Conselho:
Quem puder enquanto lê este texto e vê as fotografias, degustar um pastel de
cerveja do antigo Café do Gonçalves é avançar. Ou não fosse nesse café que
surgiu a ideia, em 1903, de fundar um clube que seria "Glorioso" e
quem sabe (há metade/metade a dividir com o actualmente inexistente António das
Caldeiradas) se não seria neste café que em 28 de Fevereiro de 1904 os nossos
pioneiros almoçaram, entre o treino matinal e uma tarde que ficou para a
história num estabelecimento mesmo à sua frente, a Farmácia Franco onde se
fundou um Grande Clube, o Maior de Todos os Clubes...
Passam hoje 150 anos
da célebre reunião em Londres, na Freemason’s Tavern, quando os representantes
de onze clubes londrinos decidiram uniformizar as regras para disputarem jogos
entre eles. Para trás ficava o tempo histórico da “afinação das Leis do Jogo”,
em Cambridge e Sheffield, e da combinação - pelos dois capitães das
equipas - das regras a utilizar durante
o prélio, em confronto, antes deste se iniciar.
E como
chegou o Foot-Ball a Portugal
Primeiro foram os
ingleses a viver e trabalhar em Portugal. Depois os portugueses que estudavam
nos colégios ingleses de... Inglaterra. Finalmente os miúdos portugueses que
viam homens de pelo na perna, calções pelo joelho e camisolas garridas aos
pontapés num pedaço de couro para tentarem colocá-lo dentro de uma espécie de
capoeira. E às vezes, muitas vezes, acabava tudo ao sopapo.
Uma equipa no largo do Campo Pequeno, junto ao Palácio Galveias |
De 1889 para 2013. As pedras, se os homens não as destruírem, duram a eternidade. Ao contrário dos homens... |
E como o
“Glorioso” surgiu em Belém
Na sequência da
mudança do local de jogos de futebol em Lisboa, do largo do Campo Pequeno para
as “Terras do Desembargador", às Salésias, pelo facto da construção da Praça de
Touros inviabilizar a prática de um “jogo espalhafatoso”!
Um jogo frente ao Internacional, nas Terras do Desembargador (1906) |
CONSELHOS:
Se apenas gosta da "espuma dos dias" (quem não gosta...) evite ler o texto de hoje. Ou procure no arquivo do blogue "espuma dos dias".
Se só lhe interessa perceber porque foi o Benfica fundado em... Belém, evite 1 e 2 e vá directamente para 3.
Se só lhe interessa perceber porque foi o Benfica fundado em... Belém, evite 1 e 2 e vá directamente para 3.
Se considera os ingleses em Inglaterra
aborrecidos, mas questiona por que razão se joga futebol em Portugal desde o
século XIX, esqueça o ponto 1 e vá rapidamente para o ponto 2.
Se gosta de uma história do futebol
preenchida com século e meio, leia logo a partir de 1.
1 Cada vez a
utilizar mais os pés
O futebol nasceu nas
escolas públicas inglesas, com particular destaque para Eton e Cambridge,
porque revelou ser um desporto “pedagógico”. As actividades físicas com bola
eram extremamente violentas, pois para travar quem agarrava uma bola era
necessário empregar a violência - rasteirar, empurrar, placar e carregar - eram as
únicas formas de alguém libertar a bola ou ser impedido de atingir o objectivo,
de fazer golo. Além da impetuosidade eram jogos muito individualistas, pois quem tinha
a posse de bola tentava chegar ao golo. Os colegas de equipa serviam,
essencialmente, para afastar os adversários de quem dominava a bola, usando
bloqueios ou empurrando, abusando da violência.
Futebol Confusão antes do Football Association |
Cambridge: Primeira
metade do século XIX a afinar regras
Os responsáveis pela
actividade física e pedagogos das escolas inglesas, com destaque para J. C.
Thring, perceberam que quanto mais utilizassem os pés e menos as mãos, maior
era a importância do jogo como actividade física – não causava grandes danos
físicos e era excelente como educação por ser colectivo, criando um espírito de
agregação e solidariedade entre os membros de uma equipa, pois obrigava a
grande entreajuda para atingir o objectivo. Foi assim que em Cambridge foram
sendo criadas, progressivamente, regras de modo a atingir os objectivos. E iam
todas no mesmo sentido: reduzir a violência, aumentar a simbiose dentro da
equipa e simplifica-las de modo que todos as entendessem e diminuíssem os
problemas de interpretação. Como? Reduzindo a utilização das mãos para dominar
e controlar a bola.
Sheffield:
Autodidactas no campo e à secretária
Entretanto noutro
lugar de Inglaterra, a norte de Cambridge e Londres, mas no centro da Ilha, em
Sheffield, também estavam a eliminar a utilização das mãos para dominar uma
bola e a criar regras para reduzir a violência na intercepção da bola. Com a
particularidade de serem dois jogadores (Nathaniel Creswick e William Prest, na foto pela mesma ordem) a adaptarem as
regras após jogarem, numa tentativa de melhorarem a dinâmica e concepção do
jogo. Quem ficava a ganhar eram os espectadores. O jogo de futebol era lúdico
para quem jogava e interessante para quem presenciava. Em 21 de Outubro de 1858,
um ano depois da fundação do Sheffield FC as regras estavam assim definidas.
Era uma vez
o futebol
E eis-nos chegados à
“Taberna dos Livres Pensadores” (Freemason’s Tavern) em Londres com representantes de onze clubes da
capital do Reino Unido, mais quatro observadores do Sheffield FC a fazerem a
primeira reunião para começarem a uniformizar as Regras do Futebol, tendo por
base o código simplificado de Cambridge. Decidiram fundar a Football Association
(ainda hoje a Federação Inglesa) e continuar a “partir pedra” ou não estivessem
eles na “Mason (Maçons)”. Começaram onze: Barnes, Civil Service, Crusaders, Forest of Leytonstone (depois Wanderers), N. N. (No Names) Club (Kilburn), Crystal Palace (não é o actual), Blackheath, Kensington School, Perceval House, Surbiton e Blackheatn Proprietary School. Terminaram dez, após seis reuniões durante Novembro e
Dezembro desse ano, pois o representante do Blackheath não concordou com a
abolição de duas regras que entendia serem fundamentais para se poder chamar
ao futebol um jogo: poder ter a alternativa de correr com a bola nas mãos e fazer
“Hacking” (travar a progressão de um adversário podendo utilizar pontapés nas
pernas, rasteirar, imobilizar e placar). Ao que se conta, afirmou: «A luta é a verdade do futebol. Querer suprimi-la é tirar ao jogo o seu carácter de coragem e virilidade. É condená-lo à decadência e extinção!» Em breve surgiria outro desporto, o
Râguebi!
O futebol estava longe de ser criado
Ainda levaria muito
tempo até haver consenso – quanto a regras a utilizar - entre os inúmeros
clubes que surgiam em Inglaterra. Só em 1877, quinze anos depois da fundação da
“FA” com a fusão das regras de 1863 com as de Sheffield o futebol, enquanto
desporto coerente, teve a expansão que merecia, por ser uma actividade lúdica
única e simples. Se Cambridge deu a base das regras (abolição do excesso de
violência e a simplicidade) foi Sheffield que estudou o jogo, dando-lhe o
ritmo, graciosidade, inovações técnicas, como por exemplo: pontapés de canto –
em vez de lançamentos da linha final; cabeceamento – em vez do “Fair
Catch”(poder utilizar as mãos para uma bola com trajectória elevada); traves
fixas na baliza – em vez de uma fita; apenas troca de campo ao intervalo - em
vez de troca de campo após um golo; guarda-redes – em vez do jogador mais
próximo da linha de golo poder usar as mãos; e possibilidades tácticas, tão do
agrado de quem estava de fora. A pacífica unificação de 1877 teve as
necessárias cedências. As principais: Sheffield cedeu na regra do fora-de-jogo
(de nenhum futebolista que quisesse atacar poder estar para lá da linha da bola
adoptou-se a regra de Cambridge de ter três defensores contrários - em 1925
passou para os actuais dois); Londres cedeu a obrigatoriedade dos lançamentos
laterais terem de ser "rigorosamente" na perpendicular à linha
lateral e a bola só poder ser jogada depois de tocar no chão. Regras - no geral - que o
râguebi conserva. O futebol era cada vez mais um "desporto à parte"
de todos os outros, por que jogados com as mãos e braços.
Os "termos técnicos" nos primórdios do futebol |
O futebol exportado para o "Ultramar" inglês
O futebol teve
expansão rápida nas duas ilhas da Britânia (Grã-Bretanha
e Irlanda) tal como nos países vizinhos e com importantes comunidades
britânicas. O que não era difícil pelo facto da industrialização no Mundo
depender da tecnologia inglesa e estes não venderem as patentes, mas
estabelecerem contratos de instalação e exploração. O futebol expandiu-se pelo
Mundo através de dois tipos de pessoas, essencialmente jovens burgueses:
técnicos ingleses que estudando nas escolas inglesas, onde abusavam nos tempos
livres dos "football matchs", instalavam fábricas e maquinaria em
países distantes, aproveitando a universalidade do futebol para disputar jogos
entre os membros das colónias de britânicos; e filhos de comerciantes e negociantes indígenas
que estudavam nos colégios ingleses (onde se passava o tempo a "jogar à
bola").
2 O
Foot-Ball muda-se para Futebol
Nos anos 70 do século
XIX, ingleses e portugueses já jogavam "Foot-Ball" e "Jogo do
coice".
O campo da Quinta Nova, em Carcavelos, no Cabo Submarino |
E eis-nos em Portugal
O futebol e as bolas
para o jogar chegaram a Portugal através dos ingleses. Em Lisboa foram os
engenheiros e técnicos que começaram a praticá-lo em Carcavelos, a partir de 1875,
quando iniciam a instalação do Cabo Submarino. Mas era um "assunto
deles". A "febre da bola" entre os portugueses surge com os
irmãos Pinto Basto que trazem para Portugal uma bola, as regras e o vício do
"jogo do coice". Em 1888 já se joga em Cascais e em 1889 dentro da
cidade de Lisboa.
Olá Campo Pequeno! Adeus Campo Pequeno
Certamente que houve
vários jogos, cujos relatos e descrições não despertaram interesse por isso não
foram descritos e não chegaram até nós. Mas houve jogos que ficaram na
história, entre portugueses, mas principalmente entre portugueses e ingleses. É
preciso não esquecer que houve o Ultimato Inglês, em 1890, logo em 11 de
Janeiro. Os confrontos no futebol frente aos ingleses, para os humilhados e
ofendidos portugueses, eram mais do que um jogo. Jogava-se, essencialmente no
Largo do Campo Pequeno onde se podiam "marcar dois campos, aos domingos, quando
não havia feira de gado". Porquê "dois campos". Porque sempre
houve "mirones" do tipo: Eu fazia melhor! Quem queria jogar futebol
marcava um campo para jogar e outro para os inoportunos oportunistas se
entreterem com uma bola "mais usada". Uma boa ideia para não serem
incomodados enquanto jogavam! Tudo ficou mais complicado quando se finalizou a
Praça de Touros, inaugurada em 18 de Agosto de 1892. Não tardou a proibirem os
jogos de futebol, para além do espaço ser drasticamente reduzido. Só que às vezes
«há males que vêm por bem».
Os miúdos de Belém a "copiarem"os craques das Terras do Desembargador |
Adeus Campo Pequeno! Olá Belém
O Campo Pequeno era
na última década do século XIX um local semi-ermo, onde o futebol era jogo para
conhecedores e amigos. Findo o Campo Pequeno como terreno de jogo, os
futebolistas rumaram a um logradouro amplo - também dava para marcar dois
campos - onde não havia problemas de vizinhança, a não ser partilharem o espaço
com os aquartelamentos de Belém que utilizavam o mesmo local para exercícios
de cavalaria. Eram as Terras do Desembargador, às Salésias. Só que em Belém, a
"cantiga era outra". O bairro (até 1940, três vezes maior que o
actual em dimensão e com dez vezes mais (ou mais) miúdos do que na actualidade)
estava cheio de gente jovem que se extasiava a ver jogar ao domingo e imitava os
"craques da bola" no resto da semana.
Uma «nova
espécie» de futebolistas
Depois dos ingleses
formados nas escolas técnicas inglesas e dos portugueses que estudavam nos
colégios em Inglaterra, surge uma nova classe. Os miúdos portugueses que viam
jogar uns e outros. Em Portugal. Eis a nova geração, portugueses que em
Portugal, estavam ávidos para jogar (bem) um jogo de ingleses e
"inglesados". E era em Belém que estavam reunidas as condições
exemplares para espalhar o Foot-Ball, alindar o "Jogo do Coice" e
transformá-lo em Futebol. Só que a história nunca é tão simples e linear como
se quer.
Os casapianos (com Cosme Damião em destaque) |
3 Entre a
miudagem "geniquenta" e os casapianos "bons de bola"
Em Belém não havia só
muita miudagem com muito tempo livre para pontapear. Nas traseiras do Mosteiro
dos Jerónimos, estava instalada a Real Casa Pia de Lisboa. E dentro desta
formara-se, entre a penúltima e última década do século XIX, uma grande equipa
de futebol (e não só) que batia "em campo" os grupos de portugueses e
não só. Em 1897 (integrando um misto de portugueses e estrangeiros) e em 1898
(um onze integral de casapianos), no então feriado municipal de São Vicente, em
22 de Janeiro, foi a Carcavelos derrotar os ingleses do Cabo Submarino. Os
invencíveis.
Provedor Simões Margiochi |
O Grupo Margiochi: Origem
Com o Provedor Simões
Margiochi a Casa Pia viveu um dos melhores (se não o melhor) período da sua
história multicentenária. Também é verdade que se juntou a esse excelso
Provedor uma geração intrépida que fez história na cultura e desporto em
Portugal. À boa maneira inglesa Margiochi quis tirar dos seus alunos o melhor
que eles podiam dar em termos artísticos, fomentando o futebol, enquanto
actividade física não violenta, colectiva e solidária, dentro das instalações
da Casa Pia, construindo um campo (e que depois seria melhorado aquando da
criação do Casa Pia AC) sacrificando uma parte das hortas junto à Cerca, nas
traseiras onde está hoje o Planetário. Rapidamente os aspirantes a médico
(Januário Barreto), a pintor (Pedro Guedes), a cinzelador (Emílio Carvalho), a
escultores (José Neto e Francisco Santos), a professor (Silvestre Silva) e a
arquitecto (António Couto), entre outros, tornaram-se famosos entre a miudagem
de Belém por serem "craques da bola".
O Grupo Margiochi: "Apalpar terreno"
Em 1897 foram três
(Couto, Guedes e Emílio) que integraram o misto que chegou à Quinta Nova e
impôs uma derrota aos ingleses (não havia memória de qualquer derrota, apenas
um empate frente ao Ginásio Clube Português, em 1893, nos seus tempos áureos).
De resto vitórias frente aos outros clubes de ingleses da Grande Lisboa e
resultados esmagadores frente aos clubes mistos ou de portugueses. Tão copiosas
que os levavam à extinção, tal o desalento.
O Grupo Margiochi: "Nem dava para acreditar"
Um ano depois,
em 1898, temerários, decidiram deslocar a equipa completa. Na Quinta Nova, os ingleses gostavam de defrontar
grupos que dessem réplica. Aceitaram. Um conselho (mais um). Decorem alguns
nomes que ainda vou "falar" deles em 1907! Valentim
Machado, no número 131 da revista "Tiro Civil", em 1 de Fevereiro de
1898, escreveu numa crónica o seguinte: «Realizou-se no dia de S. Vicente uma partida de foot-ball entre o team
de Carcavelos e o grupo da Casa Pia. O
Casa Pia (capitaneado pelo "back/ defesa à direita" Pedro
Guedes) alinhou: - Silvestre Silva; Pedro Guedes e Januário Barreto; Emílio
de Carvalho, Daniel Queirós dos Santos e António Couto; J. Tavares, A. Torres,
João Persónio, David da Fonseca e Francisco Santos. O grupo da Casa Pia venceu
por 2-0. No final do jogo ecoam palmas, bonés voam pelos ares e com razão,
porque é um grupo completamente português, composto de jogadores que se fizeram
em Lisboa, devido aos constantes treinos e boa vontade da parte de todos os do
grupo. Viva! Três vezes viva!, pelos valentes rapazes que em tão poucos anos
tanto conseguiram.» Daqui a nove anos voltarei a escrever sobre eles.
Alguns deles. Nove anos? Salvo seja. É como se estivéssemos em 22 de Janeiro de
1898. E nove anos será em 10 de Fevereiro de 1907. Tudo por uma questão de
invencibilidades.
Os Manos Catataus
Em Belém o futebol
fervilhava entre os miúdos. No prédio onde estava instalada a Farmácia Franco,
nobre, muito frequentado e cosmopolita estabelecimento do bairro, viviam os quatro irmãos Rosa Rodrigues - José,
Cândido, António e Jorge (no 1.º andar). Por cima os irmãos Carrilhos
e não muito longe os Monteiros e os França. Até nos empregados da farmácia -
Manuel Gourlade e Daniel Brito - as "futeboladas" tiravam do sério.
Tudo começou no amplo pátio interior do prédio (ainda existe!) que depressa
ficou pequeno. Depois houve que sair para a rua, aproveitando a largueza dos
terrenos junto às docas.
Cartão de um membro da "Associação do Bem" |
A Associação do Bem
Os casapianos
foram-se formando, tornando adultos e saindo da Instituição. Mas continuaram a
jogar (e a brilhar) em grupos episódicos que se faziam e desfaziam ao sabor de
reptos, desafios e desforras. Só que afastados uns dos outros não era a
"mesma coisa". A típica centenária (e perpétua) saudade portuguesa já
existia no início do século XX. Decidiram juntar-se, criando um grupo
altruísta, a Associação do Bem, que entre muitos assuntos "na ordem do
dia" constava: juntarem-se nas manhãs de domingo, do lado de fora da
Cerca casapiana para fazer uns exercícios físicos e... porque não,
"futebolar"!
Manuel Gourlade
O "Grupo dos
Catataus" estava cada vez mais forte e afamado. E já podia desafiar o FC
Swifts (Velozes), grupo misto dos Pinto Basto e amigos ingleses, que ao
contrário do dito de Valentim Machado para os casapianos, "que se fizeram
futebolistas em Lisboa", estes "fizeram-se footballers players em
Inglaterra". Num confronto num domingo, no final de Novembro de 1903
(provavelmente a 29), nas Salésias, os Pinto Basto conseguem uma vitória
tangencial inesperada, de tão escassa. Como código de honra os vencidos têm
direito a desforra. E pedem-na para daí a duas semanas. Um dos mais curiosos,
com jeito para orientar e metódico a organizar, defesa à esquerda no
"Grupo dos Catataus", Manuel Gourlade tem uma ideia brilhante. Com um
domingo pelo meio (provavelmente a 6) decide deslocar-se à Cerca para convidar
alguns casapianos a fim de reforçar o "Grupo dos Catataus" onde este
estava mais vulnerável. Cosme Damião que pertencia à "Associação do Bem"
conta a Mário de Oliveira: «Tu não calculas o que era a
figura desse rapaz. Estou-o vendo: aparecia sempre equipado por completo - da
cabeça aos pés... Kepi preto - boné circular
de fôrma, camisa branca, calção preto, meias de futebol - pretas pelos joelhos - e botas também
de futebol - as chuteiras de couro com
travessas, pois claro. Mas o que dava mais nas vistas era uma grande faixa
sobre a camisa, a tiracolo, com as três cores da bandeira francesa. Era o
Manuel Gourlade, o empregado da Farmácia Franco. Pensou que nós podíamos
defrontar aquele grupo (os Pinto Basto).
Fizemos assim, um misto entre a Associação do Bem e o Lisbonense (os
Catataus)». E assim foi, provavelmente
no domingo 13 de Dezembro de 1903.
Só com
portugueses
Ainda Cosme Damião,
após vitória escassa, provavelmente por 1-0: «Houve festa rija numa cervejaria em frente da Farmácia Franco (a
tal dos pastéis de cerveja...) para
celebrar a vitória. E partiu da referida festa a ideia de nos reunirmos em
clube». Houve quem acrescentasse na euforia da vitória. «Com estes elementos
- e só portugueses - fazia-se um grande team!» E assim se fez!
De Belém Football Club a Sport Lisboa
Entre meados de
Dezembro de 1903 e final de Fevereiro de 1904, foram dois meses e meio de
escolhas, ideias e concretizações, tendo por objectivos: um emblema com nobreza
heráldica, pleno de importância, simbolizado na Águia; um lema latino "E
Pluribus Unum"; branco e vermelho, cor garrida e alegre, para jogadores e
público; nome com significado e sigla com expressão: SL, Sport Lisboa. E
associados em quantidade que permitissem "treinos jogados". Seriam "Vinte e
Quatro", um bom número. Duas equipas. Os de topo e os de reserva. Treinos e mais
treinos antes de aceitar o primeiro desafio. Desde treinos pouco concorridos -
necessitando de convidar "estranhos" a um com 20 associados, em 17 de
Abril. Pudera! Neste dia estreavam-se balizas e logo com redes!
Um Clube. Duas Gerações. Dois comportamentos. Cosme faz a transição
A criação do Sport
Lisboa permitiu juntar duas gerações de futebolistas distintas, em valor,
experiência e atitude. O núcleo de Belém eram miúdos com grande vontade,
energia e metódicos a treinar, com menos de 20 anos: Cândido Rosa Rodrigues, "irmão
do meio" tinha 18 anos. Carlos França menos dois! Aprenderam a gostar de
futebol vendo os casapianos a jogar. Estes tinham muita experiência, eram
futebolistas consagrados, respeitados e com cartel. Mas não treinavam, até
porque alguns já tinham emprego, família e ocupações várias. Consideravam que a
experiência e conhecimento do jogo suplantava o treino e preparo físico. Januário
Barreto que seria presidente do Sport Lisboa em 1906, aquando da fundação tinha
27 anos. Estavam todos perto dos 30 anos: Pedro Guedes e António Couto tinham
29. Não há notícia que tenham participado em qualquer treino. E foram três
dezenas antes da estreia do emblema em campo. Ao contrário dos miúdos de Belém
que raramente faltavam a um treino. Sabiam que só com muita capacidade, muito futebol e "jogo", podiam
ser a primeira escolha. Cosme Damião fazia a ligação: era da mesma geração dos
miúdos de Belém e casapiano. O fiel da balança. Logo em 1904.
Um jogo em Inglaterra (repare-se na assistência) em 1905. Quando o "Glorioso" se estreou, em 1904, nem pequena área havia |
Estreia em
1 de Janeiro de 1905
Quando se anunciou a
estreia, a capitanear a equipa estava António Couto, sem nenhuma presença em
treinos e com 30 anos. Em campo Pedro Guedes e Silvestre Silva, a entrar na fase de trintões,
sem treinos e a fazerem valer o "estatuto". Até para que o Sport
Lisboa tivesse "crédito" para que os seus reptos fossem aceites pelos
grupos já com estatuto. O primeiro encontro, frente ao Grupo do
Campo de Ourique, com vitória por 1-0, cujo "goal soberbo" (como foi
descrito na Imprensa) elevou a capitão Silvestre Silva. Entretanto muitos
outros casapianos "bons de bola" foram chegando, entrando para
associados e ocupando o seu lugar. E não consta que treinassem. Craque é
craque. Até em 1905 ou 1906. Recuemos a 1898. Couto, Silvestre e Guedes
estiveram lá, na fantástica vitória dos casapianos sobre os ingleses do Cabo
Submarino. Passaram sete anos e nunca
mais houve uma equipa que conseguisse igual proeza. Mas estava a chegar...
Folha de uma agenda de um fundador-jogador com o "relato" do Grande Jogo |
Nunca esquecer esta data: 10 de Fevereiro de 1907
O prometido é devido.
Com 13 jogos disputados, oito vitórias e 20 golos marcados, incluindo três vitórias
(em quatro jogos) frente ao poderoso Internacional, o CIF dos irmãos Pinto
Basto, a última por 1-0, em 22 de Janeiro de 1907, eis que chega o dia de mais
um Carcavellos Club frente ao Sport Lisboa. Há um ano, em 18 de Fevereiro de
1906, o resultado de 0-7 era passado. Os ingleses estavam invencíveis desde
aquele 22 de Janeiro de 1898, quando a Real Casa Pia lhes infligiu 2-0. Haviam
passado... nove anos! Quase uma década. O Sport Lisboa apresentou-se, alindado
por Manuel Gourlade, com o onze habitual em 1906/07, considerado o melhor de
sempre no Clube. A guarda-redes: Manuel Mora, experiente
"goal-keeper" do Grupo de Campo de Ourique (foi ele que sofreu, em 1
de Janeiro de 1905 o "goal soberbo" de Silvestre). Na defesa, os backs
Henrique Costa (à direita, um "fortalão de pêlo na venta"!) e Emílio
Carvalho (à esquerda). Recuemos a 1898. Este esteve lá. Como médio-direito. Contemos:
UM! No meio-campo, os "half-backs": o capitão escolhido em assembleia-geral a 22
de Novembro de 1906, Fortunato Levy (à direita, mais um que foi adversário pelo
Campo de Ourique), António Couto (ao centro) e Albano Santos (à esquerda, outro
do Campo de Ourique em 1904/05). António Couto? Recuemos a 1898. Este, também
esteve lá! Como médio-esquerdo. Contemos: DOIS! Na frente, os cinco "forwards",
da direita para a esquerda: Marcial Costa, António Rosa Rodrigues, Daniel
Queirós dos Santos, Cândido Rosa Rodrigues e David José Fonseca. Recuemos a
1898. Daniel Queirós dos Santos (como médio-centro) e David José Fonseca (como
meio-avançado-esquerdo) estiveram lá! Contemos: TRÊS e QUATRO! QUATRO em Onze.
E o presidente do Sport Lisboa era, desde 22 de Novembro de 1906... Januário
Barreto. Também esteve lá, em 1898, como defesa à esquerda. Não admira que
Félix Bermudes (extremo direito), capitão da 2.ª categoria, onde alinhava Cosme
Damião (médio-centro), José Neto (defesa à esquerda), João Persónio
(guarda-redes) e Francisco Santos (médio-esquerdo), todos casapianos, com estes
dois últimos a estarem lá (em 1898, respectivamente, avançado-centro e extremo
esquerdo). Entretanto perdi-me. Não admira que Félix Bermudes dissesse que esta
equipa era "GLORIOSISSIMA"! Até hoje!
Cosme
Damião? O principal fundador? Não! A principal figura? Sim! Sim! E Sim!
O que impressiona é o
facto de nove dos onze casapianos que em 1898 venceram os mestres ingleses na
Quinta Nova terem passado pelo Clube. Apenas J. Tavares e A. Torres não
jogaram, que conste, no Sport Lisboa. De facto o clube permitiu reunir os
casapianos que andavam dispersos pelos clubes efémeros, em Lisboa, que se
faziam e desfaziam ao sabor dos resultados, positivos ou negativos. E os
principais fundadores - José, Cândido e António Rosa Rodrigues, Manuel Gourlade
e Daniel Brito, por exemplo, treinavam muito e depois jogavam pouco (excepto os
dois Rosa Rodrigues mais novos: Cândido e António). Mas souberam dar lugar aos melhores. Cosme
Damião treinava pouco. Como os outros casapianos. Jogava na 2.ª categoria, como
a maior parte dos fundadores. Mas nem por isso não são fundadores. Um clube não
se fazia só com protagonistas, com "cigarras". Também precisava de
"formiguinhas"! E que as formigas se agigantassem. Pegassem no Clube,
aquando de momentos complicados. E o levassem para o céu. Como águias. Mas para
isso tinham de estar no clube. Mesmo que não treinassem. Mesmo que jogassem
pouco ou na 2.ª categoria. Por dentro. Foi assim com Cosme Damião. De uma
figura com pouco futebol em 1905, quase anónimo, a não ser ter boa caligrafia
mercê da sua formação na Casa Pia para guindar-se a maior símbolo do Benfica.
Com todo o mérito. O que nos une?! Mais que o gosto pelo futebol (desde 26 de
Outubro de 1863), a paixão pelo Sport Lisboa e Benfica (desde 28 de Fevereiro
de 1904)!
Obrigado Cosme!
Como é que
de 26 de Outubro de 1863 tudo acaba em Belém e no mestre Cosme Damião? É o
"Glorioso"!
Alberto Miguéns
NOTAS
BIBLIOGRÁFICAS: Que merecem ser lidas e relidas, porque estão escritas de um
modo soberbo, com engenho e arte, que eu não tenho. Espero com o longo texto
anterior, não ter feito má publicidade que levem os leitores do EDB a evitarem
ler o que deve (e merece) ser lido!
Para o
ponto 1
The Rules of Association Football, 1863; The Bodleian Library; Universidade de Oxford; 72 páginas; 2006
Match. The Complete Book of Football; Chris Hunt; Hayden Publishing; páginas 9 a 14; 2003
The Little Book of Football; Michael Heatley; Green
Umbrella Publishing; páginas 4 a 23; 2008
(Disponíveis
na livraria cibernética Amazon.com ou importação através de uma das lojas FNAC)
Para quem tiver dificuldade em compreender inglês, é pedir a alguém "mais
habilitado". Quem me valeu foi a Isabel Cutileiro!
Para o ponto 2
História dos Desportos em
Portugal. O Futebol; edição em 17 fascículos; Tavares da Silva, Ricardo Ornelas
e Ribeiro dos Reis com a colaboração de Mário de Oliveira; páginas 147 a 351 dos fascícolos 7 a 12;
Editora Inquérito; 1940; Lisboa
(Disponível
na Biblioteca Nacional de Lisboa)
Para o ponto 3
História do Sport Lisboa e
Benfica 1904-1954; volume I; Mário de Oliveira e Rebelo da Silva; páginas 3 a
88 dos fascículos 1 a 4; Edição dos Autores em 24 fascículos mensais; 1954-1955; Lisboa
Cosme Damião em entrevista a Mário de Oliveira; A Bola; n.º 11; páginas 5 e 7; 5 de Março de 1945; Lisboa
(Disponível
na Biblioteca Nacional de Lisboa e na Hemeroteca Municipal de Lisboa, além da
própria "A Bola")
Cosme
Damião soube descrever, muito bem, os momentos antes, durante e depois de 28 de
Fevereiro de 1904. Mesmo já extenuado - como assinalou Mário Oliveira durante a entrevista - pela doença que seria fatal. Daniel dos Santos Brito - que, em 28 de Fevereiro de 1904,
esteve no treino matinal e foi escolhido como secretário da Comissão Administrativa - corroborou mais tarde, tudo, incluindo Cosme Damião na leva de
casapianos que surgiram a reforçar o grupo dos miúdos de Belém (página 9 da
História do SLB 1904-1954, de Mário de Oliveira e Rebelo da Silva).
Cosme Damião não é um dos fundadores
de 1904?! Conversas...
Boa tarde
ResponderEliminarNa divisa " e pluribus unum " entre a fundação do SL Benfica ( 1904 ) e a fusão com o GS Benfica ( 1908 ) a cor era azul e branco devido à monarquia e a bandeira ser dessa cor. Depois da fusão a cor da divisa passou a ser vermelho é verde ?
A Republica foi implementada em 1910 e durante 1908 e 1910 já era dessa cor ?
Caro Anónimo
EliminarNa flâmula com a divisa o azul e braco só foi alterado depois de 5 de Outubro de 1910. Há uma fotografia, mesmo a preto-e-braco que mostra isso. Se for ao arquivo do blogue, em 26 de Julho de 2013, há uma fotografia (a 2.ª a ilustrar o texto desse dia) tirada em 31 de Julho de 1910 na qual se percebe, pelo tom de cinzento, que sendo mais claro que o tom cinzento do escudo, mostra que estamos perante duas cores: azul (tom cinzento claro) e vermelho (tom cinzento mais escuro). Com o azul (cinzento claro) do lado esquerdo e branco do lado direito, tal como era a bandeira na Monarquia.
Saudações
Albertro Miguéns
Não pude deixar de reparar que nessa foto aparecem os primeiros troféus conquistados pelo Glorioso. Pelo que li eram três taças, bem como dois bronzes e o vaso dos Jogos Olímpicos.
EliminarA minha pergunta é:
- O que é feito deste espólio de troféus ?
Não vi nenhum destes troféus no museu. Aliás creio que o troféu mais antigo que aparece no museu é o Bronze Bernardino Costa, que na altura da foto ainda não tinha sido conquistado.
Deviam ter referência no museu, na minha humilde opinião (Se estavam lá exibidos ou referidos peço desde já desculpa, porque assimilei tanta informação em tão pouco tempo quando lá estive que a memória prega partidas)
Cumprimentos,
Bruno Paiva
Caro Bruno Paiva
EliminarEu não fui responsável pelo que está exposto no Museu.
Com base no que já estava escolhido e planeado, fiz textos, forneci estatísticas, estabeleci critérios (quando não estava planeado exibir a totalidade dos jogadores), revi textos para retirar erros, incorrecções e análises acessórias escondendo o essencial.
Se fosse eu a escolher outra "Águia cantaria".
Gloriosas Saudações Benfiquistas
Alberto Miguéns
Excelente publicação
ResponderEliminarDe facto como o "NOSSO" Benfica está, só falando do e para o passado longínquo, pois o recente e o futuro apresenta-se muito negro e cuja escuridão se "adensa" com o passar dos dias e é certamente por isso que cada vez mais os Benfiquistas "mais antigos" falam, refalam e tornam a falar do passado e mais uma vez isso demonstra que o futuro próximo e mais distante não se vislumbra claro, mas que a escuridão avança pressa demais para podermos ter uma réstia de descanso, de alegria. A tristeza instalou-se e só pensando no passado algo nos chama á realidade e voltarmos todos os dias a pensar se será este o NOSSO Benfica, o Benfica que todos sonhamos, o Benfica que acreditamos, o Benfica que nos viu nascer Benfiquistas. Não o é de certeza. O passado é importantíssimo para as instituições, para as pessoas especialmente, mas estar sempre a reaver o passado e no caso como está o Benfica é abrir feridas que estão difíceis de sarar e não se prevê remédio para elas nos tempos que se avizinham. O Benfica ao contrário de NÓS SÓCIOS nunca morrerá, mas que está gravemente doente disso parece não haver dúvidas e embora tenhamos conhecimentos de quem tem alastrado essa "maleita" certo o é que ninguém avança para o tratamento eficaz e sem antídoto capaz não é fácil sairmos bem deste imbróglio.
ResponderEliminarVamos todos apoiar o Benfica, deixando por tempos o seu passado e lutarmos todos juntos para que o SEU Futuro seja mais risonho para todos nós, do que tem sido num passado relativamente recente. Passado é passado, o futuro é hoje e todos os dias o futuro se inicia, vamos falar dele, da atualidade, daquilo que nos fazem e vão continuar a fazer e é aí que temos que centrar o nosso objetivo e temos aí muito pano para mangas. Não podemos andar "eternamente" a reviver e a tentar demonstrar as verdades sobre o Benfica, mas temos que unir esforços para isso sim e se queremos ganhar algo para que no futuro possamos falar dele é AGIRMOS contra o Sistema montado no Futebol Português e dentro também, infelizmente do nosso Benfica, onde a Direcção "anómala" tem gente de outras cores e enquanto isso continuar, o Nosso Glorioso Clube nada ganhará e os factos têm mostrado isso mesmo.
Avante pelo Benfica, Avante.
Um extraordinário texto feito pelo magnífico Miguéns que, inquestionavelmente, deve ser lido com atenção por todos os amantes de futebol e obviamente por todos os benfiquistas.
ResponderEliminarNão me canso de admirar a sua enorme sabedoria. Texto que vou guardar para reler, porque há muita coisa que eu não sabia.
Obrigada Miguéns
maria
Parabéns por mais um excelente post!
ResponderEliminarCaro Alberto,
ResponderEliminarjá com algum tempo este será talvez um dos seus melhores textos de sempre.
Notável pela qualidade e aprofundamento do futebol, modalidade que amamos e de um periodo seminal para o nosso clube.
Os detalhes sobre esses 2-3 anos iniciais são notáveis embora saiba que o Alberto ainda tem mais informação. Os detalhes acerca dos homens que frequentaram os primeiros treinos - cerca de trinta se não estou em erro e com registos de Manuel Gourlade - são de enorme interesse para mim. Espero que um dia o Alberto nos possa dar essa fantástica informação.
Obrigado
Saudações Benfiquistas
Victor João
Caro Victor João
EliminarObrigado pelas simpáticas palavras.
As características "técnicas" do blogue ou dos blogues enquadram-se pouco com estes textos que são longos e por isso têm (o Benfica acaba de marcar o 3.º golo por André Gomes!) CARREGA BENFICA!
Peço desculpa. Continuo a resposta depois...
Alberto Miguéns
Que texto! Um Hino ao Futebol, através da conjugação do conhecimento
ResponderEliminarMeritórios Parabéns
The_Saint
Se o S.L. e Benfica nasceu em Belém, seria mais apropriado chamar-se S.L. e Belém. Não, o Sport Lisboa e Benfica, a bem da verdade histórica, nasceu em 1908, creio que a 13 de setembro, por fusão com o Grupo Sport Benfica. Daí a referência à freguesia de Benfica e já agora, à roda da bicicleta que constava da agremiação de Benfica. Só a partir dessa data (1908) é que verdadeiramente nasce o Sport Lisboa e Benfica.
ResponderEliminarCaro Fausto
EliminarO Carcavelinhos FC nasceu em Alcântara (Lisboa) e chamava-se Carcavelos em ponto pequeno!
Saudações
Alberto Miguéns