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26 outubro 2013

Era Uma Vez... o Futebol

26 outubro 2013 13 Comentários
OPINIÃO

AVISO: Texto longo de homenagem ao jogo que criou o Benfica. A razão que nos une


Conselho: Quem puder enquanto lê este texto e vê as fotografias, degustar um pastel de cerveja do antigo Café do Gonçalves é avançar. Ou não fosse nesse café que surgiu a ideia, em 1903, de fundar um clube que seria "Glorioso" e quem sabe (há metade/metade a dividir com o actualmente inexistente António das Caldeiradas) se não seria neste café que em 28 de Fevereiro de 1904 os nossos pioneiros almoçaram, entre o treino matinal e uma tarde que ficou para a história num estabelecimento mesmo à sua frente, a Farmácia Franco onde se fundou um Grande Clube, o Maior de Todos os Clubes...

Registo da reunião em 26 de Outubro de 1863
Passam hoje 150 anos da célebre reunião em Londres, na Freemason’s Tavern, quando os representantes de onze clubes londrinos decidiram uniformizar as regras para disputarem jogos entre eles. Para trás ficava o tempo histórico da “afinação das Leis do Jogo”, em Cambridge e Sheffield, e da combinação - pelos dois capitães das equipas  - das regras a utilizar durante o prélio, em confronto, antes deste se iniciar.

As instalações onde se realizou a reunião: antes, depois e agora

E como chegou o Foot-Ball a Portugal
Primeiro foram os ingleses a viver e trabalhar em Portugal. Depois os portugueses que estudavam nos colégios ingleses de... Inglaterra. Finalmente os miúdos portugueses que viam homens de pelo na perna, calções pelo joelho e camisolas garridas aos pontapés num pedaço de couro para tentarem colocá-lo dentro de uma espécie de capoeira. E às vezes, muitas vezes, acabava tudo ao sopapo.

Uma equipa no largo do Campo Pequeno, junto ao Palácio Galveias
De 1889 para 2013. As pedras, se os homens não as destruírem, duram a eternidade. Ao contrário dos homens...

E como o “Glorioso” surgiu em Belém
Na sequência da mudança do local de jogos de futebol em Lisboa, do largo do Campo Pequeno para as “Terras do Desembargador", às Salésias, pelo facto da construção da Praça de Touros inviabilizar a prática de um “jogo espalhafatoso”!

Um jogo frente ao Internacional, nas Terras do Desembargador (1906)

CONSELHOS:
           Se apenas gosta da "espuma dos dias" (quem não gosta...) evite ler o texto de hoje. Ou procure no arquivo do blogue "espuma dos dias".
        Se só lhe interessa perceber porque foi o Benfica fundado em... Belém, evite 1 e 2 e vá directamente para 3.
         Se considera os ingleses em Inglaterra aborrecidos, mas questiona por que razão se joga futebol em Portugal desde o século XIX, esqueça o ponto 1 e vá rapidamente para o ponto 2.
         Se gosta de uma história do futebol preenchida com século e meio, leia logo a partir de 1.


  1        Cada vez a utilizar mais os pés

O futebol nasceu nas escolas públicas inglesas, com particular destaque para Eton e Cambridge, porque revelou ser um desporto “pedagógico”. As actividades físicas com bola eram extremamente violentas, pois para travar quem agarrava uma bola era necessário empregar a violência - rasteirar, empurrar, placar e carregar - eram as únicas formas de alguém libertar a bola ou ser impedido de atingir o objectivo, de fazer golo. Além da impetuosidade eram jogos muito individualistas, pois quem tinha a posse de bola tentava chegar ao golo. Os colegas de equipa serviam, essencialmente, para afastar os adversários de quem dominava a bola, usando bloqueios ou empurrando, abusando da violência. 

Futebol Confusão antes do Football Association

Cambridge: Primeira metade do século XIX a afinar regras
Os responsáveis pela actividade física e pedagogos das escolas inglesas, com destaque para J. C. Thring, perceberam que quanto mais utilizassem os pés e menos as mãos, maior era a importância do jogo como actividade física – não causava grandes danos físicos e era excelente como educação por ser colectivo, criando um espírito de agregação e solidariedade entre os membros de uma equipa, pois obrigava a grande entreajuda para atingir o objectivo. Foi assim que em Cambridge foram sendo criadas, progressivamente, regras de modo a atingir os objectivos. E iam todas no mesmo sentido: reduzir a violência, aumentar a simbiose dentro da equipa e simplifica-las de modo que todos as entendessem e diminuíssem os problemas de interpretação. Como? Reduzindo a utilização das mãos para dominar e controlar a bola.
O primeiro código data de 1848, mas é em 1856 que ele está já bem delineado.


Sheffield: Autodidactas no campo e à secretária
Entretanto noutro lugar de Inglaterra, a norte de Cambridge e Londres, mas no centro da Ilha, em Sheffield, também estavam a eliminar a utilização das mãos para dominar uma bola e a criar regras para reduzir a violência na intercepção da bola. Com a particularidade de serem dois jogadores (Nathaniel Creswick e William Prest, na foto pela mesma ordem) a adaptarem as regras após jogarem, numa tentativa de melhorarem a dinâmica e concepção do jogo. Quem ficava a ganhar eram os espectadores. O jogo de futebol era lúdico para quem jogava e interessante para quem presenciava. Em 21 de Outubro de 1858, um ano depois da fundação do Sheffield FC as regras estavam assim definidas.



Era uma vez o futebol
E eis-nos chegados à “Taberna dos Livres Pensadores” (Freemason’s Tavern) em Londres com representantes de onze clubes da capital do Reino Unido, mais quatro observadores do Sheffield FC a fazerem a primeira reunião para começarem a uniformizar as Regras do Futebol, tendo por base o código simplificado de Cambridge. Decidiram fundar a Football Association (ainda hoje a Federação Inglesa) e continuar a “partir pedra” ou não estivessem eles na “Mason (Maçons)”. Começaram onze: Barnes, Civil Service, Crusaders, Forest of Leytonstone (depois Wanderers), N. N. (No Names) Club (Kilburn), Crystal Palace (não é o actual), Blackheath, Kensington School, Perceval House, Surbiton e Blackheatn Proprietary School. Terminaram dez, após seis reuniões durante Novembro e Dezembro desse ano, pois o representante do Blackheath não concordou com a abolição de duas regras que entendia serem fundamentais para se poder chamar ao futebol um jogo: poder ter a alternativa de correr com a bola nas mãos e fazer “Hacking” (travar a progressão de um adversário podendo utilizar pontapés nas pernas, rasteirar, imobilizar e placar). Ao que se conta, afirmou: «A luta é a verdade do futebol. Querer suprimi-la é tirar ao jogo o seu carácter de coragem e virilidade. É condená-lo à decadência e extinção!» Em breve surgiria outro desporto, o Râguebi!


O futebol estava longe de ser criado
Ainda levaria muito tempo até haver consenso – quanto a regras a utilizar - entre os inúmeros clubes que surgiam em Inglaterra. Só em 1877, quinze anos depois da fundação da “FA” com a fusão das regras de 1863 com as de Sheffield o futebol, enquanto desporto coerente, teve a expansão que merecia, por ser uma actividade lúdica única e simples. Se Cambridge deu a base das regras (abolição do excesso de violência e a simplicidade) foi Sheffield que estudou o jogo, dando-lhe o ritmo, graciosidade, inovações técnicas, como por exemplo: pontapés de canto – em vez de lançamentos da linha final; cabeceamento – em vez do “Fair Catch”(poder utilizar as mãos para uma bola com trajectória elevada); traves fixas na baliza – em vez de uma fita; apenas troca de campo ao intervalo - em vez de troca de campo após um golo; guarda-redes – em vez do jogador mais próximo da linha de golo poder usar as mãos; e possibilidades tácticas, tão do agrado de quem estava de fora. A pacífica unificação de 1877 teve as necessárias cedências. As principais: Sheffield cedeu na regra do fora-de-jogo (de nenhum futebolista que quisesse atacar poder estar para lá da linha da bola adoptou-se a regra de Cambridge de ter três defensores contrários - em 1925 passou para os actuais dois); Londres cedeu a obrigatoriedade dos lançamentos laterais terem de ser "rigorosamente" na perpendicular à linha lateral e a bola só poder ser jogada depois de tocar no chão. Regras - no geral - que o râguebi conserva. O futebol era cada vez mais um "desporto à parte" de todos os outros, por que jogados com as mãos e braços.


Os "termos técnicos" nos primórdios do futebol

O futebol exportado para o "Ultramar" inglês
O futebol teve expansão rápida nas duas ilhas da Britânia (Grã-Bretanha e Irlanda) tal como nos países vizinhos e com importantes comunidades britânicas. O que não era difícil pelo facto da industrialização no Mundo depender da tecnologia inglesa e estes não venderem as patentes, mas estabelecerem contratos de instalação e exploração. O futebol expandiu-se pelo Mundo através de dois tipos de pessoas, essencialmente jovens burgueses: técnicos ingleses que estudando nas escolas inglesas, onde abusavam nos tempos livres dos "football matchs", instalavam fábricas e maquinaria em países distantes, aproveitando a universalidade do futebol para disputar jogos entre os membros das colónias de britânicos; e filhos de comerciantes e negociantes indígenas que estudavam nos colégios ingleses (onde se passava o tempo a "jogar à bola").

 

  2       O Foot-Ball muda-se para Futebol

Nos anos 70 do século XIX, ingleses e portugueses já jogavam "Foot-Ball" e "Jogo do coice".

O campo da Quinta Nova, em Carcavelos, no Cabo Submarino

E eis-nos em Portugal
O futebol e as bolas para o jogar chegaram a Portugal através dos ingleses. Em Lisboa foram os engenheiros e técnicos que começaram a praticá-lo em Carcavelos, a partir de 1875, quando iniciam a instalação do Cabo Submarino. Mas era um "assunto deles". A "febre da bola" entre os portugueses surge com os irmãos Pinto Basto que trazem para Portugal uma bola, as regras e o vício do "jogo do coice". Em 1888 já se joga em Cascais e em 1889 dentro da cidade de Lisboa.

Um dos últimos treinos já com a Praça de Touros construída

Olá Campo Pequeno! Adeus Campo Pequeno
Certamente que houve vários jogos, cujos relatos e descrições não despertaram interesse por isso não foram descritos e não chegaram até nós. Mas houve jogos que ficaram na história, entre portugueses, mas principalmente entre portugueses e ingleses. É preciso não esquecer que houve o Ultimato Inglês, em 1890, logo em 11 de Janeiro. Os confrontos no futebol frente aos ingleses, para os humilhados e ofendidos portugueses, eram mais do que um jogo. Jogava-se, essencialmente no Largo do Campo Pequeno onde se podiam "marcar dois campos, aos domingos, quando não havia feira de gado". Porquê "dois campos". Porque sempre houve "mirones" do tipo: Eu fazia melhor! Quem queria jogar futebol marcava um campo para jogar e outro para os inoportunos oportunistas se entreterem com uma bola "mais usada". Uma boa ideia para não serem incomodados enquanto jogavam! Tudo ficou mais complicado quando se finalizou a Praça de Touros, inaugurada em 18 de Agosto de 1892. Não tardou a proibirem os jogos de futebol, para além do espaço ser drasticamente reduzido. Só que às vezes «há males que vêm por bem». 


Os miúdos de Belém a "copiarem"os craques das Terras do Desembargador

Adeus Campo Pequeno! Olá Belém
O Campo Pequeno era na última década do século XIX um local semi-ermo, onde o futebol era jogo para conhecedores e amigos. Findo o Campo Pequeno como terreno de jogo, os futebolistas rumaram a um logradouro amplo - também dava para marcar dois campos - onde não havia problemas de vizinhança, a não ser partilharem o espaço com os aquartelamentos de Belém que utilizavam o mesmo local para exercícios de cavalaria. Eram as Terras do Desembargador, às Salésias. Só que em Belém, a "cantiga era outra". O bairro (até 1940, três vezes maior que o actual em dimensão e com dez vezes mais (ou mais) miúdos do que na actualidade) estava cheio de gente jovem que se extasiava a ver jogar ao domingo e imitava os "craques da bola" no resto da semana.

Um "Glorioso" - Internacional (CIF) no campo de Alcântara (do CIF) em 1907     

Uma «nova espécie» de futebolistas
Depois dos ingleses formados nas escolas técnicas inglesas e dos portugueses que estudavam nos colégios em Inglaterra, surge uma nova classe. Os miúdos portugueses que viam jogar uns e outros. Em Portugal. Eis a nova geração, portugueses que em Portugal, estavam ávidos para jogar (bem) um jogo de ingleses e "inglesados". E era em Belém que estavam reunidas as condições exemplares para espalhar o Foot-Ball, alindar o "Jogo do Coice" e transformá-lo em Futebol. Só que a história nunca é tão simples e linear como se quer.

Os casapianos (com Cosme Damião em destaque)

  3       Entre a miudagem "geniquenta" e os casapianos "bons de bola"

Em Belém não havia só muita miudagem com muito tempo livre para pontapear. Nas traseiras do Mosteiro dos Jerónimos, estava instalada a Real Casa Pia de Lisboa. E dentro desta formara-se, entre a penúltima e última década do século XIX, uma grande equipa de futebol (e não só) que batia "em campo" os grupos de portugueses e não só. Em 1897 (integrando um misto de portugueses e estrangeiros) e em 1898 (um onze integral de casapianos), no então feriado municipal de São Vicente, em 22 de Janeiro, foi a Carcavelos derrotar os ingleses do Cabo Submarino. Os invencíveis.


Provedor Simões Margiochi

O Grupo Margiochi: Origem
Com o Provedor Simões Margiochi a Casa Pia viveu um dos melhores (se não o melhor) período da sua história multicentenária. Também é verdade que se juntou a esse excelso Provedor uma geração intrépida que fez história na cultura e desporto em Portugal. À boa maneira inglesa Margiochi quis tirar dos seus alunos o melhor que eles podiam dar em termos artísticos, fomentando o futebol, enquanto actividade física não violenta, colectiva e solidária, dentro das instalações da Casa Pia, construindo um campo (e que depois seria melhorado aquando da criação do Casa Pia AC) sacrificando uma parte das hortas junto à Cerca, nas traseiras onde está hoje o Planetário. Rapidamente os aspirantes a médico (Januário Barreto), a pintor (Pedro Guedes), a cinzelador (Emílio Carvalho), a escultores (José Neto e Francisco Santos), a professor (Silvestre Silva) e a arquitecto (António Couto), entre outros, tornaram-se famosos entre a miudagem de Belém por serem "craques da bola". 


Grupo Margiochi. Da esquerda para a direita. Em 1.º plano: (2.º, António Couto), (3.º, Silvestre Silva), (5.º, Emílio Carvalho) e (6.º, Januário Barreto); em 2.º plano: (1.º, Pedro Guedes) e (5.º, José Neto). O escultor Francisco Santos estava em Roma, a estudar e a jogar na SS Lázio

O Grupo Margiochi: "Apalpar terreno"
Em 1897 foram três (Couto, Guedes e Emílio) que integraram o misto que chegou à Quinta Nova e impôs uma derrota aos ingleses (não havia memória de qualquer derrota, apenas um empate frente ao Ginásio Clube Português, em 1893, nos seus tempos áureos). De resto vitórias frente aos outros clubes de ingleses da Grande Lisboa e resultados esmagadores frente aos clubes mistos ou de portugueses. Tão copiosas que os levavam à extinção, tal o desalento.

A equipa da Real Casa Pia de Lisboa em 1897. Da esquerda para a direita. Em cima: António Couto (2.º), Emílio Carvalho (3.º), Silvestre Silva (5.º), Januário Barreto (6.º), José Neto (7.º) e Francisco Santos (8.º); Em baixo, no centro: Pedro Guedes, capitão (por isso é o "dono da bola")

O Grupo Margiochi: "Nem dava para acreditar"
Um ano depois, em 1898, temerários, decidiram deslocar a equipa completa. Na Quinta Nova, os ingleses gostavam de defrontar grupos que dessem réplica. Aceitaram. Um conselho (mais um). Decorem alguns nomes que ainda vou "falar" deles em 1907! Valentim Machado, no número 131 da revista "Tiro Civil", em 1 de Fevereiro de 1898, escreveu numa crónica o seguinte: «Realizou-se no dia de S. Vicente uma partida de foot-ball entre o team  de Carcavelos e o grupo da Casa Pia. O Casa Pia (capitaneado pelo "back/ defesa à direita" Pedro Guedes) alinhou: - Silvestre Silva; Pedro Guedes e Januário Barreto; Emílio de Carvalho, Daniel Queirós dos Santos e António Couto; J. Tavares, A. Torres, João Persónio, David da Fonseca e Francisco Santos. O grupo da Casa Pia venceu por 2-0. No final do jogo ecoam palmas, bonés voam pelos ares e com razão, porque é um grupo completamente português, composto de jogadores que se fizeram em Lisboa, devido aos constantes treinos e boa vontade da parte de todos os do grupo. Viva! Três vezes viva!, pelos valentes rapazes que em tão poucos anos tanto conseguiram.» Daqui a nove anos voltarei a escrever sobre eles. Alguns deles. Nove anos? Salvo seja. É como se estivéssemos em 22 de Janeiro de 1898. E nove anos será em 10 de Fevereiro de 1907. Tudo por uma questão de invencibilidades.


A equipa do Football Club (também conhecida pelo Grupo dos Catataus) em 1903. Da esquerda para a direita. Em cima (defesas e guarda-redes): José Cruz Viegas, José Rosa Rodrigues (GR) e Manuel Gourlade; ao centro (médios): Jorge Afra, Carlos França e Daniel Santos Brito; em baixo: Duarte José Duarte, António Rosa Rodrigues, Cândido Rosa Rodrigues, Raul Empis e Armando Macedo.

Os Manos Catataus
Em Belém o futebol fervilhava entre os miúdos. No prédio onde estava instalada a Farmácia Franco, nobre, muito frequentado e cosmopolita estabelecimento do bairro, viviam os quatro irmãos Rosa Rodrigues - José, Cândido, António e Jorge (no 1.º andar). Por cima os irmãos Carrilhos e não muito longe os Monteiros e os França. Até nos empregados da farmácia - Manuel Gourlade e Daniel Brito - as "futeboladas" tiravam do sério. Tudo começou no amplo pátio interior do prédio (ainda existe!) que depressa ficou pequeno. Depois houve que sair para a rua, aproveitando a largueza dos terrenos junto às docas.


Cartão de um membro da "Associação do Bem"

A Associação do Bem
Os casapianos foram-se formando, tornando adultos e saindo da Instituição. Mas continuaram a jogar (e a brilhar) em grupos episódicos que se faziam e desfaziam ao sabor de reptos, desafios e desforras. Só que afastados uns dos outros não era a "mesma coisa". A típica centenária (e perpétua) saudade portuguesa já existia no início do século XX. Decidiram juntar-se, criando um grupo altruísta, a Associação do Bem, que entre muitos assuntos "na ordem do dia" constava: juntarem-se nas manhãs de domingo, do lado de fora da Cerca casapiana para fazer uns exercícios físicos e... porque não, "futebolar"!


Manuel Gourlade. Envelhecimento precoce da primeira grande figura do Clube

Manuel Gourlade
O "Grupo dos Catataus" estava cada vez mais forte e afamado. E já podia desafiar o FC Swifts (Velozes), grupo misto dos Pinto Basto e amigos ingleses, que ao contrário do dito de Valentim Machado para os casapianos, "que se fizeram futebolistas em Lisboa", estes "fizeram-se footballers players em Inglaterra". Num confronto num domingo, no final de Novembro de 1903 (provavelmente a 29), nas Salésias, os Pinto Basto conseguem uma vitória tangencial inesperada, de tão escassa. Como código de honra os vencidos têm direito a desforra. E pedem-na para daí a duas semanas. Um dos mais curiosos, com jeito para orientar e metódico a organizar, defesa à esquerda no "Grupo dos Catataus", Manuel Gourlade tem uma ideia brilhante. Com um domingo pelo meio (provavelmente a 6) decide deslocar-se à Cerca para convidar alguns casapianos a fim de reforçar o "Grupo dos Catataus" onde este estava mais vulnerável. Cosme Damião que pertencia à "Associação do Bem" conta a Mário de Oliveira: «Tu não calculas o que era a figura desse rapaz. Estou-o vendo: aparecia sempre equipado por completo - da cabeça aos pés... Kepi preto - boné circular de fôrma, camisa branca, calção preto, meias de futebol - pretas pelos joelhos - e botas também de futebol - as chuteiras de couro com travessas, pois claro. Mas o que dava mais nas vistas era uma grande faixa sobre a camisa, a tiracolo, com as três cores da bandeira francesa. Era o Manuel Gourlade, o empregado da Farmácia Franco. Pensou que nós podíamos defrontar aquele grupo (os Pinto Basto). Fizemos assim, um misto entre a Associação do Bem e o Lisbonense (os Catataus)». E assim foi, provavelmente no domingo 13 de Dezembro de 1903.

A rua de Belém. Na esquerda o Café do Gonçalves e na direita (em frente) a Farmácia Franco
Só com portugueses
Ainda Cosme Damião, após vitória escassa, provavelmente por 1-0: «Houve festa rija numa cervejaria em frente da Farmácia Franco (a tal dos pastéis de cerveja...) para celebrar a vitória. E partiu da referida festa a ideia de nos reunirmos em clube». Houve quem acrescentasse na euforia da vitória. «Com estes elementos - e só portugueses - fazia-se um grande team!» E assim se fez!

Um "treino jogado" nas Terras do Desembargador

De Belém Football Club a Sport Lisboa
Entre meados de Dezembro de 1903 e final de Fevereiro de 1904, foram dois meses e meio de escolhas, ideias e concretizações, tendo por objectivos: um emblema com nobreza heráldica, pleno de importância, simbolizado na Águia; um lema latino "E Pluribus Unum"; branco e vermelho, cor garrida e alegre, para jogadores e público; nome com significado e sigla com expressão: SL, Sport Lisboa. E associados em quantidade que permitissem "treinos jogados". Seriam "Vinte e Quatro", um bom número. Duas equipas. Os de topo e os de reserva. Treinos e mais treinos antes de aceitar o primeiro desafio. Desde treinos pouco concorridos - necessitando de convidar "estranhos" a um com 20 associados, em 17 de Abril. Pudera! Neste dia estreavam-se balizas e logo com redes!


Um Grande Onze. Em 1906. A estreia - embora episódica - de Cosme Damião na 1.ª categoria em 17 de Março de 1906 depois de duas temporadas na 2.ª categoria, em 1904/05 e 1905/06. Da esquerda para a direita. Em cima (dois médios, defesa-direito, guarda-redes, defesa-esquerdo (Cosme Damião) e médio-esquerdo): António Couto, Albano Santos, Emílio Carvalho, Manuel Mora, Cosme Damião - no lugar do "faltoso" José Cruz Viegas - e Fortunato Levy; árbitro inglês (H. Hannour, do Carcavellos Club); em baixo (avançados): Carlos França, António Rosa Rodrigues, Daniel Queirós Santos, Cândido Rosa Rodrigues e Silvestre Silva - no lugar de outro "faltoso": David José Fonseca. Os jogadores tiravam as fotografias posicionando-se nos lugares que ocupavam em campo. Neste tempo os guarda-redes usavam o equipamento do Clube. Antes do início do jogo, o capitão indicava ao árbitro quem era o jogador que estava de guarda à baliza para o árbitro saber quem podia usar as mãos na grande-área 

Um Clube. Duas Gerações. Dois comportamentos. Cosme faz a transição
A criação do Sport Lisboa permitiu juntar duas gerações de futebolistas distintas, em valor, experiência e atitude. O núcleo de Belém eram miúdos com grande vontade, energia e metódicos a treinar, com menos de 20 anos: Cândido Rosa Rodrigues, "irmão do meio" tinha 18 anos. Carlos França menos dois! Aprenderam a gostar de futebol vendo os casapianos a jogar. Estes tinham muita experiência, eram futebolistas consagrados, respeitados e com cartel. Mas não treinavam, até porque alguns já tinham emprego, família e ocupações várias. Consideravam que a experiência e conhecimento do jogo suplantava o treino e preparo físico. Januário Barreto que seria presidente do Sport Lisboa em 1906, aquando da fundação tinha 27 anos. Estavam todos perto dos 30 anos: Pedro Guedes e António Couto tinham 29. Não há notícia que tenham participado em qualquer treino. E foram três dezenas antes da estreia do emblema em campo. Ao contrário dos miúdos de Belém que raramente faltavam a um treino. Sabiam que só com muita capacidade, muito futebol e "jogo", podiam ser a primeira escolha. Cosme Damião fazia a ligação: era da mesma geração dos miúdos de Belém e casapiano. O fiel da balança. Logo em 1904.

Um jogo em Inglaterra (repare-se na assistência) em 1905. Quando o "Glorioso" se estreou, em 1904, nem pequena área havia

Estreia em 1 de Janeiro de 1905
Quando se anunciou a estreia, a capitanear a equipa estava António Couto, sem nenhuma presença em treinos e com 30 anos. Em campo Pedro Guedes e  Silvestre Silva, a entrar na fase de trintões, sem treinos e a fazerem valer o "estatuto". Até para que o Sport Lisboa tivesse "crédito" para que os seus reptos fossem aceites pelos grupos já com estatuto. O primeiro encontro, frente ao Grupo do Campo de Ourique, com vitória por 1-0, cujo "goal soberbo" (como foi descrito na Imprensa) elevou a capitão Silvestre Silva. Entretanto muitos outros casapianos "bons de bola" foram chegando, entrando para associados e ocupando o seu lugar. E não consta que treinassem. Craque é craque. Até em 1905 ou 1906. Recuemos a 1898. Couto, Silvestre e Guedes estiveram lá, na fantástica vitória dos casapianos sobre os ingleses do Cabo Submarino.  Passaram sete anos e nunca mais houve uma equipa que conseguisse igual proeza. Mas estava a chegar...

Folha de uma agenda de um fundador-jogador com o "relato" do Grande Jogo

Nunca esquecer esta data: 10 de Fevereiro de 1907
O prometido é devido. Com 13 jogos disputados, oito vitórias e 20 golos marcados, incluindo três vitórias (em quatro jogos) frente ao poderoso Internacional, o CIF dos irmãos Pinto Basto, a última por 1-0, em 22 de Janeiro de 1907, eis que chega o dia de mais um Carcavellos Club frente ao Sport Lisboa. Há um ano, em 18 de Fevereiro de 1906, o resultado de 0-7 era passado. Os ingleses estavam invencíveis desde aquele 22 de Janeiro de 1898, quando a Real Casa Pia lhes infligiu 2-0. Haviam passado... nove anos! Quase uma década. O Sport Lisboa apresentou-se, alindado por Manuel Gourlade, com o onze habitual em 1906/07, considerado o melhor de sempre no Clube. A guarda-redes: Manuel Mora, experiente "goal-keeper" do Grupo de Campo de Ourique (foi ele que sofreu, em 1 de Janeiro de 1905 o "goal soberbo" de Silvestre). Na defesa, os backs Henrique Costa (à direita, um "fortalão de pêlo na venta"!) e Emílio Carvalho (à esquerda). Recuemos a 1898. Este esteve lá. Como médio-direito. Contemos: UM! No meio-campo, os "half-backs": o capitão escolhido em assembleia-geral a 22 de Novembro de 1906, Fortunato Levy (à direita, mais um que foi adversário pelo Campo de Ourique), António Couto (ao centro) e Albano Santos (à esquerda, outro do Campo de Ourique em 1904/05). António Couto? Recuemos a 1898. Este, também esteve lá! Como médio-esquerdo. Contemos: DOIS! Na frente, os cinco "forwards", da direita para a esquerda: Marcial Costa, António Rosa Rodrigues, Daniel Queirós dos Santos, Cândido Rosa Rodrigues e David José Fonseca. Recuemos a 1898. Daniel Queirós dos Santos (como médio-centro) e David José Fonseca (como meio-avançado-esquerdo) estiveram lá! Contemos: TRÊS e QUATRO! QUATRO em Onze. E o presidente do Sport Lisboa era, desde 22 de Novembro de 1906... Januário Barreto. Também esteve lá, em 1898, como defesa à esquerda. Não admira que Félix Bermudes (extremo direito), capitão da 2.ª categoria, onde alinhava Cosme Damião (médio-centro), José Neto (defesa à esquerda), João Persónio (guarda-redes) e Francisco Santos (médio-esquerdo), todos casapianos, com estes dois últimos a estarem lá (em 1898, respectivamente, avançado-centro e extremo esquerdo). Entretanto perdi-me. Não admira que Félix Bermudes dissesse que esta equipa era "GLORIOSISSIMA"! Até hoje!


Cosme Damião numa equipa da Casa Pia (4.º a contar da direita na 2.ª fila)

Cosme Damião? O principal fundador? Não! A principal figura? Sim! Sim! E Sim!
O que impressiona é o facto de nove dos onze casapianos que em 1898 venceram os mestres ingleses na Quinta Nova terem passado pelo Clube. Apenas J. Tavares e A. Torres não jogaram, que conste, no Sport Lisboa. De facto o clube permitiu reunir os casapianos que andavam dispersos pelos clubes efémeros, em Lisboa, que se faziam e desfaziam ao sabor dos resultados, positivos ou negativos. E os principais fundadores - José, Cândido e António Rosa Rodrigues, Manuel Gourlade e Daniel Brito, por exemplo, treinavam muito e depois jogavam pouco (excepto os dois Rosa Rodrigues mais novos: Cândido e António). Mas souberam dar lugar aos melhores. Cosme Damião treinava pouco. Como os outros casapianos. Jogava na 2.ª categoria, como a maior parte dos fundadores. Mas nem por isso não são fundadores. Um clube não se fazia só com protagonistas, com "cigarras". Também precisava de "formiguinhas"! E que as formigas se agigantassem. Pegassem no Clube, aquando de momentos complicados. E o levassem para o céu. Como águias. Mas para isso tinham de estar no clube. Mesmo que não treinassem. Mesmo que jogassem pouco ou na 2.ª categoria. Por dentro. Foi assim com Cosme Damião. De uma figura com pouco futebol em 1905, quase anónimo, a não ser ter boa caligrafia mercê da sua formação na Casa Pia para guindar-se a maior símbolo do Benfica. Com todo o mérito. O que nos une?! Mais que o gosto pelo futebol (desde 26 de Outubro de 1863), a paixão pelo Sport Lisboa e Benfica (desde 28 de Fevereiro de 1904)!

Obrigado Cosme!

Como é que de 26 de Outubro de 1863 tudo acaba em Belém e no mestre Cosme Damião? É o "Glorioso"!


Alberto Miguéns

NOTAS BIBLIOGRÁFICAS: Que merecem ser lidas e relidas, porque estão escritas de um modo soberbo, com engenho e arte, que eu não tenho. Espero com o longo texto anterior, não ter feito má publicidade que levem os leitores do EDB a evitarem ler o que deve (e merece) ser lido!

Para o ponto 1


The Rules of Association Football, 1863; The Bodleian Library; Universidade de Oxford; 72 páginas; 2006

 


 

Match. The Complete Book of Football; Chris Hunt; Hayden Publishing; páginas 9 a 14; 2003

 

The Little Book of Football; Michael Heatley; Green Umbrella Publishing; páginas 4 a 23; 2008

(Disponíveis na livraria cibernética Amazon.com ou importação através de uma das lojas FNAC) Para quem tiver dificuldade em compreender inglês, é pedir a alguém "mais habilitado". Quem me valeu foi a Isabel Cutileiro!

Para o ponto 2

História dos Desportos em Portugal. O Futebol; edição em 17 fascículos; Tavares da Silva, Ricardo Ornelas e Ribeiro dos Reis com a colaboração de Mário de Oliveira; páginas 147 a 351 dos fascícolos 7 a 12; Editora Inquérito; 1940; Lisboa


(Disponível na Biblioteca Nacional de Lisboa)

Para o ponto 3

História do Sport Lisboa e Benfica 1904-1954; volume I; Mário de Oliveira e Rebelo da Silva; páginas 3 a 88 dos fascículos 1 a 4; Edição dos Autores em 24 fascículos mensais; 1954-1955; Lisboa



(Disponível na Biblioteca Nacional de Lisboa)

Cosme Damião em entrevista a Mário de Oliveira; A Bola; n.º 11; páginas 5 e 7; 5 de Março de 1945; Lisboa

(Disponível na Biblioteca Nacional de Lisboa e na Hemeroteca Municipal de Lisboa, além da própria "A Bola")

Cosme Damião soube descrever, muito bem, os momentos antes, durante e depois de 28 de Fevereiro de 1904. Mesmo já extenuado - como assinalou Mário Oliveira durante a entrevista - pela doença que seria fatal. Daniel dos Santos Brito - que, em 28 de Fevereiro de 1904, esteve no treino matinal e foi escolhido como secretário da Comissão Administrativa - corroborou mais tarde, tudo, incluindo Cosme Damião na leva de casapianos que surgiram a reforçar o grupo dos miúdos de Belém (página 9 da História do SLB 1904-1954, de Mário de Oliveira e Rebelo da Silva).

Cosme Damião não é um dos fundadores de 1904?! Conversas...
13 comentários
  1. Boa tarde
    Na divisa " e pluribus unum " entre a fundação do SL Benfica ( 1904 ) e a fusão com o GS Benfica ( 1908 ) a cor era azul e branco devido à monarquia e a bandeira ser dessa cor. Depois da fusão a cor da divisa passou a ser vermelho é verde ?
    A Republica foi implementada em 1910 e durante 1908 e 1910 já era dessa cor ?

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    1. Caro Anónimo

      Na flâmula com a divisa o azul e braco só foi alterado depois de 5 de Outubro de 1910. Há uma fotografia, mesmo a preto-e-braco que mostra isso. Se for ao arquivo do blogue, em 26 de Julho de 2013, há uma fotografia (a 2.ª a ilustrar o texto desse dia) tirada em 31 de Julho de 1910 na qual se percebe, pelo tom de cinzento, que sendo mais claro que o tom cinzento do escudo, mostra que estamos perante duas cores: azul (tom cinzento claro) e vermelho (tom cinzento mais escuro). Com o azul (cinzento claro) do lado esquerdo e branco do lado direito, tal como era a bandeira na Monarquia.

      Saudações

      Albertro Miguéns

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    2. Não pude deixar de reparar que nessa foto aparecem os primeiros troféus conquistados pelo Glorioso. Pelo que li eram três taças, bem como dois bronzes e o vaso dos Jogos Olímpicos.

      A minha pergunta é:
      - O que é feito deste espólio de troféus ?
      Não vi nenhum destes troféus no museu. Aliás creio que o troféu mais antigo que aparece no museu é o Bronze Bernardino Costa, que na altura da foto ainda não tinha sido conquistado.

      Deviam ter referência no museu, na minha humilde opinião (Se estavam lá exibidos ou referidos peço desde já desculpa, porque assimilei tanta informação em tão pouco tempo quando lá estive que a memória prega partidas)

      Cumprimentos,
      Bruno Paiva

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    3. Caro Bruno Paiva

      Eu não fui responsável pelo que está exposto no Museu.

      Com base no que já estava escolhido e planeado, fiz textos, forneci estatísticas, estabeleci critérios (quando não estava planeado exibir a totalidade dos jogadores), revi textos para retirar erros, incorrecções e análises acessórias escondendo o essencial.

      Se fosse eu a escolher outra "Águia cantaria".

      Gloriosas Saudações Benfiquistas

      Alberto Miguéns

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  2. Excelente publicação

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  3. De facto como o "NOSSO" Benfica está, só falando do e para o passado longínquo, pois o recente e o futuro apresenta-se muito negro e cuja escuridão se "adensa" com o passar dos dias e é certamente por isso que cada vez mais os Benfiquistas "mais antigos" falam, refalam e tornam a falar do passado e mais uma vez isso demonstra que o futuro próximo e mais distante não se vislumbra claro, mas que a escuridão avança pressa demais para podermos ter uma réstia de descanso, de alegria. A tristeza instalou-se e só pensando no passado algo nos chama á realidade e voltarmos todos os dias a pensar se será este o NOSSO Benfica, o Benfica que todos sonhamos, o Benfica que acreditamos, o Benfica que nos viu nascer Benfiquistas. Não o é de certeza. O passado é importantíssimo para as instituições, para as pessoas especialmente, mas estar sempre a reaver o passado e no caso como está o Benfica é abrir feridas que estão difíceis de sarar e não se prevê remédio para elas nos tempos que se avizinham. O Benfica ao contrário de NÓS SÓCIOS nunca morrerá, mas que está gravemente doente disso parece não haver dúvidas e embora tenhamos conhecimentos de quem tem alastrado essa "maleita" certo o é que ninguém avança para o tratamento eficaz e sem antídoto capaz não é fácil sairmos bem deste imbróglio.
    Vamos todos apoiar o Benfica, deixando por tempos o seu passado e lutarmos todos juntos para que o SEU Futuro seja mais risonho para todos nós, do que tem sido num passado relativamente recente. Passado é passado, o futuro é hoje e todos os dias o futuro se inicia, vamos falar dele, da atualidade, daquilo que nos fazem e vão continuar a fazer e é aí que temos que centrar o nosso objetivo e temos aí muito pano para mangas. Não podemos andar "eternamente" a reviver e a tentar demonstrar as verdades sobre o Benfica, mas temos que unir esforços para isso sim e se queremos ganhar algo para que no futuro possamos falar dele é AGIRMOS contra o Sistema montado no Futebol Português e dentro também, infelizmente do nosso Benfica, onde a Direcção "anómala" tem gente de outras cores e enquanto isso continuar, o Nosso Glorioso Clube nada ganhará e os factos têm mostrado isso mesmo.
    Avante pelo Benfica, Avante.

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  4. Um extraordinário texto feito pelo magnífico Miguéns que, inquestionavelmente, deve ser lido com atenção por todos os amantes de futebol e obviamente por todos os benfiquistas.
    Não me canso de admirar a sua enorme sabedoria. Texto que vou guardar para reler, porque há muita coisa que eu não sabia.
    Obrigada Miguéns
    maria

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  5. Parabéns por mais um excelente post!

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  6. Caro Alberto,
    já com algum tempo este será talvez um dos seus melhores textos de sempre.
    Notável pela qualidade e aprofundamento do futebol, modalidade que amamos e de um periodo seminal para o nosso clube.
    Os detalhes sobre esses 2-3 anos iniciais são notáveis embora saiba que o Alberto ainda tem mais informação. Os detalhes acerca dos homens que frequentaram os primeiros treinos - cerca de trinta se não estou em erro e com registos de Manuel Gourlade - são de enorme interesse para mim. Espero que um dia o Alberto nos possa dar essa fantástica informação.

    Obrigado
    Saudações Benfiquistas
    Victor João

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    1. Caro Victor João

      Obrigado pelas simpáticas palavras.

      As características "técnicas" do blogue ou dos blogues enquadram-se pouco com estes textos que são longos e por isso têm (o Benfica acaba de marcar o 3.º golo por André Gomes!) CARREGA BENFICA!

      Peço desculpa. Continuo a resposta depois...

      Alberto Miguéns

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  7. Que texto! Um Hino ao Futebol, através da conjugação do conhecimento
    Meritórios Parabéns
    The_Saint

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  8. Se o S.L. e Benfica nasceu em Belém, seria mais apropriado chamar-se S.L. e Belém. Não, o Sport Lisboa e Benfica, a bem da verdade histórica, nasceu em 1908, creio que a 13 de setembro, por fusão com o Grupo Sport Benfica. Daí a referência à freguesia de Benfica e já agora, à roda da bicicleta que constava da agremiação de Benfica. Só a partir dessa data (1908) é que verdadeiramente nasce o Sport Lisboa e Benfica.

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    1. Caro Fausto

      O Carcavelinhos FC nasceu em Alcântara (Lisboa) e chamava-se Carcavelos em ponto pequeno!

      Saudações

      Alberto Miguéns

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