Há no entanto uma grande diferença. Jonas marcou 101 golos
com o "Manto Sagrado". João Tomás em 101 marcou...19, ou seja, 19 por
cento. Por isso - e não só - há uma diferença abissal quanto à importância dos
dois na Glorioso História. Além do número de temporadas: Jonas em cinco e João Tomás
em 12. E Jonas vai marcar mais que 101 golos.
NOTA INICIAL: As
informações referentes à carreira de João Tomás serão reduzidas ao essencial.
Será maximizado o que interessa (época e meia mais um pouco, ou melhor, meia-época
+ época-inteira + início de época no"Glorioso") e minimizado o antes
e o depois. O "antes" será mais desenvolvido para fazer o
enquadramento da sua chegada ao Clube. O "depois" será despachado a
grande velocidade. O "antes" resulta da conversa que tive com ele
enquanto Glorioso Futebolista. Para quem não é leitor deste blogue desde o
início - pois já escrevi acerca disto - é bom saber que comecei a colaborar
obsequiosamente, como fizemos questão de assim ser os dois, eu e o Glorioso Presidente - com o Benfica, a
pedido do presidente Jorge Brito, desde Setembro de 1993. Em 1993/94 comecei a fazer
entrevistas a actuais e antigos futebolistas/dirigentes/atletas. Foi assim até
2005/06 quando o assessor (João Salgado) do actual presidente proibiu. Eu
continuei essa "actividade" na clandestinidade até à temporada de
2008/09. Daí para cá nunca mais falei com os que iam chegando. E já são... 162
(só futebolistas com estreia nos "AAs"). Resta dizer que há, pelo
menos, duas boas entrevistas, ambas em 2018, disponíveis na internet, por isso,
na NOTAL FINAL1 indicarei essas ligações para quem quiser saber os pormenores
ou mais pormenores biográficos. Vamos ao que interessa.
De Oliveira
do Bairro um sportinguista surge no pós-25 de Abril, em pleno PREC
JOÃO Henrique Pataco TOMÁS nasceu, em 27 de Maio de 1975, na
vila de Oliveira do Bairro (cidade desde 2003). Com o pai Benfiquista a jogar futebol
no Oliveira do Bairro SC não foi difícil ao filho mais velho iniciar-se no
clube da sua localidade natal. Entre 1986/87 e 1992/93, dos onze aos 18 anos, João
Tomás percorreu todos os escalões de formação do clube. Sportinguista por
influência de um tio numa família que começara por ser portista quando chegou o
sim ou não para ser profissional foi dispensado.
Comer o pão
que o diabo amassou (em termos futebolísticos)
Depois de sete temporadas na Formação, chegou a sénior,
chegou a dispensado... Querendo continuar a jogar foi para clubes dos
Distritais de Aveiro: 1993/94 - AR Aguinense, 1994/95 - GD Águas Boas (Oiã); e
depois na III Divisão, em 1995/96 - Anadia FC. O 4.ºlugar deste clube na série
C deu visibilidade a muitos futebolistas, entre eles um "calmeirão
delgadinho" (1,88 metros e 78 quilogramas) goleador, com 21 anos, de nome "fácil":
João Tomás.
De
centrocampista para avançado
Foi durante a temporada de 1994/95, no clube de Oiã, que o
futebolista se evidenciou como médio goleador. E passou a ser ponta-de-lança até
ao final da carreira lá para 2013/14, em Angola. Entre 1995/96 e 1996/97, os
dirigentes do OAF da Associação Académica de Coimbra (AAC) depois de uma época
desastrosa, em 1995/96, no segundo escalão (15.º lugar em 18 sendo os três últimos
- 16.º, 17.º e 18.º - despromovidos)"assustados" por terem-se safado
por dois pontos trataram de reforçar o plantel. Eis que João Tomás ingressa na
AAC para competir no segundo escalão em 1996/97 com o clube a assegurar o 3.º
lugar e a promoção ao primeiro escalão com um novo herói: João Tomás. Em
1997/98 e 1998/99 João Tomás competiu no primeiro escalão com pouco destaque,
mas em 1999/2000 tudo mudou. A primeira volta foi de excelência com 19 golos em
17 jogos. O seu empresário (José Veiga) conseguiu, perante alguma euforia
(entre uns) e o desespero (de outros dirigentes da AAC-OAF) transferi-lo para o
"Glorioso".
1999/2000
Com Cadete lesionado e Pepa imberbe era necessário alguém para
substituir Nuno Gomes com João Pinto atrás e Sabry ao lado. O presidente Vale
Azevedo e o treinador Jupp Heynckes concordaram. João Tomás é necessário.
Depois de três jornadas - 20.ª, 21.ª e 22.ª - sem sair do banco de suplentes estreou-se,
na 23.ª jornada do Campeonato Nacional, em 27 de Fevereiro de 2000, frente ao
CF Estrela da Amadora, no estádio José Gomes (Reboleira) numa derrota por 0-3,
entrando aos 76 minutos a substituir Kandaurov pouco depois do adversário ter
marcado o segundo golo. Num tempo em que eu ainda via jogos no terreno dos
adversários... Nesta meia-temporada inicial fez doze jogos, com mais seis como
suplente não utilizado. Nesses doze encontros foi titular em quatro com apenas
um completo, o da 31.ª jornada. Em oito foi suplente utilizado. Dos doze, nove
foram no campeonato nacional marcando dois golos (FC Alverca e CF "Os
Belenenses", ambos na "Saudosa Catedral"). Os três últimos estão
integrados na ida a Beja (dois golos ao CD Beja) e depois digressão de final de
temporada aos EUA, com jogos frente à AS Roma e Selecção Nacional da Colômbia. Pouca
utilização: 462 minutos, ou seja, uma média de 39 minutos por jogo com 116
minutos para marcar um golo. Contando apenas o campeonato nacional foi tudo
mais rápido: 272 minutos, ou seja, 30 minutos por jogo e um golo a cada 136
minutos. A expectativa para a temporada seguinte era elevada pelo facto de Nuno
Gomes sair para Itália.
2000/2001
A dupla Vale Azevedo/Jupp Heynckes fizeram logo no início
desta temporada outra dupla, João Tomás e Van Hooijdonk (1.93 metros e 84
quilinhos) este contratado ao clube holandês SBV Vitesse. Por esta dupla
passariam depois outras tantas: Vale Azevedo/José Mourinho, Manuel
Vilarinho/José Mourinho e Manuel Vilarinho/Toni. Resultado? A pior
classificação de sempre do "Glorioso" no campeonato nacional com um
impensável 6.º lugar e o afastamento, pela primeira vez desde 1960/61, das
competições da UEFA. Nesta temporada João Tomás marcou 23 golos em 48 jogos mas
apenas 2 791 minutos, ou seja, o equivalente a cerca de 31 jogos a 90 minutos.
Van Hooijdonk em 44 jogos (3 392 minutos, ou seja, o equivalente a cerca de 38
jogos com 90 minutos) marcou 26 golos. Coexistiram em 38 jogos, 15 com os dois a
titular, 15 em parte do jogo e oito em que um substituiu o outro. Ao contrário
do que se possa pensar não foi sempre João Tomás a ser figura secundária
relativamente ao holandês. Dos 15 jogos em que um deles entrou quando o outro
era titular, em três João Tomás era o titular. Dos oito em que se substituíram,
em dois foi Van Hooijdonk a entrar para sair João Tomás.
2001/2002
Depois de tempos conturbados, João Tomás durou pouco em
2001/2002. Fez a pré-temporada com Toni, jogando cinco dos seis jogos, sempre
como suplente utilizado, ou seja, não-titular, mas apenas 123 minutos marcando
um golo, o seu último Golo-rioso, em 17 de Julho de 2001, ao FC Gland, no
estágio na Suíça. Foi suplente não utilizado na 1.ª jornada, entrou aos 80
minutos na 2.ª jornada, substituindo Sokota, em 19 de Agosto de 2001, na
"Saudosa Catedral", frente ao SC Salgueiros, já com o resultado final
(V 2-0) concretizado. As apostas não eram nele. Eram nas duas aquisições:
Sokota e Mantorras; com mais dois jovens da Equipa B: Pepa e Mawete. Ele seria
o 3.º, talvez o 4.º ou 5.º! Ainda estaria no banco de suplentes, não sendo
utilizado, na 3.ª jornada, em 25 de Agosto. Depois rumaria ao Real Bétis
Balompié, seguindo para Sevilha onde já estava José Calado que "mais
apressado" saíra durante a pré-época. Para nunca mais voltar.
Eficaz e
generoso
A única temporada em que se pode avaliar o potencial de João Tomás
é a segunda (ou única completa) em 2000/2001, quando fez uma dupla a titular,
foi utilizado como suplente ou a par na segunda parte de alguns jogos com Van
Hooijdonk. Completavam-se na perfeição, ou quase, pois a perfeição não existe.
O Benfica tinha um poder ofensivo enorme mas depois sofria muitos golos pressionado
por adversários (aqui também incluo os árbitros). Comparar as arbitragens da
segunda década do século XXI com as dos Anos 90 e primeira década deste século
é pura brincadeira. Ou de quem come muito queijinho fresco! Van Hooijdonk (1.93
metros) era letal em minúcia e argúcia. João Tomás em velocidade (para aquele
corpinho esguio com 1.88 metros) e insistência. Nunca desistia, nunca se dava
por vencido, nunca se intimidava mesmo perante as «bestas» que lhe tocavam em
sorte. Alguns agora bem falantes.
Cifras
pequenas mas valiosas
João Tomás com o "Manto Sagrado" disputou 66 jogos,
num total de 3 376 minutos marcando 28 golos. Como falar de épocas é complexo
pois são três mas só uma - a do meio - foi completa, marcou um golo a cada 123
minutos (boa cifra) e fez uma média de 51 minutos por jogo. Em 66 jogos, foi
titular em 35 - 15 completos e vinte substituído - com 31 a suplente utilizado.
Nunca foi expulso mas foi admoestado com o cartão amarelo em três jogos. Quando
jogou em 4.4.2 realizou 27 jogos na esquerda e oito encontros do lado esquerdo.
Dos 28 golos que marcou 22 foram de bola corrida, 17 com o pé (dois fora da
grande-área) e cinco de cabeça. Restam seis de "bola parada": quatro
de cabeça após pontapé de canto e dois após livre marcado de forma indirecta,
ambos com o pé mas um no interior da grande-área e outro no exterior. E o mais
importante: 28 vitórias, 21 empates e 17 derrotas. Balanço pouco agradável, mas
mesmo assim positivo.
E aquele
jogo no "Dérbi de Lisboa"
Em 66 jogos marcou 28 golos em 21 encontros, com um
golo em 16 jogos, dois golos em três jogos e três golos em dois jogos. Se
marcou três golos ao Vitória SC, em Guimarães, para o campeonato nacional, na 12.ª
jornada com o verdadeiro "hat-trick" (três golos consecutivos - 59,
84 e 89 minutos - na vitória por 4-0, cabendo a Chano marcar o 1-0 aos 38
minutos). Mas nenhum outro jogo ultrapassa o da jornada seguinte, o de 3 de
Dezembro de 2000, na 13.ª jornada do campeonato nacional, em plena
"Saudosa Catedral". Depois de Van Hooijdonk ter feito o 1-0 (42
minutos) é substituído, aos 61 minutos por João Tomás que ainda vai a tempo de
fazer dois golos, aos 77 e 81 minutos colocando o resultado em 3-0. Para José
Mourinho e Manuel Vilarinho, ao desentenderem-se, "borrarem a
pintura" no dia seguinte. E João Tomás fala desse jogo (clicar) num depoimento recolhido
por Isabel Paulo, publicado no jornal "Expresso", Tribuna Expresso, em 20 de Abril de 2017. Depois do Benfica muitas temporadas fez João Tomás
Praticamente toda a de 2001/02 no Real Bétis tal como em
2002/03 seguindo-se o empréstimo ao Vitória SC Guimarães, em 2003/04, para acabar
o contrato com o clube andaluz. Assinou pelo "vizinho" minhoto do SC
Braga onde jogou em 2004/05 e 2005/06 para rumar, por empréstimo, ao Qatar
jogando em dois clubes - Al-Arabi SC, de Doha e Al-Rayyan SC - em 2006/07 com
regresso ao SC Braga, para cumprir a derradeira temporada (2007/08) como
futebolista braguista. Em 2008/09, seguiu-se o Boavista FC, entretanto "caído
em desgraça" a competir no segundo escalão. Depois o Rio Ave FC em 2009/10
com empréstimo em 2010 para o Al-Sharjah FC (em português CDC Sarja) dos
Emirados Árabes Unidos. Regresso ao Rio Ave FC para as derradeiras três
temporadas ao mais alto nível: 2010/11 a 2012/13 (até Dezembro de 2012). E a
despedida, como futebolista, em Angola, na cidade de Calulo, no CRD Libolo, em
2013, aos 38 anos. Em 2016/17 e 2017/18 foi Director desportivo do FC Famalicão.
que tenha muita sorte no futuro.
Obrigado...João
Tomás
Alberto
Miguéns
NOTA FINAL1: Nos últimos tempos há duas excelentes
entrevistas de João Tomás que estão disponíveis na internet. Uma publicada, em 4 de
Fevereiro de 2018, no jornal "Expresso", Tribuna Expresso,
por Alexandra Simões de Abreu (clicar). Outra feita
por André Cruz Martins, publicada na "Paraeles" (clicar), em 9 de Junho de
2018.
Em relação à primeira entrevista duas curiosidades:
1. O clube Arbiscal nunca existiu. Pelo menos a AF Aveiro desconhece. João Tomás deve ter feito confusão com o AR Aguinense onde se lembram dele ter jogado. Aguim é uma freguesia do concelho de Anadia.
Em relação à primeira entrevista duas curiosidades:
1. O clube Arbiscal nunca existiu. Pelo menos a AF Aveiro desconhece. João Tomás deve ter feito confusão com o AR Aguinense onde se lembram dele ter jogado. Aguim é uma freguesia do concelho de Anadia.
NOTA FINAL2: João Tomás viveu tempos conturbados no Benfica, mas
em 1999/2000 o Benfica foi 3.º classificado. Só com Manuel Vilarinho, em
2000/2001 o Benfica foi 6.º classificado e em 2001/2002 foi 4.º. O actual
presidente do "Glorioso" chegou à Benfica Futebol SAD, como principal
administrador, em 25 de Maio de 2001. Há sempre uma dualidade que me "tira
do sério". E já era assim aquando da minha participação obsequiosa nos
programas em directo da Benfica TV (Benfica dez-horas às segundas-feiras, Em
Linha, Pré e Pós-jogos). Entre colegas de painel e telespectadores era
insuportável ouvir alguém tanto dizer que o Benfica nesses tempos perdia porque
tinha jogadores fracos e medíocres como perdia porque o FC Porto "roubava".
Decidam-se. Foi por uma coisa ou foi por outra. Pelas duas não pode ter sido,
pois o argumento da primeira anula o da segunda. O "pior" é que ainda
hoje é assim. Há Benfiquistas que às segundas, quartas e sextas-feiras dizem
que o Benfica não valia nada nos anos 90 e início do século XXI. E os mesmos às
terças, quintas e sábados dizem que é porque o "Porto roubava" nesse
tempo. Aos domingos é dia de descanso pois estão a olhar para o jogo do
"Glorioso". O FC Porto chegou a ter equipas superiores ao Benfica porque viciando nos Anos 90 fez o "Glorioso" entrar em contradições internas - em vez de combater a corrupção pintecostista - enfraquecendo-se.
Bom jogador, com remate fácil e codícia pelo golo. Ao longo da História do Glorioso há jogadores que não apresentam números mais significativos apenas porque não tiveram oportunidade de ficar mais tempo e com isso efectuar um número maior de jogos. Por vezes falta de paciência dos treinadores e dirigentes, outras por presença de jogadores alternativos de melhor potencial e/ou produção, outras ainda por motivos fúteis. Por vezes a sua dispensa ocorre cedo demais não havendo a visão de que com mais tempo inevitavelmente melhor produção viria. Ficam apenas os "ses".
ResponderEliminarNo caso de João Tomás a "futilidade" foi o dinheiro. Antes como agora, sempre o dinheiro. João Tomás foi um bom jogador embora não seja um dos que mais lamento a sua saída. Noutro tempo e noutras circunstâncias podia ter feito melhor carreira com o nosso emblema. Esteve por cá em tempos difíceis, para ele e para todos nós. Que tenha sorte na sua vida pós-futebol. Obrigado pelo que fez no glorioso.
Sempre gostei muito do Joao Tomás, é dauqeles jogadores com espirito de luta, combativo, e que me ficou na memória nessa época do 3-0 ao Sporting, a que assisti no saudoso terceiro anel.
ResponderEliminarCom Mourinho, poderia ter sido o renascer do Benfica Europeu, mas infelizmente Vilarinho não teve golpe de asa.
Viva o Benfica!
Sr.Alberto,esse jogo com o CD Beja foi da equipa de honra???Qual o resultado???
ResponderEliminarOBRIGADO!!!
SAUDAÇÕES GLORIOSAS!!!!
Caro Benfiquista Amaral
EliminarFoi da equipa Honra. Vitória por 9-0.
Saudações Gloriosas
Alberto Miguéns
Muitissimo obrigado!!!!!
ResponderEliminarSAUDAÇÕES GLORIOSAS!!!!!!!!!