Ronaldo (Cristiano), Turim e o Glorioso

ANTES ERA MANCHESTER, DEPOIS MADRID E AGORA TURIM.

Com Cristiano Ronaldo como o supra-sumo dos portugueses a maior parte do que se escreve acerca dele são inutilidade e propaganda ocorrem sempre excepções.

No Diário de Notícias

Até da «História de Portugal» e ligações de Turim a Portugal se foram lembrar. Há centenas de ligações entre Portugal e Turim,. Felizmente lembraram-se de uma a que também está ligado o "Glorioso". Ou não fosse o Benfica quase tudo. Esta história está relacionada com D. Maria Pia - esposa do Rei D. Luís, mãe do Rei D. Carlos, sogra da Rainha D. Amélia e avó do Rei D. Manuel II. Destes só D. Luís (falecido em 1889) e D. Carlos (cobardemente assassinado pelas costas em 1 de Fevereiro de 1908) não fugiu de Portugal, pela praia da Ericeira, em 5 de Outubro de 1910. D. Maria Pia nasceu em Turim (16 de Outubro de 1847) e faleceu em Turim (5 de Julho de 1911) aos 63 anos. Casou em 27 de Setembro de 1862 (ainda com 14 anos) enviuvando em 19 de Outubro de 1889 (três dias depois de completar 42 anos). A notícia do "Diário de Notícias" é esta (clicar).

Excerto:

O pai de três dos 24 fundadores do "Glorioso"

Era armador com barcos de pesca em vários portos, entre eles a Ericeira, tal como a Nazaré.

Catataus
Os filhos de Cândido Rodrigues eram José Rosa Rodrigues, Cândido Rosa Rodrigues e António Rosa Rodrigues. Havia um mais novo que também jogou com o "Manto Sagrado" (como guarda-redes) Jorge Rosa Rodrigues.  Claro que Rosa era apelido do lado materno: Maria da Conceição Gomes Rosa que aliás era filha de um armador, Catatau, que depois permitiu ao genro - Cândido Rodrigues - gerir o negócio com outro sócio, cunhado por isso irmão da esposa, ao casar-se com a filha: Maria da Conceição Gomes Rosa.

Já na ondulação, o Rei D. Manuel na barca Bonfim. Ainda no areal da Ericeira, a Rainha D. Amélia e a sogra Rainha-Mãe D. Maria Pia junto da barca Navegador. As duas barcas em direcção ao Iate Real D. Amélia. Que os levaria a Gibraltar e depois a Inglaterra. Depois a Rainha-Mãe decidiu regressar à sua terra natal.

As barcas foram colocadas à disposição do cortejo  real

Por Cândido Rodrigues pai de três dos 24 fundadores. Um gesto de nobreza sem precedentes em Portugal. O Clube já era o melhor de Portugal. Conquistara em 1909/10 o campeonato de Lisboa que ia na quarta edição - destronando o tricampeão Carcavelos Club - e preparava-se para ir ao campo do FC Porto, na rua da Rainha (!), entalar o melhor clube do Norte, por 8-2. Oito-a-dois na cidade do Porto. Os miúdos do SC Salgueiros ficaram tão impressionados que na semana seguinte foram a uma tinturaria e tingiram de vermelho as baratas camisolas brancas. O custo do tingimento valia a pena! Oito-a-dois ao clube dos adeptos que diziam esmagar tudo e todos. E em 1912, esmagavam e bem.

Uma longa caminhada (contada a este blogue por um seu neto ainda vivo e optimamente de saúde)

Cândido Rodrigues colocou as barcas logo à disposição da Casa Real. A comitiva chegou à Ericeira por volta das 15:00 horas já com as duas barcas preparadas e o Iate Real ao largo. Pelas 15:10 D. Manuel II, o conde de Sabugosa e Velez Cadeira embarcam na «Bonfim» e fazem-se ao largo rumo ao Iate. Às 15:20 foi a vez da «Navegador»,  com as duas Rainhas, se dirigir para o Iate Real cruzando-se com a «Bonfim» que regressava ao areal. Pelas 15:30 a «Bonfim» chega a terra sendo entregue uma carta a Serrão Franco escrita por D. Manuel II endereçada a António Teixeira de Sousa, ex- presidente do Conselho. Às 16:00 horas o Iate Real D. Amélia levanta ferro e desaparece no mar alto. Saber-se-ia depois o percurso. Até nesta eficiência demonstrada em pôr a salvo os representantes de Portugal (até ao triunfo da República) se demonstrava que o "Glorioso" foi fundado ente gente que era audaz, diligente e abnegada. Mas principalmente corajosa. Sem medo dos Republicanos. Embora muitos dos associados do Clube também fossem. No Clube havia de tudo. Como ficou definido desde a Fundação o que interessava era servirem bem o Clube. O resto é com cada um! Por isso o "Glorioso" é um clube tão popular e com tanto sucesso desde o primeiro dia. Um clube que agrega. Como um dos pioneiros Félix Bermudes admiravelmente definiu «E PLURIBUS UNUM» no Hino:

O Iate Real D. Amélia

Levava içada a bandeira azul-e-branca. Até nisso o Benfica correspondia. A flâmula ou faixa até à aprovação da bandeira verde-e-vermelha, em 1911, permaneceu fiel a essas cores.

Para mim a ligação a Turim sempre se fez de três modos

Tragédia de Superga, jogos do "Glorioso" em Turim e monumental golo de Eusébio à Juventus FC em Turim. A partir de agora junta-se a possibilidade da Rainha-Mãe ter falecido na cidade que a viu nascer situação facilitada pelas barcas do pai de três dos nossos fundadores com o mais velho (José) como primeiro presidente ainda que da Comissão administrativa, entre 28 de Fevereiro de 1904 e 22 de Novembro de 1906. Já tenho alguma coisa a agradecer a Ronaldo. A necessidade dos mediatugados estarem sempre a "falar" dele permitir relacionar acontecimentos com o Benfica!

Obrigado Cândido Rodrigues (por tudo)

Alberto Miguéns