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24 fevereiro 2019

A Morte do Primeiro Benfiquista

24 fevereiro 2019 2 Comentários
FOI HÁ, PRECISAMENTE, 105 ANOS, EM 24 DE FEVEREIRO DE 1914.


Há algum tempo - 1.º de Novembro de 2018 - foi possível localizar e saber (depois de retirar  musgos, fungos e líquenes) com certeza absoluta a data da tragédia como ficou documentado neste blogue e prometeu-se um texto para hoje. Eis a «Brigada Benfiquista de Limpeza» com Carlos Costa, Carlos Dinis e Mário Ferreira.




Quando se diz que foi o primeiro a falecer
É o que se conhece. Mas há ainda muito para descobrir. Por isso pode não ser. Do que se conhece...é. O primeiro craque faleceu, em 3 de Setembro de 1915 (Álvaro Gaspar). O primeiro fundador faleceu, em 20 de Outubro de 1916 (Eduardo Corga). O primeiro dirigente (e presidente) faleceu, em 30 de Abril de 1924 (José Rosa Rodrigues). José Honorato de Mendonça Júnior, ao morrer afogado, em 24 de Fevereiro de 1914, foi o primeiro de todos nós a transferir-se para o «Quarto Anel». É a estrela mais antiga que brilha a cada jogo por cima da «Catedral».






Antes de 28 de Fevereiro de 1904
Natural de Belém, em 27 de Setembro de 1883, era o quinto filho de seis, nascido numa família de militares consagrados pelo lado paterno e proprietários rurais pelo lado materno. Seria numa destas propriedades, no Monte da Barca, nas margens planas traiçoeiras do rio Sorraia, que morreria numa das habituais cheias, no Ribatejo. Foi elemento importante ainda antes da Fundação pois se foram 24 os fundadores tantos outros não o foram porque não estavam (ou vivendo já longe não se deslocaram) a Belém nesse domingo. Tinha 20 anos e cinco meses. Atirador de boa capacidade praticou tiro na juventude e ainda era recordado, 14 anos após falecer, instituindo-se uma competição com a participação do seu Benfica. 



Em 6 e 7 de Outubro de 1928, organizado pela Federação Portuguesa de Tiro, o Benfica participou com uma equipa de três atiradores: Artur Calado, Aniceto Travaços e Ezequiel Pires


Acompanhou os primeiros tempos do Clube
Casou em 17 de Fevereiro de 1908, aos 24 anos e cinco meses, com D. Maria Antonieta Duff Burnay, nascida em Alcântara, familiar de um dos nossos fundadores, Raúl Júlio Empis. Em 23 de Janeiro de 1910, aquando da segunda vitória sobre os "mestres ingleses do Cabo Submarino" do Carcavellos Club deve ter estado (pois a crónica localiza um Mendonça e do que se conhece será ele) entre a multidão que assistiu, na Quinta da Feiteira, em Benfica, a essa vitória extraordinária que ainda deu mais popularidade ao Clube, depois da vitória em 10 de Fevereiro de 1907, que já fez texto neste blogue (clicar). Aquando dos 110 anos da vitória de 1910, em 23 de Janeiro de 2020, fica prometida a necessária evocação. Uma vitória que permitiu a conquista do primeiro título na Gloriosa História, o Campeonato Regional de Lisboa, em 1909/10, organizado pela «Liga Portugueza de Foot-Ball». Até esta temporada, os Campeonatos Regionais, foram sempre conquistados, desde 1906/07, pelo Carcavelos Club.   






Depois a tragédia
Corria a segunda década do século XX, com a imprevisibilidade do caudal dos rios Tejo e Sorraia e a pouca informação então existente, o mês de Fevereiro de 1914 foi de canseira, entre dias/noites com terras alagadas e acalmia. Conta-se em Coruche, que numa dessas noites, para salvar o gado, José Honorato de Mendonça e dois dos seus ajudantes foram cercados por água revolta e em redemoinho que arrastava ramos e cadáveres de pessoas e animais. Num  terreno plano sem fim à vista e sem árvores - ainda hoje sabendo-se o que se passou estar no local com uma vastidão de planura impressionante impõe respeito - os três homens soçobraram ante a força descomunal da Natureza impiedosa.  


Obrigado, Pioneiro!

Alberto Miguéns
2 comentários
  1. Excelente texto e justa evocação.
    Já me tinha debruçado sobre a figura de José Honorato mas não tinha pensado desta forma.
    Foi uma figura de enorme importância antes e depois da fundação do Sport Lisboa, tal como foi afirmado por Mário Oliveira e Rebelo da Silva.
    Foi uma figura trágica. Desportista de grande mérito na modalidade de Tiro - quiçá se na década seguinte não teria sido colega de equipa olímpica de Félix Bermudes em Amesterdão 1928...
    Homem com família constituída e com posses para deixar marca na sociedade Portuguesa e tinha de morrer vítima de uma pavorosa inundação. Merece a lembrança e o carinho dos Benfiquistas.
    Paz à sua alma.

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  2. Bom dia, mais uma vez o Sr Alberto nos dá uma lição de Benfiquismo, ele faz o que ninguém faz, vai atrás da história de tudo sobre o nosso clube e o que ainda terá para vir, obrigado

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