de qualquer outro adepto de um outro clube.


O que se vai fazendo
Esta triste ocorrência tem servido, desde 1996, para muita demagogia, quer dada como exemplo da violência das claques do Benfica contra outras, quer em programas das segundas-feiras, e terças, e quartas, e quintas, e sextas, e sábados e domingos com sportinguistas e portistas a vexarem os "representantes" do Benfica confrontando-os com este acidente como se de premeditação se tratasse. Sempre para justificar os desacatos de claques dos seus clubes. Pura demagogia nas televisões. Um acidente em 1996 serve continuamente para camuflar acções, em 1997, 1998,..., 2007, 2008,...,2017, 2018,..., por vezes premeditadas e concertadas, de claques de outros clubes contra o Benfica e os Benfiquistas. Do tipo. Vocês não têm moral para falar porque é o único clube em que um adepto assassinou outro de um clube rival durante um jogo. Demagogia terceiro-mundista que os moderadores (RTP, SIC, TVI e os "milhares" de estações agora emergentes) nunca quiseram ou souberam fazer pedagogia. Deixam correr a demagogia sendo coniventes com ela.


O último a "gritar" fica a ganhar (I)
Nos últimos tempos - penso que os programas com painel são a justificação para isso - a utilização desta morte por parte das claques - de Benfica e Sporting - atingiu o limite do insuportável. Como que a quererem fazer heróis e mártires onde eles nunca existiram. Nem quem lançou o engenho é herói nem quem foi vitima é mártir. Nem quem lançou o engenho é mártir nem quem foi vítima é herói. Foi uma estupidez e um acidente. Apenas e só! E já é muito! É de mais! Esperemos que caso isolado! Que nunca mais!


O último a "gritar" fica a ganhar (II)
Nos últimos anos a violência verbal (e de tarja) aumentou exponencialmente. Nem me interessa saber - até porque não é possível - quem começou. Começaram todos. Mas o "pico" foi o incêndio provocado das bancadas da "Catedral". O facto das chamadas "entidades competentes" não terem sabido ou querido punir exemplarmente o Sporting CP (jogo ou jogos à porta fechada, por exemplo) permite todos os desvarios a que vamos assistindo. Impunidade com impunidade se vai pagando. E depois surgem tarjas de mau gosto que apenas "esperam" por respostas de igual conteúdo (de baixo nível) no jogo seguinte. A etapa seguinte? Os jogos de Futsal para a Taça de Portugal ou para o "Bota-Fora" final do campeonato nacional. E vai sempre em escalada até uma desgraça que faça existir um arrependimento colectivo. Desta vez em tarjetas está o Sporting CP a "vencer"! Porquê? Jogou em casa e teve mais "meios" à disposição.

O que poderá acontecer
Esta escalada - se não for estancada - vai levar a pelo menos uma consequência. Nunca mais haverá uma final entre SL Benfica e Sporting CP no Estádio Nacional. Vão alegar razões de segurança e perigo de vingança para fazer o que o FC Porto pretende há muito. Acabar com a final da Taça de Portugal no emblemático estádio. Quando se abrir um precedente, não será a excepção. Vai ser a regra. Há muitos (talvez seja melhor escrever... alguns) à espera desse dia. 

Sejam criativos
Fazer piadas e remoques utilizando a morte - de Rui Mendes, Gulit, Eusébio, etc - além de mau gosto é de "pobreza franciscana". Há países - norte da Europa, por exemplo - onde simplesmente não há tarjas. Quem quiser incentivar, criticar ou achincalhar que GRITE! Nos países do sul utilizam-se as tarjas, cada vez mais para provocar os adversários, os que se quer ajudar a perder, do que para incentivar os que se quer ajudar a vencer. As claques portuguesas necessitam urgentemente de criativos. Certamente que os haverá em cada claque. Utilizem-nos para passar mensagens - mesmo de provocação - em vez de passar ideias sem nexo e que estigmatizam terceiros: os familiares e amigos dos ofendidos.


Virgens ofendidas
Só que nos últimos jogos - como potenciador - destes desvarios há clubes que são eles próprios que fabricam, expõem e utilizam tarjas para enviar mensagens. Um absurdo que passa impune como se os clubes pudessem brincar às tarjas como fazem as claques. E se nestas o Benfica não se diferencia do SCP e FCP já enquanto instituição NUNCA houve uma tarja a achincalhar adversários nem o adversário ser tratado como "Clube Visitante". Tarjas feitas dentro dos recintos desportivos e não transportadas para dentro destes! Andei à procura de "tarjas institucionais" e felizmente não encontrei do Benfica. Apenas do SCP e FCP. O que diz tudo dos dirigentes destes clubes. E também dos dirigentes do Benfica.

Legislação
Se não há quem tenha capacidade para se dar ao respeito criando normas de conduta universais do que podem conter as tarjas, legalizando umas e ilegalizando outras, que façam cumprir os regulamentos, mesmo pífios, que existem. E não tenham contemplações. Nem dois pesos e duas medidas. Enquanto isto não acontecer vai continuar a ver-se uns tarjas acerca do mesmo e feitas pelos mesmos. Mais do mesmo!

Tudo isto não passa de vitórias de Pirro. Humilhar, ser humilhado, "vencer" para nada. Vitórias sem significado!

Alberto Miguéns

NOTA: Apesar de questionado - de segunda a quarta-feira - por dois leitores porque não comentava "o que estava a dar", comuniquei-lhes que só o faria depois de resolvido o acesso do Benfica à final da Taça da Liga. O Benfica é futebol, desporto e associativismo. É isto o essencial. O resto é acessório!
9 comentários
  1. ESTALINE HÁ MUITO QUE DISSE: «A MORTE DE MILHÕES DE PESSOAS É UM NÚMERO. A DE UMA PESSOA É UMA TRAGÉDIA!»

    O que é isto?

    Francamente...

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  2. Mais um post inspirador Alberto,

    Como blogger afecto ao Benfica vou partir daqui para transmitir a minha opinião.

    Saudações Gloriosas

    PS: Tenho uma foto antiga do Benfica que necessita de legenda, irei enviá-la por email logo à tarde se tiver tempo.

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  3. Bom artigo!!!
    Ass: Parede

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  4. Mais uma vez os meus parabéns e o meu obrigado por aqui ficar, graças a si, depositado um documento que servirá sempre para quem quiser conviver com a verdade da história. Abraço.

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  5. Grande Alberto Miguéns, prezado colega! Mais um excelente post, onde o esclarecimento é nota dominante.
    És (permite-me a proximidade) um adepto muito especial do nosso clube, um daqueles de que todos nos orgulhamos. Muito.
    Abraço benfiquista.

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  6. Benfiquista do Minho13 fevereiro, 2015 16:42

    Tambem estava nessa bancada no Jamor em 96 e acho que foi um acidente.

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  7. uma vez mais sublime. O tom sereno de pedagogia. A perspectiva do 'alto' de quem vive e 'é' uma história centenária...
    a leitura deste post leva-me a formular o desejo que um dia este blog, (conjuntamente com um outro - o religião nacional - que se encontra suspenso) seja editado em livro, e assim perpetue a maravilhosa tranmsissão de cultura benfiquista que o Alberto realiza.
    Existirá em algum lugar deste mundo uma Biblioteca do Benfica?

    Pedro Paiva

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    Respostas
    1. Caro Pedro Paiva

      Muito obrigado

      Agradeço tanta atenção. Nada há de melhor em sermos elogiados pelos nossos pares.

      Mais uma vez estou agradecido por tão elogiosas palavras

      Gloriosas Saudações Benfiquistas

      Alberto Miguéns

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  8. Acidente ? Ridiculo defenderem um assassino.
    Depois de ter tentado 2 vezes antes, 1 delas provocando um mini incendio numa arvore, à terceira ainda considera acidente ?

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