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29 abril 2020

O Jogo do Empurra

29 abril 2020 0 Comentários
TOMAM-SE DECISÕES QUANDO OUTROS AS DECIDIREM...


Não que quem tenha bom senso não perceba que estamos a lidar com um problema grave de saúde com reflexos a todos os outros níveis - socialização, economia, relações familiares e laborais, finanças, comportamentos, etecetra - pois a sociedade ocidental tem cada vez mais a convicção que controla tudo e depois quando nos apercebemos que não é bem assim... chega a impaciência.

E então quando envolve morrer
É o caos. Nunca se está preparado, nem se pensa nisso. Há sempre a esperança que chegará cada vez mais tarde ainda que tenha que chegar. Esta lengalenga toda para fazer algumas considerações que são apenas opiniões, por isso são absolutamente subjectivas. 

Os líderes são escolhidos, como é óbvio, para liderar
E isso implica tomar decisões. É o que se espera.  Não sendo assim, cada um pode ser líder não o sendo. Apenas faz de conta que o é, ou seja, toma decisões copiando as que outros já tomaram.

Portugal tem esta característica há centenas de anos
Como é um país periférico, deixou-se empurrar para lá, na sociedade europeia, ou seja, em termos económicos para o lugar que tem na geografia física da Europa. Esperando que outros tomem decisões anda sempre a "reboque". Quando é para o "bem" dá em que é dos mais débeis da Europa, mas quando é para o "mal" acaba por beneficiar pois tem tempo para escolher o caminho.

É o que está a acontecer com o desporto, com destaque, para o Futebol.
Vai-se adiando, adiando, à espera de ver o que os "outros", da Europa Central e dos "ricos"... fazem.

Se este campeonato não se jogar
Nas dez jornadas que faltam. Bem como não realizar a final da Taça de Portugal é deitar para o "lixo" toda a temporada pois não faz sentido encontrar um campeão não tendo todos os 306 jogos realizados: 34  jornadas vezes nove jogos. Nem faz sentido disputar a final da Taça de Portugal na, ou nas temporadas seguintes, com plantéis já remodelados. A edição de 1982/83 disputada em 1983/84 deverá ser excepção eterna.

Não sendo especialista em vírus
Pela experiência que se tem, ao longo da vida, não acredito que a população activa e a que estuda, ou seja, todos excepto os reformados, consigam livrar-se de ser contagiados. Isto porque não se prevê que haja uma vacina eficaz ainda em 2020. Ora, assim que as pessoas regressarem aos locais de trabalho, estudo e convívio por lazer ou deslocações em transportes, por muitos cuidados que tenham, serão obrigados a ficar infectados. Pode ser um processo lento, se houver máscaras e constantemente se lavar as mãos, mas é uma inevitabilidade. Oxalá esteja enganado. 

Se esta temporada não terminar 
Por receio de ser infectado, como poderá iniciar-se a próxima antes de haver uma vacina testada e comprovada? Será expor tudo e todos à COVID-19 que já será a COVID-20. Se há tanto pânico, entre pessoas que sabem estar saudáveis, em ser contaminado, é caso para dizer:

Nunca mais deixes a tua casa!

Alberto Miguéns

NOTA (com uma história da Mitologia Grega):


Sísifo, o mestre dos truques

Mestre da malícia e dos truques, Sísifo entrou para a tradição como um dos maiores desrespeitadores dos deuses. Autólico, o mais esperto e bem-sucedido ladrão da Grécia, era filho de Hermes e vizinho de Sísifo, e tentou roubar-lhe o gado. Autólico mudava a cor dos animais. As reses desapareciam sistematicamente sem que se encontrasse o menor sinal do ladrão, porém Sísifo começou a desconfiar de algo, pois o rebanho de Autólico aumentava à medida que o seu diminuía.


Sísifo, um homem letrado, pois foi um dos primeiros gregos a dominar a escrita, teve a ideia de marcar os cascos de seus animais com sinais de modo que, à medida que a rés se afastava do curral, aparecia no chão a frase “Autólico me roubou”. Dessa forma, Sísifo descobriu o furto e exigiu o seu gado de volta. Sísifo e Autólico fizeram um acordo de amizade e tornaram-se amigos.


Sísifo casou-se com Mérope, uma das sete Plêiades, tendo com ela um filho, Glauco. Certa vez, uma Grande Águia sobrevoou sua cidade, levando nas garras uma bela jovem. Sísifo reconheceu a jovem Egina, filha de Asopo, um deus-rio, e viu a águia como sendo uma das metamorfoses de Zeus.

Mais tarde, o velho Asopo veio perguntar-lhe se sabia do rapto de sua filha e qual seria seu destino. Sísifo logo fez um acordo: em troca de uma fonte de água para sua cidade ele contaria qual o paradeiro da filha. O acordo foi feito e a fonte presenteada recebeu o nome de Pirene e foi consagrada às Musas.

Assim, ele despertou a raiva do grande Zeus, que enviou o deus da morte, Tânatos, para levá-lo ao mundo subterrâneo. Porém o esperto Sísifo conseguiu enganar o enviado de Zeus. Elogiou a sua elegância e pediu-lhe para deixá-lo enfeitar o pescoço com um colar. O colar, na verdade, não passava de uma coleira, com a qual Sísifo manteve a Morte aprisionada e conseguiu driblar seu destino.

Durante um tempo não morreu mais ninguém. Sísifo soube enganar a Morte, mas criou novas encrencas. Desta vez com Hades, o deus dos mortos, e com Ares, o deus da guerra, que precisava dos préstimos da Morte para consumar as batalhas.

Tão logo teve conhecimento, Hades libertou a Morte e ordenou-lhe que trouxesse Sísifo imediatamente para os Infernos. Quando Sísifo se despediu de sua mulher, teve o cuidado de pedir secretamente que ela não enterrasse o seu corpo.

Já no inferno, Sísifo reclamou com Hades da falta de respeito de sua esposa em não o enterrar. Então suplicou por mais um dia de vida, para se vingar da mulher ingrata e cumprir os rituais fúnebres. Hades concedeu-lhe o pedido. Sísifo então retomou ao seu corpo e fugiu com a esposa. Havia enganado a Morte pela segunda vez.

Mas um dia Sísifo morreu de velhice e Zeus enviou Hermes para conduzir sua alma ao Hades. No Hades, Sísifo foi considerado um grande rebelde e teve um castigo, juntamente com Prometeu, Títio, Tântalo e Ixíon. Por toda a eternidade Sísifo foi condenado a rolar uma grande pedra de mármore com suas mãos até o cume de uma montanha, sendo que toda vez que ele estivesse quase a alcançar o topo, a pedra rolava novamente montanha abaixo até ao ponto de partida por meio de uma força irresistível. Por esse motivo, a tarefa que envolve esforços inúteis passou a ser chamada “Trabalho de Sísifo”.
***************


Sísifo tornou-se conhecido por executar um trabalho rotineiro e cansativo. Tratava-se de um castigo para mostrar aos mortais que não têm a liberdade dos deuses. Os mortais têm a liberdade de escolha, devendo pois, concentrar-se nos afazeres da vida quotidiana, vivendo-a em sua plenitude, tornando-se criativos na repetição e na monotonia, quando existe.


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