DESDE
1997/98 O INÍCIO DE CADA TEMPORADA TRAZ UMA OUTRA EXPECTATIVA, ALÉM DAS ENTRADAS
E SAÍDAS DE FUTEBOLISTAS. OS EQUIPAMENTOS.
AVISO:
Texto logo acerca da Gloriosa História. Um "cheirinho" às mudanças de
equipamentos.
As cores do equipamento foram escolhidas
entre 13 de Dezembro de 1903, quando no Café do Gonçalves surgiu a ideia de
fundar um Clube e 28 de Fevereiro de 1904, data da fundação na Farmácia Franco.
Foi durante este período que se desenvolveram muitas das ideias que viriam a
fazer parte da nossa tradição sustentando o Ideal. Aliás, o dia da fundação
corresponde à data em que os símbolos do Clube já se encontravam praticamente
definidos, ou seja, o "Glorioso" estava pronto para ser criado.
Escolha das cores
José da Cruz Viegas, defesa à direita
(Right-Back) notável, nas primeiras épocas, foi o elemento que ficou com a missão
de estudar as cores do equipamento. Examinou tecnicamente o assunto, recorrendo
mesmo a catálogos que pediu a diversas fábricas inglesas, à procura das cores
que se fixassem melhor na retina dos atletas em pleno jogo. Há outros
fundadores que afirmam que também houve a preocupação de ter equipamentos que
impressionassem (e cativassem) os espectadores (transeuntes) num tempo em que o
futebol se jogava em terrenos públicos (abertos). Optou-se pelo vermelho, pois é a cor símbolo da alegria, colorido e vivacidade. As camisas vermelhas eram de flanela e as primeiras, pagas pelos jogadores, foram feitas no antigo
Alfaiate Nunes, na Rua de Belém.
Importância do vermelho
A propósito da cor vermelha é interessante
a frase do etólogo britânico Desmond Morris, publicada no seu livro de 1981
“A Tribo do Futebol” que na página 205 afirma: “Examinando as cores populares, o
vermelho é fácil de compreender. Trata-se da mais visível de todas as cores,
especialmente à distância, e tem um poderoso impacto simbólico por ser a cor do
sangue, da energia, da vida, da força, do poder e da intensidade. É a cor
perfeita para qualquer equipa desportiva e não se percebe a razão pela qual, em
alguns países, não é ainda mais popular.”
Importância do equipamento
No primeira temporada (1904/05) o Clube
apresentou-se de camisa vermelha, com colarinhos, aberturas, bolso e punhos
brancos; calções brancos e meias pretas. Os calções brancos certamente
“transitaram” do Grupo dos Catataus – o Belém FC que equipava todo de branco,
já que não há notícias da escolha ou da compra, como aconteceu com as
camisolas. As meias eram pretas mas não eram motivo de escolha porque fazia
parte da tradição do futebol jogar com meias escuras, tradição que durou até
meados da década de 40. Durante os primeiros anos do futebol em Portugal até se
dizia que quando não se equipava com meias pretas se estava “mal aprontado”!
Muito mais do que simples mudanças estéticas
Só os grandes clubes entram na lógica das
grandes marcas, como é o caso do Benfica que veste Adidas. Daí, que tal como os
colossos do futebol mundial, todos os anos haja mudança do equipamento
principal – mantendo-se vermelho – e nas cores dos equipamentos alternativos.
As modificações não são apenas estéticas, mas todas as temporadas há alterações
estruturais, no sentido de melhorar a qualidade dos tecidos bem como a
potenciação do rendimento dos futebolistas.
Não havia necessidade de “alternativos”
Durante as épocas em que os campeonatos
eram Regionais, os clubes não trocavam de equipamento, já que escolhiam para a
camisola arranjo de cores não existentes noutros clubes. Isto levou a que os
clubes que mais tardiamente se formavam, afirmavam e subiam de divisão ou que
se tornavam notados, tivessem necessidade de criarem (ou alterarem) equipamentos verdadeiramente inovadores. Havia
mesmo propostas mirabolantes, que exemplificavam na perfeição a “ginástica
estética” que era necessário ter para se diferenciarem uns dos outros. Não
raras vezes iam modificando os equipamentos de temporada para temporada, no
sentido de melhorarem o aspecto e a combinação das cores. Os clubes mais
antigos, e tradicionais, por questões de identificação, tradição e orgulho
nunca mudavam o equipamento.
O Benfica foi, é e será sempre encarnado ou ... vermelho
Mas, depois de 364 jogos de camisola
vermelha, calção branco e meias pretas, eis que em 12 de Janeiro de 1924, na
recepção ao AC Sparta, de Praga, em digressão pelo nosso País, a equipa checa entra
em campo equipada de vermelho. O encontro disputou-se no recinto do Império Lisboa Clube (sucessor do SC Império),
no campo de Palhavã. Sem equipamento alternativo, a nossa equipa teve de
recorrer ao clube proprietário do campo e equipar “à Império”, ou seja, com
camisola listada verticalmente a preto e amarelo. Pela primeira vez o Benfica
não jogava de vermelho. Haviam passado vinte anos após a fundação. Houve um
jornal que escreveu que surgiram "olhos humedecidos" em alguns
espectadores que "estavam no jogo pelo Benfica"...
Jornal "Diário de Lisboa"; Primeira página; 12 de Janeiro de 1924 |
Pela primeira vez de branco
Durante as comemorações das “Bodas de
Prata” (25.º aniversário) do Clube, o Benfica convidou para um encontro
amigável, no nosso campo das Amoreiras, a equipa de futebol da sua delegação
mais consagrada - o Lusitano FC, de Vila Real de Santo António, campeão do
Algarve. Assim, em 31 de Março de 1929, o Benfica teve necessidade de comprar
umas camisolas brancas, algo de improviso, de pouca qualidade – malha leve e
gola estreita - sem emblema, dando à delegação a primazia de equipar de
vermelho. Ao 523.º jogo, o Benfica fazia o segundo encontro sem o tradicional
equipamento vermelho e equipava de branco, pela primeira vez.
Aquisição do primeiro alternativo
Quando o SC Salgueiros foi promovido no
final da temporada de 1942/43 à I Divisão, o Benfica confrontava-se, pela
primeira vez, em competições oficiais com a necessidade de adquirir um
equipamento alternativo para receber na época seguinte – 1943/44 - no nosso
estádio do Campo Grande, em 6 de Fevereiro de 1944, o simpático emblema
portuense, na 11.ª jornada, ou seja no 2.º jogo da segunda volta,
correspondendo ao 1125.º jogo da nossa principal equipa de futebol. Optou-se
por uma camisola branca, com vivos vermelhos nas mangas e na gola, esta de
atilhos, mantendo-se os calções brancos e meias pretas. A utilização de equipamentos
brancos era usual para todos os clubes, por ser uma cor neutra e a mais barata.
Exceptuavam-se os clubes, raros, que equipavam de branco! Esses optavam por
equipamentos alternativos negros. Tudo uma questão de simplicidade e sentido
prático. O branco satisfazia os preceitos, sendo muito raro, os clubes
utilizarem equipamentos alternativos.
O primeiro alternativo "oficial" (no terceiro jogo depois de 1924 e 1929, desde a estreia em 1 de Janeiro de 1905, sem equipamento vermelho) no estádio do Campo Grande, em 6 de Fevereiro de 1944. |
Ligeiras mudanças estéticas nas camisolas brancas
O “Glorioso” passou a equipar em
alternativa de camisola branca, optando durante alguns jogos da década de 40 por
jogar de calção vermelho, utilizados depois muito esporadicamente durante os
anos seguintes. As camisolas brancas (de algodão) tinham vivos vermelhos nas
mangas e golas vermelhas, ainda que em diferentes formatos e composições
estéticas em termos de abertura no pescoço – formato, com ou sem colarinhos.
Entre 1948 e 1953, em seis encontros, utilizou-se ainda uma camisola de seda
completamente branca.
De meias pretas a vermelhas
O Benfica só em 20 de Janeiro de 1946, ao
jogo n.º 1215, quase 42 anos depois da fundação, passou a usar habitualmente
meias vermelhas com o tradicional conjunto formado por camisola vermelha e
calção branco. A tradição, que assim, existe há 69 épocas (em 111)!
Um alternativo branco (nos anos 50) no seguimento do utilizado nos anos 40 mas com meias vermelhas |
Anos 90 e século XXI
Com o advento da comercialização de
equipamentos – fornecimento das equipas e venda aos adeptos – passou a ser
frequente alterar as cores do equipamento alternativo. Passaram a existir várias
tonalidades, texturas, estéticas e combinações.
Critérios de utilização
Mas, mais importante do que a cor dos
equipamentos alternativos (um não equipamento), é fundamental o Benfica manter
a coerência na utilização dos equipamentos. Sabendo que o Benfica apenas tem um
equipamento – camisola vermelha, calção branco e meias vermelhas - os
“alternativos” são sempre uma situação de recurso, face aos equipamentos
adversários e aos regulamentos das competições.
O “alternativo” é um não equipamento
Os equipamentos alternativos não sendo “um
equipamento” podem ser de qualquer cor, se bem que por uma questão de
identificação e rivalidade devem ser evitadas duas tonalidades – o verde e o
azul. Importante é a utilização restrita do “não equipamento”. Apenas em jogos
particulares, mormente no início das temporadas, para divulgação – e venda -
dos novos equipamentos e estabelecer acordos restritos (só o indispensável) em
jogos oficiais.
Em 1997/98 a época da mudança
O "Glorioso" em 1997/98 teve,
pela primeira vez, três conjuntos: o equipamento (vermelho) e dois "não
equipamentos" alternativos (o tradicional, branco e um inovador, preto).
Pensei que o Benfica passasse a fazer disso norma. Sempre três conjuntos:
vermelho, branco e outro (que deveria alterar-se todas as temporadas).
Infelizmente deixou-se "cair" o branco mas o Benfica devia ter sempre
três equipamentos. Além disso, seja branco ou outra cor, o Benfica só quando
for impossível utilizar o equipamento deveria optar pelo(s) alternativo(s). Vermelho é que é!
Sempre! Poucos clubes devem ter tão bem documentado o porquê da sua cor
identitária. E esta (vermelho) é tão forte, está tão presente no coração
Benfiquista que deve ser respeitada. Sem cedências.
Se só os equipamentos contassem - o vermelho
e o branco - a época de 2015/16 já estava ganha!
Alberto Miguéns
PLANO PARA AS EDIÇÕES DURANTE JULHO
(provisório como é evidente)
De 13 a 31 de Julho de 2015 (Sempre pela meia-noite)
Terça-feira (de 13 para 14): Sinto-me tão portista!;
Quarta-feira (de 14 para 15): Uma modalidade por semana: Basquetebol;
Quinta-feira (de 15 para 16): Mentiras Oficializadas by SLB
Sexta-feira (de 16 para 17): Os primeiros jogos 111 jogos (um por cada época);
Sábado (de 17 para 18): O "Glorioso" no Canadá;
Domingo (de 18 para 19): O "Glorioso" frente ao PSG;
Segunda-feira (de 19 para 20): A estreia em 2015/16;
Terça-feira (de 20 para 21): O Mais Belo e Inigualável 138;
Quarta-feira (de 21 para 22): Uma modalidade por semana: Hóquei em Patins;
Quinta-feira (de 22 para 23): Primeiro balanço da pré-época;
Sexta-feira (de 23 para 24): O "Glorioso" nos EUA;
Sábado (de 24 para 25): O "Glorioso" frente à AC Fiorentina;
Domingo (de 25 para 26): Dois jogos? Que jogos?;
Segunda-feira (de 26 para 27): O "Glorioso" frente aos Nova Iorque Red Bull;
Terça-feira (de 27 para 28): O "Glorioso" no México;
Quarta-feira (de 28 para 29): O "Glorioso" frente ao CF América;
Quinta-feira (de 29 para 30): E depois do estádio Azteca?;
Sexta-feira (de 30 para 31): Uma modalidade por semana: Futsal;
Sábado (de 31 para 1): Já cá faltava eu!;
Domingo (de 1 para 2): O "Glorioso" no Troféu Eusébio Cup;
Segunda-feira (de 2 para 3): Terminou a Pré-época!;
Terça-feira (de 3 para 4): Benfica tão brilhante que se vê no escuro;
Quarta-feira (de 4 para 5): Uma modalidade por semana: Andebol
Muito bom Alberto.
ResponderEliminarTenho uma camisa de 1987 1988, ano em que a fnac de Alexandre Alves substituiu a shell.
Vinha só com o emblema do Benfica mas eu, com 15/16 anos de idade, já tinha topado que quem fosse campeão tinha direito ao símbolo da pátria na manga... Filho de peixe sabe nadar. O meu pai era alfaiate nos tempos livres e deu-me dicas ao longo dos tempos de como usar a agulha e a linha. Comprei o dito emblema e pimba! Cosi-o à manga. Não satisfeito, ainda fiz mais um adorno: Peguei de novo na agulha e em linha vermelha garrida e escrevi a palavra campeão num tecido rectangular branco... Cosi-o debaixo do emblema da pátria.
Tenho também a camisa de 1992 1993 e a de 2004 2005. Pela primeira vez em dez anos, confesso que estou com vontade em adquirir uma nova... A camisola alternativa é linda.
Saudações Gloriosas.
Caro Alberto,
ResponderEliminarGrato por esta excelente viagem à História dos equipamentos Gloriosos!
Uma questão:
Coloca, relativamente à fotografia de Alberto Rio, o seguinte comentário:
«NOTA: Quem pintou a fotografia (publicada a preto-e-branco, em 9 de Novembro de 1913, na primeira página d' "O Sport Lisboa" n.º 12) aldrabou a realidade: as meias eram pretas (tal como as do SC Império), a camisola tinha gola branca e vivos brancos nas mangas e o terreno era pelado (amarelo-acastanhado)»
O que me chamou a atenção no seu comentário foi a indicação de que deveria ser um campo pelado. No entanto, nota-se na fotografia a textura de relva e não só a côr. Terá o artista que pintou a foto adulterado a realidade a esse ponto e acrescentado a textura relvada ao invés da terra batida? Não sei se tem forma de investigar esta questão insólita, mas deixo antecipadamente o meu agradecimento de qualquer forma.
Grato por tudo!
Isaías
Caro Isaías,
EliminarTem razão. Estive a ver fotografias de vários jogos do SLB em Palhavã. Havia zonas do campo com erva (a foto em questão é um caso desses) e outras mais peladas (claras). Era um estádio ervado. Dá a ideia que era um terreno fértil daí crescer - entre o Outono e a Primavera - com facilidade erva que ia aguentando porque havia poucos jogos por ano.
Agora percebo porque se escrevia nos jornais que era o melhor piso de Lisboa, daí serem jogados em Palhavã os jogos internacionais.
Gloriosas Saudações Benfiquistas
Alberto Miguéns
NOTA: O estádio José Alvalade com palha vã no relvado não desdenharia ter um ervado como o de Palhavã
Ah! Está desvendado o mistério. Estava a achar estranha aquela textura na fotografia, perante a informação de que se tratava de um campo "pelado". :-)
EliminarCumprimentos e grato pelo trabalho!
Isaías
Obrigado por tudo, por este trabalho incrível, dia após dia.
ResponderEliminarExcelente texto. Como eu gosto desses seus textos longos.
ResponderEliminarOs equipamentos do Benfica. Estou convencido que não foi só o meu Pai que me fez Benfiquista. Aquelas lindas camisolas berrantes entravam-me pelo olhos directas ao coração.
Há muita coisa por saber nesse período 13 de Dezembro de 1903 e 28 de Fevereiro de 1904. Há nomes que não estão na acta fundadora mas foram muito mais importantes. As cores e simbologia do nosso clube foram tão bem conseguidos que subsistem e são identificados por qualquer Benfiquista e qualquer adversário. Ainda bem que no caso dos equipamentos ficou imortalizado o papel de José da Cruz Viegas, homem de notável história pessoal.
Ainda bem que temos um exemplar desse precioso primeiro lote das camisolas de flanela. Tenho pena de ver pois parece-me que o vermelho da camisola de Cosme Damião está muito mas mesmo muita descorada.
Eu adoro a primeira fotografia da primeira equipa do nosso clube. Que penso foi tirada por Nazaré Chagas e cedida a Mário de Oliveira e Carlos Rebelo da Silva por José da Cruz Viegas.
Eu até gostava que um destes anos o Benfica fizesse homenagem a esse equipamento do Império. Até não desgosto. Mas o branco é a cor de eleição como alternativo. Aliás o (Belém) Football Clube era branco... Concordo que deveria haver sempre o principal, o branco e um para ocasiões mais raras.
As camisolas desta época são espectaculares. A vermelha é compra certa cá da casa. Vamos ver se ainda me estico até à branca...
Caro VictorJ
EliminarObrigado
Ainda bem que honra o autor da fotografia. Eu esqueço-me... sempre e não o devia fazer! Vou utilizar o seu texto para melhorar a legenda.
Gloriosas Saudações Benfiquistas
Alberto Miguéns
Sr.Alberto,a equipa da foto de 1905 é referente a que jogo????
ResponderEliminarQual o resultado desse jogo com o Lusitano VRSA em 1929?
O BENFICA jogou mais que uma vez com o Sparta de Praga nos anos 20!?Como se equipou da segunda vez??
OBRIGADO!!!!
SAUDAÇÕES GLORIOSAS!!!!!!!!!!!!!
Caro Benfiquista Amaral
Eliminar1. O jogo de 1905 foi frente ao Internacional/CIF (V 3-2, golos de Cândido Rosa Rodrigues e Albano dos Santos (dois);
2. Em 1929 o Benfica venceu por 4-3, com golos de Eugénio Salvador, Pedro Silva (irmão de Vítor Silva), Mário de Carvalho e João Oliveira, todos avançados. Só Jesus Crespo não marcou;
3. Jogou em 19 de Dezembro de 1925 (derrota do SLB por 1-5 golo de Jesus Crespo). Como sabiam que em Portugal não havia alternativos ao contrário deles que disputavam o "Dérbi S" com o SK Slavia trouxeram um equipamento que a Imprensa portuguesa apelidou de "papagaio" mas era a bandeira deles: camisola azul escura, calção amarelo torrado e meias grenat.
Gloriosas Saudações
Alberto Miguéns
MUITO,MUITO OBRIGADO!!!!!!!!!
ResponderEliminarSAUDAÇÕES GLORIOSAS!!!!!!