SEMANADA: ÚLTIMOS 7 ARTIGOS

23 maio 2011

Como ele dizimou os nossos presidentes (III)

23 maio 2011 0 Comentários
OPINIÃO
             
É importante perceber como chegámos à situação actual, passando de Clube dominador para emblema dominado, e não é só no futebol.
Há que aproveitar esta paragem, entre 2010/11 e 2011/12 para reflectir sobre as nossas fraquezas. É este o tempo certo.

 
Que clubes antes de 1982/83?
Quando PdC tomou posse como presidente da Direcção do FCP a diferença, entre FCP e “Glorioso” era abissal. O Benfica conquistara 24 Nacionais (mais 17 que os 7 do FCP), 20 Taças de Portugal (mais 12 que as 8 do FCP), 1 Supertaça (tantas quantas as do FCP) e 2 TCCE (o FCP tinha zero).

Troféus Oficiais (últimas dez épocas)
1972/73 a 1981/82
Clube
TOT
C.º Nac.
T.P.
S.T.
SLB
8
5
2
1
SCP
8
3
4
1
FCP
5
2
2
1


Nas últimas dez temporadas, antes de PdC conquistar a presidência do FCP, entre 1972/73 e 1981/82, o SLB tinha conquistado oito troféus (incluindo 5 Nacionais) enquanto o FCP obtivera 5 (apenas dois Nacionais).

Presidência de Fernando Martins
(durante a presidência de Pinto da Costa)
Competições
Dif.
Totais
1982/83
1983/84
1984/85
1985/86
1986/87
Dif.
Totais
C.º Nacional
(+ 17)
SLB
SLB
FCP
FCP
--
(+ 17)
T. Portugal
(+ 12)
SLB
FCP
SLB
SLB
--
(+ 14)
Supertaça
(  =  )
SCP
FCP
SLB
FCP
FCP
(-   2)
TCCE
(+  2)
--
--
--
--
--
( + 2 )
Total
(+ 31)





6 6
(+ 31)


Durante a presidência de Fernando Martins vai esbater-se a superioridade do SLB em relação ao FC Porto. O Benfica que nos últimos anos conquistava o “dobro” passa a conquistar “o mesmo”.

Presidência de João Santos
Compe-
tições
Dif.
Totais
1986/87
1987/88
1988/89
1989/90
1990/91
1991/92
Dif.
Totais
Camp.
Nacional
(+ 17)
SLB
FCP
SLB
FCP
SLB
FCP
(+ 17)
Taça de Portugal
(+ 14)
SLB
FCP
Bel
Est
FCP
Boa
(+ 13)
Supertaça
(-   2)
--
SCP
Gui
SLB
FCP
FCP
(-   3)
TCCE
(+  2)
FCP





(+  1)
Total
(+ 31)






5 8
(+28)


Durante a presidência de João Santos manteve-se o equilíbrio, no Campeonato Nacional (três triunfos para cada clube nas seis épocas da gerência de João Santos, mas vantagem portista – com mais um triunfo em cada uma - nas outras três competições. Mas, pagou-se um preço: por indigência de Gaspar Ramos (vice-presidente para o futebol) gastava-se (Gastar Ramos) em vez de se desmantelar a estrutura mafiosa do portismo.

Presidência de Jorge Brito
Compe-
tições
Dif.
Totais
1992/93
1993/94
Dif.
Totais
Camp.
Nacional
(+ 17)
FCP
(1)
(+ 16)
Taça de Portugal
(+ 13)
SLB
(2)
(+ 14)
Supertaça
(-   3)
Boav
(3)
(-   3)
TCCE
(+  1)


(+  1)
Total
(+ 28)


1 1
(+28)


Tomada de Posse: 19 de Maio de 1992
Último dia na presidência: 21 de Dezembro de 1993

(1)   SLB Campeão Nacional em 25 de Maio de 1994
(2)  FCP Vencedor da T.P. em 10 de Junho de 1994
(3)  FCP Vencedor da Supertaça (finalíssima) em 17 de Agosto de 1994

   Jorge Brito (1927 – 2006)

Algum tempo para ser influente... como vice-presidente
Jorge Brito foi o suporte financeiro da Direcção presidida por João Santos. Vice-presidente, entre 1987/88 e 1991/92, era dele o “fundo de maneio” que permitia contratar futebolistas internacionais consagrados (geralmente no Brasil, num tempo pré-Lei Bosman) e suportar os custos do Futebol (e não só...) dentro do Clube, durante a época. Só assim foi possível continuar a disputar, “taco-a-taco”, as competições frente ao FC Porto, com jogadores vulgares, mas que – suportados pela corrupção – valiam tanto quanto os nossos. No final de cada época, Jorge Brito era ressarcido, após a(s) transferência(s) de futebolista(s), por verbas avultadas, (re)iniciando-e na temporada seguinte o mesmo ciclo. Em 1988/89, Mozer saiu para o Olímpico de Marselha. Em 1989/90, Aldair saiu para a AS Roma. Em 1990/91, Ricardo Gomes e Valdo sairam para o PSG. Em 1991/92, Thern saiu para o SSC Nápoles. Jorge Brito suportava as contratações e os custos das temporadas, com “contas saldadas” após as transferências no final de época. Um “mecenato ressarcido”! Mas, que nos permitiu conquistar títulos internos e ser um dos clubes mais brilhantes nas competições da UEFA. Obrigado, Jorge Brito. Eternamente gratos!

Dificuldades cá dentro, esplendor lá fora
Apesar das dificuldades internas (repondo equilíbrio, através da contratação de futebolistas internacionais de enorme valia) o “Glorioso” foi um dos melhores clubes europeus nas competições da UEFA. Entre 1987/88 e 1992/93, em seis temporadas, apenas três clubes foram melhores do que nós, que conseguimos 37 pontos (vitória = 2p e empate = 1 ponto) na TCCE {AC Milan (51 pontos), Olímpico de Marselha (43 pontos)}. No conjunto das três competições (TCCE+TVT+TUEFA) fomos o 4.º melhor (55 pontos), atrás de Juventus FC (69 p), Real Madrid CF (62 p) e FC Barcelona (58 p). O valor das nossas equipas ficou, historicamente, traduzido nas duas presenças, em três épocas, nas duas finais da TCCE: 1987/88, E 0-0 (D d.p.m.g.p. 5-6) com PSV Eindhoven e 1989/90, D 0-1 com AC Milan). A necessidade crescente de verbas para equilibrar a disputa com um FCP corrupto “obrigou” que fosse o financiador/ mecenas Jorge de Brito (vice-presidente de João Santos) a assumir, também, a presidência da Direcção.

Pouco tempo para ser influente... como presidente
Nas eleições de 1992 (24 de Abril) Jorge Brito foi eleito 29.º presidente da Direcção. Mas, tudo se precipitaria em pouco tempo. Numa temporada de grande esforço financeiro, com arbitragens vergonhosas, mesmo a contratação de Futre, ao Clube Atlético de Madrid, no mercado de Inverno de 92/93, não permitiu revalidar o título de campeão. Na final da Taça de Portugal, grande espectáculo, derrotando, por 5-2, o “também protegido” Boavista FC. Só que... problemas familiares, obrigaram Jorge Brito a não ter facilidade em suportar, com a cadência habitual, os elevados custos do nosso futebol. Logo houve quem se aproveitasse dessa situação, procurando contratar a “custo zero” os principais futebolistas do “Glorioso”, em particular Paulo Sousa que estava “na calha” para ser, em 1992/93, a “habitual transferência de final de época”. Se tal tem ocorrido, havendo dinheiro, resolviam-se os problemas financeiros – pagamento (mais tardio que o habitual) dos vencimentos e prémios - que afectavam o plantel. Como não houve transferências, o Benfica prescindiu de Futre (saiu para o Olímpico de Marselha) para baixar os custos de 1993/94. Temendo que Jorge Brito não conseguisse suportar o seu “mecenato ressarcido” para com o Clube, na Assembleia Geral de 21 de Dezembro de 1994, após tentativa de demiti-lo, foi a Direcção a apresentar a demissão. Apesar de Jorge Brito afirmar que tinha soluções para o futuro do “Glorioso”, terminava, após ano e meio, um mandato trienal, que apenas deveria ser sufragado, em Maio de 1995. Após o final da temporada de 1993/94, iniciar-se-ia o descalabro desportivo...

A “herança de conquistas” que Jorge Brito deixou para o presidente seguinte, foi pior do que aquela que recebeu. E assim será, como se constatará, para as sucessivas presidências... até hoje.

Alberto Miguéns

          

Enviar um comentário

Artigos Aleatórios

Apoio de: