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06 junho 2012

O Benfica com o Comunista! E os outros com Fascistas

06 junho 2012 14 Comentários
HISTÓRIA
             
É um absurdo não destacar (e elogiar) o Benfica como clube de tolerância desde a sua fundação em 28 de Fevereiro de 1904. Em termos ideológicos (por que é este assunto que merece reflexão neste texto) o Benfica nunca descriminou ninguém pelas suas opções políticas, independentemente das opções ou realidades políticas do país. Mas há ainda uma situação mais gravosa. Tendo em conta a história do “Glorioso” torna-se asqueroso conotar o Benfica com qualquer regime político. Porque é uma mentira traiçoeira.

O clube da tolerância e respeito
No Benfica o principal atributo para acarinhar, enaltecer e elogiar associados nunca foram as suas simpatias e graças políticas, mas sim o contributo para o engrandecimento do clube. O que sempre foi importante é a disponibilidade e a capacidade dos associados, para num determinado momento e período de tempo, servirem bem o “Glorioso”. Por isso, o clube nunca estigmatizou ou desprezou ninguém que o quisesse servir de acordo com os princípios que enquadram o nosso ideal. Assim:
Entre 28 de Fevereiro de 1904 e 5 de Outubro de 1910 acolheu-se, em pé de igualdade, monárquicos e republicanos;
Entre 5 de Outubro de 1910 e 28 de Maio de 1926 acolheu-se, em pé de igualdade, republicanos e monárquicos, e entre republicanos, dos moderados aos radicais;
Entre 28 de Maio de 1926 e 25 de Abril de 1974 acolheu-se, em pé de igualdade, democratas e salazaristas, situacionistas e oposicionistas;
Depois do 25 de Abril de 1974 acolhe-se gente de todas as ideologias, desde que obedeçam às leis do regime enquadrado pela Constituição de 1976 e desde que não utilizem o clube para actividade política.
A tolerância é um dos pilares do Benfiquismo e assim continuará por muitos (e largos) anos.

Como poderia um comunista perseguido ser do Benfica?
Se o Benfica fosse o "Clube do Regime" ou conotado com o Estado Novo jamais teria tantos adeptos entre os militantes do Partido Comunista e outros simpatizantes da esquerda e extrema-esquerda, até guerrilheiros das ex-colónias, que em larga maioria identificavam-se com os valores (democracia), praticas (eleições e votações em assembleias gerais) e tolerância Benfiquista. O FCP e com muita incidência o SCP tinham, estes sim, muita gente ligada ao regime. E fomentavam (principalmente os dirigentes do SCP) a existência de "legionários", a escumalha do Estado Novo, pois a Legião Portuguesa estava para a PIDE como as SA para as SS nazis. Ou seja, eram na prática os delatores que se serviam da mentira e calúnia para agradarem aos poderosos, caindo nas suas "boas graças", denunciando outros cidadãos. Por isso os comunistas, e demais população, odiavam e temiam a "bufaria", se bem que fossem os comunistas a sofrer "na pele e nos ossos" a delação.
Entrevista da jornalista e escritora Maria João Avillez à revista Notícias Magazine em 27 de Maio de 2012
Álvaro Cunhal
Quem foi Álvaro Cunhal?

Faleceu em Lisboa, a 13 de Junho de 2005

Mentira traiçoeira
Só quando muitos democratas já não estavam entre os vivos ou já não têm idade, saúde ou intervenção mediática para se defender e repor a verdade é que surgiu a mentira: "O Benfica é o clube do regime", frase inventada para justificar a actual grandeza. Ou seja, que a actual grandeza só foi conseguida porque o Estado Novo protegeu o Benfica para que este conquistasse mais títulos, prestígio e adeptos. É uma mentira facilmente desmontada, mas é traiçoeira porque não surgiu logo em 25, 26 de Abril de 1974 ou nos dias seguintes, mas só passados mais de vinte anos. Para que não fosse ridicularizada por democratas de vários clubes.

Comparações entre nós e os outros
Enquanto o Benfica era tolerante, na maior parte dos clubes, em particular nos mais mediáticos e com mais simpatizantes, perseguia-se quem não era do regime, e principalmente quem se pensava (ou sabia) perseguido pelos regimes. Exemplos: o FCP e o SCP nunca tiveram dirigentes (presidentes da Direcção) considerados democratas, oposicionistas ou do “reviralho” mas tiveram, abundantemente, quem estivesse ligado ao aparelho corporativo (deputados da União Nacional, ministros e dirigentes regionais da União Nacional) e repressivo (PIDE e Legião Portuguesa) do Estado Novo. O Benfica nunca teve nenhum presidente da Direcção que estivesse ligado ao Estado Novo, mas teve vários conotados com a oposição.

Cinco Verdades Inconvenientes (para os pseudo-democratas)
A mentira é facilmente desmontada porque há situações, comportamentos e factos tão evidentes que tornam absurdo a colagem do Benfica ao Estado Novo, quando outros clubes estão muito mais identificados, ainda que agora queiram limpar a sua imagem sujando a do Benfica. Proponho analisar os cinco aspectos seguintes:

Cinco Verdades Inconvenientes
1.ª     Sem jogos da Selecção Nacional
2.ª    Datas das inaugurações dos Estádios
3.ª    Dirigentes (e responsáveis) democratas
4.ª    Eleições (e Assembleias Gerais) democráticas
5.ª    Sem finais de competições oficiais “em casa”


Os Benfiquistas situacionistas também merecem respeito
Tal como os oposicionistas ao Estado Novo, merecem ser destacados, porque além de mostrarem a tolerância do nosso clube (ou seja, dos restantes, que entre situacionistas e “desinteressados” até deviam ser maioritários) também são recordados por prestigiarem o Clube, outros há que sendo situacionistas também engrandeceram o Benfica. E não devemos cair no extremo oposto que é o de para evidenciarmos o carácter oposicionista de uns esquecer o que outros, por concordarem com o Estado Novo, fizeram a bem do Clube, sendo estigmatizados e desprezados. Não faz sentido. O que faz sentido é a coexistência de todos e enaltecer quem nos fez, ainda, maiores, independentemente de qualquer ideologia. Em breve no EDB vamos enaltecer oposicionistas e situacionistas, desenvolvendo biografias ou simples apontamentos de alguns nomes, mostrando como conseguiram cooperar, esquecer divergências políticas e ideológicas, e fazer gigante um clube muito grande.

Todos estes assuntos serão desenvolvidos brevemente no “Em Defesa do Benfica”, como indica o plano abaixo transcrito.

Alberto Miguéns

NOTA: Plano de publicação (previsão)

12 de Junho/ Sem jogos da Selecção Nacional
13 de Junho/ Datas das inaugurações dos Estádios
14 de Junho/ Dirigentes (e responsáveis) democratas
15 de Junho/ Eleições (e Assembleias Gerais) democráticas
16 de Junho/ Sem finais de competições oficiais “em casa”
14 comentários
  1. Obrigado caro Alberto,

    Este espaço é, para nós benfiquistas, património do Sport Lisboa e Benfica...

    Mesmo que alguns não o queiram ver...

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  2. patriarca disse:

    Cada vez que falamos nisso, no Clube do Sistema, estamos a dar razão aos Gajos do Sistema Instalado.

    Para essa gentalha Calhordas, tem que ser Tolerância ZERO !!

    Por sermos assim tolerantes, até em demasia, é que o Futebol português está como está, pois se os dirigentes do Benfica e em especial a sua massa adepta fosse mais ACTIVA e AGISSE mais, em de ser REACTIVA e REAGIR, as coisas não tinham chegado onde chegaram e isto tinha mudado, mas não queremos ser os Bonzinhos da festa, queremos ser os melhores do futebol, queremos ser os maiores e depois estamos DECADAS sem nada ganhar e GOZADOS, VILIPENDIADOS, OFENDIDOS, pela Corja de Corruptos instalados no futebol, na justiça, no andebol, na patinagem no Futsal e outros desportos e nada fazemos para isso acabar porque REAGIMOS SEMPRE em vez de AGIR SEMPRE.

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  3. Caro Leitor

    Não confundir tolerância entre adeptos do Clube com diferentes perspectivas políticas e ideologias mas idêntico Benfiquismo com alheamento e tibieza na defesa do Clube. Ser tolerante é uma coisa, ingénuo é outra.

    Gloriosas saudações Benfiquistas

    Alberto Miguéns

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  4. Não se esqueça da construção dos estádios e que o Benfica jogou muitos anos em casa emprestada. A foto que circula na net com jogadores do porto e Sporting a fazer a saudação nazi.O facto de ganharmos o campeonato e no ano seguinte se realizar a 1º TCE e o regime ter convidado o Sporting em vez do campeão. A proibição do Hino Avante pelo Benfica e o encarnado cor do comunismo

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  5. A ligação de Vários jogadores, entre eles, Mário Coluna que tinham ligações ao MPLA

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  6. e o real madrid com os FASCISTAS sempre... pesquisem

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  7. Caro Senhor Miguens,
    Deixei-lhe um e-mail esta semana no endereço indicado neste blog, espero que o tenha visto.
    A propósito do tema que refere neste post, chamo-lhe a atencao para outras historias que conhecerá e que claramente afastam o SLB do fascismo português. Recordo especialmente a manifestação de paus-nus e de bandeiras do Benfica em Lisboa no dia de chegada do exercito vermelho da URSS à toca da besta nazi.

    Saudações benfiquistas,
    Filipe

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    1. Caro Filipe

      Não vi o seu e-mail, pois tenho o mau hábito de ir pouco à caixa de correio do blogue. Mas assim que tiver oportunidade vou ler o que tem para me dizer.

      Gloriosas Saudações Benfiquistas

      Alberto Miguéns

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  8. Consta que certo dia um reputado membro da União Nacional dizia para o Major Silva Pais (Director Geral da PIDE) que não entendia como é que se tolerava aquela atitude de eleições sem corporativismo (leia-se tipo Conselho Leonino para o Benfica) ao que o Silva Pais lhe terá respondido.

    "Deixe lá o doutor estar o Benfica que aí não se toca"

    Claro que isto até pode ser apenas um mito urbano, contado e recontado nas rampas do 3º anel da antiga Catedral da Luz enquanto se esperavam pela abertura das portas mas, como todo o mito, nasce de uma ponta de verdade!

    Continua o bom trabalho Miguéns!!!

    Abraço

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  9. Benfica, o tal clube que foi presidido por uma ardina e por um comunista assumido... o tal que durante a guerra do Ultramar tinha sócios dos dois lados da barricada e que segundo Lobo Antunes, paravam os combates para ouvirem os relatos da sua equipa... sei que isto doi aos nossos adversários e é compreensível que o tenetem ocultar e negar.
    É por estas e por outras que o Benfica será sempre o maior de Portugal, o clube do povo.

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  10. Excelente texto caro Alberto Miguéns! O revisionismo anti-Benfica tem que ser desmascarado. Já ouvi benfiquistas mais novas a repetir a barbaridade de que fomos o clube do regime! Obrigado!

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  11. uma mentira repetida muitas vezes.....e que tal se nos benfiquistas começasemos a repetir uma verdade muitas vezes tambem? O Porto é o clube do Estado!

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  12. Renato Rodrigues30 novembro, 2013 20:58

    Caríssimo Alberto Miguéns, chegou a escrever o texto mencionado "Eleições (e Assembleias Gerais) democráticas"? Gostaria imenso de o ler, até porque acabei de falar com uma grande Benfiquista, anarquista, tristíssima por o Benfica ter sido o clube do regime!? A juventude faz estas coisas...

    Muitíssimo obrigado por defender o grande Benfica!

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    Respostas
    1. Caríssimo Renato Rodrigues

      Não cheguei a completar esse texto e consequentemente não o publiquei, porque na data prevista "meteram-se outros assuntos" e o tempo fez esquecer a "promessa". Mas ainda bem que fez esse comentário, porque permitiu que fosse à procura do que estava feito. Assim, no período de Natal em que não há jogos, já tenho programado os dois textos que faltam (que foram prometidos para 27 e 28 de Junho de 2012 e nunca foram publicados):

      26 de Dezembro/ Eleições (e Assembleias Gerais) democráticas
      27 de Dezembro/ Sem finais de competições oficiais “em casa”

      Ainda uma nota.
      Provavelmente já leu, mas em 22 de Junho de 2012 há um texto acerca do enorme presidente do SLB, Manuel da Conceição Afonso, anarco-sindicalista, fundador da União Operária Nacional. Só o Benfica tinha coragem - por não discriminar ninguém - para eleger nos anos 30 e 40 um presidente que era anti-fascista e anti-salazarista. Se bem que no Benfica coexistissem todas as ideologias. Só que noutros clubes - SCP e FCP - isso não acontecia, porque queriam ter benesses do Poder.

      Também lhe posso adiantar, porque descobri há pouco tempo (cerca de 15 dias) que foi no Pavilhão da Luz, em 1970, que num plenário do Sindicato Livre dos Bancários, foi decidido fundar a Intersindical. Os dirigentes do Sindicato procuraram vários locais que pudessem comportar os 7000 bancários e foram-se "fechando as portas" por serem opositores do Sindicato Corporativo. No Benfica encontraram uma "porta aberta" porque o Benfica era livre (por não rastejar à procura de cair em graça junto do Poder). Conto falar deste assunto dia 18 de Dezembro.

      Obrigado pelas simpáticas palavras que teve para com o blogue.

      Alberto Miguéns

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