O Presidente e o Treinador: Maurício Vieira de Brito e Béla Guttmann |
Com o presidente da Direcção, Maurício Vieira de Brito a ser reeleito mais uma vez, depois da primeira eleição, em 1957, num tempo em que os mandatos eram anuais.
Uma das raras Instituições portuguesas com eleições democráticas universais, secretas e livres
Foi notícia na página 6 do jornal «Diário de Lisboa», em 30 de Abril de 1960 (clicar)
Eleição e tomada de posse separadas um mês
Por respeito e consideração para com os dirigentes da gerência anterior - praticamente os mesmos, para 25 dos 31 foi reeleição - esperou-se o final da principal competição, o campeonato nacional, que terminou, em 29 de Maio de 1960 para a tomada de posse. Com o Benfica campeão nacional (1959/60) e apurado para a Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1960/61. Um regresso depois daquela "primeira tentativa" em 1957/58, quando o «Glorioso» foi afastado logo à primeira, pelo Sevilha FC.
Um presidente discreto "À Benfica" honrando os futebolistas e equipa técnica. Campeões Nacionais em 1959/60. Por isso são sempre curtos os adjectivos para o classificar |
Com a tomada de posse, houve que começar a preparar a temporada seguinte
Mais exigente pois o «Glorioso» teria adversários poderosos tendo em conta a "lista" de participantes na 6.ª Taça dos Clubes Campeões Europeus. E comparando o histórico dos clubes portugueses na competição, bem como os resultados da selecção nacional frente às melhores selecções europeias antevia-se uma caminhada difícil. Só de Espanha estavam dois colossos: Real Madrid CF (pentacampeão europeu) e FC Barcelona (campeão de Espanha, "mortinho" por quebrar a série de triunfos do rival de Madrid).
«"Todos Por Um" - eis a Divisa do Velho Clube Campeão», como escreveu Félix Bermudes |
Escrever/falar acerca de Maurício Vieira de Brito é sempre pouco
Tendo em conta o que tanto fez para tornar maior um Clube já tão grande. Mas, infelizmente, pouco tenho a acrescentar ao que ficou escrito neste blogue, em 8 de Agosto de 2017 (clicar).
Maurício Vieira de Brito e Augusto Cancella de Abreu |
Entre os 31 dirigentes eleitos há nomes muito GRANDES
Com destaque, apenas pessoal, para aqueles com quem falei: Gastão Silva, Croft de Moura, Manuel da Luz Afonso e Fezas Vital. Foi um orgulho e um "banho" de Benfiquismo. Outros nomes que muito dedicaram ao Clube (correndo o risco de não referir alguns por ignorância): Augusto Cancella de Abreu, Manuel Balsinhas, Ilídio Nogueira, Justino Pinheiro Machado (enorme), Hélder Viegas, Osvaldo Branco, Fernando Caseiro e Rui Guedes.
Presenteando o CR Flamengo na inauguração da iluminação artificial (1957) |
Está bem, Béla Guttmann!
A Direcção satisfez os principais desejos do treinador Béla Guttmann. Não adquirir apenas por adquirir futebolistas dando-lhes o nome de "reforços". Isso "anda o Benfica a fazer" desde 1904. Verdadeiros reforços para poder ser Bicampeão Nacional e satisfazer as "maluquices" do treinador que até tinha no contrato destronar o Real Madrid CF do título de Campeão Europeu: Germano, a pedra angular - médio-centro/defesa-central - que iria fazer a diferença em jogos "a doer".
No início das obras para construir o «Terceiro Anel», em 1959/1960 |
O plantel há muito que se percebia ser forte
Contendo 10/12 em 20 dos melhores futebolistas portugueses. Agora passaria a ter 11/13 dos melhores dos melhores.
Berna; 31 de Maio de 1961; Costa Pereira, Coluna, Neto, Germano, José Augusto, Ângelo, Mário João, Santana, Cruz, Cavém e José Águas (capitão) |
Os futebolistas responderiam em campo
Com uma orientação irrepreensível de Béla Guttmann/Fernando Caiado/José Valdivielso, mas o exemplo de Benfiquismo vinha "de fora". Dos 31 Benfiquistas que os associados do Sport Lisboa e Benfica haviam escolhido, em 30 de Abril de 1960, há precisamente seis décadas.
Obrigado aos 31 Gigantes do Benfiquismo Europeu
Alberto
Miguéns
NOTA: A fotografia de abertura é uma feliz composição de Victor João Carocha, dedicado leitor deste blogue
NOTA: A fotografia de abertura é uma feliz composição de Victor João Carocha, dedicado leitor deste blogue
Na realidade revendo a lista encontramos nomes muito grandes da História do Benfica. Curioso em período não democrático lembrarmos tantas pessoas ilustres. Curioso termos memória de tantos nomes ilustres num período em que os jornais desportivos eram trisemanários. Sinais dos tempos...
ResponderEliminarDuas curiosidades da minha vida benfiquista associadas ao Presidente Vieira de Brito:
1-O final desse campeonato (59/60) foi a minha primeira desilusão na Catedral. Juntamente com o meu pai, a minha mãe e o meu irmão que tinha jogado pelos Principiantes do Palmense, emprestado pelo Benfica (foi admitido num recrutamento, Valdivieso, juntamente com o Cruz) estávamos prontos para a festa do título invicto. Não se realizou fomos derrotados pelo Belenenses (2-1). Houve apenas tímidos festejos no final. Nesse mesmo ano, no princípio da época do 1º título europeu, fomos novamente derrotados no Estádio Nacional (5-0) para a Taça de Honra. Mas em Outubro desse mesmo ano foi a "vingança". Como era puto, 8 anos, apenas podia assistir aos jogos â tarde. E o jogo com o Ujpesti (peço apoio do Alberto para corrigir a grafia) foi numa tarde de outubro. Ainda "vejo" o 1º golo no 1º min. do Cavém na baliza norte. Dos outros 4 na mesma baliza só revendo o "Património".
2- Onde estava no 25 de abril de 74? Em casa deste presidente (no Restelo), no estúdio do seu filho João Mário meu colega de grupo em Económicas. Na madrugada executando trabalho de grupo de Economia Portuguesa. Durante a tarde não faltei à explicação de uma menina protegida pela viúva do nosso presidente, assistindo â aflição da plateia, onde se incluía a filha do então Min. dos Negócios Estrangeiros, Rui Patrício.
Com o João Mário pude reviver as gloriosas finais através daquelas bobinas imensas. Pude também perceber alguma oposição ao outro Vieira de Brito, igualmente nosso presidente. Conversei muito com a esposa (D. Rita) mas não tive oportunidade de falar com o Presidente "eusebiano-3ºanel-bicampeão europeu"
Revendo
Sortudo Mário
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ResponderEliminarA década de 60 trouxe-nos conjugações extraordinárias.
Não foi só um plantel repleto dos mais extraordinários jogadores da nossa História, de qualquer história que esteja ligado ao futebol. Um plantel que foi sendo enriquecido, valorizado, estruturado com jogadores do mais fino recorte técnicos, de inexcedível garra e de grande dedicação ao Clube
Não foi só um treinador que sublimou com aquele plantel muitas décadas de futebol com grande nomadismo, primeiro como jogador, depois treinador. Tinha por isso uma grande experiência da vida, dos homens, das suas grandezas e mesquinharias. No Benfica sublimou toda essa carreira, conquistando os seus títulos mais importantes e ganhando a imortalidade ao atingir um patamar que só os maiores atingem.
Foi também uma constelação de grandes dirigentes que trabalharam em prol do Clube. O Alberto tocou nesse ponto com toda a justiça. Aqueles eram homens que amavam o Clube, colocando nas contribuições que deram, todas as suas qualidades humanas e profissionais. Homens que souberam entender os desafios e as oportunidades do seu tempo, as características únicas dos adeptos, a Mística.
O Presidente Maurício Vieira de Brito esteve ao nível dos melhores presidentes da nossa História. Esteve ao nível de alguns que o antecederam tais como como Félix Bermudes e Ferreira Bogalho. Juntamente com Borges Coutinho, temos reunidos os quatro maiores presidentes da História do Sport Lisboa e Benfica.
A década de 60 abriu com estas felizes conjugações. E depois foi uma aventura maravilhosa que nos fascina ainda hoje. Assentou no legado e no exemplo deixado pelos dos Ases que nos honraram o passado. Hoje são também eles memória carinho e exemplo para as gerações actuais e vindouras.
E no Benfica, quando se serve o Clube com paixão e promovendo o mérito, quando se entende e acarinha os adeptos, quando se honra em cada decisão todo o passado colectivo, então constrói-se um futuro de vitórias, de orgulho, de Mística renovada.
Que assim continue. É o Benfica, somos todos nós.