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10 agosto 2022

Chalana 1978/79: Futebolista Ilimitado, Limitado Benfica

10 agosto 2022 1 Comentários
COM O DESCALABRO DE 1978/79 CHEGOU AO FINAL A ERA DA INOCÊNCIA DOS ADEPTOS E ASSOCIADOS.



Quando muitos se aperceberam que o Benfica caminhava para deixar de ser o grande clube que era desde 28 de Fevereiro de 1904 os sócios souberam dar a resposta em 1 de Julho de 1979. Mas ainda tiveram que ter a prova em 1978/79. Com a vinda de estrangeiros Chalana passou de estrela brilhante a constelação universal. Só não foi mais longe porque existe sempre a mesmo limitação. O Homem é as suas circunstâncias. E as circunstâncias de Chalana têm um nome mas eu não o vou escrever por respeito a ele e a ela!



Malabarista com eficácia
Em 1978/79, aos 20 anos, Chalana era um futebolista que parecia ter 27. Por isso ainda mais eficaz porque conservava a irreverência e velocidade da juventude com o saber da experiência. Infelizmente o Benfica continuava a não ter condições para aproveitar as suas potencialidades. A contratação de João Alves foi importante mas curta. Os outros que chegaram,, apesar da sua boa vontade, foram apenas mais uns números, não foram reforços: Reinaldo (de um clube da II Divisão Norte, o FC Famalicão) e Diamantino, ainda muito novo e incapaz de assumir um meio-campo campeão. Depois foram chamados juniores, entre eles Alberto Bastos Lopes (que também nasceu em 1959), mas incapaz de rivalizar com Humberto Coelho, Eurico e Alhinho. John Mortimore com estes três defesas-centrais até tentou fazer de Humberto Coelho "libero" jogando atrás dos centrais (a defender) e depois juntando-se ao meio-campo (a atacar). Mesmo assim pouca capacidade em marcar golos pois os avançados não tinham a qualidade que se exigia. 



Pela segunda vez o Benfica é segundo classificado no Campeonato Nacional 
O Benfica quase-ganha o campeonato nacional ficando a um ponto do FC Porto em 30 jornadas. Chalana foi o melhor futebolista do campeonato nacional sendo totalista (30 jogos) com apenas três golos marcados. John Mortimore tentou que ele fosse o municiador-mor de Néné (25 golos), Reinaldo (17 golos) e João Alves (11 golos). Até do defesa-central/libero Humberto Coelho (sete golos). O Benfica até marcou mais golos que o FC Porto. Mais cinco. 75 para 70. Ou seja, entre dois campeonatos contíguos o Benfica passou de 56 para 75 golos. Mas tornou-se mais vulnerável: de 11 passou para 21 golos sofridos. Consequência... de zero para quatro derrotas. O FC porto teve uma. O Benfica vencia na diferença de golos (75/21 = + 54) e o FC Porto (70/19 = 51) mas perdia o título por um ponto. Chalana na sua plenitude, mesmo jovem, e o Benfica sem vencer duas temporadas consecutivas. É preciso recuar a 1957/58 (Sporting CP) e 1958/59 (FC Porto) para ter algo igual. Vinte anos!



Taça de Portugal para esquecer
O Benfica é eliminado nos dezasseis-avos-de-final, em Braga, frente ao SC Braga por 1-2, logo em 25 de Fevereiro de 1979. Impensável. O Benfica só fez dois jogos e Chalana dois, pois não defrontou o CF Aliados de Lordelo, na «Saudosa Catedral», num 3-0 escasso. 



Taça UEFA
Como era habitual os Benfiquistas diziam. estas Taças europeias não interessam. A Taça do Benfica é a dos Campeões Europeus pois falta a terceira! Mas o certo é que tinha de ser disputada e mais uma vez o Benfica cede a um emblema do futebol colectivo e físico, perante o Borussia Moenchegladbach depois de ultrapassar o FC Nantes. Chalana marcou o 1-0 em Nantes, é expulso e não joga mais (três jogos). E os adeptos depois da eliminação perante o clube da então RFA diziam o habitual: Mas quem são estes para eliminarem o Bicampeão Europeu que derrotou o FC Barcelona e Real Madrid CF!?  



No final da temporada ninguém queria acreditar
O Benfica há duas temporadas que não ganhava nada. Era necessário recuar a 1947/48 para haver duas temporadas consecutivas sem um dos dois troféus. E é porque em 1946/47 não se disputou a Taça de Portugal. Além disso desde que havia duas competições na mesma temporada, desde 1934/35, o Benfica só em duas temporadas não vencera pelo menos uma: 1938/39 (a do Tetra dos seis segundos) e 1940/41.
1941/42: Campeonato Nacional;
1942/43: Campeonato Nacional e Taça de Portugal;
1943/44: Taça de Portugal;
1944/45: Campeonato Nacional;
1945/46: NADA
1946/47: NADA (mas a Taça de Portugal não se disputou)
1947/48: NADA
1948/49: Taça de Portugal;
1949/50: Campeonato Nacional e Taça Latina (a Taça de Portugal não se disputou);
1950/51: Taça de Portugal;
1951/52: Taça de Portugal;
1952/53: Taça de Portugal;
1953/54: NADA;
1954/55: Campeonato Nacional e Taça de Portugal;
1955/56: NADA;
1956/57: Campeonato Nacional e Taça de Portugal;
1957/58: NADA;
1958/59: Taça de Portugal;
1959/60: Campeonato Nacional;
1960/61: Campeonato Europeu e Campeonato Nacional (e na Taça de Portugal a vigarice do jogo, em Setúbal, no dia a seguir à final de Berna inviabilizou poder conquistar o troféu;
1961/62: Campeonato Europeu e Taça de Portugal;
1962/63: Campeonato Nacional
1963/64: Campeonato Nacional e Taça de Portugal;
1964/65: Campeonato Nacional
1965/66: NADA;
1966/67: Campeonato Nacional
1967/68: Campeonato Nacional
1968/69: Campeonato Nacional e Taça de Portugal;
1969/70: Taça de Portugal
1970/71: Campeonato Nacional
1971/72: Campeonato Nacional e Taça de Portugal;
1972/73: Campeonato Nacional
1973/74: Taça de Portugal
1974/75: Campeonato Nacional
1975/76: Campeonato Nacional
1976/77: Campeonato Nacional
1977/78: NADA;
1978/79: NADA.
Isto era algo impensável. Dois anos consecutivos a ver os outros conquistar troféus? Como sempre os Benfiquistas perceberam o que se passava e foi contratado o primeiro estrangeiro. Um avançado, vindo do Boavista FC, Jorge Gomes.



Chalana continuou imparável
Com 47 jogos dos 51 realizados pelo Benfica. Menos golos (quatro) mas muito mais assistências e ainda melhor "um abre-latas" temível. Conquistou a taça de Honra de Lisboa, frente ao CF "Os Belenenses"  (8.º classificado no campeonato nacional) e Sporting CP (3.º lugar). além do Torneio Internacional de Paris frente ao poderoso FK Crvena Zvezda (Belgrado/Jugoslávia), com uma vitória por 4-0. Chalana não era daqueles fiteiros inconsequentes. "Partia para cima" dos adversários, fintava ou driblava com a mestria de saber ficar no sítio certo no momento exacto para assistir "de bandeja" (por terra ou pelo ar) permitindo golos de "encostar". Um prodígio.

Aos 20 anos Chalana maravilhava como se tivesse mais dez! Um Futebolista completo.

Alberto Miguéns

1 comentários
  1. Alberto este campeonato foi perdido na Luz contra o Porto, quando marcaram um golo num fora de jogo escandaloso, para ai um metro ou dois pelo Duda, um autentico diluvio nessa tarde, a tarde em que o Toni "partiu" a perna ao Marco Aurelio, e entre parenteses, porque se a memoria não me falhar, o Marco Aurelio entra por trás ao Toni, só que o Toni colocou a chuteira na sua perna a proteger-se e o Marco Aurelio chutou nos pitons da bota em vez da perna do Toni, espero que a memoria não me esteja a atraiçoar.

    Na competição europeia discordo , porque o Borussia de Moenchengladbach na decada de 70 foi uma das grandes equipas europeias da decada e neste ano que eliminaram o Benfica venceram a Taça UEFA derrotando na final o Estrela Vermelha de Belgrado, na decada de 70 foram 5 vezes campeões da RFA, ganharam 1 taça da RFA e disputaram 5 finais europeias, 1 taça dos campeões e 4 taças da UEFA tendo ganho 2 e perdido 2, isto tudo em 8 anos

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