DEPOIS DO
PRIMEIRO, MIL E CINCO MIL MAIS UM "GOLO REDONDO"
A
marcação do golo 50 mil na última jornada do 80.º campeonato nacional é o
pretexto para viajar pela Gloriosa História. Hoje Francisco
Palmeiro o sr.
Onze Mil. Mas a Gloriosa História é tão rica e vasta que descobrimos sempre muito mais. Afinal José Águas jogou sempre com o n.º 9 (o número do avançado-centro)?
Cromo 1954/55 |
Uns
"redondos" outros por um triz
O nosso
Valadas fez o primeiro golo no primeiro jogo da primeira jornada do primeiro
campeonato nacional. O nosso Enzo Perez fez o golo 50 mil no jogo n.º 17 303 da
2 228.ª jornada em 80 campeonatos nacionais. E entre o 1.º e o 50 000.º muitos
outros "golos redondos" foram marcados por futebolistas com o
"Manto Sagrado". E outros ficaram lá perto, por um ou um a mais!
GOLOS "REDONDOS"
Época
|
Jor
|
Futebolista
|
Golo
N.º
|
65
Golos
|
Golo
N.º
|
Futebolista
|
Jor
|
Época
|
34/35
|
1
|
Valadas
|
1
|
|||||
34/35
|
1
|
Valadas
|
3
|
5
|
||||
10
|
12
|
Carlos Torres
|
1
|
34/35
|
||||
25
|
26
|
Vítor Silva
|
2
|
34/35
|
||||
34/35
|
3
|
Valadas
|
43
|
50
|
55
|
Carlos Torres
|
4
|
34/35
|
34/35
|
5
|
Carlos
Torres
|
75
|
|||||
34/35
|
7
|
Valadas
|
100
|
|||||
34/35
|
12
|
Fernando Cardoso
|
196
|
200
|
231
|
Carlos Torres
|
13
|
34/35
|
35/36
|
3
|
Luís Xavier
|
299
|
300
|
311
|
Valadas
|
4
|
35/36
|
35/36
|
8
|
Carlos Torres
|
394
|
400
|
412
|
Carlos Torres
|
10
|
35/36
|
35/36
|
14
|
Domingos Lopes
|
495
|
500
|
501
|
Espírito Santo
|
1
|
36/37
|
36/37
|
5
|
Rogério Sousa
|
589
|
600
|
602*
|
Rogério Sousa
|
6
|
36/37
|
36/37
|
11
|
Rogério Sousa
|
699
|
700
|
701
|
Valadas
|
11
|
36/37
|
37/38
|
2
|
Espírito Santo
|
792
|
800
|
809
|
Rogério Sousa
|
3
|
37/38
|
37/38
|
8
|
Valadas
|
887
|
900
|
901
|
Domingos Lopes
|
9
|
37/38
|
37/38
|
14
|
Luís Xavier
|
1 000
|
|||||
40/41
|
13
|
Miguel Lourenço
|
1
992
|
2 000
|
2
001
|
Álvaro Pereira
|
14
|
40/41
|
42/43
|
10
|
Julinho
|
2
998
|
3 000
|
3
004
|
Julinho
|
10
|
42/43
|
44/45
|
11
|
Rogério Carvalho
|
3
993
|
4 000
|
4
010
|
Joaquim Teixeira
|
12
|
44/45
|
46/47
|
6
|
Arsénio
|
5 000
|
|||||
47/48
|
7
|
Julinho
|
5
992
|
6 000
|
6
002
|
Espírito Santo
|
8
|
47/48
|
48/49
|
14
|
Corona
|
6
984
|
7 000
|
7
008
|
Rogério Carvalho
|
16
|
48/49
|
49/50
|
23
|
Julinho
|
7
996
|
8 000
|
8
024
|
Pascoal
|
24
|
49/50
|
51/52
|
6
|
Corona
|
8
997
|
9 000
|
9
005
|
Rogério Carvalho
|
6
|
51/52
|
52/53
|
18
|
José Águas
|
9
982
|
10 000
|
10
006
|
Rosário
|
19
|
52/53
|
54/55
|
6
|
Francisco
Palmeiro
|
11 000
|
NOTAS: * 601 Gatinho (CF "Os
Belenenses") fez autogolo a favor do SL Benfica
A temporada de 1954/55 (quanto a pontos):
"Glorioso" domínio até à 5.ª jornada... e depois também
Quando terminou a 5.ª jornada do campeonato nacional em 1954/55
o Benfica seguia na liderança, com oito pontos: 4 V - 0 E - 1 D e 20/2 em golos.
O "Glorioso" tinha um ponto de vantagem para a equipa da Associação
Académica de Coimbra (7 pontos: 3 V - 1 E - 1 D e 13/9 em golos). O próximo
adversário era o SC Covilhã, 12.º adversário: 1 V - 1 E - 3 D e 5/14 em golos.
A 6.ª jornada seria disputada no Estádio Nacional, em 17 de Outubro de 1954,
pois o Benfica continuava a trabalhar em Carnide na construção de um novo
estádio a inaugurar, daí a menos de dois meses, em 1 de Dezembro de 1954.
A temporada de 1954/55 (quanto a golos):
10 990 golos marcados desde 1934/35 até à 5.ª jornada
Quanto a golos estavam marcados, desde 1934/35... 10 990, ou
seja, o décimo tento da jornada seria o onze mil. A 6.ª jornada, disputada em
17 de Outubro de 1954, com todos os sete encontros marcados para as 15.00
horas, reservava jogos interessantes para além do Benfica frente ao SC Covilhã.
A equipa da Associação Académica de Coimbra, recebia no Calhabé (estádio Municipal),
o FC Porto. O Sporting CP deslocava-se ao recinto do Atlético CP, na Tapadinha.
O CF "Os Belenenses" jogava no estádio da Amorosa, em Guimarães,
frente ao Vitória SC.
A 6.ª jornada em 1954/55
O primeiro golo (10 991.º) foi marcado aos 6 minutos, por
Custódio (FC Barreirense) no Barreiro, frente ao Lusitano GC Évora. Seguiu-se (7
minutos) um golo de Juanin (Vitória SC) em Guimarães. No Barreiro, aos 11
minutos, José Pedro empatou. Coube ao FC Porto o 4.º e 5.º golo da jornada, aos
18 e 20 minutos, respectivamente, fazendo o 0-2 em Coimbra, resultado que
galvanizou os adeptos do Benfica, nas bancadas do Jamor, pois a equipa coimbrã estava
a um ponto. Mas o Benfica tinha de fazer a sua "parte" - marcar
golos. O golo 10 996.º foi obtido por José Pedro, a bisar aos 21 minutos e
colocar o Lusitano GC Évora em vencedor (2-1) frente ao FC Barreirense.
Faltavam quatro golos para o onze mil, o Benfica continuava sem marcar, em
"casa", frente ao antepenúltimo classificado! O 7.º golo da jornada
(e marcaram-se 25 golos. Em sete jogos com 14 equipas, apenas a do Atlético CP
não marcou!) foi obtido, aos 27 minutos, pelo academista André que reduziu -
para desgosto dos Benfiquistas - frente ao FC Porto, para 1-2. Faltavam três
golos para o onze mil. Eis que aos 35 minutos surge mais um
"Golo-rioso" com Du Fialho a fazer o 1-0 frente ao SC Covilhã. Dois
minutos depois, aos 37 minutos, Martins do Sporting CP faz o resultado que
seria final na Tapadinha: Atlético CP, 0 - Sporting CP, 1. Estava feito o 10
999.º golo. O próximo seria "redondo".
A mão do "Mestre" que esteve no Jamor para fazer a crónica do jogo A Bola; Primeira página; 18 de Outubro de 1954 |
O onze mil visto/fotografado do poste contrário Mundo Desportivo; Primeira página; 18 de Outubro de 1954 |
Francisco Palmeiro marcou o segundo do
Benfica tendo como adversário... Cavém
Aos 40 minutos, pelas 15.40 horas, depois de uma bola
aliviada pela defensiva covilhanense, o extremo-esquerdo do
"Glorioso" Francisco Palmeiro ultrapassa Couceiro, defesa-esquerdo do
adversário, desferindo um pontapé na bola que só parou quando tocou as malhas
do interior da baliza. Estava feito o 11 000.º golo desde que o Campeonato
Nacional se iniciara em 1934/35. O Benfica com 2-0 (o resultado final seria
2-1) assegurava o primeiro lugar, os "estudantes conimbricenses"
perderiam, por 1-3, com o FC Porto afastando-se para três pontos da liderança.
O SLB com dez pontos em seis jornadas, alargou a vantagem de um ponto para
dois, pois o Sporting CP (V 1-0) e o Vitória FC Setúbal passaram a totalizar
oito pontos. Coube, aliás, ao vitoriano setubalense Fernandes, aos 46 minutos,
abrir o marcador, em Setúbal, no estádio dos Arcos, frente ao SC Braga, fazendo
o golo n.º 11 001. Que foi também o primeiro das segundas partes dos sete
encontros dessa histórica 6.ª jornada em 1954/55. Regressando ao jogo do
"Glorioso", pelo adversário - SC Covilhã - actuou um dos melhores
futebolistas do Benfica e de Portugal de todos os tempos: Cavém! Contratado ao
SC Covilhã precisamente no final desta temporada, estreando-se com o
"Manto Sagrado" na seguinte: 1955/56!
De Arroches
para o Benfica
Francisco Luís
Palmeiro Rodrigues nasceu em 16 de Outubro de 1932, há 81 anos, na vila
alentejana de Arronches, onde o Benfica tem uma filial - Sport Lisboa e
Arroches, depois Sport Benfica e Arronches - desde 1 de Abril de 1939. Foi
nessa filial que Francisco Palmeiro se iniciou no futebol, passando depois por
outros clubes alentejanos - "O Elvas" - CAD e GD Portalegrense até
ingressar no "Glorioso"no início da temporada de 1953/54 estreando-se
em 25 de Dezembro de 1953. Seguiram-se oito temporadas como avançado,
essencialmente a extremo-direito, mas também como extremo-esquerdo. Em oito
temporadas esteve na conquista de seis títulos nacionais: três campeonatos
nacionais (1954/55, 1956/57 e 1959/60) e três Taças de Portugal (1954/55,
1956/57 e 1958/59) ou seja, com duas "dobradinhas". A última época no
Clube coincidiu com a conquista da primeira Taça dos Clubes Campeões Europeus,
em 1960/61, mas Francisco Palmeiro nessa temporada jogou prioritariamente na
categoria reserva, fazendo o último jogo com o "Manto Sagrado" na
Taça de Portugal, frente ao Vitória FC Setúbal.
Nas oito épocas como futebolista do Benfica, marcou 49 golos em 178
encontros, num total de 15 076 minutos, com cinco jogos a capitão. Depois do
Benfica prosseguiu a carreira na Atlético CP, jogando depois em clubes de
divisões secundárias e regionais: Almada AC, GD Pescadores (Costa da Caparica)
e Monte Caparica AC. Isto enquanto estabelecia um negócio de tabacarias e
quiosques na Costa da Caparica onde vive e de onde vem para estar presente em
alguns jogos do "Glorioso".
Golos!? Poucos mas... bons!
Mesmo não tendo por
função marcar golos, mas sim assistir quem estivesse em melhor posição para os
fazer, o facto de actuar em zonas avançados do campo e ter vocação e
simplicidade em marcá-los permitiu que facturasse 30 golos nas 86 jornadas do
campeonato nacional em que participou... pelo Benfica.
Futebolistas das "primeiras vezes"
Apesar de não ser um
goleador há três momentos que ninguém os vai conseguir repetir:
1. Foi o primeiro futebolista do Benfica a
marcar um golo na Taça dos Clubes Campeões Europeus (e nas competições
europeias da UEFA) aos 50 minutos do jogo da 1.ª mão da 1.ª eliminatória, no
estádio Nervion, em Sevilha, frente ao Sevilha FC;
2. Foi o primeiro futebolista com o
"Manto Sagrado" a marcar um golo na "Saudosa Luz", em dia
da inauguração, a 1 de Dezembro de 1954, frente ao FC Porto;
3. Foi o primeiro estreante na selecção
nacional - e o segundo da história da selecção portuguesa - a marcar três golos,
em 3 de Junho de 1956, no Estádio Nacional, frente à selecção de Espanha, numa
vitória por 3-1!
Paragens anteriores:
16 de
Maio de 2014: O Primeiro (Valadas)
16 de
Maio de 2014: O Mil (Luís Xavier)
26 de
Maio de 2014: O Cinco Mil (Arsénio)
Próxima "paragem": o 17 mil
(Eusébio)
Alberto Miguéns
RESPOSTA: Não é Águas, é Coluna a jogar a avançado-centro, com o n.º 9. José Águas nesse encontro - 6.ª jornada em 1954/55 - jogou a interior-direito - entre Francisco Palmeiro e Coluna - como mostra esta fotografia do jornal "Mundo Desportivo" publicada na página 8.
A explicação é "simples" (pelo menos assim tem corrido pela História do Benfica e do Futebol Português) desde então até hoje! Quando Coluna chegou ao Benfica no início desta temporada (1954/55) o treinador Otto Glória, na primeira temporada no Benfica, tendo dois temíveis executantes e goleadores decidiu dar oportunidade ao "novato Coluna" e experimentar o "experiente e consagrado Águas" noutra posição. Foi assim nas oito jornadas iniciais e nas cinco primeiras os dois ou um deles marcou sempre golos. Foi nesta 7.ª jornada que, pela primeira vez, nenhum deles marcou golos. Pela 9.ª jornada Otto Glória decidiu o "futuro". Águas a n.º 9 e Coluna a n.º 8! Esta fotografia podia chamar-se "Prova provada"
Caro Alberto Miguéns, tomei a liberdade de adicionar este seu blogue à lista de ligações do meu, já que é uma referência para mim. Espero que não se importe. Um abraço, continue o seu excelente trabalho e viva o Benfica!
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