Há que repetir um excerto e depois continuar.
Luís Piçarra
estando pouco em Portugal, até 1955 foi até morrer associado do «Glorioso»
Vejamos algumas datas, mais ou menos incompletas. Luís Raul Janeiro Caeiro de Aguilar
Barbosa Piçarra Valdeterazzo y
Ribadenayra nasceu em Moura, a 23 de Junho de 1917. Entrou para associado do
Benfica, em 1933, talvez em Outubro/Novembro (hei-de
saber a data certa!), aos 16 anos. Entre 1945 (primeira digressão ao Brasil, Argentina e
México e 1975 (30 de Março) passou mais tempo fora de Portugal (Europa) que em
Portugal (Metrópole). Durante 30 anos correu a América, Europa, Egipto e
Próximo/Médio Oriente. Mas nunca deixou de ser sócio do Benfica. Quando
faleceu, em Lisboa, a 23 de Setembro de 1999 era o associado n.º 268 com (mais
ou menos por uns dias) 66 anos de dedicação ininterrupta (mesmo a sério) ao
Benfica! Recebeu o emblema de dedicação classe prata (25 anos) em 1959 e o de
classe ouro (50 anos) em 1984. Uma interpretação do «Outro Mundo»
O que se
sabe?
Quando Luís Piçarra chegou a Portugal, saído de Luanda, em 30 de Março de 1975, a caminho dos 58 anos, passou a deliciar-se com as proezas de Chalana. Espírito alegre apesar de ter perdido a capacidade de cantar, em final de 1970, continuava a encantar. Em final de 1991 publicava a sua autobiografia com capa bem vermelha «Luís Piçarra// instantâneos da minha vida // Memórias», como se faz referência neste programa de televisão (clicar).
Eu e o tenor
(desencontros)
Sabendo onde ele
morava, desde 1971 ou 1972, não por ele mas pelo filho Mário como escrevi ontem,
quando foi anunciado que estava a terminar o seu livro de memórias, “abriu-se”
a oportunidade pela qual ansiava desde finais dos Anos 80 mas que não me
atrevera a investigar onde vivia. Agora sabia que estava naquela casa e não
estando estaria numa em que naquela sabiam qual era. Fui umas três vezes, no
mínimo – uma de propósito – mas nunca tive coragem de bater à porta. Quando lá
chegava pensava. Ele está tão mal, com tanta dificuldade em falar, porque vou
estar a incomodar. Dessas três vezes, numa paguei o bilhete de comboio do Cais
do Sodré até Carcavelos, fui a pé, parei à porta, voltei para trás e voltei a
comprar o bilhete Carcavelos – Cais do Sodré. Noutra fui encontrar-me com uma
pessoa e depois do encontro passei pelo prédio onde vivia Luís Piçarra. Continuei
em negação. Noutra fui filmar e fotografar os locais que os pioneiros do Clube calcorrearam
e onde jogaram, na Quinta Nova (instalações do Cabo Submarino) que fica a Sul
da estação ferroviária de Carcavelos. No regresso pensei passar pela casa de
Luís Piçarra (do outro lado da estação) estive junto à porta e neguei-me.
Estava visto que faltava o impulso fundamental.
E eu nem queria muito
Interessava-me saber
porque fora ele escolhido para interpretar o «Ser Benfiquista». Quando? Como?
Onde? Se aceitou logo. Se deu muito trabalho acertar no primor com que ficou?
Perguntas destas, não acerca do seu Benfiquismo – que não conhecia – mas a
prioridade era saber tudo o que fosse possível saber acerca do «Ser
Benfiquista» Duas/três horas de conversa – estava disposto a ir lá às vezes que
fossem necessárias – chegariam. Nada de nada.
Eu e o tenor (tinha de
ser)
Quando foi notícia a
sua ida para a Casa do Artista, talvez no início de 1999, combinei com o senhor
José Joaquim Macarrão (associado n.º 471, de 1937) irmos vê-lo. Assim foi. O
senhor Macarrão combinou que estava livre do Benfica, pelas oito da tarde e eu
passei pela «Saudosa Catedral» nesse dia e fomos a pé até Carnide. Chegados à
Casa do Artista foi-nos informada que naquele dia ele não estava em condições
de nos receber. Fiquei de regressar no dia seguinte. O senhor Macarrão disse
que já tinha compromisso assumido. Eu disse-lhe que combinaria, no dia seguinte,
com Luís Piçarra uma nova visita cem conjunto. Pois nem fui no dia seguinte,
nem no seguinte ao seguinte. Adiando chegou a notícia do seu falecimento. Tinha
de ser. O que não se faz quando deve ser feito depois corre-se o risco de não
se fazer. Mais uma vez ocorreu isso.
Há momentos de sorte e
outros de azar
Como Benfiquista Luís
Piçarra consta da lista daqueles que tive azar, de querer falar com eles, em
não o conseguir, por este ou aquele motivo, tal como com o arquitecto João
Simões, Luís Gato, Vítor Silva, Guedes Gonçalves, Ralf Bailão, José Pimenta, Dyson,
Gustavo Teixeira, Otto Glória, Alcobia, Martins, Jacinto Marques, Moreira,
Félix, Zézinho, Salvador, Du Fialho, Pedras, Barros e Fehér, por exemplo. Tive
sorte com outros (alguns três vezes, a maior parte uma vez): Germano Vasconcelos,
António Adão, Rogério Jonet, Cesina Bermudes, Luís Filipe Rosa Rodrigues, Joaquim Fernandes, Francisco Ferreira, Mário
Tavares de Melo, Albino, Corona, Manuel Alexandre, Eugénio Salvador, António
Pinho, Júlio Ribeiro da Costa, João
Correia, Luís Xavier, Mário Rui, Carlos Torres, Fernando Riera, Caiado, Mortimore,
Eriksson, Baroti, Valadas, Arsénio, Francisco
Calado, Pascoal, José Águas, Costa Pereira, Alfredo, Cavém, Santana, Serra,
Mendes, Neto, Humberto Fernandes, Germano, Ibraim, Alhinho, Frederico e Saraiva,
por exemplo, quase todos por “culpa” do senhor Macarrão. Jonet por “culpa” do
jornalista Arons de Carvalho. Nunca tinha feito, nem pensado nisto. Ainda enchi
bem o papo! Mas… podia ser bem mais!
Há uns dias tentei o
filho Mário
Amanhã escreverei mais acerca do Benfiquista Mário Piçarra, filho de Luís Piçarra, nascido em 26 de Setembro de 1947, pois acompanhei a sua carreira musical no grupo «Terra a Terra». Em meados dos Anos 80 deixei de saber por onde andava até que, em 2018, soube que ia editar um disco (CD: Caraças é Deplástico) de nome «Claridade» dedicado ao pai. Esperei pela ocasião e falei com ele, pessoalmente, na SPA (Sociedade Portuguesa de Autores) dizendo-lhe que não sendo aquele o momento apropriado gostava de falar com ele acerca do pai, a propósito do «Ser Benfiquista». Ele foi gentil – apesar de já não se lembrar minimamente (nem maximamente) de mim – e deu-me o telefone, ou melhor, um contacto. E não é que o tempo foi passando. Quando tentei o contacto há uns dias, eis que surge uma notícia bruta. «Morreu no início do ano passado, faz agora um ano» É pá! Como sou alérgico aos media portugueses nem sei se foi, ou não, notícia. Fiquei destroçado!
Amanhã escreverei mais acerca do Benfiquista Mário Piçarra, filho de Luís Piçarra, nascido em 26 de Setembro de 1947, pois acompanhei a sua carreira musical no grupo «Terra a Terra». Em meados dos Anos 80 deixei de saber por onde andava até que, em 2018, soube que ia editar um disco (CD: Caraças é Deplástico) de nome «Claridade» dedicado ao pai. Esperei pela ocasião e falei com ele, pessoalmente, na SPA (Sociedade Portuguesa de Autores) dizendo-lhe que não sendo aquele o momento apropriado gostava de falar com ele acerca do pai, a propósito do «Ser Benfiquista». Ele foi gentil – apesar de já não se lembrar minimamente (nem maximamente) de mim – e deu-me o telefone, ou melhor, um contacto. E não é que o tempo foi passando. Quando tentei o contacto há uns dias, eis que surge uma notícia bruta. «Morreu no início do ano passado, faz agora um ano» É pá! Como sou alérgico aos media portugueses nem sei se foi, ou não, notícia. Fiquei destroçado!
Fazer o que tem de ser
feito
Se eu sempre quis fazer um ou vários textos acerca do «Ser Benfiquista» e de Luís Piçarra, hei-de fazê-los e serão publicados neste blogue. Fotografias não faltam – o livro de memórias dele tem 154 (pelo menos!) mais um mapa de África. Mas necessita de notícias da Imprensa e isso, nesta ”covidada” que vivemos é impossível.
Se eu sempre quis fazer um ou vários textos acerca do «Ser Benfiquista» e de Luís Piçarra, hei-de fazê-los e serão publicados neste blogue. Fotografias não faltam – o livro de memórias dele tem 154 (pelo menos!) mais um mapa de África. Mas necessita de notícias da Imprensa e isso, nesta ”covidada” que vivemos é impossível.
A internet é mentirosa
ou alguns que a fazem
Podia recorrer à
internet mas isso é correr o risco de aldrabar como se consegue provar até em
situações tão simples, quanto mais as mais complexas. Nem na data de edição do
livro acertam. E é logo por quatro anos! Puxa! Como se prova e comprova! (clicar)
E agora?
Esperar que tudo
regresse à “normalidade” e procurar nos jornais da época – sabendo as datas em
que esteve em Portugal – por notícias e entrevistas. É a vida! Enquanto tal não
acontece é deliciarmo-nos com ele, a ouvi-lo. Felizmente, na internet (não é má
de todo!) há 13 gravações dele, incluindo o Granada que diz-se, foi ingénuo
pois podia ter ficado com os direitos de autor e não precisava de fazer mais
nada na vida!
Não acredito que não volte a escrever acerca de Luís Piçarra (a solo) depois das Bibliotecas e Hemerotecas reabrirem...
Esperar que a COVID-19 se vá embora de mansinho…
Alberto Miguéns
Nas sociedades destes nossos dias é uma tragédia termos toda esta ignorância, este desprezo pelo que os mais antigos (do que nós) nos podem dar. O seu conhecimento e vivências de Ser Benfiquista são fundamentais para percebermos a verdadeira essência do Sport Lisboa e Benfica. Muito para lá destes dias feitos de betão e do mercantilismo desenfreado. Fico feliz por saber que o Alberto tem todo esse acervo. Fico agradecido que vá partilhando com os seus leitores.
ResponderEliminarMais um excelente texto.
ResponderEliminarGrato pelas suas crónicas, que são um excelente testemunho acerca da procura de factos importantes da história do nosso clube.
Viva o Benfica, com Saúde e Paz