Continuamos a evocar, o
Benfiquista e Glória do Clube, Guilherme Espírito Santo falecido no domingo, 25
de Novembro. Que notícia triste.
Três anos afastado? Da equipa? Sim! Mas não dos corações vermelhos…
Na época de 1940/41, foi seleccionado para o XVI
Portugal-Espanha, jogando a extremo-direito. Em 16 de Março de 1941 no Estádio
San Mamés, em Bilbau, Portugal foi arrasado, com 1-5. Espírito Santo adoeceu,
agravando a doença que se pensava debelada. Seguir-se-iam três penosos anos. Foi
necessário curar o paludismo – contraído ainda em criança, em Angola - e que
afinal se revelara com as baixas temperaturas do norte europeu. Uma doença que
o obrigou a “faltar” a 121 jogos consecutivos na equipa (o que faltava de
1940/41, 1941/42, 1942/43 e 1943/44, apenas regressando em 6 de Fevereiro de
1944. Ou seja, esteve inactivo nas passagens dos seus 22.º, 23.º e 24.º
aniversário. Provavelmente, em termos etários, no seu tempo (anos 40) aquele
que seria o tempo ideal. E mesmo assim conseguiria os valores que atingiu. Mas,
quantos golos, triunfos e conquistas não poderia ter acrescentado ao palmarés
do Benfica? Num tempo em que, o Benfica conquistou um Bicampeonato Nacional
(1941/42 e 1942/43) e uma Taça de Portugal (1942/43).
Regresso para a vitória
Depois de tanto tempo inactivo, desde 9
de Março de 1941, Guilherme Espírito Santo regressou em 6 de Fevereiro de 1944
para jogar a extremo-direito e conquistar a Taça de Portugal, em 28 de Maio de
1944, com uma espectacular vitória, por 8-0, ao GD Estoril-Praia, final
realizada no estádio do CF “Os Belenenses”, nas Salésias. Quinze dias depois,
em 10 de Junho, foi inaugurado o Estádio Nacional. Num jogo de 120 minutos foi
Guilherme Espírito Santo a marcar o primeiro golo, aos 40 minutos.
Campeão nacional… mais um!
Na temporada de 1944/45 o Benfica
reconquistou o título de campeão nacional, com Espírito Santo a jogar em 16 das
18 jornadas, com onze golos marcados. A competição foi interrompida entre a
14.ª e a 15.ª jornada para a selecção nacional realizar o seu 47.º encontro, no
XV Portugal-Espanha, no Estádio Nacional, com um empate a dois golos. Espírito
Santo jogou a extremo-direito. Estávamos em 11 de Março de 1945, quatro anos
depois do aziago jogo em Bilbau, realizado em 16 de Março de 1941, que ditou o
afastamento de três anos.
Mais um golo ao FC Porto numa vitória histórica
O campeonato nacional retomou com a
15.ª jornada, na recepção ao FC Porto, com mais uma extraordinária exibição dos
futebolistas que vestem o “Manto Sagrado”. E mais uma vez, Espírito Santo
brilhou. E como ele se recordava, tantas décadas depois, deste jogo. Uma
jornada directa para a conquista do título de campeão nacional. Conseguido duas
jornadas depois…
Lá no 4.º anel continuará orgulhoso pelo “seu/ nosso” Benfica
Alberto Miguéns
NOTA: Estes apontamentos são possíveis por que resultam de muitas horas de
conversa franca e amiga, durante mais de década e meia, entre um adepto do
Benfica e esta Glória do Clube. Um enorme futebolista e personalidade
fantástica, que era o paradigma do Jogador e do Benfiquista: simples, virtuoso,
trabalhador, dedicado e generoso. Só posso estar agradecido, por ter aprendido
tanto com Espírito Santo.
Caro Alberto,
ResponderEliminarMuito obrigado por esta belíssima e comovente homenagem que tem vindo a prestar ao nosso Guilherme Espírito Santo. O meu pai teve a honra de o ver jogar, e desde criança que, para mim, Guilherme Espírito Santo é um exemplo de desportista, de ser humano e de benfiquista que procuro seguir. Infelizmente, eu nunca tive a honra de o ver jogar nem de falar com ele, o que tanto lamento. O Benfica deve-lhe tanto, tanto, e e nunca nada do que venha a ser feito conseguirá pagar a nossa eterna dívida de gratidão para com este grande senhor. Não partiu, não está ausente, nunca nos deixará. Guilherme Espírito Santo é o Benfica, e eu só gostava de ver a Luz, no próximo jogo, cheia e a aplaudi-lo de pé. Deu tudo pelo Benfica, e continuou sempre a ser a mesma pessoa educada, simples e afável. Muitos o esquecem ou esqueceram, mas Guilherme Espírito Santo, numa época em que o Benfica enfrentou tantas dificuldades, nunca desistiu de lutar. Para mim, será sempre o exemplo máximo de benfiquismo, de desportivismo e cavalheirismo.
Cumprimentos, e mais uma vez muito obrigado.