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30 agosto 2022

Ti Emílio no Quarto Anel

30 agosto 2022 2 Comentários

DEVIDO À IDADE AVANÇADA (101 ANOS) FALECEU O ASSOCIANO N.º 1 DO CLUBE.



Sempre que fui ao seu Restaurante fui recebido À Benfica. Ou seja, muito bem.


 

Emílio Augusto Andrade Júnior

Entrou para associado do «Glorioso» em 22 de Janeiro de 1934, ou seja, completou em 2022 uns fantásticos 88 anos de dedicação clubística. Ele que nasceu em 2 de Abril de 1921, em Lisboa, na freguesia do Socorro (Hospital de São José). Tinha 12 anos, nove meses e vinte dias quando o pai (Emílio Augusto Andrade) fez dele associado do Benfica. Em 1934/35 o Benfica conquistou a Taça de Portugal, então designada Campeonato de Portugal, derrotando por 2-1, em 30 de Junho de 1935. Contou-me ele que se lembrava desse jogo como se fosse hoje. Hoje é estar a falar dos Anos 90, talvez primeiro semestre de 1994, quando falamos acerca dele e de como se tornou associado do Clube.

 


Descendente de pai Benfiquista, filho Benfiquista

O pai abriu uma tasca de bairro, a "Taberna do Emílio" em 1 de Maio de 1926 - tinha o Ti Emílio pouco mais que cinco anos - na rua Filipe da Mata. Algum tempo depois arrendou um espaço, ainda próximo do anterior, na rua Doutor Álvaro de Castro expandindo-se depois para instalações contíguas passando a ter entrada principal na rua perpendicular, pelo número 77 da rua da Beneficência.

 

Trabalhar mais de 80 anos na casa de pasto, comes e bebes transformando-a num restaurante afamado

Foi em 27 de Janeiro de 1942, com 21 anos, que passou a auxiliar o pai (já debilitado pela saúde precária) e a mãe Matilde. Com o falecimento desta, em 28 de Setembro de 1946, o Ti Emílio e a sua esposa (D. Isabel) decidem alterar o nome "Taberna do Emílio" para "Adega da Ti(a) Matilde". E assim ficou até à actualidade. 




De taberna com jogos a restaurante

Durante muitas décadas o espaço pouco mudou, sendo uma tasca com jogos - cartas, dominó e laranjinha (uma espécie de bilhar com uns pinos no tampo de veludo) como era vulgar em Lisboa. Em 1958 decidem remodelar o espaço, acabando com as "jogatanas" comprando o rés-do-chão contíguo e fazendo do espaço o restaurante. O falecimento da esposa, em 19 de Dezembro de 1993, abalou-o muito. Fui com o senhor Joaquim Macarrão ao Funeral - tinha conhecido o senhor Macarrão nesse ano, a 11 de Março, na "Sala de Troféus" da «Saudosa Catedral» e foi com ele que uns dias, talvez meses, depois fomos passar uma tarde à "Adega da Ti Matilde" Benficando desde a uma da tarde até por volta da... uma da manhã! Doze horas que pareceram 12 minutos, tal a quantidade de Benfiquismo que transbordava dos diálogos entre o senhor Macarrão e o senhor Emílio. O senhor Macarrão, nasceu em Lagos, a 5 de Maio de 1920, era da mesma geração do Ti Emílio, embora Macarrão só chegasse a Lisboa em Outubro de 1937.



Eu já conhecia a ligação do "dono da Ti Matilde" ao Benfica e a Eusébio desde final dos Anos 70

Mas nunca me atrevi a falar com ele antes daquela tarde/noite com ele em trio comigo e com o senhor Macarrão. Para mim era paragem obrigatória... mas nunca passava de beber uma bica. O resto era demasiado caro para um adolescente pobretanas como eu. Mas fui mais de vinte vezes, nos Anos 80, lá beber a bica pois ficava "no caminho" para o "Rock Rendez Vous". Até me casar, no dia a seguir às eleições na rua Jardim do Regedor, em 1987, vivia em casa dos meus pais, no bairro da Graça, onde ainda vive a minha mãe. Quando havia "rocalhada" que me agradasse ia a Sapadores, "apanhava" o autocarro n.º 11, descia na avenida de Berna, tomava a rua da Beneficência, transpunha a passagem de nível do Rego (linha ferroviária de cintura interna), parava na "Ti Matilde" (n.º 77) para beber a bica e era "carota" mas puxa era local sagrado onde Eusébio almoçava e jantava. Depois seguia para o "Rock Rendez Vous" que já não existindo era para aí no n.º 175. A rua da Beneficência como a maior parte das ruas, em Lisboa, tem a numeração de Sul (rio Tejo) para Norte.




A última vez que falei com ele foi no dia em que recebeu o "Anel de Platina" dos 75 anos de dedicação ao Clube

Com ele a deslocar-se ao Pavilhão n.º 2, em 28 de Fevereiro de 2009.

 



Sentidos pêsames aos familiares, penso que filhas, netos e bisneto.

 

Descansa Em Paz!

 

Alberto Miguéns 

2 comentários
  1. Que descanse em Paz no regresso a Casa

    Viva o Benfica

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  2. Uma vida longa e cheia que se extingue. Um Benfiquista excelso e estimado no Clube.
    Condolências à família enlutada.
    Que descanse em Paz, no 4º anel, onde reencontrará muitos amigos.

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