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12 junho 2019

Dia da Memória 72

12 junho 2019 3 Comentários
HÁ 72 ANOS FALECEU O NOSSO PAI BENFIQUISTA.

Magnífica composição do Benfiquista Victor João Carocha que «Honra Agora os Ases que Nos Honraram o Passado»

Em 12 de Junho de 1947, aos 61 anos, partia para o «Quarto Anel», Cosme Damião.



Nasceu em 2 de Novembro de 1885
Às quatro horas da tarde na travessa do Alqueidão, ao Lumiar, no norte de Lisboa. Filho de Cosme Damião e Rosa Maria Marques. Ainda não tinha completado dez anos quando fica órfão do pai, em 11 de Junho de 1895. Quase no mesmo dia... 52 anos depois, faleceu Cosme Damião, há precisamente 72 anos, assinalados hoje. 



Baptismo com registo de nascimento
Em 27 de Dezembro de 1885, na igreja paroquial de São João Baptista do Lumiar, é baptizado e registado Cosme Damião, com quase dois meses de existência (clicar). 

O adro da igreja do sacramento baptismal do nosso Pai Benfiquista num festivo dia de feira

Entrada para a Real Casa Pia de Lisboa
Em 30 de Abril de 1896 depois de um primeiro ofício datado de 22 de Abril do mesmo ano. Tinha dez anos e seis meses.


Foi na Casa Pia que se interessou pelo Futebol
Como demonstra documentação existente na instituição, no jornal «O Social»:



Metódico, aos 16 anos e pouco mais que um mês, tal como seria toda a vida, obtida a necessária autorização "A Comissão" abriu a subscrição aos restantes alunos bem como elaborou um "Regulamento" com quatro condições:


Depois de sair (provisoriamente) da Casa Pia
Fez parte do grupo de ex-alunos da Instituição, a «Associação do Bem» que reforçou o Grupo dos Catataus (ou Belém FC) dando origem ao "Glorioso", em 28 de Fevereiro de 1904.


A inconfundível e inigualável assinatura de um tesoureiro que faleceu há 72 anos mas deixou muitos filhos que se têm multiplicado a cada dia

Cosme Damião não consta da lista por esquecimento ou não quis assinar?
Verdade! Mas é a caligrafia dele pois há documentos muito próximos de 1904 - são de 1908 - em que a letra é igual. Para quem tanto escrevia - era Secretário da Casa Palmela na primeira metade do século XX - a letra foi-se alterando com o tempo como mostram documentos manuscritos por ele, em final dos anos 30. O motivo pelo qual o nome não consta ou a razão de não assinar é apenas colocar hipóteses. Não quis, esqueceu-se, era óbvio, recusou protagonismo? Só hipóteses, pois não há em nenhum documento ou entrevista qualquer explicação.


Há três futebolistas - Eduardo Corga, Henrique Teixeira e Carlos França - de 1908/09 entre os fundadores de 1904. Entre outros nomes próprios que coincidem. A mesma caligrafia! Quatro anos de diferença! Esta é a letra de Cosme Damião feita de acordo com o mesmo princípio. Uma listagem! 
Sem particular protagonismo até 1906
Num clube que primava pelo colectivo, começou a destacar-se quando, ainda, futebolista (médio-centro) da 2.ª categoria reforça como defesa-direito a 1.ª categoria, em 17 de Março de 1906. Neste blogue já se escreveu acerca desse dia: Cosme Damião pela Primeira Vez na Cruz Quebrada (clicar).


Da esquerda para a direita. De cima para baixo. Defesas e meio-campo: António do Couto, Albano dos Santos, Emílio de Carvalho, Manuel Móra (guarda-redes), Cosme Damião, Fortunato Levy e H. Hannour (árbitro inglês/futebolista do Carcavellos Club); Avançados: Carlos França, António Rosa Rodrigues, Daniel Queiroz dos Santos, Cândido Rosa Rodrigues e Silvestre José da Silva (capitão)    

No Verão de 1907
É um dos grandes responsáveis (com Félix Bermudes e Marcolino Bragança - que teve a ideia) pela resistência à debandada dos melhores futebolistas decidindo inscrever, como 1.ª categoria, no campeonato regional de Lisboa, em 1907/08, os futebolistas inscritos como 2.ª categoria, em 1906/07! Uma decisão sábia para os que ficaram e proveitosa para as gerações seguintes, ou seja, para todos nós! E os nossos descendentes!


Entrevista de Cosme Damião concedida a Mário de Oliveira; jornal «A Bola» n.º 11; 5 de Março de 1945; páginas 5 e 7 (excertos) 

Depois é Lenda!

Alberto Miguéns

3 comentários
  1. Emocionei-me no dia da inauguração do nosso actual Estádio. Contemplava o relvado inundado por aqueles milhares de luzinhas e logo na minha cabeça se fez a associação de cada uma delas a um Benfiquista já falecido. Todos os Benfiquista que já não puderam ver o nascimento do magnífico Estádio. Lembrei-me de meu pai, lembrei-me de vários outros amigos. É também destes sentimentos de memória e de reconhecimento que se faz o Sport Lisboa e Benfica. Todos aqueles que nos precederam e que nos legaram esta parte tão fundamental das nossas vidas.

    Este texto é uma homenagem linda que o Alberto faz a um homem que é o Pai do Benfiquismo. Alguém que moldou decisivamente o Clube que ajudou a fundar. Alguém decisivo para que o Clube tivesse a ambição de se projectar para lá das fronteiras físicas do bairro onde nasceu. E hoje podemos emocionar-nos. Graças a um homem que faleceu há 72 anos. Dele ficou a obra e o exemplo. Obrigado, Cosme Damião.

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  2. Que no céu estejas Cosme Damião!!!


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  3. Uma homenagem bonita e justa.
    É uma lástima que poucos benfiquistas conheçam esta e estas histórias, pois isso só lhes aumentaria o seu Benfiquismo e henriqueceria o orgulho de pertencer a este Clube, a esta família. Uma família que começou pela mão de Cosme Damião.

    Uma pena que ninguém se tenha lembrado de lhe perguntar (e registar) o porquê de não ter inscrito o seu nome naquela lista mítica. Faltava lá o Alberto, para lhe fazer tal pergunta.

    Obrigado e um abraço.

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