Continuamos a evocar, o
Benfiquista e Glória do Clube, Guilherme Espírito Santo falecido no domingo, 25
de Novembro. Que notícia triste.
Três temporadas de excelência
Nas primeiras três épocas - 1936/37,
1937/38 e 1938/39 – de Guilherme Espírito Santo no “Glorioso” a equipa de
futebol do Benfica realizou 116 encontros, com Espírito Santo a jogar 97
marcando 100 golos, uma média superior a um golo por jogo. “Falhou” apenas 19
jogos em 116: 12 em 1936/37, 2 em 1937/38 e 5 em 1938/39. Pela selecção
nacional jogou o encontro de 1937 (um) e os dois iniciais de 1938. Depois foi
preterido por Peyroteo nos jogos 39.º,
40.º e 41.º da selecção nacional, todos realizados em 1938, com o
avançado-centro Peyroteo a não conseguir – como era habitual, pois marcava
muito pouco por Portugal – brilhar na selecção portuguesa de futebol. Guilherme
Espírito Santo regressou à selecção nacional em 12 de Fevereiro de 1939, ao
42.º encontro de Portugal.
Tricampeão nacional
Em 1937/38 o “Glorioso” sagrou-se
campeão nacional, ou melhor, Tricampeão, com 23 pontos, tantos quantos os do
2.º classificado FC Porto e mais um que o 3.º classificado (Sporting CP). A
primeira alínea de desempate era o do confronto entre os clubes empatados em
pontos. Ambos com 23, o Benfica conquistou o título por ter vencido (3-1, em
casa, no Estádio das Amoreiras, com um golo de Espírito Santo, a fazer 2-1, aos
70’) na 1.ª volta e empatado (2-2, fora, no Estádio do Lima). O FC Porto
protestou o título atribuído ao Benfica por não concordar com o desempate
através do confronto directo. Preferia a diferença de golos… Manias! Depois de
terminado o campeonato nacional, seguia-se o Campeonato de Portugal (actual
Taça de Portugal).
Dias de glória frente ao FC Porto: no Campeonato de Portugal
Em 1937/38 os 15 clubes que jogavam o
Campeonato de Portugal repartiam-se por: 8 da I Liga, 6 da II Liga e o
representante insular (CS Marítimo da Madeira). Nos oitavos-de-final (7 jogos,
pois o CS Marítimo estava isento) o Benfica afastou (V 3-0 e E 1-1) o União
Futebol Lisboa (2.º classificado na II Liga). O FC Porto afastou (V 6-1 e V
8-1) o Leixões SC (campeão na II Liga).
Nos quartos-de-final o sorteio determinou um FC Porto vs SL Benfica. A
1.ª mão realizou-se no Estádio do Lima (D 2-4, com Espírito Santo a marcar um
golo, o 2-2, aos 30’). Na 2.ª mão, em 5 de Junho de 1938, a tarde foi gloriosa
com o Benfica a arrumar o FC Porto, com 7-0, com Espírito Santo a marcar três
golos: 4-0, aos 25’; 6-0, aos 50’; e 7-0, aos 55 minutos.
Faleceu o último sobrevivente do Dia da Mentira (23 de Abril de 1939)
Em 1938/39, o Congresso da Federação Portuguesa de Futebol decidiu alterar a designação das competições, se bem que mantivesse os regulamentos dos apuramentos: os campeonatos regionais apuravam para o Nacional (antes I e II Liga) e estas para a Taça de Portugal (antes Campeonato de Portugal). No campeonato nacional o Benfica chegou à 14.ª (e última) jornada a dois pontos do FC Porto. Só a vitória na derradeira jornada interessava. E nesta, em 23 de Abril de 1939, o Benfica deslocava-se à cidade do Porto para defrontar o FC Porto. Com vitória, por 4-1, na 1.ª volta o “Glorioso” tinha de vencer. Após um jogo muito disputado (0-1, aos 2’// 1-1, aos 7’, por Rogério Sousa// 1-1, aos 44’// 2-2, aos 48’, por Alexandre Brito// 2-3, aos 61’// 3-3, aos 61’, por Alexandre Brito) o Benfica consegue um pontapé de canto no último minuto. O nosso extremo-esquerdo Valadas marca o pontapé de canto que depois será concretizado em golo “ao segundo poste” pelo nosso extremo-direito Feliciano Barbosa. O árbitro Henrique Rosa, de Setúbal, perante a exaltação dos portistas que acabavam de perder o campeonato, que seria o 4.º consecutivo para o Benfica, invalida o golo. Espírito Santo nunca mais se esqueceu deste triste episódio, afirmando que nunca vira, nem antes, nem depois nada igual”. E que em campo tinha conquistado para o Benfica, mais um título de campeão nacional. E foi verdade. Só Henrique Rosa nos tirou o que onze gloriosos futebolistas tanto labutaram.
Faleceu o último sobrevivente do Dia da Mentira (23 de Abril de 1939)
Em 1938/39, o Congresso da Federação Portuguesa de Futebol decidiu alterar a designação das competições, se bem que mantivesse os regulamentos dos apuramentos: os campeonatos regionais apuravam para o Nacional (antes I e II Liga) e estas para a Taça de Portugal (antes Campeonato de Portugal). No campeonato nacional o Benfica chegou à 14.ª (e última) jornada a dois pontos do FC Porto. Só a vitória na derradeira jornada interessava. E nesta, em 23 de Abril de 1939, o Benfica deslocava-se à cidade do Porto para defrontar o FC Porto. Com vitória, por 4-1, na 1.ª volta o “Glorioso” tinha de vencer. Após um jogo muito disputado (0-1, aos 2’// 1-1, aos 7’, por Rogério Sousa// 1-1, aos 44’// 2-2, aos 48’, por Alexandre Brito// 2-3, aos 61’// 3-3, aos 61’, por Alexandre Brito) o Benfica consegue um pontapé de canto no último minuto. O nosso extremo-esquerdo Valadas marca o pontapé de canto que depois será concretizado em golo “ao segundo poste” pelo nosso extremo-direito Feliciano Barbosa. O árbitro Henrique Rosa, de Setúbal, perante a exaltação dos portistas que acabavam de perder o campeonato, que seria o 4.º consecutivo para o Benfica, invalida o golo. Espírito Santo nunca mais se esqueceu deste triste episódio, afirmando que nunca vira, nem antes, nem depois nada igual”. E que em campo tinha conquistado para o Benfica, mais um título de campeão nacional. E foi verdade. Só Henrique Rosa nos tirou o que onze gloriosos futebolistas tanto labutaram.
Dias de glória frente ao FC Porto: na Taça de Portugal
No final da temporada de 1938/39, ainda estava bem
presente os “acontecimentos da Constituição em 23 de Abril, quando o sorteio da
Taça de Portugal reservou, em 11 de Junho, nas meias-finais um FC Porto vs SL
Benfica. Na 1.ª mão, perdemos por 1-6 no Estádio do Lima. Uma semana depois, no
Estádio das Amoreiras, em 18 de Junho de 1939 a tarde foi de glória, com
Espírito Santo a brilhar com dois dos seis golos com que afastámos o FC Porto
da Taça de Portugal. Guilherme Espírito Santo marcou aos 27 minutos (1-0) e aos 67 minutos (4-0). Depois do 6-0, aos 71 minutos por Valadas, o FC Porto - por
indicação do seu presidente Ângelo César - abandonou, cobardemente, o campo aos
73 minutos!
E mais um dia de glória frente ao Sporting CP
Entre 1934/35 e 1946/47 o apuramento
para os campeonatos nacionais (I Liga ou I Divisão) faziam-se através dos
campeonatos regionais que se realizavem, previamente, decorrendo até 31 de
Dezembro de cada ano, pois o campeonato nacional iniciava-se no início de cada
Janeiro. Em 1939/40 com a mudança de treinador (Janos Biri no lugar de Lipo
Hertzka) houve alterações na linha avançada do Benfica. Biri queria um
avançado-centro possante com os dirigentes do Clube a contratarem Francisco
Rodrigues, ao Vitória FC, de Setúbal. Guilherme Espírito Santo passou a jogar
(e muito) na ponta direita. A jogar e a marcar! Em 1939/40 o campeonato
regional de Lisboa decorreu com brilhantismo registando-se na 9.ª jornada, em
10 jornadas que completavam o 34.º Regional de Lisboa um dos melhores encontros
da nossa história. Atrás do Sporting CP – que vencera os últimos seis Regionais,
ou seja desde que o “Glorioso” vencera o último em 1932/33, só a vitória permitia
recuperar um título que fugia há seis épocas. Em 3 de Dezembro de 1939 o
Benfica, com 5-0, dizimou o Sporting CP.
O “Glorioso” ao intervalo já vencia por 2-0, com golos de Francisco
Rodrigues, aos 10’, e Valadas, aos 19 minutos. Depois do intervalo surgiu
Espírito Santo a fazer um “hat-trick” perfeito com três golos consecutivos:
3-0, aos 51’, 4-0, aos 72’ e 5-0, aos 87’. Três golos, ao Sporting CP, em 36
minutos.
Espírito Santo: Orgulho do Benfica e de Portugal
Guilherme Espírito Santo completara 20
anos, em 30 de Outubro de 1939. Pelo Benfica, até 31 de Dezembro de 1939,
conseguira dois títulos de campeão nacional (1936/37 e 1937/38) e um título de
campeão regional (1939/40). Era internacional português, com 4 jogos e um golo
à selecção da Hungria. Detinha três recordes nacionais no atletismo: salto em
altura (1,825 metros, desde 3 de Julho de 1938), salto em comprimento (6,89 metros,
desde 10 de Julho de 1938) e triplo salto (14,015 metros, desde 17 de Julho de
1938).
Lá no 4.º anel continuará orgulhoso pelo “seu/ nosso” Benfica
Alberto Miguéns
NOTA: Estes apontamentos são possíveis por que resultam de muitas horas de
conversa franca e amiga, durante mais de década e meia, entre um adepto do
Benfica e esta Glória do Clube. Um enorme futebolista e personalidade
fantástica, que era o paradigma do Jogador e do Benfiquista: simples, virtuoso,
trabalhador, dedicado e generoso. Só posso estar agradecido, por ter aprendido tanto
com Espírito Santo.