UMA HISTÓRIA QUE FASCINA, UM COMPORTAMENTO
QUE ENCANTA E UM BÓNUS NO FINAL
Quem faça a História do Benfica ou leia o Benfica no passado
(fazer a história sem ter a preocupação de a estar a fazer, mas apenas a
conhecer o Benfica de antigamente) encanta-se com o vigor desportivo - sempre a
ganhar mais do que a perder, mesmo que isso no final não se traduza em
competições conquistadas - e com o comportamento irrepreensível dos dirigentes
- o contrário são excepções em 110 anos! Ou seja, tem a vida facilitada. O
trabalho torna-se prazer (por descobrir, assinalar e recolher vitórias) e enche
todos de orgulho (por se perceber que ao defender o Clube naquelas
circunstâncias e daquele modo, teve implicações no Benfica "actual").
Na semana passada como nas outras
Verifiquei isso mais uma vez, a propósito de um assunto que
sabia "por alto" ter existido mas não tinha aprofundado por ser
lateral aos resultados desportivos. Foi a propósito dos jogos de hóquei em
patins do Benfica com o FC Porto, em 8 de Junho de 2014. E até mereceu da minha parte o seguinte:
NOTA EXPLICATIVA: Estes devem ser os valores certos. E digo devem
porque para "ilustrar com números" este texto descobri que tendo
feito há mais de 15 anos a pesquisa de todos os jogos de hóquei em patins do
"Glorioso" esqueci-me de resolver - por o tempo fazer esquecer - um
imbróglio dos que em Portugal é facílimo existirem. Mesmo no plural porque são
imbróglios aos montes e molhos! Há um facto que vou procurar saber - o tal que
ficou esquecido: o que se passou na Taça de Portugal na temporada de 1984/85. A
indicação que tenho anotada na matriz dessa temporada - há mais de 15 anos - é
que: Uns jornais dizem que o Benfica e os clubes de Lisboa (filiados na APL)
recusaram participar na competição por incompatibilidade - em solidariedade com
a APL - com a FPP por esta proteger a AP Porto e desprezar a AP Lisboa. Outros
dizem que o Benfica foi afastado numa derrota por 3-5 sem indicar o adversário
(que poderia ser o FC Porto ou não, pois foi finalista com a AD Sanjoanense).
Isto em tempos onde a Taça de Portugal disputava-se até final do ano civil,
neste caso até 31 de Dezembro de 1984. Para descobrir o que, realmente, se
passou é necessário "peneirar" diariamente a imprensa - vários órgãos
de imprensa - dos últimos quatro meses do ano de 1984.
Conclusão (I)
De facto o Benfica não participou na 10.ª edição da Taça de
Portugal realizada entre 30 de Setembro de 1984 (reservada a clubes da II
Divisão) e 1 e 8 de Dezembro de 1984 (duas mãos da final). Em 13 de Outubro de
1984, nos dezasseis-avos-de-final os clubes da I Divisão entraram no sorteio,
excepto Benfica (emparceirou com o Seixal FC), Sporting CP, CF "Os
Belenenses", CD Paço de Arcos e Associação Académica da Amadora que não se
inscreveram na competição. Entre os clubes da I Divisão filiados na Associação
de Patinagem de Lisboa (APL) apenas participaram três emblemas: AD Oeiras, GDS Cascais
e GD Sesimbra. De notar que a 1.ª jornada do campeonato nacional realizou-se em
15 de Dezembro de 1984. Como se percebe o hóquei em patins já teve vários
modelos competitivos. A final da Taça de Portugal actualmente realiza-se depois
da última jornada do campeonato nacional. No início realizava-se antes da
primeira!
Conclusão (II)
O que queriam os clubes da APL para que a tomada de decisão
fosse tão "forte". Por exemplo o Sporting CP nem compareceu na 1.ª
mão da Supertaça, em 29 de Setembro de 1984, com o troféu a ser entregue ao
outro finalista (FC Porto). E os "cinco rebeldes" apenas participaram
no campeonato nacional depois de verem as suas pretensões contempladas (NOTA:
Quem quiser saber os pormenores do que estava em causa pode ler a notícia da
época no final deste texto em arquivo que digitalizei e coloquei ao dispor de
todos).
Resumindo e concluindo
Em termos gerais nos clubes da APL estavam contra o apoio
financeiro, e por acréscimo moral, que a FPP canalizava para a Associação de
Patinagem do Porto (APP) retirando-o aos clubes e desprezando a APL. Além disso
com um executivo autista a FPP tomava decisões arbitrárias sem consultar e
respeitar os clubes, em detrimento do FC Porto, através de Ilídio Pinto, que
dominando a APP - ao contrário da APL que não era dominada por nenhum clube - usufruía
de uma posição invejável, sendo assustadora por mostrar ter poder com evidentes
prejuízo dos adversários dos clubes da APP, em particular, do FC Porto. Essa
tomada de poder e mostra de tratamento privilegiado permitia ao FC Porto ser
beneficiado pelas instâncias federativas e temido pelas arbitragens. O
"velho problema" do desporto em Portugal, desde 1982, digo eu!
Agora o bónus
Tal como foi durante alguns anos considerado a Taça de
Portugal iniciou-se apenas em meados dos anos 70 e não teve duas edições
isoladas nos anos 60 - temporadas sem campeonato nacional mas hoquistas
seleccionados nos clubes para representar Portugal - para depois ficar 13 anos
a "hibernar" (faz-me lembrar a estorieta da fundação do FCP em 1893
para "desibernar" em 1906). A prova:
A Bola; 10 de Dezembro de 1984; página 14 |
Fazer a História do "Glorioso" ou saber mais sobre o seu passado grandioso...
É viajar à essência de um clube lutador, fora e dentro, dos recintos de jogos e competições. É perceber O BENFICA!
É assim o Benfica Histórico. Muitíssimo
mais orgulho que vergonha...
Alberto Miguéns
NOTA FINAL: As digitalizações publicadas foram feitas em
dois jornais. A primeira parte (reportagem da reunião no Record, pois A Bola
não a fez ou se fez não publicou). O comunicado é reproduzido de A
Bola apesar do Record também o ter publicado. Mas devido ao formato
diferenciado dos jornais nesse tempo, o de A Bola exigiu menos colunas por isso
é de melhor leitura.
Excelente trabalho!
ResponderEliminarPassaram 30 anos e o hóquei continua a não ser defendido em prol da modalidade mas sim de clubes do norte...
Será que a final da taça foi um sinal de mudança? É que eu nunca tinha visto 2 jogadores do Porto a serem expulsos por agressões num jogo.... e houve no mínimo uma dezena de ocasiões para isso ter acontecido. Claro que o treinador do Porto estranhou a mudança de critério e falou em vergonha. Quem não tem vergonha na cara e beneficiou sistematicamente de árbitros "vesgos" sabe lá o que significa vergonha.
Eu só espero que o Benfica e os benfiquistas continuem a lutar pela verdade porque assim nunca teremos de recalcar a vergonha como outros fazem...
Inacreditável! Depois de 30 anos, aqui estamos nós a enfrentar o mesmo tipo de problemas, ou piores.... A FPP realmente parece que ainda é pior que a FPF e não vejo fim desta pouca-vergonha.
ResponderEliminarÉ de pensar que 30 anos fosse tempo suficiente para limpar a inidoneidade criada por aquele sujeito asqueroso, mas não ainda continuamos na nossa luta diária contra a corrupção !
Tudo tem o seu fim, mas quanto mais tempo temos que aguentar ?