SEMANADA: ÚLTIMOS 7 ARTIGOS

28 maio 2020

Resquícios das Ditaduras

28 maio 2020 1 Comentários
AINDA ONTEM SE ESCREVEU ACERCA DAS ELEIÇÕES NO BENFICA.


Quando o texto esteva feito há mais de uma semana mas foi sendo adiado por entretanto surgirem outros assuntos de actualidade e que pontaria...

Ontem surgiu uma notícia acerca das eleições no FC Porto (clicar
Que ilustra bem as diferenças "genéticas" entre os dois clubes. O FC Porto tem um órgão consultivo - o «Conselho Superior», tal como Sporting CP tem o «Conselho Leonino» - que são resquícios do tempo em que nestes clubes não havia obrigatoriedade de eleições democráticas. Eram estes órgãos consultivos que geriam e acordavam nas mudanças directivas, quando e por quem. Depois poderia haver eleições ou não em assembleia geral, pois não eram obrigatórias. Os Corpos Gerentes de FCP e SCP podiam ser plebescitados respectivamente, apenas, pelo «Conselho Superior» e «Conselho Leonino». Na actualidade já não é assim - as Eleições são obrigatórias - mas ficou esta espécie de «rabo de palha» do tempo em que havia clubes que não eram democráticos, mas autocráticos. O Benfica nunca foi, por isso nunca necessitou de ter um órgão destes. Publico o que me parece ser mais relevante e fica a possibilidade de consultar os Estatutos do FCP. Os artigos referentes a este órgão estão compreendidos entre o 69.º e o 71.º (clicar). 


Estes conselhos são estruturas intermédias
Compostas por gente influente da sociedade portuguesa (antes e depois do 25 de Abril de 1974) pois existem desde a fundação desses clubes, no caso do SCP confirmo - pois conheço melhor - já no caso do FCP pelo menos desde os Anos 30, talvez antes (tenho mais que fazer para ir consultar os Estatutos) mas que o «Conselho Superior» vem de longe, vem. Pode é ter andado a mudar de nome.


Além dessa gente influente da sociedade portuguesa
Em cada período da mesma, ou seja, à época em que eram escolhidos, tinham depois lugares por inerência, tal como na actualidade, geralmente anteriores dirigentes. E, claro, são presididos por dirigentes de um dos outros órgãos com poderes executivos ou de responsabilidade. Os órgãos são consultivos mas com "rédea curta" controlam-se mais e melhor. 

O FC Porto continua a ter lá os germes 
Das Ditaduras, com necessidade de apoio em gente influente e influenciadora. Não foi por acaso que "sacaram" logo, em 1928, o usufruto das isenções permitidas por serem "Instituição de Utilidade Pública" algo que os outros clubes só conseguiram em 1960, por saberem disso em final dos Anos 50 e pressionarem o Poder para ter igual tratamento. Durante décadas o Estado Novo tratou o FC Porto como clube à parte dando-lhe benefícios incalculáveis. Nem o Sporting CP com tantas figuras do Antigo Regime se apercebeu... 



Outros tempos em que tinha outro nome
Gente influente que se substituía aos associados para escolher os dirigentes que interessavam aos "figurões" (alguns até seriam pessoas recomendáveis, mas outros nem por isso...). Já cá não estão, por isso...

Espero que o Benfica nunca tenha «trambolhos» destes...

Alberto Miguéns

1 comentários
  1. A promiscuidade entre a política e o futebol expõem uma das matrizes constantes de Portugal. A democracia ou não existe ou é de fachada.

    Com aquela gente nada espanta. Acusam os outros daquilo que fazem e pensam. Imaginem se o Sport Lisboa e Benfica apresentasse o presidente da CM Lisboa e CM Oeiras, CM Seixal, etc, em alguma das suas listas para os Orgãos Sociais. Era baba e ranho azul por todo o lado.

    ResponderEliminar

Artigos Aleatórios

Apoio de: