G.M.A’s Andróides

OPINIÃO

G.M.A’s: Os Grandes Mentirosos das Antas

Um leitor do EDB solicitou a minha atenção para o último "O Dia Seguinte" na SIC-Notícias (11 de Março de 2013), entre as 22.25 e as 22.26 horas, com Guilherme de Aguiar a afirmar que não sabia o significado de "28 de Maio" e que foram os sócios do FC Porto que pagaram o estádio. 

Vou procurar ver o dito programa - até por que agora o Meo encarrega-se de fazer arquivo, para colocar aqui no EDB as afirmações "à letra"!

Consegui “traduzir” de Guilherme Aguiar o seguinte comentário:

«Toda a gente sabe que o Benfica era o Clube do Regime ou do Sistema Político. Sei quem é que pagou o estádio do FC Porto. O estádio das Antas! Foram os portistas. A partir de determinada altura, quando o Regime caiu, quando o Sistema foi embora, o Benfica pagou parte dessa factura.»

O certo é que na mesma "tirada andróide" duas certezas: ignorância política de um político e uma mentira trapaceira de um demagogo.

Estádio portista (28 de Maio de 1952)

Quando o governo decidiu fazer um estádio a norte, em Braga, inaugurado em 28 de Maio de 1950, os portistas não desistiram de conseguir contrapartidas financeiras e de procedimentos que permitissem abandonar o caduco, de 1912, Campo da Constituição (nem era um estádio) substituindo-o por um estádio moderno e funcional. Como o FCP tinha dirigentes bem colocados no aparelho do Estado Novo (ministros como Augusto Pires de Lima e deputados como Urgel Horta) e outros bem conotados com o fascismo, como os médicos Ângelo César e o Cesário Bonito, conseguiram sacar muito dinheiro ao Estado, utilizar a Câmara Municipal (vem de longe até Rui Rio) para expropriar terrenos e “aligeirar” procedimentos. Mas… melhor que eu, quem melhor para contar o que se passou que transcrever parte da História dos 50 anos (1906 – 1956) do FC Porto da autoria de José Rodrigues Teles, um notável historiador do seu clube que na actualidade, por ser rigoroso, honesto e verdadeiro, está proscrito.




Páginas 1090 e 1091 do Volume III da História dos 50 anos do FC Porto (1906-1956) de José Rodrigues Teles, editada em 1958

Bem escolhida a data da inauguração. Mesmo a uma quarta-feira! 28 de Maio de 1956. Dia da Revolta que implantou a Ditadura Nacional (em 1926) e depois o Estado Novo (1933). Uma boa maneira de homenagear um Regime que lhes deu (praticamente…) um Estádio. Como pode esta gentalha andróide ser tão ingrata para com um Regime que tanto fez por eles e tanto lhes permitiu. E permite. Porque, na realidade, eles têm sido sempre:

Um Clube de Todos (e Qualquer) Regime”. Desde que caia e corra…

Alberto Miguéns

Publicamos uma sugestiva fotografia com dois figurões do Fascismo Português – António Salazar e Óscar Carmona – tendo ambos de cada lado, duas das muitas figurinhas do FC Porto, ambas (a par de Salazar) a fazer a saudação fascista. O primeiro da direita é... Urgel Horta. O primeiro da esquerda é Ângelo César. Dois presidentes andróides!

Que data tão bem escolhida para a inauguração - 28 de Maio de 1952 - mesmo a uma quarta-feira. Depois de sacarem tantos "contos de escudos" ao governo, moverem influências e garantirem processos através de trapalhadas, fizeram bem, muito bem, em homenagear o Estado Novo, celebrando o 26.º aniversário da Revolta Militar que instalou em Portugal o totalitarismo até 1974. Pelo menos ingratos não foram. Também 3000 contos - e até foi bem mais... através da Câmara Municipal do Porto - nos anos 50 era "dinheiro grande". Além de uma expropriação vergonhosa dos terrenos por "tuta e meia", ou seja, " quase nada", só possível num Regime Totalitário, como foi o Estado Novo! O Benfica é que não entrou na festa e espetou-lhes 8-2 na inauguração do 28 de Maio do Porto, também chamado... Antas...

Antas...28 de Maio... 8 a 2.... Benfica.... Pinto da Costa é que é ingrato. Devia estar eternamente agradecido ao Regime que, praticamente, lhes deu um Estádio. E aos futebolistas do FC Porto, que, num tempo, em que não havia Xistradas, Proençadas, Sousadas e Arturzadas, entre outras aldrabadas, levaram oito! Pinto da Costa justifica o resultado afirmando que os "jogadoures puortistas queriam festâ, beberão antes do jogo e devião fazer isso depois. Os Mouiros aproveitaram-se e marcaram todas as bolas que atirarão à baliza. Morcões."