OPINIÃO
Em 1960/61 com o Benfica campeão
nacional e a participação na Taça dos Clubes Campeões Europeus, o Futebol Benfiquista
entrava numa fase decisiva, com Mário Coluna a tomar a
batuta de maestro a meio-campo. Seguir-se-ia o Bicampeonato Europeu em 1960/61
e 1961/62, com o futebolista a distinguir-se nos dois jogos decisivos para
atribuição dos títulos europeus, marcando dois golos, um em cada final.
Arrancar para o Bicampeonato Nacional
Foi uma grade temporada, com o Benfica a controlar duas
competições, pois não se sabia se seria campeão europeu e necessitava de voltar
a conquistar o título de campeão nacional para estar pela segunda vez
consecutiva na Taça dos Clubes Campeões Europeus. Mal sabiam eles (e nós, os
adeptos) que a glória estava em Berna. Coluna com 2160 minutos em 24 jogos (e
quatro golos) é o terceiro futebolista do "Glorioso" com mais tempo
de jogo na 27.ª edição do campeonato nacional. Uma coluna sólida,
indestrutível, entre o meio-campo e a linha avançada.
Campeão Europeu
A campanha europeia foi fantástica. Coluna é um dos sete totalistas
da competição, com 808 minutos em nove jogos e dois golos (ao SK Rapid Viena na "Saudosa Catedral"
e outro em Berna) é o expoente máximo da equipa. Coluna fez o 3-1, sobre o FC
Barcelona, aos 54 minutos, com um golo magistral. Na meia-esquerda Coluna
entregou a bola a Cavém e desmarcou-se para o centro do terreno. Depois de
bater o catalão Foncho, Cavém centro por alto e atrasado. Em corrida, Coluna
recolheu o esférico na passada e, ainda a alguns metros do limite da
grande-área desferiu um potente remate com o pé direito, que levou a bola a
entrar como uma flecha, junto à base do poste direito. Com dois golos de
vantagem, já na segunda parte dificilmente uma equipa com tanta classe
esbanjaria a oportunidade de sagrar-se campeã europeia. Assim foi!
Impedido de conquistar a Taça de Portugal
Incrivelmente, ou talvez não, enquanto os 16 melhores
futebolistas do Benfica venciam o FC Barcelona em Berna (31 de Maio de 1961) e
viajavam para Portugal (1 de Junho)
neste dia a FPF em conluio com vários emblemas fez do 1 de Junho de 1961
"um dia de vergonha" obrigando o Benfica a ir com a Reserva desfalcada
a Setúbal discutir a passagem aos quartos-de-final da Taça de Portugal.
No Torneio de Paris começou a perceber-se
Eusébio
Quando se pensava que seria Coluna a receber a distinção de
melhor futebolista português de sempre, eis que surge um menino de 18 anos,
mais novo quase sete anos que Coluna que começava a destacar-se: Eusébio! Para
Coluna, então a caminho dos 26 anos, estava criado mais um desígnio: contribuir
para fazer do "miúdo" o melhor jogador do Mundo na década de 60 e o
melhor de sempre em Portugal! E não é que o conseguiu.
1960/61
Competições
|
Jogos
|
Golos
|
Adversários
|
Golos
|
TOTAIS
|
42
|
6
|
||
Taça Clubes Campeões
Europeus
|
9
|
1
|
||
Campeonato Nacional
|
24
|
4
|
||
Taça de Portugal
|
2
|
1
|
||
Taça de Honra de Lisboa
|
2
|
-
|
||
Torneio Relâmpago
|
2
|
-
|
||
Torneio Internacional de Paris
|
1
|
-
|
||
Particulares internacionais
|
1
|
-
|
||
Particulares nacionais
|
1
|
-
|
NOTA: A vermelho troféus (e/ou) títulos conquistados
Alberto Miguéns
NOTA: Em Defesa do Benfica declara luto pelo
falecimento de Coluna, com um fumo negro sobre o rosto do EDB. E em homenagem
ao Eterno Capitão o EDB evocará de hora a
hora durante as próximas 18 horas o percurso desportivo de um futebolista
inigualável.