No
Benfica nunca houve medo… mesmo em tempo de ditadura. Em 9 de Janeiro de 1973,
mais de um ano antes da Revolução que acabou com o Estado Novo, enquanto outros
– Sporting CP e FC Porto – se encolhiam, comprometidos com o Regime, por terem
dirigentes promíscuos que estavam com um pá nos clubes e outros nos órgãos do
poder fascista, no “Glorioso” respondia-se à letra.
Jornal “O Benfica”
Foi
no órgão oficial de imprensa do Clube, decano da Imprensa desportiva
portuguesa, cujo primeiro número data de 28 de Novembro de 1942 – antes de A
Bola, Record e O Jogo – que o director da publicação Paulino Gomes Júnior
respondeu – com sabedoria, indignação e destreza – a um deputado da Nação, imbecil
e rasteiro, que se mostrava, na Assembleia Nacional, indignado com a liberdade
que se gozava no jornal “O Benfica” e a alarido que provocava a democracia
eleitoral e a discussão aberta, franca e livre, que existia na apreciação de
propostas em assembleias gerais do Benfica.
Manuel Paulino Gomes Júnior
É
conhecido por ser o autor, de letra e música, do “Ser Benfiquista”, a canção
popularizada por Luís Piçarra, aquando das comemorações das nossas Bodas de
Ouro, em 1954, pois o Hino Oficial do Clube, que datava das Bodas de Prata
(1929) não devia, por sugestão do SNI, a partir do início de 1945, ser exibido
publicamente.
Este
notável associado inscreveu-se no “Glorioso”, em 28 de Maio de 1924, sendo
eleito dirigente, pela 1.ª vez, em 30 de Janeiro de 1948 e director de “O
Benfica”, em 5 de Junho de 1948. Entre 1948 e 1 de Abril de 1987 esteve por
cinco vezes na direcção do jornal: 1948/49, 1953/63, 1965/66, 1971/74 e
1986/87. De “pena fácil, transparente, hábil e intransigente” serviu como
poucos o Clube, mantendo o jornal O Benfica como um órgão prestigiado, após o
abandono do seu primeiro director, essa figura portuguesa notável e democrata,
José de Magalhães Godinho. Paulino Gomes Júnior não temia escolhos, nem
bajulava os poderosos. Corajoso e destemido, era de fibra e não servia ninguém.
Muito menos se servia do Clube. Fidelidade ao Benfica, lealdade a quem dirigia.
Um exemplo.
O que era ser director de “O
Benfica”
Não
havia publicação em Portugal que não bajulasse o poder, nesta atitude tão
portuguesa de “andar de boné na mão a pedir uma cunha, prometer subserviência e
assumir dependência para ver se sobram/caem migalhas das mesas dos poderosos,
tão típicas dos “patos-bravos”. Mentira! Havia uma… O Benfica, onde a tradição
era o jornal ser dirigido por personalidades conotadas com a Oposição ou
reviralho: José de Magalhães Godinho (1942/46) ou Lourenço Gago (1966/67), por
exemplo. Um jornal de referência, com iniciativas várias de âmbito interno, mas
que defendia – para o exterior - os interesses do Clube sem tibiezas nem
vacilações.
E os outros…
Enquanto
o Benfica e “O Benfica” eram exemplos de coragem, no Sporting CP, pejado de
fascistas e falangistas, como Cazal Ribeiro, Salazar Carreira, Maia Loureiro,
Ribeiro Ferreira, Brás Medeiros e Góis Mota (entre centenas), e o FC Porto, com
fascizóides como Ângelo Veloso, Urgel Horta, Cesário Bonito e Pinto de
Magalhães (entre centenas) assim que se deu o 25 de Abril de 1974, ala para
Espanha e Brasil, que os “telhados de vidro” eram muitos e os comprometimentos
ainda maiores.
Que orgulho nesse Benfica da liberdade
em tempo de ditadura. Com homens e mulheres corajosos. Mais do que hoje! Em
tempos mais difíceis do que hoje! A todos os níveis. Obrigado Paulino Gomes
Júnior.
És – continuas – um exemplo
para os Benfiquistas… e um engulho para os BenfiQuistos e BESfiquistas.
Alberto Miguéns
GRANDE POST.
ResponderEliminarOBRIGADO
Caro Alberto Miguéns, porque é que insiste em justificar que o Benfica não é nem nunca foi o clube do regime? Os portistas de contumil e do aleixo só sabem ouvir o que o dono lhes diz, a dimensão desta gente que se diz portuense (nunca serão, jamais serão) só têm visão até onde os olhos alcançam.O plano para denegrir a imagem social do benfica, passou também por estes disparates que só cabem a quem tem menos de 2 dedos de testa.
ResponderEliminarPara mim como benfiquista é um ótimo artigo histórico e como tal deve ser realçado.Parabéns.
Caro Alberto,
ResponderEliminarGosto de me considerar uma pessoa minimamente informada acerca da história do nosso clube, mas de facto pouco sei. No caso das personalidades que o Sr. menciona, José de Magalhães Godinho e Paulino Gomes Júnior, o meu conhecimento era deveras deficitário. Procurei online e encontrei um artigo interessante acerca de Jose Magalhaes Godinho:
Jose Magalhães Godinho
http://abencerragem.blogspot.com/2006/05/correspondncias-46-jos-magalhes.html
Abraço
deviam ter vergonha pois a forma como foram buscar o eusebio (ordens expressas de OLIVEIRA SALAZAR de que por interesse nacional o Eusebio tinha que ir para o benfica e os elementos que o foram buscar eram funcionarios do benfica e agentes da PIDE ,recorde-se que o Eusebio vinha transferido do spoting de lourenco marques para o clube mae o sporting clube de portugal)e tambem a forma como iam buscar jogadores a CUF,ao SETUBAL etc quantos queriam quantos iam buscar era tudo de borla pois era com ordens do senhor comendador e se e mentira vejam na RTP MEMORIA os jogos dessa decada era so penalties inventados oicam as historias de antigos jogadores que logo ficam esclarecidos o Humberto Coelho quando era capitao do Benfica era sp levantar o braco ou fazer um gesto que o arbitro ja sabia que era para marcar livre .ou canto ou penalty,como o ditador nasceu emViseu toda a gentinha de viseu e do benfica naquela altura convinha dar graxa por isso e que o porto e o sporting tinham muitos adeptos nas colonias pois estavam longe do olhar do comendador,depois do 25 de abril aproveitando-se da cor das camisolas que coincide com as cores adoptadas pela revolucao (COMUNAS)quiseram passar por clube de cariz popular mas leiam e oicam a entrevista do antigo capitao do benfica MARIO ESTEVES COLUNA e logo ficam esclarecidos
ResponderEliminarO anonimato serve para encobrir os covardes e mentirosos.
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