VÍTOR SERPA
(crónica ficcionada)
Mote: O que escreveria no editorial de “A Bola” o seu ilustre director depois de um terramoto de grau 9 ter destruído parte do mundo
Ando com uma vontade enorme de comer sushi. Da minha janela as ruas parecem mais estreitas que da porta da rua. Devo ter andado muito preocupado nos últimos dias com a possibilidade de ganhar o Prémio Nobel da Literatura. Escrever dá muita canseira, mas também esperança, pois os prémios repetem-se anualmente. E ao que me dizem os escritores não têm, obrigatoriamente, de escrever um livro por ano. Aliás, até podem estar três anos a pensar neles. Depois é só chegar-me ao teclado e cá vai disto. O tempo já não é o que era. Sinto um cheiro desagradável. A destruição do ecossistema humano é terrível para manter a esperança na qualidade de vida. Temo pela vida dos meus filhos. Mais do que o meu pai temeu pela minha. As idas às Salésias davam-me escassas alegrias, mas ter uma saúde de ferro não é de desprezar. O céu já foi mais azul. Estas nuvens cinzentonas, inúteis nas cidades, são fundamentais para o campo renascer a cada amanhecer. Eh lá, 777 caracteres. Já vai longo este editorial. Há mais de 21 anos e cinco meses que não escrevia tanto em tão pouco tempo. Até porque só escrevo coisas importantes e úteis para a sociedade. Desculpem o desabafo. Até depois de depois de amanhã. Sempre vos digo, aqui do 3.º andar. Tenham cuidado que está para breve um sismo de grandes dimensões.
Alberto Miguéns
ahahahah muito bem Miguéns.
ResponderEliminare pluribus unum